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1. Diarreia Pós-Desmame

1.3. Diagnóstico

1.5.2. Estratégias Terapêuticas Não Farmacológicas

1.5.2.5. Óxido de Zinco

O zinco (Zn) é um mineral essencial importante para o crescimento e a atividade de várias enzimas do organismo, desempenhando um papel central nos processos bioquímicos do organismo animal.110,111 A suplementação dos leitões com Zn, na forma de óxido de zinco (ZnO), é feita em doses farmacológicas (2500-3000 ppm) e apenas nas duas primeiras

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semanas pós-desmame.110 Este, quando adicionado às dietas dos leitões, parece promover o crescimento animal e reduzir a incidência de DPD e a mortalidade dos leitões.110,112

O mecanismo de ação do ZnO não está completamente conhecido. No entanto, estudos revelam uma intervenção nos mecanismos de defesa do animal, como o aumento da expressão genética de péptidos antimicrobianos intestinais. Para além disto, verifica-se alteração do microbioma intestinal, com manutenção da sua estabilidade e diversidade e diminuição de microrganismos patogénicos, como os coliformes, Staphylococcus aureus, Salmonella typhi e Aeromonas hydrophylia.110-112 Quanto ao efeito do ZnO no microbioma

intestinal, existe alguma controvérsia nos resultados, em que alguns estudos demonstram redução da população de bactérias benéficas e aumento das patogénicas, como coliformes e

Enterococci.112 Os efeitos bactericidas do ZnO podem dever-se à penetração do peróxido de hidrogénio, gerado na superfície deste composto, através da membrana celular bacteriana, inibindo o crescimento celular. O ZnO induz, ainda, aumento da expressão intestinal de IGF- I e IGF-II111, redução da inflamação, melhoria da morfologia intestinal, inibição da adesão bacteriana intestinal e diminuição da secreção de eletrólitos pelos enterócitos.112-115 O aumento da expressão de IGF-I e do seu recetor (IGF-IR) induz a produção de mucina, a digestão e absorção de nutrientes e o desenvolvimento intestinal.111 Assim, a administração de ZnO aos leitões promove a saúde intestinal e o crescimento animal, estimula o sistema imune dos leitões e reduz a inflamação intestinal, reduzindo a incidência e severidade de DPD.

Concluindo, a administração de 2500-3000 ppm de óxido zinco protege contra DPD nos leitões desmamados, induzindo respostas imunes, minimizando respostas inflamatórias e melhorando a morfologia e o microbioma intestinal. Apesar dos seus efeitos promissores no tratamento de DPD, a sua utilização na nutrição animal ter vindo a diminuir.116 Esta diminuição deve-se à poluição ambiental subjacente ao uso de elevadas quantidades de ZnO, por contaminação do solo com metais pesados,116 e à recomendação de utilização de apenas

100 mg/kg de Zn na dieta dos leitões nesta fase (NRC 1998). Tendo isto em conta, muitas vezes recorre-se à combinação do ZnO com outros aditivos não farmacológicos como os óleos essenciais e MOS/FOS ou à utilização de outras fontes de Zn, como a metionina de zinco (ZnM). Esta exerce também efeitos benéficos para menores quantidades de composto.117 Assim, é necessário o desenvolvimento de outras alternativas ao ZnO, graças às preocupações ambientais associadas à sua elevada administração.

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1.5.2.6. Outros compostos

A saúde intestinal dos suínos com DPD na fase pós-desmame pode ser melhorada com outros aditivos para além dos prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos e do óxido de zinco. Existem resultados que demonstram o potencial de outros compostos na melhoria da morfologia intestinal, promoção do crescimento do animal e redução da incidência e severidade da DPD nos leitões desmamados.118-131 No entanto, o conhecimento dos seus

mecanismos de ação é ainda limitado. Assim, estes compostos serão também mencionados, por demonstrarem potencial na melhoria da saúde intestinal e na redução da incidência de DPD.

A suplementação dos leitões na fase pós-desmame com um conjunto de produtos, incluindo enzimas exógenas, extratos naturais, minerais de argila, bacteriófagos, anticorpos e plasma seco por pulverização (SDP), péptidos antimicrobianos, e nucleótidos, tem demonstrado promover a redução da incidência de DPD.118-131 A adição na dieta dos leitões de enzimas exógenas, como proteases, fitases e carboidratases, melhora a digestibilidade dos nutrientes.121,122 Os extratos naturais do alho, tomilho, orégão, cravo, canela e zimbro são muitas vezes combinados com os ácidos orgânicos por apresentarem compostos com propriedades antimicrobianas, provocando dano na parede bacteriana.123-125 Os minerais de argila apresentam capacidades de sorção elevadas, promovendo a absorção de água, diminuição da velocidade de passagem digestiva pelos intestinos e adsorção de patogénicos e enterotoxinas.126-129 Os bacteriófagos apresentam um efeito bactericida específico para algumas espécies de bactérias, promovendo a saúde intestinal dos leitões.130 A administração de anticorpos específicos contra os patogénicos responsáveis pela DPD131 e proteínas do

plasma seco por pulverização (SDP)118 pelos leitões induz imunização passiva destes

animais. Ainda, a suplementação dos leitões com péptidos antimicrobianos estimula o sistema imune destes animais.119 Por fim, a administração de nucleótidosem situações de

stress, como a fase pós-desmame, promove o desenvolvimento gastrointestinal e imunitário do animal.120 Assim, a suplementação dos leitões com estes aditivos estimula a saúde intestinal e geral dos leitões com DPD.

Os leitões na fase pós-desmame apresentam uma depressão no seu crescimento, com baixa ingestão alimentar e baixa digestibilidade dos nutrientes. A suplementação dos leitões nesta fase com glucose e adoçantes (sacarina e a neohespiridina dihidrocalcona (NHDC)),

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melhora a absorção de açúcares, via cotransportador de Na+/Glucose (SGLT1), a obtenção de energia e a palatabilidade das rações.132,133 Assim, o desenvolvimento de uma formulação contendo glucose e adoçantes alimentares induzirá aumento da ingestão alimentar e do crescimento e performance dos animais suplementados com esta.

Concluindo, a suplementação dos leitões desmamados com prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos e/ou óxido de zinco induz uma redução da incidência de DPD e dos seus sintomas nos leitões. Para além destes, existem ainda as enzimas exógenas, os extratos naturais, os minerais de argila, os bacteriófagos, os anticorpos e plasma seco por pulverização (SDP), os péptidos antimicrobianos, os nucleótidos, a glucose e os adoçantes. Estes aditivos alimentares promovem a digestibilidade dos nutrientes e a saúde intestinal e estimulam o sistema imune e o crescimento dos leitões, tornando-se interessante a sua introdução em formulações não farmacológicas para tratamento de DPD. Atualmente, existem vários produtos disponíveis comercialmente recorrendo a estes aditivos, incluindo produtos para suínos contendo amilases, xilanases e β-glucanases (Amylofeed)134, xilanases (Ronozyme WX), fitases (Ronozyme HiPhos) e proteases (Ronozyme ProAct).135 Para além destes, existem produtos combinando ácidos orgânicos e óleos essenciais (Acidal NC e Biotronic). Existem, ainda, produtos com enzimas exógenas e anticorpos adicionados a soluções de reidratação oral, com sais, glucose e adoçantes (Pedialyte), para tratar a diarreia e a desidratação. Assim, combinando estes vários aditivos, com diferentes mecanismos de ação, é possível obter produtos promissores para o tratamento de DPD sem recorrer a antibióticos, reduzindo o perigo subjacente para a saúde pública.

2. Desenvolvimento e estabilidade de formulações para uso