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Segundo Lovett e Haq (2000) as espécies arbóreas em sistemas SSP tradicionais são principalmente determinada por espécies de árvores que são úteis para a população local no sentido alimentar e econômico. Além de apoiarem a biodiversidade e contribuir com o sistema de exploração animal o SSP deve atender questões sociais da região (VODOUHE et al., 2011). Pequenas propiedas pecuárias podem ter suas receitas complementadas pela produção da floresta (DELGADO, 2005), ao passo que propiedades com produção florestal ou espécies frutíferas podem ser beneficiadas pela pecuária. SSP com éspecies árboreas nativas são poucos estudados. As invertigações de Ahmet, Veysel e Duygu (2009) em um SSP de floresta nativa de Quercus coccifera L. com cabras concluíram que neste sistemas podem haver problemas referentes a pressão e os períodos de pastejo. No Brasil, tais conhecimentos são inexistentes.

Na região do ecótono Amazônia:Cerrado uma espécie nativa de presença marcante é o babaçu (Attalea speciosa, Mart), que exerce um papel chave do

21 ponto de vista social, econômico/cultural e ambiental em grande parte do Brasil. Esta espécie possui características farmacológicas e industriais e é passível de formar sistemas pecuários-florestais (CEPEM, 2006). O babaçu entrou no foco do interesse científico especialmente nos anos 80 e 90, resultando em uma série de pesquisas e publicações nas áreas da sócioeconomia e das propriedades químicas do óleo. Atualmente, esta palmeira voltou a ser pesquisada devido ao seu possível potencial de fornecedora de biodiesel (TEIXEIRA e CARVALHO, 2007), produtor de carvão e mais recentemente devido a possibilidade de uso como ração, artesanato e como aglomerados para a construção civil.

O babaçu é uma planta heliófita, de forte presença em mata ciliar, frutífera, com características farmacológicas e industrial e passível de formar sistemas agroflorestais (CEPEM, 2006). A dominância desta espécie em vastas áreas é um caráter atípico das florestas em áreas tropicais e decorre de sua alta resistência ao fogo, além de sua grande capacidade de colonizar áreas abertas. Exemplos de sua grande capacidade de disseminação são observados em pastagens recém formadas. Diversos produtores inferem que a presença das palmeiras podem interferir negativamente no crescimento da forrageira. Outros estudos têm demonstrado que pastagem sob a palmeira do babaçu produz mais que a céu aberto (FRANKE E FURTADO, 2001).

A regulamentação por lei, no estado do Maranhão, permite o desbaste somente acima de uma densidade mínima de 156 palmeiras ha-¹ (lei estadual Nº 4.734 de 1986), enquanto que no Tocantins esse número mínimo é de 80 palmeiras ha-¹ (lei nº 1.959, de 14 de agosto de 2008). No entanto, esta densidade por definição jurídica é bastante arbitrária e carece de fundamento científico do ponto de vista ecológico, agronômico e zootécnico (ZELARAYÁN et al., 2010).

Apesar de alguns estudos, pouco se sabe sobre as interações entre a palmeira babaçu e a física, a química e a biologia no solo. Infere-se que o babaçu possa ser um agente acumulador de matéria orgânica do solo (MOS) devido à rápida acumulação de biomassa e aos altos teores de ligninas nas suas raízes. Por outro lado, imagina-se também que o babaçu possui grande eficiência na aquisição de nutrientes, que poderia reforçar sua excessiva força competitiva e

22 resultar em uma diminuição da capacidade de formação de SSP (ZELARAYÁN et al., 2010).

Nos sistemas tradicionais de criação de ruminantes, nas zonas de franco desenvolvimento pecuário, no Sul, Sudeste e Oeste do Pará, Norte de Tocantins e pré-Amazônia maranhense, o babaçu possui presença expressiva e é considerado “praga” invasora das pastagens, havendo esforço para reduzir ao máximo sua presença. Esta prática empobrece o ambiente, quebrar ciclos de nutrientes, prejudicam a interrelação fauna e flora, além de ofertar aos animais espaço deficiente em sombreamento. Contudo, é possível que a presença do babaçu em sistemas pecuária-floresta possa trazer benefícios a interface solo- planta-animal, contribuir para preservação da biodiversidade, incrementar a renda e manter características sócio-econômicas destas regiões.

A criação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo culminou na afirmação do potencial do SSP como atividades elegíveis para o seqüestro de carbono, ganhando motivação econômica para adoção no meio rural pela comercialização de créditos de carbono (MÜLLER et al. 2009), abrindo mais um mercado para a manutenção do babaçu em áreas exploradas.

Com o estabelecimento pela Lei nº 11.097/2005 que obriga a adição de biodiesel ao combustível do petróleo (ANP, 2009) a produção de biodiesel foi impulsionada e desde então está em contínuo crescimento de modo a estimular a produção ou manutenção de plantas produtoras de óleo vegetal para produção energética como o babaçu (PARENTE, 2003), que não compete diretamente com a alimentação humana.

Além da produção da palmeira e do incremento da renda, os SSP oferecem uma série de benefícios a interface solo-planta-animal, como a melhoria das condições químicas do solo, já que segundo Menezes et al. (2002), o componente arbóreo pode ciclar nutrientes de horizontes mais profundos no solo e aumentar a retenção de água, melhor a qualidade da forragem produzida pelo aumento da DIVMO, PB, melhoria do ambiente de pastejo e conforto dos animais (CASTRO et al. 2008) e melhor distribuição espacial das fezes. Todos estes fatores concorrem para o aumento da capacidade de suporte e maior taxa do lotação, que por sua vez infere em menor pressão para abertura de novas áreas. Entretanto a

23 magnitudes destas interferências são desconhecidas em SSP com babaçu em ecótono Amazônia:Cerrado.

Recentemente, com a criação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo culminou na afirmação do potencial do SSP como atividades elegíveis para o seqüestro de carbono, ganhando motivação econômica para adoção no meio rural pela comercialização de créditos de carbono (MÜLLER et al., 2009), abrindo mais um mercado para a manutenção do babaçu em áreas exploradas. Ainda o governo federal instituiu a lei 12.805 de 29 de abril de 2013, que Institui a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), no que se refere a liberação de recursos para pesquisa e desenvolvimento e também fomento ao agronegócio voltado as atividades Agropastoril, Agrossilvopastoril, silvipastoril e silvoagrícola.