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ÁREA DE ESTUDO

No documento Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2014 (páginas 33-40)

3.1 – Localização

O município de Volta Redonda está localizado no extremo oeste do Estado do Rio de Janeiro e politicamente inserido na região administrativa de governo estadual do Médio Paraíba, que engloba, além da cidade que lhe empresta o nome, os municípios de Barra Mansa e Pinheiral. O acesso principal à área é feito através da rodovia Presidente Dutra (BR-116) (Figura 3.1). Outra importante rodovia é a Lúcio Meira (BR-393), antiga Rio – Bahia, encontra a Presidente Dutra a leste de Barra Mansa, passando por parte deste município e pela parte mais central de Volta Redonda (Figura 3.1).

Todo Médio Paraíba passou a experimentar grande intervenção e desenvolvimento a partir da cultura do café, ao longo das últimas décadas do século XIX, até que, a partir do século XX, a região oeste de São Paulo tomou a frente da produção cafeeira. Como consequência, o interior fluminense sofreu um forte período de decadência. Posteriormente, monocultura do café foi sendo paulatinamente substituída por outras atividades agrícolas, pecuária e desenvolvimento urbano ligado à instalação de complexos industriais e agro-industriais. Merece destaque a instalação de complexos industriais, que trouxe novamente o desenvolvimento forte e acelerado, retirando a região da estagnação econômica e a transformando em um dos principais polos industriais do Brasil.

Figura 3.1: Recorte simplificado e adaptado do Mapa de Regiões Administrativas do Estado do Rio de Janeiro – região do Médio Paraíba, enfocando o município de Volta Redonda e os limítrofes. Notar rede viária, hidrografia e pontos de referência (Fonte:

CIDE, base cartográfica on-line).

3.2 – Aspectos Ambientais

3.2.1 – Aspectos Fisiográficos

A) Relevo

A região de Volta Redonda é cortada pelo Rio Paraíba do Sul no sentido geral, sudoeste-leste apresentando assim, relevo típico de vale. As áreas urbanas se desenvolveram às margens deste rio, em sua planície, cercadas por extensas porções tipicamente denominadas “mar de morros”. As altitudes médias para os municípios que fazem parte da bacia variam desde 330 m, para Volta Redonda, até 415 m, para Quatis. (CIDE, 2002). Há, desse modo, típica associação de montanhas com vales profundos intervenientes e planícies aluviais, através de encostas muito abruptas, que ZALÁN & OLIVEIRA (2005) destacam ser um quadro aponta para uma associação tectônica entre tais feições.

B) Hidrografia

O Rio Paraíba do Sul em suas nascentes (rios Paraíbuna e Paraitinga) na Serra da Bocaina, e representa o grande manancial que muitas cidades dispõem para o abastecimento humano e para desenvolvimento de atividades econômicas. As sucessivas barragens em seu curso são a conseqüência da utilização dos recursos hídricos para abastecimento e geração de energia, com atendimento inclusive de toda a região metropolitana do Rio de Janeiro. A forte ocupação, o desmatamento da Mata Atlântica, a poluição e a série de intervenções de engenharia são os fatores básicos para explicar o estado ecológico crítico do Rio Paraíba do Sul. Com efeito suas margens são assoreadas e a vazão e o transporte de sedimentos são modificados como um todo, por barragens (MELO et al., 1985).

C) Clima

Conforme o Sistema de Classificação Climática de Köppen, o tipo climático da região que abarca a bacia hidrográfica em estudo é do tipo mesotérmico, com verões quentes e estação chuvosa no verão. O clima continental é, assim, do tipo Cwa (Clima

temperado e úmido, com inverno seco e verão quente). Os municípios englobados apresentam temperaturas médias em torno de 22°C ; a umidade relativa do ar é alta durante todo o ano (CIDE, 2002).

D) Vegetação

A área de estudo está compreendida no Bioma Mata Atlântica, que originalmente recobria cerca 13,04% de todo o território brasileiro (IBGE). No entanto, hoje aparece na região, investigada, apenas como resquício, dentro de Parques e Reservas, como também em áreas elevadas de difícil acesso ainda não ocupadas. De um modo geral, a parte ainda vegetada é classificada (a) como de Floresta Ombrófila Densa, que se caracteriza pela umidade alta e constante ao longo do ano, com predomínio de araucária; ou (b) como vegetação secundária, com percentuais, em área por município, demonstrados na Tabela 3.1 abaixo, (CIDE, 1994).

Tabela 3.1: vegetação secundária nos municípios inseridos nas bacias de Resende e Volta Redonda (Fonte: CIDE, 1994). decadência econômica, até que, com instalações e atividades transformou a região em uma das principais zonas industriais do país. Ocorreu, assim, forte desenvolvimento urbano, em associação com a pecuária e outras criações, que foram as principais

atividades logo após o período cafeeiro. A pecuária cria problemas relacionados à compactação do solo. Por sua vez, a ocupação urbana em áreas próximas ao Rio Paraíba do Sul conduz ao desmatamento das matas ciliares e às poluição por lixo (doméstico e industrial) e por esgoto em suas águas. Isso faz com que exista a necessidade de monitoramento lúdrico constante, uma vez que o Paraíba abastece áreas rurais e industriais, sendo empregado para o próprio consumo humano. A utilização das águas do Rio Paraíba do Sul no processo industrial diminui sensivelmente a vazão ao município mais a montante. Em suma, o acelerado desenvolvimento levou ao crescimento não planejado de áreas urbanas, que agrava os problemas ambientais.

3.2.3 – Depósitos Tecnogênicos em Volta Redonda

PEIXOTO et al. (2011) elaboraram o mapeamento que permitiu documentar formas associadas a depósitos tecnogênicos construídos e induzidos (Tabela 3.2). A diversidade de feições identificadas posssibilitou subdividir aquelas associadas aos depósitos construídos, com base na tipologia definida por PELOGGIA (1998) e PELOGGIA & OLIVEIRA (2005), como: a) Gárbicas, associadas a depósitos de material detrítico com lixo orgânico; b) Úrbicas, relacionadas à deposição de artefatos manufaturados urbanos; c) Espólicas, resultantes da acumulação de materiais escavados ou redepositados por atividades de terraplanagem, construção de rodovias e/ou outras edificações.

Tabela 3.2 :Visualização dos principais tipos de feições identificadas na imagem e em campo (Fonte: PEIXOTO, 2011).

Segundo PEIXOTO et al. (2011), os produtos da geotecnogênese gárbica são definidos essencialmente pela natureza dos materiais constituintes, utilizando-se por isso registros de levantamentos de campo no seu reconhecimento. A feição mais expressiva reconhecida foi o “lixão” da cidade, onde verificou-se inúmeros vazamentos e acúmulos de chorume sem controle adequado.

As principais feições úrbicas, reconhecidas, objeto de estudo do presente trabalho, reconhecidas foram os rejeitos industriais, compondo elevações que se destacam em meio às colinas e morros adjacentes (produzindo novas colinas e morros). Foram identificadas também feições produzidas pela extração de materiais para construção, principalmente brita. As feições associadas a depósitos espólicos são amplamente documentadas no município, estando relacionadas a obras direcionadas à expansão dos aparelhos urbanos e viários. A morfologia é drasticamente modificada por cortes, terraceamentos e aterros.

As feições induzidas requerem maior aprofundamento, uma vez que podem ser desencadeadas indiretamente por diversos fatores, tais como a retirada da cobertura

Tipo de Feição/Depósito Visualização na Imagem Fotografia

Construída Construída

vegetal, construções e intervenções nos canais, que afetam a dinâmica dos processos superficiais. Estudos realizados na região vêm auxiliando na documentação dos materiais, formas e duração das feições induzidas, sendo as ravinas/voçorocas desenvolvidas em cortes de estrada, registradas por PINTO et al. (2008), exemplo destas feições.

Figura 3.2: Distribuição espacial de feições e depósitos tecnogênicos no município de Volta Redonda (RJ). Os números indicam a localização das feições expostas na Tabela 3.2 (Fonte: PEIXOTO et al, 2011).

No documento Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2014 (páginas 33-40)

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