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ÍNDICE DE DISCLOSURE

No documento Assistências e disclosure (páginas 77-80)

SOCIOAMBIENTAL (%) Nº DE EMPRESAS PROPORÇÃO DE EMPRESAS (%) MÉDIA (%) MEDIANA (%) DESVIO- PADRÃO (%) MÍNIMO (%) MÁXIMO (%) 0 – 25 93 27,6 20 19 5 6 25 26 – 50 90 26,7 39 38 7 31 50 51 – 75 56 16,6 64 63 8 56 75 76 – 100 98 29,1 94 94 7 80 100 Total 337 100,0 54 50 30 6 100

Fonte: Dados da pesquisa.

Após a explanação das questões levantadas e do comportamento das empresas estudadas frente aos stakeholders de interesse, fez-se necessário investigar outros possíveis fatores que influenciam a divulgação socioambiental das empresas. Um desses fatores é a elaboração e publicação de um Relatório de Sustentabilidade.

Como frisado por Rover et al. (2012, p. 224), a análise da variável Relatório de Sustentabilidade (RST) é importante, porquanto:

[...] ao analisar estatisticamente o disclosure de empresas que divulgam e que não divulgam um relatório dessa natureza, pode-se enviesar os resultados dos testes das outras hipóteses, visto que o nível de disclosure em relatórios ambientais tende a ser alto e essa variável tem um grau considerável de correlação com outras variáveis explicativas.

Assim, realizou-se uma análise do nível de divulgação socioambiental e sua possível relação com a publicação ou não de Relatório de Sustentabilidade, conforme Tabela 3.

Tabela 3 – Índices de divulgação socioambiental por grupo de empresas que publicam ou não o Relatório de Sustentabilidade VARIÁVEL ESTATÍSTICA SOBRE DIVULGAÇÃO SOCIOAMBIENTAL RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE

NÃO DIVULGARAM DIVULGARAM

MÉDIA 34% 88% MEDIANA 31% 94% DESVIO-PADRÃO 16% 14% MÍNIMO 6% 31% MÁXIMO 75% 100% Nº DE EMPRESAS 122 215

Fonte: Dados da pesquisa.

A partir da análise da Tabela 3 é possível estabelecer uma relação entre a evidenciação socioambiental do grupo das empresas que publicam e a das empresas que não publicam Relatório de Sustentabilidade. Utilizando como parâmetro a média de evidenciação, nota-se que as empresas que utilizam o instrumento Relatório de Sustentabilidade apresentam mais evidenciação, visto que divulgam, em média, 88% das informações solicitadas. Já as empresas que divulgam suas informações em outros instrumentos de disclosure que não o referenciado apresentam índice médio de evidenciação de 34%. Das 215 empresas que não divulgam Relatório de Sustentabilidade, nenhuma alcançou o índice máximo de evidenciação, limitando-se a 75% das informações requeridas.

Rover et al. (2012) enfatizam a relevância da publicação do Relatório de Sustentabilidade para a divulgação ambiental. Os autores realizaram estudo com o objetivo de identificar os fatores que determinam a divulgação voluntária ambiental pelas empresas brasileiras potencialmente poluidoras. Para tanto, levantaram-se sete hipóteses referentes a fatores individuais das empresas, englobando Tamanho, Rentabilidade, Endividamento, Empresa de auditoria, Sustentabilidade, Internacionalização e Publicação do Relatório de Sustentabilidade. As variáveis Tamanho, Empresa de auditoria, Sustentabilidade e Publicação do Relatório de Sustentabilidade se mostraram relevantes para a explicação do disclosure

voluntário de informações ambientais. Os autores perceberam que os achados da pesquisa corroboram a Teoria Positiva da Contabilidade, e parcialmente a Teoria da Legitimidade.

Em aplicação de estudo semelhante às empresas do setor bancário, Ventura (2005) constatou que ao longo dos anos houve mudanças na prática da RSE e no tratamento dispensado ao assunto. O autor verificou ainda que na medida em que esse fenômeno vai ganhando amplitude e destaque no Brasil, o Balanço Social dos bancos vai se adequando de modo a retratar os novos padrões exigidos pela sociedade, numa reorientação das ações com vistas à aquisição de legitimidade social.

No Brasil, um modelo bastante difundido a partir da década de 1990 foi o Balanço Social do Ibase. Contudo, devido ao crescimento da RSC, vários outros critérios foram estabelecidos ao longo do tempo com vistas à melhoria da divulgação socioambiental.

Assim, é provável que o tipo de indicador utilizado para a confecção do Relatório de Sustentabilidade também influencie a divulgação socioambiental. No Gráfico 1 é possível observar a aderência das empresas aos modelos de relatório de sustentabilidade.

No Gráfico 1, nota-se a predominância dos modelos do Ibase e da GRI, com destaque para o último, que foi utilizado por 78 das 122 que publicaram esse relatório. O modelo do Ibase, apesar de criticado, é utilizado por quase 60% das empresas que evidenciam esse tipo de relatório. É possível destacar também que, apesar de a literatura apontar o modelo da ONU como um bom indicador, nenhuma das empresas declarou utilizá-lo.

Gráfico 1 – Modelos utilizados nos relatórios de sustentabilidade

Fonte: Dados da pesquisa

GRI 25% IBASE 21% NÃO ESPECIFICADO 15% ONU 0% GRI e IBASE 39% GRI IBASE NÃO ESPECIFICADO ONU GRI e IBASE

Destaca-se ainda a ênfase dada por algumas empresas, que cumprem os preceitos do Pacto Global, outra iniciativa da ONU que vem tomando realce no ambiente corporativo. Dos 122 relatórios de sustentabilidade das empresas analisadas, 57 informaram que seguem os princípios do Pacto Global.

Levando-se em conta que as boas práticas de governança corporativa devem ter suporte de princípios como o da transparência (disclosure), o da equidade, o da prestação de contas (accountability) e o da responsabilidade corporativa, espera-se que as empresas em níveis diferenciados de governança corporativa pratiquem mais disclosure.

Ainda com a finalidade de caracterizar a evidenciação socioambiental das empresas, o presente estudo utilizou a Análise de Correspondência para analisar a correspondência entre a evidenciação socioambiental e as características das empresas referentes à governança corporativa. Para tanto, fez-se necessário categorizar a variável IDS a partir das medidas quartílicas, qualificando as empresas, quanto à evidenciação socioambiental, em IDS Ruim, IDS Regular, IDS Bom e IDS Ótimo.

Tal análise fez-se necessária com o intuito de verificar se há segmentos de listagem cujo IDS é mais elevado. Para tanto, realizou-se o teste Qui-Quadrado, que possibilita inferir que a relação entre as variáveis é estatisticamente significativa ao nível de 5%, haja vista o teste ter verificado valor de 0,000, viabilizando a análise. A Tabela 4 mostra a distribuição das empresas da amostra por segmento de listagem e por IDS categorizado.

Tabela 4 – Distribuição das empresas da amostra por segmento de listagem e categoria de IDS

No documento Assistências e disclosure (páginas 77-80)