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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.2 ÁREAS DE ESTUDO

3.2.1 A cidade de Curitiba e os Parques Urbanos

Este trabalho foi realizado na cidade de Curitiba – PR, localizada a 25º25’48’’ de latitude Sul e 49º16’15’’ de longitude oeste do meridiano de Greenwich (IPPUC, 2010). A cidade está localizada no centro da região mais industrializada da América do Sul. Possui uma área de 432,17 Km² e população estimada aproximadamente de 1,8 milhões de habitantes (IPPUC, 2010). O clima é subtropical úmido, com temperaturas médias de 19.7ºC no verão e 13,4ºC no inverno.

A cidade, capital do estado do Paraná, é conhecida nacionalmente e internacionalmente, em função de sua tradição na preservação de áreas verdes. Segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC, 2010), a cidade possui 22 parques públicos, perfazendo juntos uma área de 19.125.905 m².

Em relação ao processo de produção de parques e bosques, este foi dividido em três períodos bem distintos, de acordo com o momento histórico da cidade (Menezes, 1996; Oliveira, 1995; Garcia, 1996): Período de concepções sanitaristas, Período de administração tecnocrata, e Período de promoção do city-marketing.

No primeiro período compreendido entre 1853 e 1962, o Passeio Público foi o único parque implantado, visando sanear uma área alagadiça e pantanosa nas

margens do Rio Belém que servia como área de proliferação de vetores de doenças. Nesse período, se delineiam as primeiras diretrizes para implantação de áreas verdes segundo o Plano Agache de 1943 (referente ao objetivo de disciplinamento da ocupação do solo urbano).

No segundo período, que permaneceu por 26 anos (1962 a 1988), as áreas criadas tinham como função principal a contenção de enchentes e a preservação das nascentes de rios, como o caso dos parques Barigüi e São Lourenço.

O último período, iniciado em 1989, é marcado pela construção de obras emblemáticas como o Jardim Botânico, Ópera de Arame, Unilivre, Parques Tingui e Tanguá, entre outros. A função destes espaços deixa de ser apenas ambiental e passa a ser a mitificação. Assim, as áreas verdes transformam-se em produtos a serem consumidos, perdendo-se a importância quanto ao seu valor de uso, sendo mais significativo o valor de troca que confere ao seu entorno, visando a crescente valorização imobiliária (ANDRADE, 2001).

No ano de 1988, o decreto nº 471 normatizou o uso dos parques públicos, definindo-os como setores especiais constituídos por reservas de áreas de interesse público, criados visando a proteção e conservação dos recursos naturais existentes, a formação e manutenção de bens de uso comum, aliados à promoção de atividades científicas, educacionais, lazer contemplativo, recreativo e cultural (UNILIVRE, 1997).

De forma a especificar melhor as características das áreas verdes e parques públicos, a Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC), formulou então a Lei nº 9.804 (PMC, 2000), em que as Unidades de Conservação são: áreas no Município de propriedade pública ou privada, com características naturais de relevante valor ambiental ou destinadas ao uso público, legalmente instituídas, com objetivos e limites definidos, sob condições especiais de administração e uso, as quais aplicam- se garantias de conservação, proteção ou utilização pública.

3.2.2 Critérios de Seleção dos Parques

A cidade de Curitiba possui atualmente vinte e dois parques, o que torna inviável a coleta de dados em todos estes locais (IPPUC, 2010). Isto gerou a necessidade de serem estabelecidos critérios de seleção das áreas.

O principal critério de inclusão, baseia-se no fato de alguns parques estarem situados em áreas de grande adensamento urbano, circundados por vias de intenso tráfego veicular (ZANNIN et al, 2003; SZEREMETA; ZANNIN, 2009), havendo a hipótese do descumprimento da lei municipal 10625, que estabelece o nível de ruído máximo permissível para áreas verdes (AV) no período diurno de 55 dB(A), e o possível incômodo dos usuários destas áreas.

A localização destes parques se deve principalmente, que antes de serem direcionados ou pensados para recreação e outras atividades destinadas a visitas, eles foram implantados para cumprirem funções prioritariamente ecológicas, visando a melhoria da qualidade ambiental e social de certas regiões da cidade. Fator que faz com que os parques nem sempre satisfaçam as características requeridas por seus usuários, como ambientes adequados para a recreação e atividade física (REIS, 2001; SZEREMETA; ZANNIN, 2009).

Portanto, estas áreas, mesmo sendo consideradas Unidades de Conservação (Lei nº 9804), se encontram em regiões consideradas desprivilegiadas em relação aos seus aspectos de conservação. Tais condições não estão de acordo com o decreto nº 471 (ano de 1988) e com a lei nº 9804 (ano de 2000). Este fato se deve principalmente a falta de uma política de proteção (gestão) no entorno dos parques, em relação ao uso do solo, condenando-os a uma gradativa exposição a impactos ambientais (como a poluição sonora), aumentando assim a fragilidade ambiental dos mesmos. O que é preocupante, já que estas áreas constituem verdadeiras ferramentas para a saúde e bem estar coletivo por meio da promoção da atividade física e diferentes opções de lazer.

Assim, foram escolhidos quatro parques da cidade: três situados muito próximos e praticamente cercados por vias de intenso tráfego de veículos e um quarto parque localizado mais distante destas vias, em região considerada mais tranquila (área controle): Passeio Público, São Lourenço, General Iberê de Mattos (Bacacheri; área controle) e Jardim Botânico (TABELA 2). Por meio da comparação destes dois tipos de contextos urbanos foi possível avaliar a influência da forma urbana do entorno no ambiente sonoro destas áreas, considerando-se tanto a propagação do ruído ambiental quanto a percepção sonora dos usuários destas áreas.

TABELA 2 - ÁREA DOS PARQUES LISTADOS DE ACORDO COM O ANO DE FUNDAÇÃO

Parque Urbano Ano de Fundação Área (m2) Distância do Centro

Passeio Público 1886 69.285 No Centro

São Lourenço 1972 203.000 3.5 Km

General Iberê de Mattos (Bacacheri) 1988 152.000 6.0 Km

Jardim Botânico 1991 270.000 2.5 Km

Fonte: IPPUC, 2010

Ainda, outros critérios foram estabelecidos para a escolha das áreas de estudo, tais como: existência de equipamentos para a realização de exercícios; existência de equipamentos de lazer; e por último, as condições de segurança dos locais com o objetivo de zelar pela integridade física dos entrevistadores ou não coibi-los na realização do procedimento.

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