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Parte I Enquadramento Teórico Conceptual

2. Da Globalização ao Desenvolvimento Local do passado ao presente, a caminho

2.2. Desenvolvimento e Desenvolvimento Local, reflexão a partir do território

Ander-Egg (1982) define, desenvolvimento como mudança social o progresso na transformação das civilizações e das instituições sociais, políticas e económicas, no sentido de progresso contemporâneo, incluindo bens materiais e intelectuais em função do crescimento económico e o estimular do crescimento social.

28 Caride e Meira (2001, p. 13), definem desenvolvimento como sendo, “uma

construção social e histórica em que confluem posturas confrontadas com a natureza e a orientação que adquirem as transformações sociais, nas suas dimensões materiais e ideais”.

Gómez, Freitas e Callejas (2007, p. 90), compreendem que:

o desenvolvimento expressa uma ação de mudança social ligada à paz, aos direitos humanos, ao exercício democrático do poder, ao cuidado pelo meio ambiente, à cultura, e, em geral, ao modo de vida das pessoas: a um modo de ser adequado às exigências, às necessidades, aos projetos e à visão do mundo dos diversos sujeitos e sociedades.

Portanto, este sistema complexo consciencializa-nos para os verdadeiros desafios da humanidade que enfrentamos, contemplando o contribuir para a melhoria social e económica, tornando-se necessário operar nos pressupostos que se inserem no campo a nível local, incluindo a necessidade de que, para incrementar o desenvolvimento, é necessário ter consciência, motivação e vontade de mudar para alcançar o desenvolvimento (Sampedro & Berzosa, 1996 cit. in Patrício, 2015).

O conceito de “local” surge com um significado diferente. Antes da formação das sociedades modernas, o Estado contestava contra as particularidades locais, havendo apenas uma unidade e uma identidade nacional, nos dias de hoje o “local”, emerge através de um movimento de “relocalização”, havendo uma estreita relação dialética com o movimento de “globalização” (Santos, 2000).

No quotidiano, muitos são os exemplos de mudança, alegando-se a existência de uma “nova era” a nível tecnológico, económico, da informação e do conhecimento, no entanto, muitos dos termos utilizados para descrever a nossa sociedade contradizem um pouco a dinâmica pretendida, tais como “individualismo”, “risco” e “incerteza”. Todo este processo de mudança apresenta-se de forma complexa e com um conjunto de características que revelam como fator comum, a perplexidade, por parte dos educadores e filósofos (Ribeiro, 2010).

A conceção hegemónica do desenvolvimento apresenta, como pressupostos e características, as dimensões sociais, ambientais, culturais, simbólicas, afetivas, éticas e estéticas. A vertente individualista é valorizada face à ação coletiva e, as populações são vistas como objeto de desenvolvimento e não como sujeito de desenvolvimento (Amaro,1993, 1996; Melo, 1998a,1998b).

O processo de Desenvolvimento Local preconiza uma relação aberta entre o espaço social, a autonomia e a participação, respeitando especificidades, necessidades e capacidades próprias.

A este propósito, Reis (2003, cit. in Lopes & Salgado, 2014, p. 203) afirma que:

o desenvolvimento só se realiza plenamente quando se contempla a participação ativa das pessoas e das organizações, em torno dos seus problemas e dos seus valores onde radica a sua identidade…como projeto pluridimensional que incide numa determinada comunidade é marcado pela cultura do contexto em que se situa.

Os princípios do Desenvolvimento Local, definem-se pelo facto do desenvolvimento não resultar e estar relacionado unicamente com os sistemas macroeconómicos, em função do valor económico das atividades de organização social do indivíduo, nem com as instituições centralizadas, mas também não resulta unicamente das microiniciativas, que não se limitam apenas ao domínio económico dos indivíduos e das coletividades, mas que se apresentam como forças incrementadoras do desenvolvimento, através da capacidade do indivíduo agir como cidadão (Ferreira, 2014).

Assim o “local”, as “parcerias” e a “intervenção em rede” encaminham-se para potenciar a “reconciliação da economia e do social” (OCDE, 1996).

Este terceiro setor, apresenta-se como solução para a reconciliação entre os “serviços de proximidade” no âmbito social e pessoal, segurança, turismo, valorização e desenvolvimento do património e da cultura local, ordenamento e a revalorização dos espaços públicos, ambiente, entre outros. As novas políticas têm como denominador comum a ação social na esfera local, designada como fenómeno de territorialização das políticas sociais (Veiga, 2005).

O “local” não corresponde unicamente ao “lugar” (Ferreira, 2005).

Nos dias de hoje, o “local” é modelado e trespassado por influências sociais e culturais muito díspares, embora os processos educativos ocorram entre pessoas e situações, grupos e instituições, inseridos num determinado contexto, as características locais correlacionam-se com as características dos contextos nacionais e transnacionais e, com influência do presente e do passado (Stoer, 2002).

30 Na realidade, a maioria das problemáticas com que nos confrontamos nos dias de hoje, exigem não só ações localizadas, mas também, intervenções a nível regional, nacional e global, procedendo-se à resolução de problemas macroestruturais, com intervenções em diferentes escalas (Ferreira, 2014).

Acima de tudo, é urgente repensar o desenvolvimento dominante e questionar as políticas e práticas que estão na sua base, sendo que o caminho a percorrer passa pelo desenvolvimento centrado nos indivíduos e nos territórios locais.

Ao nível dos territórios locais pode-se considerar o desenvolvimento comunitário, endógeno, local ou participativo, baseado numa visão democrática pela transformação de pressupostos, valores e políticas, que inicialmente se encontravam unicamente no caminho do crescimento económico. A necessidade desse caminho é iminente, no entanto, há que valorizar particularmente o território local, a identidade social, cultural e económica, a dinâmica própria, integrando a valorização de recursos e capacidades, fortalecendo as comunidades e recursos na participação a nível local, regional, nacional e global (Cristóvão & Miranda, 2006).

A nossa investigação, sendo situada num contexto, tem em conta as assimetrias e as desigualdades, mas também as dinâmicas, modelos e iniciativas tendo a intenção de facilitar a criação de estratégias promotoras de desenvolvimento, com base nas necessidades e intenções locais e com suporte no passado, no presente e nas perspetivas futuras.

2.3. Desenvolvimento Local – utopia entre mudança social e

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