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4. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DOS ÓRGÃOS INTEGRANTES DO

4.6. Órgãos seccionais e locais

Da mesma forma que os órgãos explicitados anteriormente (Conselho de Governo, CONAMA e IBAMA), os órgãos seccionais e locais também integram o Sistema Nacional do Meio Ambiente.

A definição dos referidos órgãos encontra-se disposta no artigo 6º, incisos V e VI, da Lei Federal n° 6.938, de 31 de agosto de 198 1 (Política Nacional do Meio Ambiente), com a redação dada pela Lei Federal n° 7 .804, de 18 de julho de 1989, in verbis:

“Artigo 6°. (...)

V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições;(...).”

Os Estados, dentro das suas competências originárias e de sua jurisdição, poderão elaborar normas supletivas e complementares, bem como padrões relativos ao meio ambiente, cumpridos aqueles regulados pelo CONAMA. Já os entes municipais, desde que observadas normas e padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas supracitadas.100

Os órgãos seccionais, desde sua efetiva incorporação no SISNAMA, por meio da Lei Federal n° 6.938/81, e a cada década que se passa, vem aperfeiçoando sua atuação e criando instrumentos que visam tutelar o meio ambiente e reprimir a ações ilegais, especialmente aquelas que causem significativo impacto ambiental.

A constituição da maioria dos Estados Brasileiros já dispõe sobre a proteção do meio ambiente. Assim, por exemplo, a Constituição do Estado de São Paulo, de 05 de outubro de 1989, prevê capítulo específico sobre Meio Ambiente, Recursos Naturais e Saneamento (artigo 291 e seguintes), que estabelece medidas a serem adotados pelo Poder Público, com a participação da coletividade, capazes de promover a preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente natural, artificial e do trabalho, atendidas as peculiaridades regionais e locais e em harmonia com o desenvolvimento social e econômico.

A Constituição Mineira, espelhando-se na Constituição Federal de 1988, dispõe de capítulo específico sobre o meio ambiente (artigo 214 e seguintes), além de diversos outros artigos que de alguma forma versam sobre a proteção ambiental, a exemplo dos artigos 158, 166, inciso V, 190, inciso VIII, 213, inciso I, alínea “a”, 245, §1º, inciso III, 246, §6º, inciso III, 248, inciso VIII, 261, etc.

De maneira mais tímida e superficial que as Constituições Paulista e Mineira, a Constituição Estadual do Pará dispõe que o Estado e os Municípios, na promoção do desenvolvimento e da justiça social, adotarão os princípios estabelecidos pela Constituição Federal e outros, como o de que o planejamento do desenvolvimento estadual compatibilizará o crescimento da produção e da renda com a sua distribuição entre os vários segmentos da população e as diversas regiões do Estado, respeitando as características e necessidades de cada Município, e assegurando o respeito ao equilíbrio ambiental.101

A Constituição Estadual do Mato Grosso do Sul prevê em seu artigo 167 que o Estado deverá estabelecer e executar Plano Estadual de Desenvolvimento Integrado, que terá como objetivo, dentre outros, a defesa do meio ambiente.

Afora a Constituição Estadual, muitos Estados, há bastante tempo, na esfera de suas competências, vêm criando normas e estruturando as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente para atuar da melhor forma possível e eficaz, seja realizando licenciamento ambiental das atividades impactantes ao meio ambiente, seja por

meio do poder de polícia, fiscalizando e coagindo as ações que violem dispositivos legais.

Paulo de Bessa Antunes aduz que mencionados órgãos seccionais são de extrema importância para efetividade do SISNAMA, vez que a eles compete maior gama de atividades de controle ambiental, que deve ser realizada em conformidade com suas realidades e o interesse peculiar.102

Com efeito, os órgãos estaduais estão bem mais aparelhados tanto de estrutura física quanto de equipe técnica responsável pela análise dos estudos ambientais, bem como pela fiscalização/punição dos que pratiquem condutas contrárias à legislação ambiental brasileira.

Ademais, diversos Estados já dispõem de Conselho Estadual de Meio Ambiente, com a finalidade de participar da formulação da Política Estadual do Meio Ambiente. Quem preside estes conselhos? Normalmente os Secretários de Meio Ambiente, juntamente com a participação de membros de associações civis.

Como exemplo, o Conselho Estadual do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (CONSEMA), criado pelo Decreto Estadual nº 20.903, de 26 de abril de 1983, no final do período do Regime Militar, e alterado por diversos Decretos posteriores, incluindo o recente Decreto Estadual nº 53.027, de 26 de maio de 2008, é considerado órgão bastante atuante no trato de questões ambientais.

As atribuições do CONSEMA Paulista podem ser vislumbradas no artigo 3º do seu Regimento Interno103, in verbis:

“Artigo 3º. (...)

I. propor, acompanhar e avaliar a política do Estado na área de preservação, conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

102 Direito Ambiental, p. 80.

103 Disponível em:

<http://www.ambiente.sp.gov.br/uploads/arquivos/regimentointerno/regInterno_2008.pdf> Acesso em: 29 out. 2008.

II. propor normas e padrões estaduais de avaliação, controle e manutenção da qualidade do meio ambiente;

III. estabelecer diretrizes para a defesa dos recursos e ecossistemas naturais do Estado;

IV. propor ou manifestar-se sobre propostas de instituição de unidades de conservação e respectivos planos de manejo e sobre propostas de zoneamento ecológico-econômico;

V. apoiar a pesquisa científica na área de conservação e preservação do meio ambiente e dos recursos naturais;

VI. apoiar atividades educativas, de documentação e de divulgação, no campo da conservação, preservação, recuperação e melhoria do meio ambiente e dos recursos naturais;

VII. estimular a participação da comunidade no processo de preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental;

VIII. apreciar Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto Ambiental - EIAs/RIMAs, bem como Avaliações Ambientais Estratégicas, na forma de seu Regimento Interno e da legislação vigente;

IX. elaborar seu regimento interno.”

Quanto aos órgãos locais, ou seja, os órgãos municipais de controle ambiental, diferente dos Estados, este são menos atuantes e estruturados.

O Poder Público Municipal, até os dias atuais, não repassam recursos suficientes, necessários e adequados aos órgãos ambientais municipais, relevantes para uma boa atuação nesta área. Na verdade, a área ambiental ainda é tratada em segundo plano na organização administrativa municipal.

Com exceção de poucos municípios brasileiros, praticamente todos nas capitais dos Estados, a maioria não dispõe de Secretaria própria (diversos Municípios contam apenas com Departamento de Meio Ambiente), e de uma estrutura mínima para condução de procedimentos de natureza ambiental.