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6.1- Aulas observadas pelos colegas de Estágio e

professora Cooperante

Durante o ano letivo, existiram vários momentos de observação das aulas dos EE. Estas observações foram espaçadas ao longo do tempo para verificar se existia ou não evolução na prática pedagógica de cada EE. Enquanto um colega de estágio lecionava a sua aula, os restantes colegas e a professora cooperante refletiam sobre ela. A observação das aulas consistiu num “exercício” de reflexão sobre a prática pedagógica de cada EE, onde se verificavam aspetos positivos e aspetos a melhorar.

Segundo Alarcão (1996), a observação das aulas constitui-se o ponto de partida para o desenvolvimento profissional do professor, para que através da compreensão das suas ações, das dos colegas e de outros professores, possa controlar melhor o seu próprio processo de ensino.

Através da observação, foram analisadas pelo grupo, questões relacionadas com os conteúdos realizados e a forma como estes tinham sido transmitidos durante a aula. Também foram analisadas de forma crítica, outras questões inerentes à aula, nomeadamente: a postura, a confiança, a segurança, a entoação, o desempenho, entre outros no decorrer da aula.

Na sua maioria, as aulas observadas incidiram nas componentes práticas, embora no início de cada aula existisse sempre uma breve componente teórica com o objetivo de transmitir aos alunos os conteúdos sobre a prática em questão, proporcionando aos alunos um melhor entendimento sobre a realização da proposta de trabalho.

Relativamente à prestação dos meus colegas, nas suas aulas lecionadas verificou-se que existiu sempre uma preocupação na transmissão dos conteúdos teóricos e práticos, de uma forma clara e objetiva, levando os

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alunos à reflexão sobre algumas questões relacionadas com o desporto na atualidade. Sempre que os alunos colocavam questões, os EE tentaram colmatar essas dúvidas através de explicações simples e objetivas.

Por fim, relativamente às observações realizadas pelos meus colegas de estágio e Professora Cooperante nas minhas aulas lecionadas, considero que foram de extrema importância e uma mais-valia enquanto futuro professor, identificaram aspetos menos positivos, que eu como professor da turma em questão não os conseguia identificar e corrigir para que o aluno atingisse níveis de sucesso no processo de ensino-aprendizagem. Foi com base nestas observações e reflexões, que gerou um ajustamento de algumas planificações e estratégias para o sucesso das minhas aulas lecionadas. Não posso esquecer a principal interveniente das observações, a professora cooperante, onde de forma racional demonstrava um enorme interesse em ajudar-nos a atingir níveis elevados de sucesso enquanto futuro professores.

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6.2- Reunião de Departamento

Relativamente às reuniões de departamento, os EE apenas tivemos presentes numa, logo no início do ano letivo. Nesta reunião estiveram presentes vários professores dos diferentes grupos da ESBN, sendo a reunião direcionada para a informação acerca dos futuros projetos e da aprovação das atas apresentadas anteriormente. Estas reuniões são fundamentais para o bom funcionamento da escola, para que todos os intervenientes (professores) estejam informados sobre os assuntos internos da mesma, sendo nestas reuniões que os diferentes grupos (disciplinas) recolhem as informações transmitidas pela direção para serem debatidos.

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6.3- Evolução enquanto futuro professor de Educação

Física

Relativamente ao trajeto do EP identifico alguns aspetos que fui melhorando, principalmente no início do ano letivo, pois por ser um professor principiante foram surgindo dúvidas relacionadas com os planeamentos e avaliações dos alunos.

As dificuldades de um professor principiante vão desaparecendo ao longo do estágio, ao adquirir um maior nível de experiência e à vontade com as situações com que se vai deparando.

Com o decorrer do ano letivo os erros inicialmente identificados no planeamento foram ultrapassados, e aquando da realização da planificação das aulas tenho sempre em atenção se o previsto está de acordo com as capacidades dos alunos.

Relativamente à avaliação, trata-se de um processo muito delicado, tendo inicialmente optado por elaborar uma ficha de avaliação dos alunos com um elevado número de critérios. Assim, achei necessário fazer um reajuste ao número de critérios, tendo em conta apenas o essencial para o êxito das avaliações. Apesar de já me sentir com um maior à-vontade em avaliar, admito que por vezes ainda existem alguns receios.

Ao longo do ano letivo fui melhorando a minha capacidade de observação, e com as filmagens das aulas de avaliação tive uma maior facilidade na comparação entre alunos verificando se a minha observação/avaliação tinha sido justa face as características do aluno. No meu ponto de vista, este tipo de ferramenta (filmagens) é bastante útil para que a nossa avaliação seja positiva em relação aos alunos. No entanto, existem encarregados de educação que não permitem a realização das filmagens, eliminando assim este tipo de processo em relação ao seu educando.

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No decorrer do ano letivo verifiquei que os professores mais experientes também filmavam as suas aulas de avaliação, levando-me a pensar que realmente esta dificuldade que encontro no processo de avaliação dos alunos não é apenas uma dificuldade de principiante mas sim uma dificuldade contínua.

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6.4- Estudo:

6.4.1- A relação dos diferentes Estilos Educativos

Parentais e os resultados dos acelerómetros.

6.4.1.1- Introdução.

A prática regular de AF proporciona vários benefícios para os adolescentes, entre eles, o desenvolvimento saudável do sistema cardiovascular, o desenvolvimento da consciência neuromuscular, a manutenção do peso corporal saudável, além de benefícios psicológicos, melhorando seu controle sobre ansiedade e a depressão. (Lemos, et al, 2010).

Diversos estudos verificaram fatores que influenciam a prática de AF em adolescentes. Destaca-se na literatura o suporte social e o suporte familiar, este último caracterizado na maioria das vezes pelo apoio dos pais, que tende a assumir papel importante no comportamento ativo. O incentivo familiar nessa questão é essencial, visto que essa participação acontece de diversas maneiras, tanto logística e financeiramente, quanto por meio do estímulo e do modelo passado dentro de casa, onde as relações parentais podem contribuir na consolidação do hábito de ser ou não ativo. (Lemos, et al, 2010).

Nesta linha, num contexto e num momento temporal em particular, é influenciada tanto pelas características individuais do jovem como pelo comportamento parental (e.g. atitudes, valores, motivação para a parentalidade, suporte/afeto parental, responsabilidade, sensibilidade às necessidades da criança, investimento no filho), e pelos fatores contextuais (suporte social, nível socioeconómico, presença de stresses familiares, estrutura familiar e influências socioculturais diversas), sendo que o próprio sistema pode influenciar o contexto. (Simões, et al, 2011)

Durante o processo de adoção de atividade física e manutenção, o papel dos pais pode aumentar a motivação de um adolescente. Taylor (1988) define

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alguns fatores influentes: experiência e realizações passadas dos pais na atividade física; o respeito antecipado e aprovação de membros da família, o tempo social que os pais e crianças passam juntos; encorajamento, persuasão, recompensas, e punições da família para a participação em atividade física; a probabilidade de que os pais são relevantes e credíveis modelos de comportamento para as crianças mais novas e a informação e apoio emocional fornecido pelos pais para a sua criança. Este autor concluiu que o papel dos pais tem um efeito profundo na formação ou facilita os hábitos físicos de atividade da criança.

O objetivo deste estudo é perceber se existe relação entre o estilo educativo parental e os níveis e a prática de atividade física dos jovens. (Pereira, et al, 2012).

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6.4.1.2- Metodologia

Este estudo foi realizado a uma amostra de 82 adolescentes em escolas do distrito do Porto (ESBN e ESSE) com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos, onde 39 do sexo masculino e 43 do sexo feminino.

Todos os dados foram recolhidos e avaliados de forma objetiva através da utilização de acelerómetros (Actigraph GT3) e da aplicação de um questionário. Esse questionário relativo aos Estilos Educativos Parentais (QEEP), foi devidamente preenchido por todos os elementos da amostra.

Relativamente à constituição do QEEP, adaptado por Barbosa- Duchame, Cruz, Marinho e Grande (2006), a partir das Parenting Scales de Lambom, Mounts, Steinberg e Dombush (1991), e por Cruz e Barbosa- Duchame, a partir da escala de evaluacion de los estilos educativos parentales (Olivia, Parra, Sanchez-Queija e Lopez, 2007), com autorização dos autores, encontra-se dividido em três dimensões, três dimensões relacionadas com a mãe e três dimensões relacionadas com o pai. A primeira dimensão é constituída por 19 afirmações para serem classificadas numa escala com “NUNCA OU QUASE NUNCA”, “ÀS VEZES”, “FREQUENTEMENTE” e “SEMPRE OU QUASE SEMPRE”. As afirmações correspondem à perceção dos adolescentes em relação à afetividade do pai e da mãe; a segunda dimensão é constituída por 7 afirmações onde a sua classificação procede da mesma forma que a anterior, perguntasse que dizem respeito à perceção dos adolescentes em relação à monitorização do pai e da mãe. A terceira dimensão é constituída por 7 afirmações que podem ser classificadas da mesma forma, essas perguntas dizem respeito à perceção dos adolescentes em relação à promoção da autonomia por parte do pai e da mãe.

Relativamente a outros dados antropométricas e de avaliação da atividade física após aprovação dos/as alunos/as e dos respetivos encarregados de educação foram efetuados e recolhidos os seguintes: avaliação do peso e da altura; utilização dos dois aparelhos o Actigraph GT3 e

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um GPS Qstarz Q1000 durante sete dias, relativo à avaliação da atividade física e da sua localização.

Entretanto, o questionário foi entregue aos alunos das respetivas turmas dos estudantes estagiários, onde cada elemento da amostra foi identificado com um código unicamente acessível pelo investigador principal. Este documento foi distribuído e preenchido pelos elementos da amostra na respetiva aula de cada estudante estagiário em questão.

Depois do preenchimento dos questionários foi marcada uma reunião para a devida explicação da forma de utilização dos aparelhos aos elementos da amostra. Aqui, foi mencionado com clareza aos elementos da amostra os aspetos mais importantes a ter em conta, por exemplo, o que podiam ou não fazer durante a utilização do Actigraph GT3, do GPS Qstarz Q1000 e o tempo de utilização dos mesmos (sete dias). Como referido anteriormente nos questionários, de igual forma foi atribuído a todos os elementos da amostra um código relativo ao aparelho que estava a usar. Posteriormente, após os sete dias, foram retirados os aparelhos a cada elemento da amostra.

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6.4.1.3- Apresentação de resultados

Relativamente à análise estatística esta foi efetuada através do programa estatístico SPSS v20.0 (SPSS, 2011). Onde o grau de significância estabelecido foi de p<0,05. E foi realizada uma correlação bivariada, através do coeficiente de correlação de Pearson.

Da informação recolhida dos 82 elementos foi obtido uma distribuição normal da amostra no teste de normalidade (tabela 9).

Tabela 9- Distribuição normal da amostra

De seguida com a aplicação do t-test apurou-se a média do tempo sedentário e de atividade física moderada e vigorosa (MVPA) dos elementos da amostra, considerando a diferenciação por sexo. (Tabela 11)

Tabela 10- Média de tempo sedentário e de atividade física moderada e vigorosa por sexo

Verifica-se na tabela que os elementos do sexo masculino apresentam uma média de tempo sedentário mais baixo do que o sexo feminino. Apesar de

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existir esta diferença entre os sexos não se evidencia significativa na média de tempo sedentário.

Entanto o que diz respeito à média MVPA os valores apresentados para os elementos do sexo masculino são mais elevados do que no sexo feminino. Assim, no teste de amostra independente verifica-se que existe uma correspondência bastante significativa entre os sexos (Tabela 11).

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A correlação entre as dimensões do QEEP e a média do MVPA, pode interpretar-se como uma ação significativa negativa entre a média do MVPA e monitorização da Mãe. Mon it o riz ão P ai Af eto P ai P ro mo ç ão aut o n o mia P a i Mon it o riz ão Mãe Af eto e P ro mo ç ão aut o n o mia Mã e MVPA R -.006 .089 -.002 -.238* -.187 -.088 P-value (2-tailed) .956 .431 .986 .032 .092 .434 * Correlação significativa <.05

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6.4.1.4- Discussão

Este estudo teve como objetivo analisar a diferença da prática de atividade física entre sexos, assim como influência da perceção dos elementos da amostra acerca dos estilos parentais na prática de atividade física, logo, perceber que influência os vários estilos educativos parentais teriam na prática de atividade física dos adolescentes.

Verificando assim, apenas a correlação significativa negativa entre a monotorização da mãe em relação à MVPA.

No que diz respeito ao nível de prática de atividade física realizada pelos elementos da amostra verifica-se imediatamente que o sexo masculino é mais ativos do que o sexo feminino. Segundo Santos, Hino, Reis & Rodriguez-Añez (2010), que afirmam que de uma maneira geral os meninos tendem a possuir maiores níveis de atividade física quando comparados com as meninas.

Relativamente à média de tempo sedentário observou-se que os elementos do sexo feminino têm valores mais elevados do que o sexo masculino. Contudo, apesar de se evidenciar esta situação, não existe uma relação significativa. Daí verifica-se que era necessário ter uma amostra maior para poder desenvolver esta variável, sendo encontrado uma limitação no estudo.

Em compensação, quando confrontadas a MVPA relativamente à perceção dos elementos sobre a monitorização da mãe existe uma correlação significativa negativa, logo, quando a perceção dos adolescentes é negativa sobre a monitorização da mãe o nível da MVPA é maior. Assim a ligação da perceção da não monitorização por parte da mãe leva a que os adolescentes tenham uma maior prática de atividade física moderada a vigorosa. Segundo Jago et al, 2011, é necessário aprofundar o trabalho, porque argumentam que existe uma maior prática de atividade física quando as mães assumem uma postura permissiva.

Por outro lado, Segundo Junior, W. et al (2013), as crianças em idade pré-escolar não apresentam autonomia para escolhas relacionadas à prática de

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atividades físicas, assim, é de se esperar que a participação dos pais constitua um fator com forte influência no nível de atividade física das crianças.

Pois assim, verifica-se que neste estudo a amostra é muito reduzida, sendo interessante entender se a perceção que os adolescentes possuem sobre as dimensões dos estilos educativos parentais são realmente reais.

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6.4.1.5- Conclusão

Conclui-se que não houve associações significativas entre as dimensões do QEEP e MVPA

Relacionando as dimensões do QEEP relativamente ao pai e à mãe com a participação dos jovens na realização de atividade física (MVPA), verificamos que apenas existe uma correlação significativa negativo referente a essa prática e à monotorização por parte da mãe.

O facto de a amostra ser relativamente pequena fez com que não houvesse muitas correlações com significado estatístico limitando a análise dos resultados, pois assim futuramente se necessário têm que ter em atenção a quantidade de elementos na amostra.

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Referências bibliográficas do estudo

Jago, R., Davison, K., Brockman, R., Page, A, Thompson, J., & Fox, K. (2011). Parenting styles, parenting practices, and physical activity in 10 to 11 year olds. Preventive Medicine.

Lemos, N & Nakamura, P & Grisi, R & Kokubun, E. (2010). Associação entre nível de atividade física de lazer dos pais com o nível de atividade física dos filhos.

Pereira, S. (2012). Parental and Peer Support on Physical Activity Among Portuguese Children and Adolescents. Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Exercício e Bem-Estar, no Curso de Mestrado em Exercício e Bem-Estar variante de Exercício, Nutrição e Saúde conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Lisboa.

Santo, M, Hino, A, Reis R, Rodrigues-anez C. (2010). Prevalência de barreiras para a prática de atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Epidemiologia, v.13, n.1, p.94.

Simões, S. (2011) Tese de Doutoramento em Ciências Biomédicas. Influência dos estilos educativos parentais na qualidade da vinculação de crianças em idade escolar em diferentes tipos de família.

Taylor WC, Baranowski T, Sallis JF. Family determinants of childhood physical activity: a social-cognitive model. In: Dishman RK, ed. Exercise Adherence: Its Impact on Public Health. Champaign, IL: Human Kinetics; 1988, pp. 319–42. Cit por Lau, Patrick W. C, Antoinette. L & Lynda, R.

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