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Marçal (2003) diz que a competência para a realização do licenciamento ambiental leva em consideração o grau do impacto, dividindo-os em intercontinental, nacional, regional, intermunicipal e local, adotando o princípio da descentralização e predominância de interesses, além de discriminar atividades especificas para os entes federados, em razão de sua particularidade, como por exemplo, o

licenciamento de atividades que utilizem energia nuclear, cuja entidade competente é o IBAMA.

Está previsto na Resolução CONAMA n. 001/86, em seus artigos 2º e 3º, o estabelecimento da competência para o licenciamento ambiental, atribuindo-se aos órgãos estaduais e ao IBAMA, supletivamente, de forma a possibilitar que os Municípios envolvidos fizessem a mesma exigência, se a situação local reclamasse. Aludida prerrogativa encontrava-se de acordo com a divisão de competências materiais trazida pela Constituição Federal, conforme estabelece o seu art. 23, VI, em que se atribui à União, aos Estados, Distrito Federal e Municípios a competência comum para proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.

Esclarece ainda Marçal (2003) que pertencem ao(s):

a) IBAMA os empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber: I) localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União; II) em dois ou mais Estados; III) cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados; IV) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo em qualquer estágio ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN; V) bases ou empreendimentos militares, quanto couber, observada a legislação específica, conforme art. 10, § 4º da Lei nº 7.804/89.

b) Órgãos ambientais estaduais e do Distrito Federal de meio ambiente, no caso, em tela, a CETESB, o licenciamento daqueles empreendimentos localizados ou desenvolvidos: I) em mais de um Município ou em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal; II) nas florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771/65, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais; III) cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites

territoriais de um ou mais Municípios; IV) delegados pela União, por instrumento legal ou convênio.

c) Municípios – compete o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto local e daquelas que lhes forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.

Anote-se com Alonso Jr. (2000) que “o raio de influência ambiental é que indicará o interesse gerador da fixação da atribuição, traçando-se uma identificação da competência licenciadora com a competência jurisdicional (art. 2º da Lei Federal nº 7.347/85 – local do dano ambiental)”.

A Resolução CONAMA n. 237/97 alterou as regras de competências para o licenciamento, fixando, em seu art. 7º, que os empreendimentos e atividades serão licenciados em um único nível de competência. Isso torna questionável a constitucionalidade do dispositivo, uma vez que excluem o licenciamento em duas ou mais esferas governamentais, contrariando a competência comum material dos entes federados, na proteção do meio ambiente e no combate da poluição em qualquer de suas formas.

No Estado de São Paulo, os estudos de impacto ambiental (EIA) são realizados sob a orientação ambiental da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), ao qual é responsável pelo licenciamento do empreendimento- atividade em questão, e elabora um Termo de Referência com instruções técnicas específicas segundo as diretrizes gerais estabelecidas. Dentro da esfera estadual, mais precisamente no Estado de São Paulo, preceitua a Lei nº 997, de 31/05/76, em seus artigos 4º e 5º, como segue:

“a atividade fiscalizadora e repressiva, de que trata esta Lei, será exercida, no que diz respeito a despejos, pelo órgão estadual de controle da poluição do Meio Ambiente (grifo nosso), em todo e qualquer corpo ou curso de água, situado nos limites do território do Estado, ainda que, não pertencendo ao seu domínio, não estejam sob sua jurisdição. § único - Para cumprimento do disposto neste artigo, o órgão estadual representará ao federal competente, sempre que a poluição tiver origem fora do território do Estado, ocasionando consequências que se façam sentir dentro de seus limites”.

“a instalação, a construção ou a ampliação, bem como a operação ou o funcionamento das fontes de poluição que forem enumeradas no

Regulamento desta lei, ficam sujeitas as prévias autorizações dos órgãos estaduais de controle da poluição do meio-ambiente (grifo nosso), mediante expedição, quando for o caso, de Licença Ambiental Prévia (LAP), de Licença Ambiental de Instalação (LAI) e de Licença Ambiental de Operação (LAO)”.

O Decreto Estadual n. 47.400, de 04/12/02, estabelece e dá nova redação ao Título V e ao Anexo 5 e acrescenta os Anexos 9 e 10, ao Regulamento da Lei n° 997, de 31 de maio de 1976, e ainda dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente no âmbito do Estado de São Paulo. E em seu art. 57 estabelece as fontes de poluição condicionadas à obtenção das Licenças Prévias, de Instalação e de Operação, sendo considerados:

XI - cemitérios horizontais ou verticais.

Dispõe ainda em seu art. 62 que dependerão de Licença de Operação:

IV - os loteamentos, desmembramentos, condomínios e conjuntos habitacionais, antes de sua ocupação e os cemitérios (grifo nosso). E,

conforme o art. 63 – A licença de operação deverá ser requerida pelo interessado diretamente à CETESB.

Por final, no anexo 3, o art. 3º do decreto elenca os empreendimentos que dependerão exclusivamente do licenciamento pela CETESB, o qual segue:

XI - cemitérios horizontais ou verticais.

Após análise e constatação pela autoridade ambiental competente de que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação ambiental, a ele não se aplicará a exigência do EIA-RIMA, e definirá procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento e ainda a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas do planejamento, implantação e operação.

Realizadas todas as análises dos estudos ambientais, o órgão licenciador, se aprovado os estudos e as compensações, expedirá as seguintes licenças: licença prévia, licença de instalação e licença de operação.

Marçal (2003) ensina que o poder público, enquanto órgão responsável pelo licenciamento ambiental, deve estabelecer critérios para agilizar e simplificar os procedimentos de licenciamento, visando a melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental.