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AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO (Constituição Federal art 14, §§ 10 e 11)

No documento Curso Direito Eleitoral (páginas 59-61)

Recurso contra a Diplomação

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO (Constituição Federal art 14, §§ 10 e 11)

Já foi colocado que a ação de impugnação de mandato eletivo tem seu fundamento na Constituição, e ela é cabível para fatos ocorridos a qualquer tempo. Ela possui um prazo mais dilatado, 15 dias, e o termo inicial desse prazo é a partir da sessão de diplomação.

Vocês reparem que essa é a única das impugnações que não está prevista em lei, ela só esta prevista na Constituição Federal. Prescreve o art. 14, § 10 “O Mandato eleito poderá ser impugnado ante a justiça eleitoral no prazo de 15 dias contados da diplomação, instruída a ação com prova do abuso do poder econômico, corrupção ou fraude”, e completando § 11 “A ação de impugnação de mandato eletivo tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou manifesta má-fé”.

Esses são os dois únicos dispositivos no pais que tratam da impugnação de mandato eletivo. Daí já surge a primeira discussão sobre essa ação, que é a seguinte: A norma do art. 14, §§ 10 e 11 são de eficácia plena? De outra forma, Essa ação é auto aplicável? Pode ser aplicada faltando legislação que a regule? E mais, caso seja admitida sua aplicação qual o rito que ela terá? Prof° Fábio Konde Comparatto entende que a norma do art. 14, §§ 10 e 11 são inaplicáveis, ou seja, é uma norma Constitucional de eficácia Limitad a. A conseqüência para quem pensa assim é que essa ação não pode ser deflagrada até que surja uma lei que regule o tema. (não é a posição majoritária)

Prof° Djalma Pinto entende que a norma do art. 14, §§ 10 e 11 são auto aplicáveis. Agora, Djalma Pinto entende que a ação é auto aplicável, contudo deve-se utilizar o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil. Prof° Fávola Ribeiro entende que a norma é de eficácia plena, ou seja, a ação é

auto aplicável. Todavia para o citado Prof° essa ação será processada p elo procedimento especial da Lei Complementar 64/90.

Cuidado aqui, pois se vocês forem ler o livro do Emerson Garcia ele vai dizer que a posição do TSE é a segunda (e era mesmo), só que o TSE acabou de modificar sua posição, e a atual posição do TSE é a terceira, ou seja, essa ação é auto aplicável devendo ser utilizado o procedimento especial da LC 64/90 arts. 3° a 15. (Resolução TSE 21.634/05)

1 – Hipótese de Cabimento:

A Constituição diz quais são às hipóteses de cabimento no art. 14, § 10 “O Mandato eleito poderá ser impugnado ante a justiça eleitoral no prazo de 15 dias contados da diplomação, instruída a ação com prova do abuso do poder econômico,corrupção ou fraude”.

Então percebam que há três hipóteses: Abuso do Poder Econômico, Corrupção ou Fraude.

Aqui gente seria interessante uma nota, que é a seguinte: A Constituição fala em provas, mas aonde está escrito “provas” leia-se “indícios”, ou seja, não

obstante a Constituição fale em provas entenda-se indícios. Por quê? Porque há possibilidade de dilação probatória no curso do processo tendo em vista a aplicação da lei Complementar 64/90 que admite a dilação probatória.

2 – Objeto:

O objeto dessa ação é outro ponto controvertido. Um objeto é pacífico o outro objeto é discutido. O objeto pacífico é aDeclaração de Nulidade da Diplomação, com

a conseqüente perda do mandato eletivo (isso ninguém discute). Agora, há discussão sobre uma outra possibilidade, que é a seguinte: Também existiria a possibilidade de declaração de inelegibilidade do candidato impugnado?

Em outras palavras, o art. 1°, I “d” da LC 64/90 (“São Inelegíveis: (I) para qualquer caso, (d) os que tenham contra sua pessoa representação julga da procedente, pela justiça eleitoral, transitada em julgada em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para eleição que concorrerem ou tenham sido diplomado, bem como as que se realizarem nos três anos seguintes”) se aplica à impugnação de mandato eletivo por analogia?

Prof° Teori Albino Zavascki (Min. STJ) entende que não existe nessa ação a declaração de inelegibilidade, ou seja, o art. 1°, I “d” da LC 64/90 não se aplica ao caso. (posição minoritária). A conseqüência para quem pensa assim é a seguinte: se o pedido vier a ser julgado procedente só há um objeto possível, a declaração de nulidade da diplomação.

Prof° Marco Aurélio Denise de Oliveira entende que poderá haver declaração de inelegibilidade do Candidato, ou seja, aplica-se ao caso, analogicamente, o art. 1°, I “d” da LC 64/90, dessa forma, para quem pensa assim, essa ação terá dois objetos possíveis, a declaração de nulidade da diplomação e a declaração de inelegibilidade do candidato.

Jurisprudência pacífica o sentido de que há possibilidade de se declarar o candidato inelegível e que o art. 1°, I “d” se aplica analogicamente ao caso. Agora só um detalhe, a jurisprudência entende que esse dispositivo é aplicado, mas consagra uma idéia que nós já havíamos colocado, produzindo efeitos ex tunc, ou seja, é a única ação do mundo cuja sanção vai se exaurido enquanto a

ação venha a ser julgada, tendo a possibilidade de ao final não ter conseqüência nenhuma, pois o prazo de 3 anos é contado a partir da eleição na qual ocorreu o fato. (Acórdão TSE n° 510 de 06.11.2001)

3 – Competência:

Nos já colocamos que se aplica a ação de impugnação do mandato eletivo o procedimento especial da LC 64/90dessa forma tudo que foi dito quanto a competência na ação de impugnação do pedido de registro de candidatura se aplica aqui.

Nós havíamos colocado na ação de impugnação do pedido de registro de candidatura que em uma situação de eleição local competente será o Juízo eleitoral. Numa situação de eleição regional, competente será o TRE. Numa situação de eleição nacional, competente será o TSE. Dessa forma, como a norma é a mesma, aplica-se essa regra de competência à ação de impugnação do mandato eletivo.

Nota 1: Há possibilidade de foro especial por prerrogativa de função nessa

No documento Curso Direito Eleitoral (páginas 59-61)