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Parte I Enquadramento Teórico Conceptual

1. Educação e Animação, uma comunhão de princípios

1.2. Animação, estratégia de desenvolvimento

1.2.1. Âmbitos e Dimensões da Animação

A intervenção7 , será o ponto de referência para delimitar o âmbito concreto e o campo de atuação da Animação. Com o intuito de criar novas respostas às necessidades educativas não formais e extraescolares, com um fio condutor entre a prática e a temática, é-lhe conferida uma dimensão multidisciplinar, envolvendo o processo numa perspetiva horizontal, entre animadores e, numa perspetiva vertical, incluindo os diversos intervenientes na área da educação (Ventosa, 1997).

Analisando globalmente a prática da Animação, esta assume uma perspetiva tridimensional, contemplando a dimensão etária (infantil, juvenil, adultos e terceira idade), os espaços de intervenção (animação urbana e animação rural) e, a pluralidade de âmbitos relacionados com os setores das áreas temáticas (educação, tempos livres e comunidade) (Lopes, 2008).

Os âmbitos de atuação da Animação, associam-se a um vasto conjunto de denominações, para designar as múltiplas atualizações e formas concretas de atuação. Daqui, podem surgir novos âmbitos, pois a sua incidência é determinada pela dinâmica social em conformidade com génese das relações interpessoais, comunicativas, humanas solidárias, educativas e em comunhão com o desenvolvimento (Lopes, 2008). São diversos os âmbitos de intervenção, no entanto, referente à prática de investigação-ação, é importante realizar-se uma contextualização teórica adequada e proporcional à temática em estudo, sendo relevante fazer-se referência aos diversos tipos de animação, que se inserem inteiramente no contexto e na realidade sociológica em análise e intervenção.

7 “O espaço de intervenção na Animação Sociocultural constitui um dos seus principais fundamentos até se converter numa das suas coordenadas básicas. Isto deve-se, não só à dimensão prática ou ativa da Animação enquanto Intervenção Socioeducativa, mas também à sua natureza de procedimentos e contextos, o que faz que

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Animação na Infância

Os diversos programas existentes de caracter lúdico, destinam-se a crianças dos oito aos treze anos de idade, permitindo que as atividades promovidas possam ser realizadas em articulação, ou não, com a educação formal. Sendo articuladas com a educação formal, tais atividades serão uma mais-valia, pois permitirão enriquecer o processo de aprendizagem, havendo um complemento entre processos educativos (Lopes, 2008).

Calvo (1997), afirma, que a Animação Sociocultural na infância detém como princípios próprios, os processos específicos e diferenciados, que se ajustam as características, necessidades e potencialidades do grupo a quem se destina a ação.

Por sua vez, Lopes (2008), considera que a Animação Infantil deve reger-se segundo alguns parâmetros, tais como: a criatividade, a promoção de momentos de aprendizagem através de diversas áreas expressivas; a componente lúdica, recorrendo- se à confiança e satisfação, envolvidas num estado de partilha e convívio; a atividade em si, potenciadora de uma dinâmica, fruto da ação; a socialização, envolvendo indivíduos e contemplando projetos para que possam potenciar o processo criativo; a liberdade, livre de constrangimentos e inibições e, por fim, a participação onde os intervenientes são participantes ativos e envolvem-se em todo o processo.

Animação Juvenil

Segundo Lopes (2008), a Animação Juvenil deve reger-se por alguns parâmetros tais como: a liberdade em procurar o desconhecido e o risco nesse processo e, em tudo o que ele envolve; a promoção do associativismo, como meio de socialização e de aquisição de aprendizagens, passando pela democracia, cultura, socialização e ócio; a participação, sempre presente em qualquer dinâmica de animação e que seja ativa e direta por parte dos jovens; e, por fim, o voluntariado, agregado ao pacto solidário e com sentido para ambas as partes.

Este é um âmbito que apresenta um conjunto de objetivos globais, que passam por encaminhar os tempos livres e de ócio para momentos de aprendizagem, consciencializando sempre para a valorização pessoal e social, potencializando os

valores democráticos e de associativismo. Além disso, também deve promover a educação inter-multicultural, fomentando a interação e inter-relação dos jovens, através da participação ativa e que, potencie o jovem enquanto protagonista.

Por fim, deve interligar a animação com intervenção, ou seja, através do associativismo, na vertente cultural, com o propósito de potenciar a valorização da comunidade através das expressões, criatividade e da vertente terapêutica, de modo a atenuar as situações mais tensas, de agressividade, de violência e nas relação com os outros, recorrendo à vertente educativa como um meio para potenciar as aprendizagens formais (Sastre, 2004).

Animação com Crianças e Jovens

A Animação com Crianças e Jovens, pode inserir-se em diversos contextos, como por exemplo em grupo de amigos, associações juvenis e de estudantes, grupos informais de intervenção local ou associados a outros movimentos (Costa, 2010).

Independentemente do contexto, o animador, enquanto profissional da área da educação e do contexto social, deverá: - antecipar os erros dos sujeitos; - ser capaz de ouvir e de respeitar o ritmo de trabalho de cada um; - saber equilibrar e gerir processos, que muitas vezes são emocionalmente desgastantes e dolorosos; - ter em conta a individualidade de cada membro direcionando esforços para as motivações, problemas e desafios, à medida que vai promovendo o desenvolvimento do grupo através de dinâmicas e técnicas que possibilitam e que assume com o grupo uma relação educativa (Jardim, 2002, cit. in Costa, 2010).

Para o desenvolvimento de um grupo de crianças e jovens, o papel do Animador é primordial, pois é quem incita a partilha de ideias e experiências, a transmissão de valores, a apresentação de um problema e a procura de uma solução. Promover a aprendizagem de valores de cidadania também fazem parte das funções do animador. As vivências partilhadas em grupo de crianças e jovens permitem promover o desenvolvimento da compreensão do outro e a perceção das interdependências, a aprendizagem da gestão de conflitos, o respeito pelo pluralismo e a promoção da paz.

18 Aprender a ser permite o desenvolvimento da autonomia e da responsabilização pessoal, o que é importante para potencializar cada indivíduo a nível do raciocínio, memória, sentido estético, capacidades físicas, aptidões para comunicar e criar (Lima, 2009, cit. in Costa, 2010).

Na Animação Socioeducativa para crianças e jovens, incita-se que as aprendizagens sejam realizadas com os próprios jovens, para que esses momentos sejam de eles para eles, havendo desafios complexos que necessitem de uma visão crítica, para que estes participem na própria mudança e na mudança social e local (Alvares, 2008, cit. in Costa, 2008).

Animação/Educação de Adultos

Segundo a Conferência Geral de Nairobi (1976, cit. in UNESCO, 1976, p. 4):

a educação de adultos denota o corpo total dos processos educativos organizados, sejam quais forem os conteúdos, nível e método, porque são formais ou informais e porque prolongam ou substituem educação inicial em escolas, institutos e universidades, assim como uma aprendizagem mediante a qual as pessoas, consideradas adultas pela sociedade a que pertencem, desenvolvem as capacidades ou comportamentos, na dupla perspetiva do desenvolvimento pessoal pleno e da participação no desenvolvimento social, económico e cultural independente e equilibrado.

Inicialmente o âmbito infantil e juvenil dominava a atenção e os programas educativos, atualmente ampliou-se o campo dos destinatários, objetivos e atividades, e passou a atenção também, ao âmbito adulto. A Educação de Adultos será uma realidade complexa nas múltiplas facetas, pois baseia-se numa vertente cultural, relacionando recursos educativos e o acesso aos bens culturais. É complexo o desafio de aliar educação, atividades culturais e possibilidades de animação, englobando um conjunto de aproximações: uma aproximação sectorial (cultura a partir das múltiplas disciplinas e realizações); uma aproximação dinâmica (articulando diversos setores de criação cultural, crítica, educação e difusão de cultura, animação e modos de vida); e uma aproximação transversal (cultura como elemento da realidade social, recorrendo a sinais, símbolos, valores, conhecimentos para a construção de linguagens, códigos

morais, jurídicos, estéticos, técnicos e científicos que intervêm na dimensão da ação social) (Osório, 2003).

Segundo Quintana (1992 cit. in Lopes, 2008), a sociedade deve transformar-se no sentido de libertação e democratização, através de grupos, com consciência no propósito de mudança, através de ações transformadoras e com recurso à evolução.

Qualquer dinâmica deste âmbito, deverá ser entendida como uma oportunidade de satisfação e realização permanente, associada ao projeto aberto que é a educação, potenciando uma intervenção de complemento adicional a uma formação elementar e contínua, comportando princípios que se associam à necessidade de tornar o indivíduo protagonista e autónomo.

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