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Área 4 – Desenvolvimento Profissional

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 79-107)

4. Realização da Prática Profissional

4.3. Área 4 – Desenvolvimento Profissional

“Esta área engloba atividades e vivências importantes na construção da competência profissional, numa perspetiva do seu desenvolvimento ao longo da vida profissional, promovendo o sentido de pertença e identidade profissionais, a colaboração e a abertura à inovação.”, tal como é enunciado no documento das normas orientadores do EP.

Efetivamente, a Área 4, relacionada com o desenvolvimento profissional do PE, tem como principal propósito transmitir, ao mesmo, a importância do aperfeiçoamento do seu espírito crítico e da reflexão acerca das condições e do exercício da sua atividade.

Tornou-se inequívoco, ao longo deste ano letivo, o papel crucial que a partilha de experiências e as conversas constantes onde participei assumiram para a criação deste poder reflexivo que sempre fez parte deste processo. Tentar perceber, através da reflexão, aquilo que está a ser bem feito e aquilo que não está a ser executado como devia de ser, é meio caminho andado para o PE ser alvo de uma evolução positiva e crescer enquanto docente. Sendo assim, as reflexões realizadas no final de cada aula, a partilha de ideias em cada reunião semanal de estágio, as conversas informais com os meus colegas de estágio e com os restantes professores, contribuíram grandemente para o meu crescimento e para atingir o nível de competência profissional que alcancei.

Com o objetivo de nos aproximarmos o mais possível desta “exigência” do EP, esta área englobava, não só a aquisição deste espírito crítico referido anteriormente, como a sua colocação em prática em alguns documentos produzidos ao longo desta caminhada.

Neste contexto, a realização do PFI foi uma das minhas tarefas primitivas com o objetivo de alcançar este desenvolvimento profissional pretendido.

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Neste documento é, sobretudo, partilhada a perceção que cada PE tem do seu estado atual (os objetivos, as dificuldades, os conhecimentos e as capacidades) perante os desafios que lhe são colocados no estágio. Desta reflexão, e tendo em conta as exigências da Escola como instituição, do currículo, do projeto educativo, do plano curricular de escola, dos programas de Educação Física, das atividades previstas na escola, no departamento de EF e no núcleo de estágio e das características dos alunos, o estagiário propõe um plano de trabalho concreto que potencie as suas capacidades e supra as suas dificuldades e lacunas face às exigências da profissão pedagógica.

Para além deste Projeto de Formação Individual referido, numa fase mais avançada do decurso, o PE deverá realizar um Projeto de Investigação- Ação, onde desenvolve um estudo sobre uma determinada temática relacionada com o processo ensino-aprendizagem, criando, deste modo, hábitos de investigação/reflexão que se tornarão essenciais numa perspetiva futura.

Finalmente, a elaboração do presente Relatório de Estágio foi uma das tarefas que vai, igualmente, ao encontro do desenvolvimento profissional e que visa a aquisição, por parte do PE, da competência de refletir acerca do decurso do seu Estágio Profissional, tendo em conta o seu projeto de formação individual, o percurso da realização do estágio e os efeitos das decisões tomadas, numa perspetiva construtora, e tendo como objetivo o reforço do exercício consciente da sua ação profissional.

Em suma, estou em condições de afirmar que a postura crítica e reflexiva que assumi contribuiu bastante para potenciar a minha capacidade em solucionar problemas que foram surgindo e encontrar, quase sempre, a melhor estratégia para ir ao encontro dos objetivos inerentes a todo este complexo processo onde estive envolvido. Deste modo, a atualização estável de conhecimentos, a constante autocrítica e análise da minha prestação e a assídua e profunda reflexão das minhas decisões contribuíram, inequivocamente, para o desenvolvimento da minha competência profissional.

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5. “Afeto + Aprendizagem = Ciclo virtuoso?”

5.1 Introdução

No âmbito da Unidade Curricular do Estágio Profissional, integrada no plano curricular do 2º Ano do Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, foi proposta a elaboração de um estudo, tendo em conta uma determinada problemática que estivesse relacionada com a nossa atuação como professor ao longo deste ano que findou.

Com este estudo conceptual, ambiciono alargar o meu leque de conhecimentos relativos à área da psicologia e pedagogia, nomeadamente a noção de afetividade, a fim de fortalecer as minhas competências associadas a este domínio da Educação.

Nesta linha de pensamento, demonstrar a importância da afetividade no processo ensino/aprendizagem representa o objetivo geral deste projeto, propondo-me identificar se a relação professor-aluno influencia a aprendizagem deste último no sistema escolar.

Deste modo, no primeiro capítulo deste estudo serão apresentados alguns pressupostos relativos à afetividade, mais concretamente a sua definição e a visão de alguns autores sobre esta temática.

Seguidamente, introduzirei a afetividade no contexto escolar, entendendo a sua importância no relacionamento entre o professor e o aluno e compreendendo os benefícios que a mesma traz e as consequências que a sua ausência pode causar no processo ensino/aprendizagem.

Ao longo deste estudo, tal como ficou demonstrado no meu Relatório de Estágio, procura-se evidenciar a grande importância que eu dedico ao bom ambiente escolar, particularmente na relação entre docentes e educandos, a fim de se alcançar um clima motivacional nas aulas de Educação Física.

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5.2 Capítulo I - Afetividade: alguns pressupostos

5.2.1 Conceito de Afetividade

A afetividade pode ser definida segundo diferentes perspetivas, entre as quais, a filosófica, a psicológica e a pedagógica. Tendo em conta os objetivos primordiais do meu estudo, a afetividade é abordada na perspetiva pedagógica, tendo em vista a relação educativa que se estabelece entre o professor e o aluno em todo o processo educativo.

Segundo a caraterização da Enciclopédia Larrousse Cultural. (1998), a “afetividade é o conjunto de fenómenos psíquicos em que se manifestam sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor, insatisfação, agrado ou desagrado, alegria ou tristeza”.( p, 156 )

Tendo em conta que o afeto (o elemento básico da afetividade) revela-se como a parte do nosso psiquismo responsável pela maneira de sentir e perceber a realidade, podemos concluir que a afetividade é, então, a parte psíquica responsável pelo significado sentimental de tudo que vivemos. Se algo que vivenciamos torna-se agradável, prazeroso, sofrível, angustiante, causador de medo ou pânico, ou nos dá satisfação, todos esses conceitos são atribuídos pela nossa afetividade. A afetividade é impulsionada pela expressão dos sentimentos, das emoções, e desenvolve-se por meio da formação do sujeito.

Podemos constatar que o amor, carinho, compreensão, respeito, amizade, afeto, solidariedade, atenção e companheirismo têm uma forte oportunidade de constituir o núcleo central da representação da afetividade. A conceção de afetividade na relação entre sujeitos evidencia que ela emerge como um sentimento, uma atitude, um estado e uma ação, tornando-se igualmente um estado de afinidade profunda entre os mesmos. Deste modo, na interação afetiva com outro indivíduo, cada um de nós intensifica a sua relação consigo mesmo, observa os seus limites e, ao mesmo tempo, aprende a respeitar os limites do outro.

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As psicólogas Cláudia Davis e Zilma de Oliveira retratam nos seus estudos que,

“A presença do adulto dá à criança condições de segurança física e emocional que a levam a explorar mais o ambiente e, portanto, a aprender. Por outro lado, a interação humana envolve também a afetividade e a emoção como elemento básico”. (1998, pp. 83-84)

De acordo com o exposto, as emoções estão presentes quando estabelecemos relações com objetos físicos, conceções ou outros indivíduos. Afeto e cognição constituem aspetos inseparáveis, presentes em qualquer atividade, sendo que o primeiro pode ser entendido como a energia necessária para que a estrutura cognitiva possa operar.

Na sequência desta pequena introdução, considero importante abordar seguidamente duas perspetivas distintas relativamente à temática retratada: “Afetividade segundo Henri Wallon” e “Afeitividade segundo Vygotsky”.

5.2.2 Afetividade segundo Henri Wallon

Para Henri Wallon (1975), a evolução afetiva está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento cognitivo, visto que difere claramente entre uma criança e um adulto. Partindo deste pressuposto, supõe-se então que há uma incorporação de construções de inteligência por ela, seguindo a tendência que possui para racionalizar-se.

Observamos, portanto, a inigualável importância dos aspetos afetivos para o desenvolvimento psicológico, pelo que é por meio das emoções que o aluno exterioriza os seus desejos e vontades. Em geral, são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos módulos tradicionais de ensino. A emoção é altamente orgânica, altera a respiração e os batimentos cardíacos, causa impacto no outro e tende a

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propagar-se no meio social. A afetividade é um dos principais elementos do desenvolvimento humano. Conforme as ideias de Wallon (2003), a escola infelizmente insiste em imobilizar a criança numa carteira, limitando justamente a fluidez das emoções e do pensamento tão necessária para o desenvolvimento completo da pessoa.

Falar de afetividade na relação professor/aluno é falar de emoções, disciplina, postura do conflito do eu e do outro. Neste contexto, independentemente do meio onde a criança está envolvida (quer seja a família, a escola ou outro qualquer), a afetividade nunca deixa de fazer parte da sua vida.

Para o mesmo autor, as teorias sobre emoções têm por base aspetos mecanicistas e difíceis de serem compreendidos. O estudo da criança exigiria o estudo do(s) meio(s) onde ela se desenvolve. O papel da afetividade no processo de mediação do professor direciona o olhar para a relação professor/aluno, sendo a mesma expressa sob outras relações humanas.

Nesse sentido, Wallon (2003) defende que a sociedade intervém no desenvolvimento psíquico da criança através das suas repetidas experiências e das dificuldades para ultrapassá-las, uma vez que a criança, ao contrário dos outros seres vivos, depende por muito tempo dos seus semelhantes “adultos”. A dimensão afetiva é de fundamental importância para Wallon, seja do ponto de vista da construção da pessoa ou do ponto de vista do conhecimento, sendo marcante para o desenvolvimento da espécie humana, que se manifesta a partir do nascimento e estende-se ao longo dos anos de vida de uma criança.

Uma criança “normal,” quando já se relaciona afetivamente com o seu meio ambiente, principalmente com a mãe, sente necessidade de ser objeto de manifestações afetivas para que, deste modo, o seu desenvolvimento biológico não seja colocado em causa. É comum acontecerem reviravoltas nas condutas da criança e nas suas relações com o meio, o qual é de suma importância para a existência da criança. O autor acredita existir esta reviravolta desde o período fetal, prolongando-se após o nascimento. Aos três anos de idade iniciam-se os conflitos interpessoais, onde a criança opõe-se a tudo que julga ser diferente

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dela. Para além disso, verificamos que, no quotidiano escolar, a maneira de agir da criança vai corresponder a alguns princípios afirmados nas etapas anteriores, tal como descritas por Wallon (2003), princípios estes necessários para evitar crises penosas pelas quais a maturação da criança e o seu eu psicológico podem passar. É na escola que a criança começa a emancipar-se da vida familiar, sendo essencial nesse período disciplina, uma disciplina de ordem maternal.

A escola, na figura do professor, precisa de compreender o aluno e o seu universo sociocultural. Conhecer esse universo assume-se de grande eficácia para o trabalho do professor que atua no plano universal, cultural e pessoal. O professor tem que colocar acima de tudo um sentimento de amor, carinho e respeito na sua relação com o aluno. Rangel faz-nos refletir quando diz:

“Acreditamos que a escola deve-se ocupar com seriedade com a questão do “saber”, do “conhecimento”. Se um professor for competente, ele, através de seu compromisso de educar para o conhecimento, contribuirá com a formação da pessoa, podendo inclusive contribuir para a superação de desajustes emocionais”. ( 1992, p. 72 )

Assim sendo, a prática educativa na escola deve primar pelas relações de afeto e solidariedade, proporcionando situações que possam oferecer prazer ao aluno de construir conhecimentos e de crescer junto com o outro.

5.2.3 Afetividade segundo Vygotsky

Para Vygotsky (1989), a relação estabelecida entre o professor e o aluno não deve ser uma relação de imposição, mas, sim de cooperação, de respeito e de crescimento. O aluno deve ser considerado um ser interativo e ativo no

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seu processo de construção do conhecimento. O professor, por sua vez, deverá assumir um papel fundamental nesse processo, como um sujeito mais experiente. Por essa razão, cabe a este último, assumir o mediador da aprendizagem facilitando o domínio e a apropriação dos diferentes instrumentos culturais.

Segundo o autor, a construção do conhecimento dá-se coletivamente, ou seja, sem ignorar a ação intrapsíquica do sujeito. Assim, o mesmo definiu o desenvolvimento intelectual de cada pessoa em dois níveis: o real e o potencial. O real é aquele já adquirido e formado, que determina o que a criança já é capaz de fazer por si própria, tratando-se de um conhecimento consolidado; por outro lado, o potencial diz respeito ao conhecimento que o jovem ainda poderá vir a adquirir.

A abordagem do autor é de fora para dentro, através da internalização, isto é, ele defende que o conhecimento se dá dentro de um contexto, afirmando serem as influências sociais mais importantes que o contexto biológico. A aprendizagem acelera os processos superiores internos que só são capazes de atuar quando a criança encontra-se interagida com o meio ambiente e com as outras pessoas. É importante, nesta linha de pensamento, que esses processos sejam internalizados pela criança.

Em suma, Wallon e Vygotsky (2003), enfatizaram a íntima relação entre afeto e cognição, superando a visão dualista do homem. Além disso, as ideias dos autores aproximam-se no que diz respeito ao papel das emoções na formação do caráter e da personalidade.

Vygotsky (1989) procurou delinear um percurso histórico a respeito do tema afetividade. Sendo assim, procura explicar a transição das primeiras emoções elementares para as experiências emocionais superiores, especialmente no que se refere à questão dos adultos terem uma vida emocional mais refinada do que as crianças. Ele defende também que as emoções não deixam de existir, mas sim transformam-se, afastando-se da sua origem biológica e construindo-se como um fenómeno histórico cultural.

76 5.3 Afetividade no contexto escolar

Tal como a familia, a escola é uma instituição essencial na formação dos indivíduos, tendo como papel contribuir não só para a aquisição de conhecimentos do campo cognitivo, mas também na construção do caráter e da personalidade, além de proporcionar o vínculo afetivo entre todos.

Neste contexto, cita-se o trabalho de Saltini (1997) que ressalta que,

“As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas.“ (p.15)

Saltini (1997) considera que o pensar é uma capacidade destinada exclusivamente aos seres humanos e, nesse sentido, pode ser utilizado como mecanismo de construção do futuro. O autor considera que a formação do pensamento está vinculada às bases afetivas e, nesse sentido, cabe aos educadores facilitar o seu surgimento. Assim, é necessario que o ato de pensar, construído sobre bases afetivas, nos possibilite conhecer e melhorar a nossa realidade.

Passamos um bom tempo na escola, e é lá que descobrimos muito do nosso mundo. A escola deve ultrapassar a simples transmissão de conteúdos e oferecer diversas maneiras para que os seus alunos se enquadrem num processo de aprendizagem que envolva todas as funções humanas, ressaltando a sentimental, tal como defende Saltini (1997, p.31): “em primeiro lugar, a educação não é uma transmissão do conhecimento, de um saber ou até mesmo de uma conduta, mas, sobretudo uma iniciação à vida”.

Neste contexto, a escola deve preocupar-se em preparar um grupo de professores especializados que esteja consciente de que os alunos, para adquirirem um desenvolvimento pleno das suas potencialidades, precisam de manter relações com indivíduos que compreendam a sua subjetividade e as características de cada faixa etária. Contudo, esta problemática será abordada posteriormente neste capítulo.

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5.3.1 O papel da afetividade no processo ensino-aprendizagem

O processo ensino-aprendizagem só pode ser analisado como uma unidade, na qual a relação professor-aluno é um fator determinante para a aprendizagem do último. Para tornar esse processo mais produtivo e prazeroso, o docente deverá orientar, propiciar e testar atividades adequadas aos alunos inseridos na sala de aula. O professor deverá planear atividades que promovam entrosamentos mais produtivos entre as atividades aplicadas.

Partindo da teoria de Wallon (2003), o desenvolvimento do sujeito faz-se a partir da interação com grandes variedades de fatores ambientais. O foco da teoria é uma relação complementar entre os fatores orgânicos e os socioculturais.

A aprendizagem define-se como o processo através do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que o seu grupo social conhece, e para que o sujeito o aprenda necessitará de interagir com outros seres humanos, especialmente com os adultos. De uma maneira geral, o adulto fornece ajuda direta à criança, orientando-a e mostrando-lhe como proceder através de gestos e instruções verbais em situações interativas. Na interação professor-aluno gradativamente a fala social trazida pelo professor vai sendo interiorizada pelo aluno e o seu comportamento passa a ser orientado por uma fala interna que planeia a sua ação. O papel do professor nesse processo é fundamental, na medida em que é ele o responsável por procurar estruturar condições para a ocorrência de interações entre ele e o aprendiz.

Mesmo reconhecendo a importância dos fatores emocionais e afetivos na aprendizagem, o objetivo da ação escolar não é resolver dificuldades nesta área, mas sim propiciar a aquisição e reformulação dos conhecimentos elaborados por uma dada sociedade. Ainda que atenta aos aspetos emocionais, não é função da escola promover ajustamento afetivo, saúde mental ou mesmo a felicidade. Na verdade, cabe à escola esforçar-se por

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propiciar um ambiente estável e seguro, onde os alunos sintam-se bem, pois nestas condições as atividades aplicadas são facilitadas.

Convém ressaltar que a afetividade e a inteligência se estruturam nas ações dos indivíduos. O afeto pode, assim, ser entendido como energia necessária para que a estrutura cognitiva possa operar. Tanto a inteligência como a afetividade são mecanismos de adaptação, permitindo ao indivíduo construir noções sobre os objetos, as pessoas e situações diversas, conferindo-lhes atributos, qualidades e valores. Assim, contribuem para a construção do próprio sujeito, a sua identidade e a sua visão do mundo.

Inês Maria Gómez-Chacón faz-nos refletir ao destacar:

“(…) a importância dada à questão sempre presente dos afetos, que atualmente é assumida e aceite por professores cada vez mais dispostos a reconhecer neles elementos de indiscutível valor e interesse no acompanhamento e na avaliação do processo ensino/aprendizagem.” (2004, p. 52).

Tendo em consideração esta reflexão, podemos afirmar que é necessário que se perceba a ligação entre cognição e afeto. Quando o professor consegue trabalhar com essas dimensões ele pode interferir de maneira a conduzir positivamente as reações emocionais, favorecendo a formação e a solidificação de atitudes benéficas à aprendizagem. Segundo Augusto Cury (2003, p.72) “Ser um mestre inesquecível é formar seres humanos que farão a diferença no mundo.”

Como podemos concluir, o tempo pode passar e as dificuldades podem surgir, mas as sementes de um professor que marca a vida do seu aluno jamais serão destruídas.

Tal como tem ficado vincado ao longo desta temática, o professor assume um papel de destaque em todo o processo ensino-aprendizagem, nomeadamente no que diz respeito à afetividade criada na relação professor-

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aluno, crucial para o bom aproveitamento escolar. Neste contexto, o próximo capítulo irá precisamente ao encontro da defesa desta ideia.

5.3.2 Relação interpessoal professor-aluno e a formação do educador

A construção das relações e dos laços de afetividade dá-se por meio dos estímulos que os envolvidos recebem do ambiente em que estão inseridos. Luck (1983, p.25) afirma que “as relações afetivas assumem um papel especial e singular no quadro educativo”. Portanto, é preciso entender que a afetividade deve ser cultivada em todas as relações, nomeadamente na relação professor- aluno.

Deste modo, evidencia-se que o trabalho do professor é vital no desenvolvimento e na aprendizagem do aluno, uma vez que será o docente um dos principais responsáveis por estabelecer os vínculos afetivos, podendo contribuir positiva ou negativamente.

Segundo Morales (1998, p.61), “a conduta do professor influi sobre a motivação, a afetividade e a dedicação do aluno ao aprendizado”. Podemos reafirmar que o aluno se vê influenciado pela sua perceção em relação ao professor. Assim, este deve, sempre que possível, reforçar a autoconfiança dos

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