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2. Revisão de literatura

2.2. Índices

2.2.1. Smart City Index

Esse é um indicador que busca avaliar o grau de inteligência das cidades. O índice foi criado pela EasyPark, uma organização global focada em soluções para estacionamento, para revelar as cidades mais inteligentes do mundo, com foco em como elas estão adotando novas tecnologias para criar um presente e um futuro mais sustentável e habitável para seus cidadãos, segundo website da própria organização.

O Smart City Index avalia os seguintes aspectos de uma cidade:

Inclusão digital: o quanto a tecnologia de fato é utilizada pelos habitantes da cidade, pelo governo e em soluções do setor de saúde.

Também avalia a reputação das instituições de ensino de tecnologia.

Inovação em mobilidade: avalia o desenvolvimento de soluções de estacionamento, gerenciamento do tráfego e qualidade do transporte público.

Infraestrutura tecnológica de negócios: considera o nível de inovação tecnológica empresarial na cidade e a qualidade da conectividade à internet.

Sustentabilidade ambiental: analisa a utilização de energia renovável, desenvolvimento de plano de enfrentamento às mudanças climáticas e eficiência da gestão de resíduos.

A empresa desenvolveu um estudo para entender quais as cidades ao redor do mundo que estão adotando as melhores soluções tecnológicas para melhorar a sustentabilidade e questões habitacionais, segundo o próprio website do grupo. A Tabela 1, apresentada abaixo, mostra o ranking das dez cidades com as melhores pontuações na categoria com população superior a 3 milhões de habitantes.

Tabela 1 - Ranking cidades inteligentes segundo Smart City Index

9º Washington DC Estados Unidos 86,77 10º Manchester Reino Unido 85,34

Fonte: EasyPark Group. Disponível em:

https://www.easyparkgroup.com/news/the-cities-of-the-future-index/

Alguns pontos importantes a serem ressaltados sobre esse índice são:

• Divide sua avaliação em três categorias de acordo com o tamanho da população. Em um primeiro momento, essa parece ser uma forma mais uma forma mais justa de comparar, entretanto, esses intervalos ainda são muito extensos e muitas medidas podem acabar sendo distorcidas. Nesse aspecto, um índice que fosse calculado a partir de dados relativos ao número de habitantes seria mais justo para realizar essa comparação, ao invés acabar beneficiando cidades mais populosas e que não necessariamente de fato realizam uma gestão mais inteligente e beneficia sua população.

• Possui um menor número de dimensões para avaliação. Por um lado, traz a vantagem de simplificar o processo de atribuição de um grau. Entretanto, por outro lado, não contempla um cenário muito amplo de todo o escopo de cidades inteligentes, focando apenas em um grupo de temáticas centrais.

• Um ponto que pode ser levantado é o quanto de parcialidade esse índice por ter implícito em si, uma vez que se trata de uma empresa com interesses econômicos e não necessariamente esses interesses estão alinhados com o que trará melhor qualidade de vida e desenvolvimento para a cidade. O próprio uso do indicador relacionado a estacionamentos evidencia esse ponto. Já que não necessariamente uma cidade não ter muitos

estacionamentos é ruim, pois ela pode ter sua mobilidade urbana mais voltada para o transporte coletivo, por exemplo.

2.2.2. IESE Cities Motion Index

Esse índice foi criado em 2013 pela IESE Business School, da Espanha, criou o Cities Motion Index. Esse índice, leva em consideração 10 critérios que são explicitados abaixo (IESE Business School, 2017):

A) Capital humano: entendido como a capacidade de atrair e reter talentos em diferentes áreas. Este critério está diretamente relacionado ao acesso à cultura, ao nível de educação da população e à formas de promover a criatividade;

B) Coesão social: definido como grau de diversidade de um grupo e de interação social. Entende-se que a presença de vários grupos coexistindo e colaborando entre si é fundamental para o desenvolvimento de cidades inteligentes;

C) Economia: avalia fatores que promovam o desenvolvimento econômico do território e da indústria local. E ainda, a capacidade de fomentar a inovação e o empreendedorismo;

D) Gestão pública: pilar que busca mensurar ações capazes de tornar a própria administração pública mais eficiente, incluindo pincipalmente aspectos financeiros dessa gestão;

E) Governança: leva em consideração a eficiência e qualidade da intervenção do Estado em fatores como a percepção da corrupção, reservas econômicas, eficiência, qualidade e estabilidade das intervenções estatais;

E) Meio ambiente: baseia-se em métricas que apontem para o crescimento de forma sustentável, como acesso à água potável, índices de poluição e emissão de gases;

F) Mobilidade e transporte: nesse critério é avaliada a facilidade de locomoção nas cidades, o acesso aos serviços públicos de transporte;

G) Planejamento urbano: indica o grau de sustentabilidade do crescimento da cidade e tenta mensurar a qualidade de vida para a população, em fatores como a utilização e preservação de zonas verdes no território;

H) Conexões internacionais: esse critério de avaliação considera o impacto global de uma cidade, observando principalmente o turismo e investimento externo;

I) Tecnologia: definido como grau de acesso à tecnologia e o nível de inovação da cidade. Nesse tópico, leva-se em consideração a inclusão digital e a infraestrutura de rede, fatores obrigatórios para uma cidade ser considerada inteligente.

Esses são os critérios gerais utilizados para a avaliação de uma cidade segundo esse índice. Cada um deles pode, ainda, ser subdividido em diversos indicadores que vão, de fato, apresentar um panorama geral da cidade com base em números. Conforme OECD (2013), indicadores necessitam de uma boa fonte de informação e cumprem o propósito de auxiliarem a tomada de decisão, a partir de dados quantitativos medidos e monitorados. Trabalhar com indicadores é essencial para suprimir ao máximo aspectos subjetivos da avaliação. Inclusive, optar por uma lista padronizada de indicadores protege essa análise de possíveis manipulações políticas de caráter eleitorais. No apêndice encontra-se a Tabela 3, com os indicadores utilizados para avaliação de cada critério citado anteriormente no índice IESE Cities Motion Index.

Alguns pontos importantes a serem ressaltados sobre esse índice são:

• Esse é o índice mais utilizado globalmente e já possui uma periodicidade anual de avaliação. Ele é uma excelente opção de padronização de métodos de avaliação das cidades. Uma padronização seria benéfica para uma maior disseminação da utilização desses índices por parte das cidades para medir seu desempenho e acompanhar os resultados de políticas públicas.

• Um ponto positivo desse índice é avaliar a cidade em frentes bastante diversificadas, fornecendo um resultado mais completo e, portanto, com maior probabilidade de ser factível com a realidade da cidade em questão.

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