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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.2 ANÁLISE DA QAB

4.2.2 Recursos Naturais

4.2.2.1 Água

A temática água, que consiste na realização de um ambiente construído que permita a gestão prudente e responsável da água, é constituída por três subtemas: uso racional da água, drenagem e tratamento de efluentes.

A) Uso racional da água:

- Redução do consumo de água potável: fora do escopo.

Dentro do projeto objeto de estudo, que envolve uma gama de usos distintos e animações urbanas, é possível identificar alguns usos para a água.

O fornecimento de água potável é necessário para todos os tipos de usos previstos no plano de intervenção. No entanto, é possível identificar o uso de água não potável para algumas finalidades.

No interior das unidades habitacionais, a água não potável pode ser utilizada na descarga dos vasos sanitários, sem necessidade de tratamentos específicos para a utilização. E o edifício, por exemplo, pode ser dotado na área comum, no térreo, de torneiras que também utilizam água não potável, para rega de jardim, lavagem de utensílios etc. O mesmo pode ser feito para os comércios e equipamentos públicos. A rega das hortas comunitárias também pode ser realizada com água não potável.

De acordo com a Lei Municipal nº 10.785/2003, conhecida como PURAE (Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações), que institui

medidas para conservação, uso racional e utilização de fontes alternativas para captação de águas nas novas edificações, inclusive as destinadas à habitação de interesse social, e o Decreto nº 293/2006 que a regulamenta, devem ser utilizados aparelhos e dispositivos economizadores de água, como, por exemplo, torneiras com arejadores.

No entanto, a escolha por quais equipamentos e dispositivos adotar faz parte de decisões de projeto que cabem ao empreendedor, bem como o levantamento das economias previstas, não fazendo parte do escopo da COHAB-CT.

- Controle de perdas: nível de desempenho Bom.

De acordo com o Decreto nº 293/2006, no art. 3º, tem-se que “nos edifícios de habitação coletiva cuja área total construída por unidade seja igual ou superior a 250m² (...) serão também instalados hidrômetros para medição individualizada do volume de água por unidade”, inclusive aquelas destinadas à habitação de interesse social.

Para calcular a área total construída por unidade, há uma fórmula no decreto. Aplicando tal fórmula para algumas situações no projeto analisado, a área total construída por unidade não alcança 70,00m², não sendo, nesse caso, obrigatória a instalação de hidrômetros para medição individual das unidades habitacionais.

No entanto, nos empreendimentos do PMCMV em Curitiba, a instalação de hidrômetro para medição do consumo de água para cada unidade habitacional já vêm sendo instalado. Assim, é possível dizer que esse requisito corresponderá ao nível de desempenho Bom.

- Adesão das habitações a sistema de aproveitamento de água da chuva: fora do

escopo.

O requisito desse indicador não faz parte do escopo do trabalho da COHAB- CT, embora seja sabido que a sua aplicação traz diminuição considerável no consumo de água potável.

O Decreto nº 293/2006 obriga a captação e o armazenamento de águas pluviais, mas não é claro quanto à utilização dessas. Sendo assim, é uma decisão que cabe ao empreendedor realizar.

B) Drenagem:

- Coeficiente de impermeabilização: nível de desempenho Excelente.

A taxa de permeabilidade constante no Decreto nº 854/2009, para empreendimentos da iniciativa privada em parceria com a COHAB-CT, é de 25%.

Conforme tabela apresentada na temática densidade, com a composição de áreas do plano de ocupação, sabe-se que algumas delas são seguramente permeáveis: as áreas não edificáveis de preservação ambiental (259.872,67m²), as faixas de domínio não edificáveis da COPEL, ELETROSUL e TRANSPETRO (156.182,73m²) e as praças (29.916,97m²). Essas totalizam 445.972,37m² de área permeável.

Somente essas áreas sozinhas já alcançam uma taxa de permeabilidade de 41,87%, considerando a área da gleba de intervenção igual a 1.065.032,28, conforme motivos expostos nos indicadores do tema densidade.

No entanto, é necessário somar às áreas acima as destinadas a jardins permeáveis nos recuos e no interior das superquadras. Sabe-se que do total de 283.438,21m² destinados à ocupação de usos misto e habitacional, essas ocupam em projeção no solo 68.500,89m² edificados. Desse valor é necessário descontar os bolsões de estacionamento, passeios de pedestres e ciclovias.

Para facilitar os cálculos, será adotado um valor de referência obtido através da verificação da “quadra-modelo”. A superquadra de referência tem 10.067,71m², dos quais 1.805,00m² são utilizados para estacionamento e 1.500,00m² são utilizados para passeio de pedestres e ciclovia. Juntos perfazem 32,83% da área da superquadra. Se aplicar esse percentual para toda área de ocupação de usos misto e habitacional tem-se que 93.052,76m² são impermeáveis. Com a soma destes à área impermeável decorrente da implantação dos edifícios é possível chegar à conclusão que 43% da área passível de ocupação é permeável, ou seja, 121.884,56m².

Assim, somando os 445.972,37m² iniciais aos 121.884,56m² obtém-se uma taxa de permeabilidade de 53,32%, mais que o dobro exigido pela legislação.

Devido à complexidade para realização dos cálculos para vazão de escoamento e necessidade de conhecimentos específicos de hidrologia, esse indicador será considerado como impossibilidade de análise.

- Coleta de águas pluviais: nível de desempenho Bom.

De acordo com o Decreto nº 293/2006, que regulamenta o PURAE, a captação de água da chuva e posterior armazenamento são obrigatórios.

Diante da legislação existente, pode-se dizer que deverão ser instalados reservatórios para captação e armazenamento de águas pluviais.

C) Tratamento de efluentes:

- Garantir tratamento dos efluentes: nível de desempenho Bom.

Todos os empreendimentos realizados pela COHAB-CT, sendo do PMCMV ou não, devem ser atendidos por coleta e tratamento de esgoto.

Para o projeto em análise, como se trata de uma grande área ainda sem infraestrutura, será necessário a instalação do sistema de coleta de esgoto, que será destinado à uma estação de tratamento. Não há informações detalhadas de como será a coleta de esgoto: se será da forma convencional, cada unidade conecta-se à rede pública; se será condominial, por exemplo, todos os edifícios da superquadra teriam o esgoto encaminhado à rede pública através de uma única conexão; se a coleta será feita de forma diferenciada para os diferentes tipos de resíduos.

A única afirmação possível é que é garantido o tratamento dos efluentes para esse empreendimento, que é o requisito exigido para o nível Bom.

Cabe dizer que como não há requisitos para o nível Superior, caso os outros indicadores dessa temática obtenham desempenho Superior, esse não impedirá que a temática obtenha nível de desempenho Superior.