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2.2 A Água no Planeta

2.2.2 Água Subterrânea

Os primeiros vestígios da utilização das águas subterrâneas são de 12.000 anos antes de Cristo. Acredita-se que os chineses foram os primeiros a dominar a técnica de perfurar poços, e na Bíblia existem relatos de escavações para obtenção de água potável. A utilização dos recursos hídricos subterrâneos apresenta muitas vantagens em relação aos mananciais de superfície.

Na maioria dos casos, especialmente nas pequenas e médias cidades, o abastecimento é facilmente atendido por poços tubulares profundos ou outras obras de captação, cujos prazos de execução são mais curtos e de menor custo, o que possibilita a maior flexibilidade nos investimentos.

Além disso, os mananciais subterrâneos são naturalmente mais bem protegidos dos agentes poluidores do que as águas superficiais, portanto, a água captada quase sempre dispensa tratamento (SABESP, 2004).

As águas subterrâneas correspondem a 97% de toda a água doce encontrada no planeta (excetuando-se as geleiras e calotas polares).

As reservas subterrâneas geralmente são formadas e realimentadas pelas águas de chuvas, neblinas, neves e geadas, que fluem lentamente pelos poros das rochas. Normalmente esses reservatórios possuem água de boa qualidade para o uso humano (água potável), devido ao processo de filtragem pelas rochas e por reações biológicas e químicas naturais. Por não ficarem na superfície são mais protegidas de diversos agentes poluentes do que as águas de rios e lagos.

De acordo com a SABESP (2004), a formação desses aqüíferos subterrâneos pode ocorrer de formas variadas: com centenas de metros de espessura, quilômetros de extensão, poucos ou centenas de metros de profundidade e até mesmo entre camadas de rochas pouco permeáveis - os aqüíferos confinados. A utilização das águas subterrâneas para abastecimento público é muito mais prática, rápida e barata que o uso de águas superficiais. Modernas tecnologias e equipamentos ajudam os técnicos a encontrar os reservatórios naturais com mais facilidade, e os poços podem retirar água de qualquer profundidade.

MOTA (1999), salienta que a água que se infiltra no solo, a partir da precipitação, cursos d’água, lagos e reservatórios contribuem para a formação de aqüíferos subterrâneos. A água subterrânea é aquela que ocorre no subsolo, preenchendo espaços vazios ali existentes.

Para um aqüífero armazenar água é necessário que venha de algum lugar (Figura 6). ESCOAMENTO SUPERFICIAL INFILTRAÇÃO EVAPORAÇÃO PRECIPITAÇÃO ÁGUA SUBTERRÂNEA ÁGUA DOC E ÁGUA SAL GADA ÁGUA SALGADA OCEANO FORMAÇÃO DE NUVENS INTE RFAC E

Figura 6 - Formações de Lençol d’água Elaborado por: Olaia, F. B. (2005)

Ao infiltrar no solo, uma parte ficará retida (devido às características de retenção que o solo possui) e o excedente alimentará o lençol freático, onde, por sua vez, a água flui e alcança os cursos d’água (CARVALHO, 1995).

A água, na forma líquida ou gasosa, encontra-se em constante movimento. A água de chuva, ao se precipitar o terreno, terá uma parte escoada rumo aos cursos de água, outra parte evaporará, e a outra parte penetrará no solo (Figura 7).

Em países como Dinamarca e Arábia Saudita, toda a água usada pela população é subterrânea. No interior do Estado de São Paulo, a maior parte da água utilizada também é retirada de poços (SABESP, 2004).

Figura 7 - Formação da Água Subterrânea

Fonte: www.sabesp.com.br/sabesp_ensina/basico/subterranea/default.htm Acessado em 20/02/2004

1 INFILTRAÇÃO 2 EVAPORAÇÃO 3 TRANSPIRAÇÃO 4 RIOS

1- Infiltração – A água infiltra- se no solo e forma os lençóis subterrâneos.

2- A água dos rios, lagos e oceanos evaporam com a energia solar formando as nuvens.

3- A água retida nas plantas e na terra vai para a atmosfera e ajuda na formação das nuvens de chuva.

4- Os rios percorrem uma grande distância e vão até o oceano.

Quando as formações geológicas armazenam água e a libera em quantidade suficiente para utilização em um determinado fim, são denominados aqüíferos, que são diferenciados de acordo com o material que o compõe como:

ƒ Granulares: Compostos por materiais granulares (sedimentos, solos, etc.), com a água ocupando os espaços intergranulares;

ƒ Fissurados: Compostos por rochas duras ou por materiais granulares, onde a água ocorre ocupando fissuras, fendas ou fraturas;

ƒ Cársticos: Compostos por rochas duras ou por materiais granulares, onde a água ocorre ocupando espaços vazios formados por dissolução do material original (rochas calcárias).

Para CARVALHO (1995), os aqüíferos podem estar submetidos a pressões iguais ou superiores à pressão atmosférica, sendo, no primeiro caso, chamados de aqüíferos livres, e, no segundo caso, de aqüíferos confinados.

Os aqüíferos podem apresentar em dois tipos: freáticos e artesianos. A Figura 8 apresenta a seção geológica com os tipos de aqüíferos presentes no Estado de São Paulo.

Figura 8 - Seção Geológica

Fonte: Revista Águas e Energia Elétrica (1998)

Aqüífero Serra Geral - Basalto Aqüífero Serra Geral - Diábase Aqüífero Botucatu

Aqüífero Passa-Dois Aqüífero Itararé - Tubarão Aqüífero Cristalino

Curso d’água Fluxos de água

Nível de água do aqüífero freático Nível de água do aqüífero confinado Aqüífero Bauru

Aqüífero Cenozóico

As águas subterrâneas constituem a maior reserva estratégica de água doce do planeta, sendo que no Brasil as reservas são estimadas em 111 trilhões de metros cúbicos. A importância das águas subterrâneas ainda não é totalmente reconhecida, embora este recurso seja disponível em quantidade, qualidade e com baixo custo de explotação (SABESP, 2004).

Segundo levantamento efetuado pela CETESB (1997), 72% dos municípios no Estado de São Paulo são totalmente ou parcialmente, abastecidos por águas subterrâneas, atendendo uma população de 5.525.340 habitantes.