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CAPÍTULO I OS NOVOS INDICADORES

1.7 Índices de Sustentabilidade e Qualidade de Vida

Ao decorrer dos anos muitos foram os esforços na criação e implementação de novos índices de sustentabilidade e qualidade de vida. Neste item serão abordadas experiências e contribuições brasileiras, criadas com objetivo local e utilizadas como ferramenta para avaliação de desempenho e índice de desenvolvimento humano.

Aqui cabe ressaltar o trabalho de Anne Louette, criadora do Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações, ferramenta a qual reúne uma série de indicadores de relevância nesta área para entendimento da população, abordados de forma dinâmica abrangendo conteúdo, objetivo e resultado dos mesmos.

1.7.1 IPRS (Índice Paulista de Responsabilidade Social)

Num cenário em que a produção de estatísticas é cada vez mais demandada tanto por parte de órgãos públicos como da mídia, a Fundação Seade recebeu da Assembléia

Legislativa do Estado de São Paulo, no âmbito do Fórum São Paulo, em 2000, a incumbência de construir um indicador que mensurasse o grau de desenvolvimento humano de todos os municípios paulistas. Tal instrumento forneceria à Assembléia mais subsídios para refletir a respeito dos elementos que induzem diferentes desempenhos econômicos e sociais dos municípios do Estado (SEADE, 2008).

Utilizadas as mesmas dimensões do IDH, foi criado o Índice Paulista de Responsabilidade Social. Embora eficiente, o IDH não estava apresentando devidamente as diferenciações entre as diversas situações socioeconômicas dos municípios paulistas, e não era adequado aos objetivos da Assembléia Legislativa. As variáveis escolhidas para compor as três dimensões: renda, longevidade e escolaridade, portanto são diferentes às escolhidas pelo IDH.

Este sistema de indicadores está em sua quinta edição. A primeira foi em 2000, quando se apresentaram os resultados para 1992 e 1997; em 2002, 2004 e 2006 divulgaram-se os dados de 2000, 2002 e 2004, respectivamente. Ao longo dos anos foram sendo incorporadas alterações consideradas necessárias, como variáveis baseadas em registros administrativos. Nesta última edição, de 2008 também foram inseridos dados sobre o meio ambiente.

Os indicadores sintéticos permitem a hierarquização dos municípios paulistas conforme seus níveis de riqueza, longevidade e escolaridade. São expressos em uma escala de 0 a 100 e se constituem em uma combinação linear das variáveis selecionadas para compor o indicador sintético. A estrutura de ponderação é obtida de acordo com um modelo de análise fatorial, em que se estuda a estrutura de interdependência entre diversas variáveis.

São considerados três indicadores sintéticos setorais:

Riqueza Municipal: consumo residencial de energia elétrica; consumo de energia

elétrica na agricultura, no comércio e nos serviços; remuneração média dos empregados com carteira assinada e do setor público; valor adicionado fiscal per capita.

Longevidade: mortalidade perinatal; mortalidade infantil; mortalidade de

pessoas de 15 a 39 anos e mortalidade de pessoas de 60 anos ou mais.

Escolaridade: percentagem de jovens de 15 a 17 anos que concluíram o ensino

fundamental; percentagem de jovens de 15 a 17 anos com pelo menos quatro anos de escolaridade; percentagem de jovens de 18 a 19 anos que concluíram o ensino médio e percentagem de crianças de 5 a 6 anos que freqüentam pré-escola.

O resultado dessa escala de 0 a 100 permite o ordenamento dos 645 municípios do Estado de São Paulo segundo cada uma dessas dimensões; e uma tipologia constituída de cinco grupos, denominada grupos do IPRS:

Grupo 1: municípios com nível elevado de riqueza e bons níveis nos indicadores sociais.

Grupo 2: municípios que, embora com níveis de riqueza elevados, não exibem bons indicadores sociais.

Grupo 3: municípios com nível de riqueza baixo, mas com bons indicadores nas demais dimensões.

Grupo 4: municípios que apresentam baixos níveis de riqueza e nível intermediário de longevidade e/ou escolaridade.

Grupo 5: municípios mais desfavorecidos, tanto em riqueza, como nos indicadores sociais.

O município de São Paulo apresentou-se na avaliação de 2006 no Grupo 1, com 64 na dimensão riqueza, 74 na dimensão longevidade e 69 na dimensão escolaridade.

1.7.2 IQVU (Índice de Qualidade de Vida Urbana)

O IQVU (Índice de Qualidade de Vida Urbana) foi desenvolvido em 1996, pela Prefeitura de Belo Horizonte, dirigida por Célio de Castro, do PSB.

O objetivo do IQVU é ser um instrumento que possibilite uma distribuição mais eficiente e justa dos recursos públicos municipais e a partir de 2000 passou a ser critério de distribuição de verbas destinadas ao Orçamento Participativo de Belo Horizonte. Foram definidas onze variáveis ou setores de serviços urbanos essenciais existentes em cada uma das 81 unidades espaciais intra-urbanas (denominadas Unidades de Planejamento definidas para o Plano Diretor da cidade) em que foi dividida a cidade, elas são: abastecimento, assistência social, educação, esportes, cultura, habitação, infra- estrutura urbana, meio ambiente, saúde, serviços urbanos e segurança.

O índice foi elaborado especialmente como critério para priorizar investimentos municipais e passou a ser útil à gestão urbana regional e setorial. Permite identificar as regiões da cidade onde a oferta e o acesso aos serviços são menores e que, portanto, devem ter prioridade na distribuição dos recursos disponíveis. São considerados não

apenas a oferta dos serviços, mas também o acesso dos moradores a serviços oferecidos em locais mais ou menos distantes, utilizando-se transporte coletivo.

Os dados coletados são provenientes de diversas fontes, como Censos demográficos do IBGE, cadastros municipais (IPTU, ISS, COPASA, SEMIG), Secretarias Municipais, entre outros.

São 75 indicadores agregados em componentes e estes em variáveis, através de médias aritméticas simples, produzindo um Índice de Oferta Local por variável, para cada unidade espacial, ou seja, onze Índices de Oferta Local por unidade espacial.

Esses índices de oferta local são corrigidos por uma medida de acessibilidade cujo valor depende da variável. Tal correção produz os onze Índices Setoriais, os quais são agregados através de média aritmética ponderada num índice único, o IQVU.

As variáveis recebem pesos diferenciados, os quais foram definidos por um grupo de colaboradores.

O índice varia entre 0 (pior) e 1 (melhor), quanto maior seu valor, melhor a condição da unidade espacial.

1.7.3 ICV (Índice de Condições de Vida)

O ICV (Índice de Condições de Vida) foi desenvolvido em 1996 pelo IPEA e a Fundação João Pinheiro com o apoio da FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) em um estudo de desenvolvimento humano nos municípios mineiros e posteriormente foi adequado e utilizado pelos demais municípios brasileiros.

O ICV é considerado um prolongamento do IDH-M. Além das dimensões longevidade, educação e renda incorpora outros indicadores destinados a avaliar as dimensões infância e habitação.

Os indicadores que compõem o ICV são: renda, com cinco indicadores que descrevem o nível e a distribuição de renda; educação, com cinco indicadores que descrevem o nível educacional da população; longevidade, com dois indicadores que retratam as condições de sobrevivência da população; infância, com quatro indicadores que avaliam as condições de vida na infância; e, habitação, com quatro indicadores que descrevem as condições habitacionais da população.

As variáveis utilizadas pelo índice são obtidas direta ou indiretamente dos Censos Demográficos do IBGE.

A metodologia de cálculo do ICV envolve a transformação das cinco dimensões por ele contempladas em índices que variam entre 0 (pior) e 1 (melhor), e a combinação destes índices em um indicador síntese. De 0 a 0,5 é considerado baixo nível de desenvolvimento humano/ condições de vida no município ou região. De 0,5 a 0,8 é considerado médio e superior a 0,8, alto.

O ICV não é comparável ao IDH-M nem ao IDH, pois são metodologias de cálculo diferentes, mesmo quando os índices se referem a uma mesma unidade geográfica e ao mesmo ano.

A última versão pública do índice mostrou uma expressiva vantagem para as cidades das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país em percepção de qualidade de vida. As regiões Norte e Nordeste obtiveram as menores pontuações. A cidade de São Paulo aparece em 11º lugar no ranking das 27 capitais. A primeira colocação vai para Brasília (DF), seguido de Vitória (ES) e Curitiba (PR). As últimas colocações vão para Porto Velho (RO), São Luís (MA) e Macapá (AP).