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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2. Variáveis de qualidade de água

4.2.2.2. Potencial hidrogeniônico

4.2.3.1.3. Índice de estado trófico

No presente trabalho, os valores de clorofila a não foram superiores a 10 µg L-1. Como ambientes com concentrações de clorofila a acima deste valor são considerados eutróficos, segundo Wetzel (1993), o rio Turvo Sujo não está eutrofizado, segundo classificação desse autor.

Na Tabela 21, são apresentadas as classificações para o índice de estado trófico (IET), propostas por diferentes autores, considerando-se a clorofila a e o fósforo total. Para ambas variáveis foram consideradas duas condições: a média da produção anual e o máximo anual das concentrações de clorofila a.

Considerando os limites para diferentes níveis de estado trófico, segundo o sistema de classificação proposto pela OECD (1982) (Tabela 3), nota-se, de acordo com os dados apresentados na Tabela 21, que em relação à média anual de clorofila a (0,93 µg L-1), o ambiente seria classificado como

ultraoligotrófico. Entretanto, considerando-se o valor máximo anual (4,41 µg L-1), seria classificado como oligotrófico. Entretanto, considerando-se

os limites máximos de concentração do fósforo total (311,20 µg L-1) e a média anual da concentração desta variável (226,52 µg L-1), o ambiente seria classificado como hipereutrófico.

Considerando os limites para diferentes níveis de estado trófico, segundo o sistema de classificação proposto por Salas e Martino (2001) (Tabela 4), em relação à média anual de clorofila (0,93 µg L-1) ou ao máximo anual desta variável (4,41 µg L-1), o ambiente seria classificado como oligotrófico. No entanto, considerando-se tanto a concentração máxima anual do fósforo total (311,20 µg L-1) quanto a concentração média anual (226,52 µg L-1), o ambiente seria classificado como eutrófico (Tabela 21).

Tabela 21. Classificação do rio Turvo Sujo de acordo com as categorias tróficas, considerando os diferentes limites das concentrações de fósforo e clorofila a estabelecidos por diversos autores

Classificação do ambiente em relação ao fósforo total

Classificação do ambiente em relação à

clorofila a

Referência

Média anual Hipereutrófico (PT≥100 µg L-1) Ultraoligotrófico (Cla≤1,00 µg L-1) Máximo anual Hipereutrófico (PT≥100 µg L-1) Oligotrófico (Cla≤8,00 µg L-1) OECD (1982)

Média anual Eutrófico (PT≥72 µg L-1) Oligotrófico (Cla≤4,80 µg L-1) Máximo anual Eutrófico (PT≥72 µg L-1) Oligotrófico (Cla≤4,80 µg L-1) Salas e Martino (2001)

Média anual Hipereutrófico (PT>211 µg L-1) Oligotrófico (0,52≤Cla≤3,81 µg L-1) Máximo anual Hipereutrófico (PT>211 µg L-1) Mesotrófico (3,82≤Cla≤10,34 µg L-1) Carlson (1977) modificado por Toledo (1983, 1984, 1990)

Média anual Eutrófico (137<PT≤296 µg L-1) Oligotrófico (0,74<Cl≤1,31 µg L-1) Máximo anual Supereutrófico (296<PT≤640 µg L-1) Eutrófico (2,96< Cl ≤4,70 µg L-1) Lamparelli (2004)

Considerando os limites para diferentes níveis de estado trófico, segundo o sistema de classificação baseado no Índice de Carlson, modificado

por Toledo (1990) (Tabela 5), em relação à média anual de clorofila (0,93 µg L-1), o ambiente seria classificado como oligotrófico. No entanto,

quando se considera o máximo anual desta variável (4,41 µg L-1), o ambiente seria classificado como mesotrófico. Quando se considerada tanto a concentração máxima de fósforo total (311,20 µg L-1) quanto a concentração média anual desta variável (226,52 µg L-1), o ambiente seria classificado como hipereutrófico (fósforo total > 211 µg L-1) (Tabela 21).

Considerando os limites para diferentes níveis de estado trófico, segundo o sistema de classificação proposto por Lamparelli (2004) para rios do Estado de São Paulo (Tabela 6), o rio Turvo Sujo seria classificado como oligotrófico em relação à média anual de clorofila (0,93 µg L-1), mas como eutrófico, caso se considere os valores máximos anuais de clorofila a (4,41 µg L-1). Entretanto, considerando-se as concentrações médias anuais para o fósforo, o ambiente seria classificado como eutrófico, enquanto considerando-se o máximo anual de fósforo seria classificado como supereutrófico (Tabela 21). Segundo a classificação descrita pelo mesmo autor (Tabela 6), considerando a média anual de fósforo total, o ambiente teria um significativo potencial de prejuízo decorrente da produtividade algácea. Considerando o nitrogênio total, o ambiente poderia ter um sério potencial de prejuízo decorrente da produtividade algácea (Tabela 21). Entretanto esse autor não levou em consideração a vazão e a velocidade dos rios, quando propôs a classificação descrita na Tabela 6.

A CETESB adota a classificação do Índice de Carlson modificado por Toledo (1990) (Tabela 5). Para tanto, ela considera o índice médio para clorofila a e fósforo total (Equação 4), em que o rio Turvo Sujo seria classificado como mesotrófico, com relação à média anual destas variáveis, o que corrobora com os resultados encontrados no presente trabalho quando se considera a média dos índices para a classificação proposta por Lamparelli (2004), para ambientes lóticos do Estado de São Paulo.

É importante ressaltar que a utilização de um índice simplificado de estado trófico e o estabelecimento de limites para as variáveis avaliadas são vantajosos, devido à utilização de variáveis de simples determinação e baixo custo analítico, como clorofila a, fósforo total e dissolvido entre outros, além de possibilitarem uma compreensão mais fácil do que um índice probabilístico. No entanto, para sua aplicação, é necessária uma avaliação criteriosa de sua composição (Lamparelli, 2004).

Como se pode observar, em praticamente todas as classificações para o rio Turvo Sujo apresentadas na Tabela 21, a concentração de fósforo conduz a uma classificação do ambiente em classe superior à obtida quando a clorofila a é tomada como referência. Devido às suas velocidades mais altas, em comparação aos lagos e reservatórios, normalmente os rios não conseguem

manter uma densa comunidade fitoplanctônica, embora possuindo quantidades consideráveis de nitrogênio e fósforo.

Comparando os relatórios de qualidade das águas do Estado de São Paulo, relativos aos anos de 1999, 2000 e 2001, Lamparelli (2004) verificou que apenas 22, 13 e 14%, respectivamente, das classificações de trofia em rios foram coerentes. Para reservatórios, nesses mesmos anos, entretanto, 52, 45 e 45% dos pontos, respectivamente, foram classificados na mesma classe trófica, aplicando-se o IET para a clorofila a ou o IET para o fósforo. Em praticamente todos os casos, em que houve discrepância entre as classificações, a concentração de fósforo possibilitou a classificação do ambiente em classe superior à obtida pelo valor de clorofila a, assim como observado no presente trabalho. Desta forma, o autor constatou que a avaliação de um índice de estado trófico para ambientes lóticos torna-se necessária, corroborando com os dados observados no presente trabalho.