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A água e os impactos causados pelas

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Tabela 2. Tipos de poluentes, suas fontes e efeitos deletérios que podem causar aos ecossistemas e à sociedade humana

CATEGORIA DE POLUENTE

(EXEMPLOS) FONTES EFEITOS NOCIVOS

Patógenos (bactérias, vírus,

protozoários, vermes parasitas) dejetos humanos e de animais domésticos

doenças, muitas vezes fatais (ver abaixo)

Substâncias inorgânicas: metais pesados (chumbo, arsênico, selênio), sais (cloreto de sódio, luoretos, fertilizantes artiiciais)

eluentes industriais; produtos de limpeza doméstica que são despejados nos esgotos urbanos; escoamento de fertilizantes agrícolas e urbanos; mineração

diversos tipos de câncer (metais pesados); danos ao sistema nervoso, fígado, rins (metais pesados);

corrosão de metais (sais); eutroização (fertilizantes); morte da vida aquática Substâncias orgânicas

biodegradáveis (excrementos animais, restos vegetais)

esgoto; dejetos de animais

coninados; fábricas de papel; restos de processamento de alimentos

eutroização; perda de biodiversidade; perda da qualidade da água potável

Substâncias orgânicas não biodegradáveis (petróleo, plástico, detergentes, solventes, pesticidas)

eluentes industriais; produtos de limpeza doméstica; escoamento supericial de jardins e fazendas

danos ao sistema nervoso (alguns pesticidas) e ao aparelho reprodutor (alguns solventes); câncer (petróleo de derivados); morte da vida aquática Materiais radioativos (isótopos de

iodo, urânio, césio, etc.) usinas de energia nuclear; queima de carvão; mineração; produção de armas nucleares

mutações; abortos; má-formações; câncer

Calor resfriamento de turbinas de usinas hidrelétricas, usinas nucleares, siderúrgicas, reinarias, entre outras

redução dos níveis de oxigênio; fragilização da vida selvagem, tornando-a mais vulnerável a doenças

Sedimentos (solo, silte) erosão das margens desprotegidas

pela ausência de vegetação reduz a fotossíntese; prejudica a cadeia alimentar; facilita o transporte de substâncias nocivas; assoreamento e obstrução de cursos d’água

Elaborada a partir de Miller (2007).

A legislação brasileira, por meio das resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), estabelece uma série de padrões e normas para o correto destino de substâncias poluentes. Deine também limites para o descarte de eluentes domésticos, industriais ou proveniente de atividades agrícolas nas águas do mar, de rios e lagos, ou sobre áreas que podem atingir reservatórios de águas subterrâneas. Veja em http://www.mma.gov.br/conama/

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Exaustão de mananciais

Diversas atividades humanas interferem na viabilidade dos mananciais. Além dos vários tipos de poluentes (vistos na tabela 2), o deslorestamento, a chuva ácida e as mudanças climáticas contribuem com a exaustão ou a degradação da água destinada ao abastecimento humano. De certa forma, todos esses fenômenos têm uma causa comum: o desenvolvimen- to da sociedade altamente consumista e dependente de produtos industrializados em que vivemos.

O deslorestamento, geralmente para ins de urbanização e de atividades agropastoris, atua desprotegendo o solo e facilitando o processo erosivo. O solo, carreado pela água da chuva, assoreia rios, lagos e reservatórios. O assoreamento, por si só, é responsável pela perda da qualidade da água potável, pela redução dos reservatórios de hidrelétricas, pela formação de ilhas que impedem a navegabilidade e pela ocorrência de enchentes. O solo descoberto e o uso de práticas agrícolas inadequadas em ambientes de clima semi-árido provoca a desertiicação, que já começa a se tornar visível em alguns pontos do Brasil (http://www. ibama.gov.br/ojs/index.php/bralor/article/viewFile/87/86).

A ocorrência de chuva ácida se deve às emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxido de nitrogênio (NO) liberados na queima de combustíveis fósseis por indústrias e automóveis. Esses gases interagem com o vapor d’água, produzindo ácido nítrico e ácido sulfúrico diluídos. Ao atingirem corpos d’água e solo, es- sas substâncias podem acidiicá-los, causando alteração do pH e morte dos seres vivos ali exis- tentes (MILLER, 2007). Os seres humanos tam- bém sofrem com os efeitos da deposição ácida em regiões metropolitanas altamente povoadas, onde os casos de doenças respiratórias estão as- sociados à baixa qualidade do ar. A chuva ácida é um problema ambiental regional e as áreas mais atingidas serão aquelas que estejam na direção em que sopra o vento proveniente de grandes centros urbanos.

Acesse o link

(http://www.radiobras.gov.br/ct/1999/materia_270899_7.htm) que apresenta efeitos da chuva ácida na cidade de São Paulo.

Combustíveis fósseis: compostos de carbono usa- dos para alimentar a combustão. Exemplos: carvão mineral, petróleo e gás natural.

Deposição ácida: ocorre quando ácidos ou compos- tos formados de ácidos caem da atmosfera na super- fície terrestre. “Chuva ácida” é o termo usado para se referir à deposição úmida dos compostos ácidos misturados a água da chuva.

Taxas de precipitação: quantidade de chuva que caiu em determinado período de tempo.

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De modo geral, a temperatura e as taxas de precipitação médias são os principais fatores que inluenciam no clima de uma região. A radiação solar, que promove a evaporação das águas supericiais, a formação dos ventos, as correntes marítimas e o relevo dos continen- tes, está entre os principais fatores determinantes dos tipos de clima. Nesse contexto, os oceanos têm um papel central no clima global, já que representam a maior fonte de vapor d’água, também considerado um gás estufa, e porque a circulação das correntes marítimas quentes e frias contribui para a distribuição da umidade pelo globo.

Mudanças climáticas globais parecem estar causando alterações na quantidade e na quali- dade da água em diferentes regiões do planeta. De acordo com projeções do Painel Intergo- vernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), de maneira geral, o clima global tenderá a se caracterizar por extremos hidrológicos: enchentes alternando-se com secas intensas em locais previamente não afetados. Acredita-se também que áreas fortemente urbanizadas sofrerão maior impacto. Outra conseqüência das mudanças climáticas globais que pro- voque aumento da temperatura (o chamado aquecimento global) deverá ser a aceleração do processo de eutroização em ambientes aquá-

ticos contaminados com excesso de fertilizantes. Devido ao aumento de temperatura, que facilita o crescimento descontrolado de cianobactérias, a eutroização deverá causar perdas de nascentes e fontes de abastecimento. Muitas outras con- sequências estão sendo associadas às mudanças

climáticas globais. Acredita-se que problemas econômicos e sociais deverão ocorrer em maior ou menor grau, dependendo da disponibilidade e da demanda de recursos hídricos de cada região (TUNDISI, 2008).

Veja o caderno AR e acesse o link http://www.cptec.inpe.br/

mudancas_climaticas/ para saber as últimas notícias referentes às mudanças climáticas globais. Visite também o site do Greenpeace

(http://www.greenpeace.org/brasil/oceanos/prote-o-dos-oceanos- entre-n) e leia o texto “Amortecedor climático do planeta” para saber mais sobre a relação dos oceanos com as mudanças ambientais globais. Esses materiais mostram também como podemos ajudar a reduzir os efeitos do aquecimento global.

Cianobactérias: microorganismos com característi- cas de procariontes, porém com um sistema fotossin- tetizante semelhante ao das algas, ou seja, são bac- térias fotossintetizantes.

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Disseminação de doenças

De acordo com dados disponíveis no site da Fiocruz, doenças relacionadas à água são aque- las transmitidas pelo contato ou ingestão de água contaminada por vetores que procriam na água. Essas doenças poder ser divididas em quatro categorias apresentadas a seguir:

1. Doenças transmitidas por alimentos ou água contaminados por fezes: nesses casos,

o organismo patogênico (agente causador de doença), ao ser ingerido, provoca doen- ças, como leptospirose, amebíase, cólera e giardíase.

2. Doenças associadas ao abastecimento insuiciente de água: devem-se à falta de água

e/ou a higiene pessoal insuiciente, criando condições favoráveis para a disseminação de doenças, como febre tifóide, cólera e outras diarréias, hepatite A, ascaridíase, tricu- ríase, entre outras.

3. Doenças transmitidas por vermes que apresentam parte de seu ciclo de vida infec- cioso em um animal aquático: são provocadas por vermes cuja ocorrência está ligada

ao meio hídrico, na medida em que uma parte do ciclo de vida do agente infeccioso passa-se no ambiente aquático, como no caso da esquistossomose.

4. Doenças transmitidas por vetores relacionados com a água: propagadas por insetos

que se desenvolvem na água, como por exemplo a malária, a febre amarela e a dengue.

Acesse o site da Fiocruz e obtenha informações adicionais sobre diversas doenças relacionadas à água:

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A água é essencial para a vida, tal como o ar que respiramos e a comida que comemos. Ne- nhum outro nutriente tem tantas funções no organismo como a água, sendo a sua ingestão diária essencial para a saúde humana. Todos os sistemas e órgãos do corpo utilizam água. Portanto, ela deve ser de boa qualidade, ou seja, potável: sem gosto, sem cheiro, transpa- rente e livre de microrganismos perigosos.

O papel da escola é fundamental no incentivo aos escolares, para o aumento do consumo regular de água, independente de outros líquidos. Para isso, além de ações de educação alimentar e nutricional que estimulem o aumento do consumo de água no dia a dia, é importante que a escola ofereça aos alunos água tratada ou fervida e iltrada à vontade, com pontos de distribuição espalhados de forma adequada no ambiente escolar.

A implantação de sistemas públicos de água tratada e de esgoto reduziu drasticamente os casos de diarreia e outras doenças infecciosas. Contudo, a contaminação da rede pública de abastecimento pode ocorrer pela entrada de água poluída nos pontos de vazamento da rede, além da interrupção temporária das atividades das estações de tratamento. Águas de bica, fontes e até mesmo águas minerais (produzidas sem os devidos procedimentos ou clandestinas) também respondem por grande parte dos surtos veiculados por água. Do- enças associadas à contaminação da água representam uma grande ameaça à saúde humana.

Como o consumo de água é uma necessidade básica, muitas vezes a população acaba utilizando água conta- minada, e se expõe ao risco de doença diarreica, cólera, febre tifoide e hepatites A e E.

Os principais agentes biológicos relacionados à contaminação da água e, consequentemen- te, de alimentos, são bactérias, protozoários, vírus e helmintos. Geralmente provém da contaminação de fezes humanas e animais. As doenças de origem hídrica podem ocorrer pela ingestão direta ou indireta da água contaminada, e os grupos mais expostos ao risco de doenças são crianças, pessoas imunossuprimidas e idosos.

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