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AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE PEDIDO DO REGISTRO DA CANDIDATURA (Lei Complementar n° 64/90 arts 3° a 15)

No documento Curso Direito Eleitoral (páginas 44-48)

Ação de Impugnação de Pedido de Registro de Candidatura

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE PEDIDO DO REGISTRO DA CANDIDATURA (Lei Complementar n° 64/90 arts 3° a 15)

1 – Hipótese de Cabimento:

Aqui você pode afirmar com toda certeza, a ação de impugnação de registro de candidatura só cabe em duas hipóteses que a própria lei menciona.

(1°) Inexistência de Condição de Elegibilidade, ou seja, não foram observadas às condições de elegibilidade prevista na Constituição (Ex.: Falta de Domicilio Eleitoral);

(2°) Existência de Causa de Inelegibilidade (Ex.: Condenação por quebra de decoro parlamentar).

2 – Objeto:

Essa ação possui dois objetos, um objeto é invariável, e o outro objeto muda conforme o instante em que a ação venha a ser julgada definitivamente.

1° Declaração de Inexigibilidade, esse objeto é invariável, ou seja, seja qual for o momento em que a ação venha ser julgada o candidato será declarado inelegível.

O segundo objeto é variável, ou seja, ele se modifica conforme o momento em que a ação venha a ser julgada, sendo certo que a ação deve ser proposta antes do registro de candidatura, mas não necessariamente será julgada nesse momento, podendo ser julgada durante a campanha eleitoral e até mesmo

após a diplomação do candidato. Diante disso, o segundo objeto poderá ser de três formas:

(A) Se a ação for julgada antes do registro da candidatura, além da declaração de inelegibilidade a sanção será a Negação do registro de Candidatura.

(B) Se a ação vier a ser julgada entre o registro da candidatura e a diplomação, ou seja, durante a campanha eleitoral, além da declaração de inelegibilidade a sanção será o Cancelamento do Registro.

(C) Se a ação vier a ser julgada depois da diplomação, além da declaração de inelegibilidade a sanção será a Declaração de nulidade da Diplomação.

3 – Competência:

Aqui iremos utilizar uma premissa que servirá para todas as demais formas de impugnação.

Quando se fala em competência deve ser levado em conta a natureza da eleição,ou seja, se a eleição é local, regional ou nacional. Quando eu digo Eleição Nacionaleu quero dizer eleição para escolha do Presidente da República, pois somete este é eleito em âmbito nacional. Quando se diz Eleição Regional, nós estamos falando de quatro eleições possíveis: (1°) Eleição de Governador do Estado; (2°) Eleição de Senador da República; (3°) Eleição de Deputado Federal; (4°) Eleição de Deputado Estadual; todas essas pessoas citadas acima são eleitas no âmbito do estado. Quando eu digo Eleição Local eu estou falando de duas eleições: (1°) Eleição de Prefeito; e (2°) Eleição de Vereador; essas dus pessoas são eleitas dentro do âmbito do Município.

Assim sendo, dependendo da natureza da eleição a competência muda. Vamos parar e pensar:

Se for uma situação de eleição local (Prefeito e Vereador) competente será o Juízo Eleitoral, só lembrando que juízo eleitoral é uns dos órgãos que compõe a Justiça Eleitoral.

Se for uma situação de eleição regional (Governador, Senador, DeputadoEstadual e Federal) competente será o Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Se for uma situação de eleição nacional (Presidente da República) competente será o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

4 – Legitimação:

Aqui mencionaremos uma regra que será comum a quase todas impugnações eleitorais, que é a seguinte:

A legitimação para as impugnações eleitorais costuma ser aferida à quatro pessoas ou órgãos:

(1°) Qualquer Candidato(2°) Partido Político

(4°) Ministério Público Eleitoral -

Obs.1: Qualquer Candidato pode ajuizar ação de impugnação de registro de candidatura só em relação ao seu pleito, ou seja, o candidato só pode impugnar a candidatura de terceiro se o terceiro participar da mesma eleição que ele participa, pois só assim ele terá interesse processual. Se um candidato tentar impugnar o registro de candidato que participa de outra eleição faltará a ele interesse processual (Ex: O candidato Lula pode impugnar a candidatura do candidato Geraldo Alckimim, pois eles participam da mesma eleição (Presidente da República), mas não poderá impugnar a candidatura, p. ex., do Sérgio Cabral, pois ele participa da eleição de Governador).

Obs.2: O partido político só pode promover essa ação se não estiver coligado. Caso o partido esteja coligado quem terá legitimidade ativa para promover a ação será a coligação (essa questão foi perguntada na última prova do Ministério Público RJ), caso o partido político coligado venha promover a ação está será extinta, pois o partido político coligado é parte ilegítima.

Obs.3: Ministério Público Eleitoral não é uma instituição, Ministério Público Eleitoral é uma função, a rigor exercida pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público Estadual (essa questão foi perguntada no 23° Concurso do MP-RJ). Se vocês repararem a Constituição, art. 128, vocês vão perceber que ela não menciona o ministério público eleitoral, a Constituição apenas faz menção ao Ministério Público Federal, Estadual, Militar e do Trabalho.

Se você quiser ser mais específico aqui você pode dizer o seguinte: Há três níveis hierárquicos no Ministério Público Eleitoral, um deles ocupado pelo MP Estadual, e dois deles ocupados pelo MP Federal. Em 1° Instância, ou seja, no Juízo Eleitoral, atua o Promotor Eleitoral, que é membro do Ministério Público do Estado. Perante os Tribunais Regionais Eleitorais atuam os Procuradores Regionais Eleitorais, que são membros do Ministério Público Federal. Perante o Tribunal Superior Eleitoral, atua o Procurador Geral Eleitoral, que também é membro do Ministério Público Federal.

Bizu: Por isso é que o Ministério Público do Estado só faz pergunta sobre o pleito local(Prefeito e Vereador), pois só nessa eleição é que ele atua.

5 – Decisão:

Decisão é uma re-leitura do objeto. Vamos parar e pensar o seguinte: Nós já dissemos que existe um objeto invariável, que é a declaração de inelegibilidade, e existe outro objeto que varia conforme o momento em que a ação é julgada, podendo ser negação do registro da candidatura, cancelamento do registro de candidatura ou declaração de nulidade da diplomação.

Se for anterior ao registro de candidatura nós verificamos que há duas conseqüências: Declaração de Inelegibilidade do candidato e Negação do Registro de Candidatura, então a rigor nós temos uma decisão meramente declaratória e uma decisão condenatória, porque nós vamos declarar o

candidato inelegível, e vamos condenar o Estado a não conceder o registro (obrigação de não fazer).

Se for posterior ao registro de candidatura e anterior a diplomação nós verificamos que há duas conseqüências: Declaração de Inelegibilidade do candidato e Cancelamento do Registro de Candidatura, então a rigor nós temos uma decisãomeramente declaratória e uma decisão constitutiva, porque nós vamos declarar o candidato inelegível, e vamos desconstituir o registro que foi dado (Constitutiva negativa).

Se for posterior a diplomação nós verificamos que há duas conseqüências: Declaração de Inelegibilidade do candidato e Declaração de Nulidade da Diplomação, então a rigor nós temos uma decisão duplamente declaratória, porque nós vamos declarar o candidato inelegível, e vamos declarar nula a diplomação.

Nota 1: Lei Complementar n° 64/90, art. 3°, § 2° - “Não poderá impugnar o registro de candidato o representante do Ministério Público que nos quatro anos anteriores tenha disputado cargo eletivo, integrado diretório de partido ou exercido a atividade político- partidário”. Confrontem esse dispositivo com a Lei Complementar n° 75/93, (Lei Orgânica do Ministério Público da União), art. 80 “A filiação a partido político impede o exercício das funções eleitorais por membros do Ministério Público até dois anos do cancelamento”. Reparem que as leis estipulam prazos diferentes, uma fala em quatro anos e a outra fala em dois anos, reparem ainda que uma é mais ampla que a outra, pois a primeira fala que não pode postular ação e a segunda fala que não poderá exercer atividade eleitoral. Pergunta-se: Qual lei aplicar? Só lembrando que a partir da Emenda Constitucional n° 45 a atividade partidária por membro do MP está completamente vedada (art. 128, § 5°, II, alínea “e” CRFB). Visto isso, em prova eu faria a seguinte pergunta:

Membro do Ministério Público que cancelou sua filiação à três anos pode promover a ação de impugnação ao registro de candidatura?

Resposta: O membro do Ministério Público poderá ser designado Promotor Eleitoral, pois já transcorreu o tempo mínimo (2 anos) exigidos na LC n° 75/93 para que ele exerça atividade eleitoral. Agora, enquanto Promotor Eleitoral, quanto a possibilidade de promover a ação de impugnação ao registro de candidatura há uma controvérsia envolvendo os dois principais autores de direito eleitoral.

O Prof° Emerson Garcia (Titular Banca Eleitoral - MP) entende que o promotor que tiver cancelado sua filiação a três anos não pode promover essa ação, pois ele aplica a LC n° 64/90, art. 3°, § 2° por ser mais específica que a outra (Princípio da Especialidade). Dessa forma, para esse professor o membro do MP poderia ser nomeado Promotor Eleitoral, mas ficaria durante o tempo que falta para completar dois anos numa situação intermediária, pois poderia

ajuizar qualquer outra forma de impugnação, menos a ação de impugnação do registro de candidatura, pois se presume que dentro dos quatro anos ele ainda esteja ligado ao partido, dessa forma não seria imparcial.

O Prof° Joel Cândido entende que após dois anos o membro do MP poderia exercer plenamente a função eleitoral, inclusive podendo postular a ação de impugnação do registro de candidatura. Ele fundamenta sua posição na Lei Complementar n° 75/93, art. 80. Portanto, ele não fundamenta no critério da especialidade, ele fundamenta no critério cronológico, ou seja, malgrado não seja a norma mais específica é a norma mais nova.

Jurisprudência no sentido do Prof° Emerson Garcia (Resolução TSE n° 20.100 de 1998, art. 22, § 3°)

Nota 2: Reparem que foi dito que qualquer candidato é parte ativa legítima,

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