• Nenhum resultado encontrado

PROmover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,  sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação

2. As Ògera•›esÓ de direitos:

aos direitos que se sabe ter, mas cuja exist•ncia se justifica apenas no plano jusnaturalista.19

Direitos fundamentais, por sua vez, se refere aos direitos da pessoa humana consagrados, em um determinado momento hist—rico, em um certo Estado.

S‹o direitos constitucionalmente protegidos, ou seja, est‹o positivados em uma determinada ordem jur’dica.

Por fim, Òdireitos humanosÓ Ž express‹o consagrada para se referir aos direitos positivados em tratados internacionais, ou seja, s‹o direitos protegidos no ‰mbito do direito internacional pœblico. A prote•‹o a esses direitos Ž feita mediante conven•›es globais (por exemplo, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Pol’ticos) ou regionais (por exemplo, a Conven•‹o Americana de Direitos Humanos).

H‡ alguns direitos que est‹o consagrados em conven•›es internacionais, mas que ainda n‹o foram reconhecidos e positivados no ‰mbito interno.

TambŽm pode ocorrer o contr‡rio! ƒ plenamente poss’vel que o ordenamento jur’dico interno d• uma prote•‹o superior ˆquela prevista em tratados internacionais (regionais e globais).

ƒ importante termos cuidado para n‹o confundir direitos fundamentais e garantias fundamentais. Qual seria, afinal, a diferen•a entre eles?

Os direitos fundamentais s‹o os bens protegidos pela Constitui•‹o. ƒ o caso da vida, da liberdade, da propriedade... J‡ as garantias s‹o formas de se protegerem esses bens, ou seja, instrumentos constitucionais. Um exemplo Ž o habeas corpus, que protege o direito ˆ liberdade de locomo•‹o. Ressalte-se que, para Canotilho, as garantias s‹o tambŽm direitos.20

2. As Ògera•›esÓ de direitos:

Os direitos fundamentais s‹o tradicionalmente classificados em gera•›es, o que busca transmitir uma ideia de que eles n‹o surgiram todos em um mesmo momento hist—rico. Eles foram fruto de uma evolu•‹o hist—rico-social, de conquistas progressivas da humanidade.

      

19 MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pœblico, 4» ed. S‹o Paulo:

Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 750-751.  

20 CANOTILHO, JosŽ Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constitui•‹o, 7»

edi•‹o. Coimbra: Almedina, 2003.  

A doutrina majorit‡ria reconhece a exist•ncia de tr•s gera•›es de direitos:

a) Primeira Gera•‹o: s‹o os direitos que buscam restringir a a•‹o do Estado sobre o indiv’duo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das pessoas. S‹o, por isso, tambŽm chamados liberdades negativas: traduzem a liberdade de n‹o sofrer inger•ncia abusiva por parte do Estado. Para o Estado, consistem em uma obriga•‹o de Òn‹o fazerÓ, de n‹o intervir indevidamente na esfera privada.

ƒ relevante destacar que os direitos de primeira gera•‹o cumprem a fun•‹o de direito de defesa dos cidad‹os, sob dupla perspectiva: n‹o permitem aos Poderes Pœblicos a inger•ncia na esfera jur’dica individual, bem como conferem ao indiv’duo poder para exerc•-los e exigir do Estado a corre•‹o das omiss›es a eles relativas.

Os direitos de primeira gera•‹o t•m como valor-fonte a liberdade. S‹o os direitos civis e pol’ticos, reconhecidos no final do sŽculo XVIII, com as Revolu•›es Francesa e Americana. Como exemplos de direitos de primeira gera•‹o citamos o direito de propriedade, o direito de locomo•‹o, o direito de associa•‹o e o direito de reuni‹o.

b) Segunda gera•‹o: s‹o os direitos que envolvem presta•›es positivas do Estado aos indiv’duos (pol’ticas e servi•os pœblicos) e, em sua maioria, caracterizam-se por serem normas program‡ticas. S‹o, por isso, tambŽm chamados de liberdades positivas. Para o Estado, constituem obriga•›es de fazer algo em prol dos indiv’duos, objetivando que todos tenham Òbem-estarÓ: em raz‹o disso, eles tambŽm s‹o chamados de Òdireitos do bem-estarÓ.

Os direitos de segunda gera•‹o t•m como valor fonte a igualdade. S‹o os direitos econ™micos, sociais e culturais. Como exemplos de direitos de segunda gera•‹o, citamos o direito ˆ educa•‹o, o direito ˆ saœde e o direito ao trabalho.

c) Terceira gera•‹o: s‹o os direitos que n‹o protegem interesses individuais, mas que transcendem a —rbita dos indiv’duos para alcan•ar a coletividade (direitos transindividuais ou supraindividuais).

Os direitos de terceira gera•‹o t•m como valor-fonte a solidariedade, a fraternidade. S‹o os direitos difusos e os coletivos. Citam-se, como exemplos, o direito do consumidor, o direito ao meio-ambiente ecologicamente equilibrado e o direito ao desenvolvimento.

Percebeu como as tr•s primeiras gera•›es seguem a sequ•ncia do lema da Revolu•‹o Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade? Guarde isso

 

para a prova! Abaixo, transcrevemos decis‹o do STF que resume muito bem o entendimento da Corte sobre os direitos fundamentais.

ÒEnquanto os direitos de primeira gera•‹o (direitos civis e pol’ticos) Ð que compreendem as liberdades cl‡ssicas, negativas ou formais Ð real•am o princ’pio da liberdade e os direitos de segunda gera•‹o (direitos econ™micos, sociais e culturais) Ð que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas Ð acentuam o princ’pio da igualdade, os direitos de terceira gera•‹o, que materializam poderes de titularidade coletiva atribu’dos genericamente a todas as forma•›es sociais, consagram o princ’pio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expans‹o e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indispon’veis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.Ó (STF, Pleno, MS n¼ 22.164-SP, Relator Min.

Celso de Mello. DJ 17.11.95)

Parte da doutrina considera a exist•ncia de direitos de quarta gera•‹o. Para Paulo Bonavides, estes incluiriam os direitos relacionados ˆ globaliza•‹o:

direito ˆ democracia, o direito ˆ informa•‹o e o direito ao pluralismo.

Desses direitos dependeria a concretiza•‹o de uma Òcivitas m‡ximaÓ, uma sociedade sem fronteiras e universal. Por outro lado, Norberto Bobbio considera como de quarta gera•‹o os Òdireitos relacionados ˆ engenharia genŽticaÓ.

H‡ tambŽm uma parte da doutrina que fala em direitos de quinta gera•‹o, representados pelo direito ˆ paz. 21

A express‹o Ògera•‹o de direitosÓ Ž criticada por v‡rios autores, que argumentam que ela daria a entender que os direitos de uma determinada gera•‹o seriam substitu’dos pelos direitos da pr—xima gera•‹o. Isso n‹o Ž verdade. O que ocorre Ž que os direitos de uma gera•‹o seguinte se acumulam aos das gera•›es anteriores. Em virtude disso, a doutrina tem preferido usar a express‹o Òdimens›es de direitosÓ. Ter’amos, ent‹o, os direitos de 1» dimens‹o, 2» dimens‹o e assim por diante.

      

21 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. S‹o Paulo: Malheiros, 2008.