A Fig. 09 apresenta a área da secção transversa unitária do núcleo estimados a partir da
leitura de 150 campos microscópicos para cada grupo. Os valores da área da secção transversa
unitária do núcleo foram maiores no grupo Senil nas regiões ventriculares direita e esquerda
(2,082 µm2 e 2,318 µm2 respectivamente) do que no grupo Adulto (2,040 µm2 e 2,015 µm2
respectivamente). A região Septal apresentou um valor médio maior no grupo Adulto (2,145
µm2) do que no grupo Senil (1,997 µm2) (P>0,05).
Em ambos os grupos não houve diferença estatisticamente significante entre as três regiões
analisadas (p>0,05). 65 75 85 95 105 S VD VE 65 75 85 95 105 S VD VE
21
Figura 09 – Área da secção transversa unitária do núcleo do coração humano. A – Grupo adulto;
B – Grupo senil. 1,9 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 S VD VE 1,8 1,9 2 2,1 2,2 2,3 2,4 S VD VE
6 DISCUSSÃO
O conhecimento do processo de envelhecimento do coração é importante para a melhor
compreensão dos processos patológicos que se instalam mais comumente no indivíduo senil.
Contudo uma das maiores dificuldades encontradas no estudo dos efeitos do envelhecimento
sobre o sistema cardiovascular é a de se isolar e se identificar os efeitos do processo normal ou
fisiológico de envelhecimento sobre àqueles relacionados com a presença de estados patológicos
específicos associados. Na espécie humana é comum a ocorrência de aterosclerose, diabetes e
doenças cardíacas isquêmicas e é sabido que a severidade dessas condições patológicas aumenta
com a idade (OLIVETTI et al., 1991). Além disso, outras dificuldades são relatadas quando se
deseja realizar uma investigação apenas do processo fisiológico de envelhecimento, tais como o
estilo de vida de cada indivíduo, (nível de atividade física e estresse, hábitos alimentares, ingestão
de álcool e tabagismo). Todos esses fatores podem contribuir para desencadear alterações na
função cardiovascular no decorrer do envelhecimento do indivíduo, embora sua específica
contribuição seja muito difícil de quantificar (SAFAR, 1990; LEWS e MARON, 1992).
No presente estudo, semelhantemente ao protocolo adotado na literatura em trabalhos em
humanos (KITZMAN et al, 1990, OLIVETTI et al., 1991; CHIDA et al., 1994; OLIVETTI et al.,
1996) foram utilizados apenas corações provenientes de necrópsia de indivíduos não portadores
de cardiopatias, a fim de diminuir a possibilidade de eventual presença de condições causadoras
de hipertrofia miocárdica.
A Estereologia permite-nos determinar a tridimensionalidade de um órgão, tecido, celula,
etc, atraves de cortes histologicos com imagens bidimensionais. Em Esteriologia o primeiro
mandamento é trabalhar com poucos individuos, poucos campos microscopicos analisados, gastar
pouco (poucas laminas histologicas) mas sem perder a acurácia dos resultados. Segundo
23
individuos num determinado estudo para se obter resultados exploráveis estatisticamente será de
05 individuos. Em nosso estudo obedecemos esse critério e utilizamos uma amostra de cinco
individuos por grupo.
Quando comparados os valores da área da secção transversa unitária do miócito nos
grupos adulto e senil observamos que no grupo senil as áreas da secção transversa do miócito nas
regiões septal e ventricular direita foram menores do que no grupo adulto, embora essa diferença
não tenha sido estatisticamente significante. Entretanto, a região ventricular esquerda do grupo
senil apresentou valor ligeiramente maior do que aquele encontrado no grupo adulto.
ENGELMANN et al. (1987) em um estudo experimental com ratos normotensos com idades de
1, 6, 12, 18 e 24 meses, analisou a área da secção do miócito do corações desses animais e
demonstraram haver um aumento significante da área da secção do miócito nos animais com 12 e
18 meses de idade e uma diminuição significante da área da secção do miócito nos animais com
idade entre 18 e 24 meses. Entretanto, esses autores, não especificaram as regiões cardíacas
utilizadas como amostra para esse estudo. Quando analisado os resultados dentro de cada grupo
observou-se que o aumento da área da secção transversa do miócito na região ventricular
esquerda foi estatisticamente significante quando comparado aos valores obtidos nas regiões
septal e ventricular direita do grupo senil. BURNS et al. (1990) também observaram uma
hipertrofia relativa dos miócitos mais acentuada na senilidade.
Estudos também demonstraram, em corações humanos, que a área da miocélula próxima
às região endocárdica se apresentava maior do que àquelas próximas às regiões epicárdicas
(BRANDI e McGREGOR, 1969; GERDES et al., 1979), embora HATT et al. (1979) só tenham
observado esse comportamento em corações humanos hipertróficos. Em nosso trabalho não foi
realizado um estudo relativo a área da miocélula com relação a sua posição nas diferentes
24
Os miócitos do grupo senil, nas regiões septal e ventricular direita, apresentaram valores
médios do comprimento do perímetro unitário menores do que nas regiões semelhantes do grupo
adulto, porém, na região ventricular esquerda o valor médio do comprimento do perímetro
unitário do miócito foi maior no grupo senil. Quando analisado os resultados dentro de cada
grupo observou-se que no grupo senil o valor médio do comprimento do perímetro unitário do
miócito na região ventricular esquerda foi estatisticamente significante quando comparado aos
valores obtidos nas regiões septal e ventricular direita. O comprimento do miócito é uma
dimensão difícil de se obter na miocélula, particularmente no miocárdio adulto, devido a
dificuldade de se obter verdadeiros cortes longitudinais da célula (CANALE et al, 1986), fato
este que pode justificar a escassez de dados na literatura sobre o comprimento do perímetro
unitário do miócito seja em trabalhos experimentais ou em humanos.
Obtivemos valores médios do volume unitário dos miócitos maiores no grupo senil do que
no grupo adulto, porém, essa diferença não se mostrou estatisticamente significante. Quando
analisado os valores das três regiões desse mesmo grupo encontrou-se um volume unitário do
miócito maior no ventrículo esquerdo do que nas regiões septal e ventricular direita No grupo
adulto não houve diferença significante entre as três regiões estudadas . ÁGUILA et al (1998)
analisando amostras das regiões septal e ventricular esquerda do miocárdio de ratos com idade de
3 e 15 meses observaram que o volume dos miócitos diminui de 76,7% no grupo de animais mais
jovens para 72,2% nos animais de 15 meses de idade.
Segundo POMERANCE (1975), ANVERSA et al. (1986), KITZMAN e EDWARDS
(1990), ocorre no miocárdio humano, durante o envelhecimento, uma diminuição no número de
miocélulas seguido de um aumento no tamanho das mesmas. Com relação à densidade
volumétrica dos miócitos também observamos uma diminuição da mesma no grupo senil, embora
25
15 meses, ÁGUILA et al. (1998) também observaram uma diminuição significativa da densidade
volumétrica dos miócitos nos animais com idade de 15 meses, animais considerados nessa faixa
etária como idosos. Entretanto, ENGELMANN et al. (1987) demonstraram haver um aumento do
volume percentual do ventrículo esquerdo ocupado por miócitos em ratos normotensos com idade
de 12 a 18 meses. Quando analisado apenas o grupo senil, observamos que o valor percentual foi
significantemente maior no ventrículo esquerdo quando comparado com a região ventricular
direita e septal. Não foram encontrados na literatura, entretanto, dados a cerca da densidade
volumétrica dos miócitos nas diferentes regiões ventriculares e na parede septal.
Com relação ao número de miócito por unidade de volume observamos um aumento no
grupo senil. Da mesma forma, experimentalmente em ratos, ÁGUILA et al. (1998) também
observaram um aumento de 5,42 para 13,26x 103 mm3.
A densidade volumétrica nuclear foi maior nas três regiões do coração do grupo senil,
entretanto não apresentou diferença estatisticamente significante. Não foram encontrados na
literatura, entretanto, dados a cerca da densidade volumétrica nuclear durante o envelhecimento.
Nossos dados demonstraram um aumento do número de núcleos por milímetro cúbico nas
regiões ventriculares direita e esquerda e septal do grupo senil, embora essa diferença não tenha
sido estatisticamente significante. Esses resultados são semelhantes com os descritos por
OLIVETTI et al. (1991).que demonstraram um aumento no volume do miócito por núcleo em
ambos os ventrículos.
Não foram encontrados, na literatura consultada, dados acerca dos valores do volume
unitário médio do núcleo. Nossos resultados demonstraram que os valores do volume unitário
médio do núcleo foram maiores no grupo adulto nas três regiões estudadas (ventriculares direita e
26
Os valores da área da secção transversa unitária do núcleo foram maiores nas três regiões
ventriculares direita e esquerda no grupo senil. Entretanto, a região septal apresentou um valor
maior no grupo adulto. Não foram encontrados na literatura, entretanto, dados a cerca da área da
secção transversa unitária do núcleo nas diferentes regiões ventriculares (direita e esquerda) e na
parede septal.
Está bem estabelecido que, em ambos humanos e animais, a proliferação das miocélulas
ocorre de maneira diminuída após o nascimento e que o crescimento do coração, durante as fases
pós-natal e antes que a maturidade sexual seja alcançada, é controlada por hipertrofia das
miocélulas e hiperplasia das células endotelias, capilares e fibroblastos (RAKUSAN, 1984; ZAK,
1984).
Observa-se, entretanto, que a diminuição da massa cardíaca que é decorrente de uma
contínua perda de miócito nas regiões ventriculares ocorre como um aspecto funcional da idade.
Em contraste, o volume celular da miocélula por núcleo aumenta progressivamente compensando
a perda funcional do músculo. Além disso, essas alterações quantitativas na miocélula são mais
acentuadas no ventrículo esquerdo do que no direito. Todos esses fenômenos celulares culmina
dando lugar a alterações externas na espessura da parede de ambos os ventrículos (KITZMAN et
al, 1988; OLIVETTI et al., 1991; CHIDA et al., 1994).
As alterações na estrutura ventricular parecem acarretar hipertrofia das miocélulas, como
é observado na hipertensão ou doença vascular, enquanto que a hiperplasia ou
“pseudohipertrofia” resulta da re-ocupação de áreas de miocélulas por tecido não contrátil como é
observado na doença cardíaca isquêmica (UNVERFERTH et al., 1983; MESSERLI, 1984). A
hipertrofia miocárdica por sua vez é a tentativa de adaptação do coração à sobrecarga de trabalho,
evoluindo para a falência cardíaca quando o processo de adaptação é esgotado (MANDARIM-
27
O processo de envelhecimento normal está associado a uma variedade de mudanças.
Vários estudos já demonstraram que o envelhecimento estava associado com o aumento da
espessura da espessura da parede ventricular esquerda e da massa cardíaca. Entretanto, essas
mudanças são graduais e relativamente moderadas, e, segundo LEWIS E MARON (1992) as
medições absolutas da espessura da parede cardíaca em indivíduos idosos raramente excedem os
valores aceitos geralmente como normais. Entretanto, essas mudanças, as quais usualmente
discretas, podem diminuir a capacidade do coração senil em se adaptar ao estresse imposto a
partir da instalação de alguma doença cardiovascular (KITZMAN e EDWARDS, 1990). Em
nosso estudo encontramos diferenças quando comparamos os grupos adulto e senil, porém, essas
7 CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos no estudo realizado em corações humanos de indivíduos
adultos e senis podemos concluir que:
- Ocorrem modificações nas dimensões da miocélula do coração humano no decorrer do
envelhecimento do indivíduo, entretanto, essas diferenças são sutis e parece significar a
adaptação do tecido às mudanças funcionais que se instalam no decorrer da vida;
- Na fase senil observa-se um aumento da área da secção transversa unitária do miócito, do
comprimento do perímetro unitário do miócito e do volume unitário do miócito mais
acentuada na parede do ventrículo esquerdo;
- O aumento da área da secção transversa unitária do miócito, do comprimento do
perímetro unitário do miócito e do volume unitário do miócito nos leva a concluir que
durante o envelhecimento ocorre perda de miocélulas com provável hipertrofia das células
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÁGUILA, M.B.; MANDARIM-DE-LACERDA, C.A .; APFEL, M. I. R. Estereologia do
miocárdio de ratos jovens e idosos. Arq. Bras. Cardiol., 70(2): 105-109, 1998.
ANGELAKOS, E. T. et al. Myocardial fiber size and capillary-fiber ratio in the right left
ventricles of the rat. Anatomical Record, 148:671-676, 1964.
ANVERSA, P.; RICCI, R.; OLIVETTI, G. Quantitative structural analysis of the myocardium
during physiologic growth and induced cardiac hypertrophy: a review. J. Amer. Coll. Cardiol.,
7: 1140-1149, 1986.
ANVERSA, P. et al. Myocyte cell loss and myocyte hypertrophy in the aging rat heart. J. Am.
Coll. Cardiol.,8: 1441-8, 1986.
ASHLEY, L. M., A determination of the diameter of ventricular myocardial fíbers in man and
other mammals. Am. J. Anat. 77:325-363, 1945.
BAI, S. et al. Influence of age, growth, and sex on cardiac myocyte size and number rats. Anat.
Rec., 226: 207-212, 1990.
30
BISHOP, S. ;DRUMMOND, J.L. Surface morpholoy and cell size measurement of isolated rat
cardiac myocytes. J. Mol. Cel. Cardiol., 11: 423-433, 1979.
BRANDI, G.; McGREGOR, Intramural pressure in the left ventricle of the dog. Cardiovasc.
Res. 3:472-475, 1969.
BURNS, T.R.; KLIMA, M.; TEASDALE, T.A .; KASPER, K. Morphometry of the aging heart.
Mod. Pathol., 3(3): 336-42, 1990.
CAMILLERI, J. P. Approche structurale du vieillissement vasculaire. Presse Med., 21(26):
1184-7, 1992.
CANALE, E. D. et al. Cardiac Muscle. – Morphometry of Cardiac Muscle.Springer- Verlag
ed, p.52-59, 1986.
CHIDA, K. et al. A morphological study of the normally aging heart. Cardiovasc. Pathol., 3: 1-
7, 1994.
CHIZZOLA, A .et al. Premesse metodologiche allo studio citometrico del miocardio. Rev. Anat.
Patol., 31: 345-367, 1967.
DI SOMMA, S. et al. Changes in nyocardial cytoskeletal intermediate filaments and myocyte
contractile dysfunction in dilated cardiomyopathy: na in vivo study in humans. Heart, 84(6):
31
ENGELMAN, G.L; VITULL, J.C; GERRITY, R.G. Morphometric analysis of cardiac
hypertrophy during development, maturation and senescence in spontaneously hypertensive rats.
Cir. Res., 60: 483-494, 1987.
GERDES, A. M.; CALLAS, G.; KASTEN, F. H. Differences in regional capollary distribuition
and myocotes sizes in normal and hypertrophic rat hearts. Am. J. Anat., 156:523-532, 1979.
GERDES, A. M.; KASTEN, F. H., Morphometric study if endomyocardium and epimyocardium
of the left ventricle in adult dogs. Am. J. Anat., 159:389-394, 1980.
HARRISON, R. R. et al., Congestive heart failure. Arch. Int. Med., 49:151-164, 1932.
HATT, P. Y.; RAKUSAN, K.; GASTINEAU, P.; LAPLACE, M., Morphometry and of heart
hypertrophy induced by chronic volume overload (arto-caval fistula in the rat). J. Mol Cell
Cardipl., 11: 989-998, 1979.
HENRY, W. L.; GARDIM, J.M.; WARE, J.H. Echocardiographic measurements in normal
subjects from infancy to old age. Circulation, 62: 1054-61, 1980.
HOSHINO, J.; FUJIWARA, H.; KAWAI, C.; HAMASHIMA, Y., Myocardial fiber diameter and
regional distribuition in the ventricular wall of normal adult hearts, hypertensive hearts and hearts
32
KEIBEL, F.; MALL, F. P. Manual of human embryology. Vol. 2 J. B. Lippincott Co.
Philadelphia pp. 567-568, 1912.
KITZMAN, D.W. et al. Age-related changes in normal human hearts during the first 10 decades
of life.Part II (maturity): a quantitative anatomic study of 765 specimens from subjects 20 to 99
years old. Mayo Clinic Proceedings, 63: 137-146, 1988.
KITZMAN, D.W.; EDWARDS, W.D. Age-related changes in the anatomy of the normal human
heart. J. Gerontol., 45(2): M33-39, 1990.
KORECKY, B.; RAKUSAN, K. Normal and hypertrophic growth of the rat heart: Changes in
cell dimensions and number. Am J. Physiol., 3(2):H123-H128, 1978.
LEWIS, J. F.; MARON, B. J. Cardiovascular consequences of the aging process. Cardiovasc
Clin., 22(2): 25-34, 1992.
LOUD, A.V; BARANY, W.C; PACK, B.A. Quantitative evaluation of cytoplasmic structures in
electronmicrographs. Lab. Invest., 14(6): 258-270, 1965.
LOUD, A.V; BEGHI, C; OLIVETTI, G; ANVERSA, P. Morphometry of right and left
ventricular myocardium after strenuous exercise in preconditioned rats. Lab. Invest., 51: 104-11,
33
MANDARIM-DE-LACERDA, A .C. Morfometria estereológica do miocárdio no coelho
(oryctolagus cuniculus). Estudo comparativo entre a crista terminalis e os septos interatrial e
interventricular. Rev. Bras. Cien.Morfol., 4(1):8-12, 1987.
MANDARIM-DE-LACERDA, C.A.; SAMPAIO, F. J. B. Quantitative study of the heart in
staged human embryos in stage 17. Okajimas Folia Anat. Jpn, 64(5): 253-258, 1987.
MANDARIM-DE-LACERDA, C.A, - Fisiologia e Fisiopatologia: Estereologia do rim:
determinação do Vv, Nv e volume médio do glomérulo.. J. Bras. 22(2): 103-9, 2000.
MESSERLI, F. H. Cardiovascular adaptation in elderly hypertensive patients. Abstract. J. Amer.
Col. Cardiol., 3: 518, 1984.
OLIVETTI, G. MELISSARI M.; CAPASSO, J. M.; ANVERSA, P. Cardiomyopathy of the
aging human heart. Circ. Res, 68(6): 1560-1568, 1991.
OLIVETTI, G. et al. Aging, cardiac hypertrophy and ischemic cardiomyopathy do not affect the
proportion of mononucleated and multinucleated myocytes in the human heart. J. Mol. Cell
Cardiol., 28: 1463-1477, 1996.
OBERPRILLER, J. O ; OBERPRILLER, J. C.; AAFEDT, B.C. Changes in binucleation and
cellular dimensions of rat left atrial myocytes after induced left ventricular infarction. Amer. J.
34
PATTEN, B.M. Changes in circulation following birth. Am. Heart, J., 6: 192-205, 1930.
PEIREIRA, L.M.M.; VIANNA, G.M.M.; MANDARIM-DE-LACERDA, C.A .Morfologia e
estereologia do miocárdio em ratos hipertensos. Correlação com o tempo de inibição da síntese
do óxido nítrico. Arq. Bras. Cardiol., 70(6): 397-402, 1998.
POMERANCE, A . Aging and degenerative changes. In: Pomerance A. Davies MJ eds. The
pathology of the heart. London Blackwell Scientific Publications, p. 49-70, 1975.
RAKUSAN, K; MONAVEC, J; HATT, P.Y. Regional capillary supply in the normal and
hypertrophied rat heart. Microvasc. Res., 20:319-326,1980.
SAFAR, M. Ageing and its effects on the cardiovascular system. Drugs, 39, suppl 1: 1-8, 1990.
TRUEX, R. C. Myocardial cell diameters in primate hearts. Amer. J. Anat., 135: 269-280, 1972.
UNVERFERTH, D. V. et al. Human myocardial histologic characteristics in congestive heart
failure. Circul., 68: 1194-1200, 1983.
WEIBEL, E.R.; KISTLER, G.S.; SCHERLE, W.F. Pratical stereological methods for
morphometric cytology. J. Cell Biol., 30: 23-38, 1966.
WEIBEL E.R. Stereological methods: Practical methods for biological morphometry, v.1,
ANEXOS
TÉCNICAS HISTOCITOMÉTRICAS (FÓRMULAS FINAIS)
a) Área de secção transversa unitária da miocélula
(4) ao mioc = Ao mioc/Nmioc
b) Comprimento unitário do perímetro da miocélula
(7) lo mioc = Lo mioc/Nmioc
c) Volume unitário da miocélula
(10) vo mioc = (hmioc * ao mioc) * fs^-3 ou vo mioc = (hmioc * ao mioc) *
(ls/l'o)^-3
d) Volume percentual de miocélula (densidade volumetrica)
(11) Vvmioc = Pmioc/Pt
e) Número de miocélulas por unidade de volume
(12) Nmm^3mioc = 10^9/96.04 * Nmioc/hmioc * (ls/ló)^3 / (lo/lc)
i) Fração de volume nuclear
(16) Vvnu = Pnu/ {Pt * 1 + 1.23[t/(hnu * lo/lc)]}
36
(18) Nmm^3nu = 10^9/(96.04*t) * Nnu/[hnu * (lo/lc) + t] * fs^3
k) Volume unitário médio do núcleo
(19) vnu = (10^9 * Vvnu)/ Nmm^3nu
l) Área de secção unitária média do núcleo
(20) anu = 0.9604 * (Pnu/Nnu) * {[hnu * (lo/lc) * t]/ [hnu * (lo/lc) * 1 + (1.23 * t)]}
Descrição das Fórmulas
O comprimento da miocélula (hmioc = distância inter-nuclear) foi medido diretamente no
microscópio com uma ocular 10X + 100X (objetiva de imersão), sendo que a direção do maior
eixo da miocélula era paralelo ao fio da navalha ou seja, perpendicular a direção do corte
(Chizzola et all, 1967). Nestas condições não foi necessário a correção para a compressão, apenas
para à retração. Os fatores de compressão e retração foram considerados para cada bloco de
tecido, tendo em vista as variações de um para o outro.
A área total das secções transversas das miocélulas foi estimada em cortes
perpendiculares ao maior eixo da miocélula. O valor destas áreas (Amioc), é dado pela relação
entre o número de pontos que caem nas estruturas em tela (Pmioc) e, o número total de pontos do
sistema-teste (Pt).
(1) Amioc = Pmioc/Pt
No nosso caso, a área das secções transversas das miocélulas na área-teste é dada em
µm2: Amioc = (Pmioc/Pt) * At , onde (At) é a área total do sistema-teste em µm2 = 96,04 e (Pt)
= 100, logo:
37
(3) Ao mioc = 0.9604 * Pmioc * (lo/lc)
O número de secções transversas de miocélulas na área-teste (nmioc), foi contada;
a área de secção transversa unitária em µm2 será, então:
(4) ao mioc = Ao mioc/Nmioc ; este procedimento permite estimar o valor unitário
médio da área de secção transversa da miocélula, onde (Nmioc) é o número de miocélulas
contadas nos campos correspondentes. A contagem das miocélulas foi feita em cada campo
microscópico separadamente levando em conta as “linhas proibidas”(Weibel, 1978).
Para determinar a medida do perímetro das secções transversas, usamos a fórmula baseada
no teorema de Buffon (Weibel e Elias, 1967):
(5) L = n * (PI/2) * D ,sendo (n) o número de intersecções das linhas-teste com os
contornos das transecções e (D) é a distância entre retas paralelas do sistema-teste.
Tomando como base a fórmula 5, o comprimento (Lmioc), do perímetro das secções
transversas de miocélulas na área-teste é:
(6) Lcmioc = Imioc * (PI/2) * D , onde (Imioc) corresponde ao número de
intersecções de miocélulas na área-teste. Utilizando o Fator de Compressão corrigimos a fórmula
6 para:
(6a) Lo mioc = Imioc * (PI/2) * D * (lo/lc)
Sendo (Nmioc) o número de secções transversas de miocélulas na área-teste, o
comprimento unitário do perímetro da miocélula em µm resulta em:
(7) lo mioc = Lo mioc/Nmioc
A medida da superfície celular lateral unitária (comioc) pode ser dada pelo produto do
perímetro unitário das secções transversas de miocélulas (lomioc), pelo comprimento unitário
celular médio (hmioc) obtido pelas distâncias inter-nucleares.
38
correção da compressão, tendo em vista que esta medida foi obtida seguindo a direção do corte
paralelo ao fio da navalha, contudo não se encontra “desretraída”, portanto, considerando para o
estado retraído temos:
hmioc(retr.) = hmoc(desretr.) * ls/ló, logo: hmioc(desretr.) = hmioc(retr.) * ló/ls, pelo mesmo
raciocínio temos: lo mioc(desretr.) = lo mioc(retr.) * ló/ls, donde:
(8) co mioc = hmioc(retr.) * lo mioc(retr.) * (ló/ls)^2
Analogamente, o volume unitário (vmioc) é dado pelo produto da área de secção
transversa (aomioc), pelo comprimento da miocélula:
(9) vmioc = hmioc * aomioc , este volume foi obtido no tecido retraído; para ter o
volume (vo) estimado em suas dimensões correspondentes aos procedimentos prévios à fixação e
inclusão (no material a fresco), utilizamos a fórmula: vo = vs * fs^-3, onde o (vo) é o volume
original antes do pós-processamento e, (vs) é o volume após processado, sendo fs^-3 = (ls/ló)-3,
portanto corrigindo a fórmula 9, temos:
(10) vo mioc = (hmioc(retr.) * ao mioc) * fs^-3 ou vo mioc = (hmioc(retr.) * ao mioc) *
(ls/ló)^-3
O volume percentual da miocélula (densidade volumétrica) é dada pela fórmula:
Vvi = Pi/Pt (Weibel,1966), que aplicado ao nosso sistema-teste temos:
(11) Vvmioc = Pmioc/Pt , onde (Pmioc) é o número de pontos que caem nas
estruturas e, (Pt) é o número total de pontos do sistema-teste.