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CAPÍTULO II – IRBEM E SUAS ORIGENS

2.4 Pesquisas de Percepção

2.4.3 Lideranças de movimentos sociais e segmentos da população

A pesquisa “Lideranças de Movimentos Sociais e Segmentos da População” foi realizada em abril de 2007 e caracteriza-se como estudo qualitativo com duas técnicas complementares. A primeira consiste em entrevistas em profundidade com representantes de movimentos sociais, ONGs e institutos já envolvidos com projetos voltados para a cidade de São Paulo. A segunda consiste em discussões com grupos variados, sendo eles: Grupo 1: Jovens, 16 a 20 anos, classe BC; Grupo 2: Adultos ambos os sexos, 25 a 40 anos, classes AB; Grupo 3: Mulheres, 25 a 40 anos, classes CD e Grupo 4: Homens, 25 a 40 anos, classes CD.

Esta pesquisa foi realizada com o intuito de levantar subsídios para o Movimento Nossa São Paulo, em três eixos: Ideário Comum/ Utopia; Agenda Vital e Mobilização.

Por meio de indivíduos envolvidos com movimentos sociais o estudo visa identificar aspectos relevantes para viabilização e fortalecimento do movimento. Tem o objetivo de apreender expectativas, ideais e experiências pensando traduzir em subsídios para reflexão e futura abordagem estratégica. Por intermédio dos grupos é analisada a relação da população com a cidade, suas aspirações e temores em relação ao futuro de São Paulo, a participação cidadã, os principais entraves, a receptividade à proposta do movimento, o interesse e potencial de mobilização.

A Visão da Cidade

De modo geral a cidade de São Paulo é vista como uma cidade que excedeu limites em detrimento a um compromisso feito com a agenda econômica. Desta forma tornou-se um antro da competitividade, caótica, evidenciando diferenças entre seus moradores.

Os entrevistados pertencentes a movimentos sociais ressaltam a descontinuidade existente nas políticas públicas da cidade, fazendo seus moradores sentirem-se em segundo plano aos interesses partidários.

As associações positivas em relação a cidade estão em função às oportunidades de cunho econômico e segundo os grupos entrevistados, já foi melhor. A diversidade é outra vertente, traduzida pelas variadas condições de educação, cultura, bens e lazer. É identificada como a cidade 24hs, que nunca dorme.

O vínculo com São Paulo

O vínculo com a cidade é diferenciado para jovens, que tendem percebê-la com admiração, afirmam que o ritmo da cidade os seduzem. Os adultos tendem percebê-la com frustração e afirmam ressentir viver nela. A pesquisa aponta, de qualquer modo, que a democratização do consumo, o acesso a bens e serviços jogam um importante papel no vínculo positivo com a cidade, nos diferentes segmentos.

Diversidade: a essência de São Paulo

A diversidade trazida em todos segmentos da cidade possui duas faces, a primeira da oportunidade e acesso (acesso comparado com outras cidades) e a segunda a desigualdade e o preconceito. Segundo os grupos entrevistados, a mistura de raças e culturas gera intolerância com migrantes, sobretudo vindos do Nordeste, ambigüidade de sentimentos, agitação e caos.

Ideário comum: pesadelos e sonhos

Foram levantados alguns aspectos identificados como pesadelos na cidade, eles são: Violência; Tirania do Tempo; Poluição e Falta de Água; Administração Pública

sem continuidade; Apartheid Social/fragmentação, Desemprego, “Caos” na Educação e Saúde/ Serviços públicos. A questão do espaço público é uma discussão presente entre os movimentos sociais, mas ainda não organizada no discurso do paulistano.

Os paulistanos sonham que São Paulo possa se tornar a síntese de uma diversidade positiva. Uma cidade que consiga aproximar as pessoas, as classes sociais e diminua a distância entre elas. Deseja que esta diversidade possa trazer uma cidade confortável para todos, mais tolerante, que encontre uma harmonia de metrópole, que reconheça seus defeitos e que todos possam lutar contra eles.

Sonha-se com uma cidade cosmopolita, moderna, de tolerância e ordem, uma cidade mais feliz, menos ferina, que trate melhor seus cidadãos, seja no trabalho, seja nas ruas. Uma cidade que tenha mais respeito pelo meio ambiente, pelos que vivem aqui e pelos que chegam de fora. Uma cidade que contorne seus problemas mais graves, dando prioridade à massa de trabalhadores que circulam por ela.

Cultura de participação

Aqui são levantadas as razões para a “não participação”, ou seja, a cultura escassa de participação e interação de indivíduos na solução de problemas relacionados à sociedade. São abordados diversos aspectos os quais foram separados em grupos. O primeiro grupo refere-se à “Minha Culpa” o qual aborda o individualismo da classe média; o comodismo e inércia; o materialismo; o narcisismo; a visão determinista e a desunião. O segundo grupo refere-se à “Culpa do outro” o qual aborda a postura do Governo e elites; a desigualdade; o medo; a falta de líderes e a falta de instrução.

E ainda um terceiro grupo referindo-se à “Sem culpados” abordando o ritmo alucinante da cidade.

Movimento Nossa São Paulo

Os entrevistados de movimentos sociais e os grupos (representando a população) adotam visões diferenciadas, porém complementares em relação ao movimento.

Os integrantes dos movimentos sociais parabenizam a iniciativa e enfatizam a importância da receptividade para os integrantes do movimento. Afirmam que o projeto precisa nascer forte, preciso, intenso e com perspectiva de continuidade, inclusive no entusiasmo. Levantam a importância no envolvimento de diferentes classes e a

oportunidade de criar um sistema de informação único que trabalhe pelos interesses comuns da cidade e do cidadão. O senso de trabalho reconhecido foi colocado como legitimidade ao trabalho das comunidades, provendo fôlego e alento para prosseguirem em seus nichos com garra.

Os grupos ressaltam a importância de provar a idoneidade do projeto, a necessidade de mostrar que está a serviço do interesse coletivo, do bem comum, desta forma, é imprescindível que se descole da imagem dos políticos e dos partidos. Eles propõem começar com autoridade e ir crescendo em resultados para, a partir daí, conseguir a adesão da população. Ter um foco claro e inequívoco, que funcione como um chamamento, uma palavra de ordem. Ter caráter eminentemente popular, não elitista e excludente. Ser apoiado pela mídia e manter vivo o interesse da população. Conseguir a adesão do governo (Prefeitura), mas não como autor principal.

Agenda Vital

Levando em consideração a multidisciplinaridade da cidade identifica-se um rol de temas importantes em iguais proporções, aqui são levantados a maior parte deles:

• Violência • Meio Ambiente • Desemprego • Educação e saúde

• Apartheid Social/ fragmentação • Política e Administração Pública • Espaço público (movimentos sociais)

• Tempo que se materializa e se torna um inimigo, um “tirano”, no dia a dia do paulistano.

Mobilização

No quesito mobilização, os integrantes de movimentos sociais mostram-se a favor da sociedade civil organizada e acreditam na sua capacidade transformadora, de forma a pressionar e engajar as lideranças políticas e a administração pública.

Nos grupos ainda identifica-se a justificada imobilidade, onde o individualismo e o comodismo mostram-se os maiores desafios para a efetiva participação popular.

2.4.4 São Paulo sob o olhar das consultoras Natura

A pesquisa “São Paulo sob o olhar das consultoras Natura” foi realizada entre os meses de agosto e outubro de 2008. Contando com o apoio da Natura, 6.503 questionários foram auto-preenchidos e o mapeamento regional foi realizado através do CEP indicado pelas consultoras Natura. Aqui as amostras não são proporcionais aos segmentos da sociedade, de forma que os resultados são ponderados de acordo com o número de mulheres residentes em cada distrito da cidade São Paulo (dados Censo IBGE 2000). Os distritos foram agrupados nas suas Subprefeituras para a leitura dos resultados.

Esta pesquisa visa apreender e mapear as percepções apontando as necessidades das paulistanas. Serão investigados os serviços/ equipamentos públicos e privados existentes no bairro das consultoras, apontar os considerados mais importantes e os que fazem mais falta no dia-a-dia. Também serão levantadas as áreas mais importantes para melhorar a qualidade de vida nos bairros e na cidade de São Paulo.

Perfil das consultoras Natura

Gráfico 2.28 – Idade consultoras Natura Gráfico 2.29 – Ocupação consultoras Natura

Idade 5% 12% 20% 24% 24% 14% sem resposta 60 anos ou mais 50 a 59 anos 40 a 49 anos 30 a 39 anos 18 a 19 anos Ocupação 3% 21% 22% 39% 15% É empregada/ Tem pessoas trabalhando p você Dona de casa Está empregada/ É funcionária Conta própria/ É autônoma Sem resposta

Fonte: Adaptado de Ibope (2008). Fonte: Adaptado de Ibope (2008).