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Capítulo III. Descrição e análise das experiências de ensino-aprendizagem

2. Experiências de ensino-aprendizagem desenvolvidas no âmbito da Educação

2.3. Ação de sensibilização dinamizada pela GNR

No dia 15 de janeiro de 2018 durante o período da tarde, realizou-se uma ação de sensibilização dinamizada pela GNR4, devidamente tendo como objetivo desmistificar algumas ideias erradas sobre esta força militar de segurança pública, bem como esclarecer quais as suas principais funções e abordar regras de segurança rodoviária através de um diálogo em grande grupo na sala. Neste sentido, corroboramos as palavras de Mendonça (1994) ao referir que

tendo presente que, a nível profissional, se enquadra institucionalmente no sistema educativo, a educadora cooperará com os pais, familiares, pessoas-recurso da comunidade. Interessar-se-á pela acção e grau de influência que esses elementos mantêm junto das crianças, cooperará em projetos comunitários de interesse para a sua acção pedagógica e que visam a criança (pp.40-41).

Com a entrada dos 4 profissionais da GNR na sala, foi possível observar diferentes reações vindas das crianças. Uma delas revelou receio, procurando um lugar perto da estagiária de apoio, porém uma outra revelou um grande à-vontade perante a sua presença, sempre com um sorriso no rosto. Apesar destas duas crianças, com personalidades diferentes, revelarem um comportamento distinto, pudemos ainda observar e constatar que outras manifestaram medo e insegurança com a presença da autoridade fardada, relacionando-as com as formas de ameaça referidas anteriormente nos diálogos que tínhamos estabelecido.

Os profissionais da GNR com recurso ao quadro interativo e uma exposição digital elaborada em PowerPoint com diversas fotografias e alguma informação acerca das suas funções, bem como as principais regras e sinais de trânsito, a ação decorreu de forma dinâmica, na qual todas as crianças participaram, à medida que se dialogava, respondendo às questões colocadas (vide figura 6).

Figura 6. Ação de sensibilização dinamizada pela GNR

Inicialmente o grupo foi cumprimentado e interrogado acerca dos elementos presentes. Em coro as crianças responderam que eram “polícias”. Na tentativa de fazer com que o grupo compreendesse que os elementos presentes pertenciam à Guarda Nacional Republicana e não à Polícia de Segurança Pública, interrogou-se o grupo sobre as funções da GNR, mas nenhuma criança soube responder. Prosseguindo o diálogo, os profissionais da GNR presentes tentaram, então, esclarecer acerca das suas funções, questionando as crianças, como se pode ler no diálogo registado e que apresentamos:

GNR: O que faz a GNR? Quem manda parar os carros? (ninguém respondeu)

Quem é que apanha os maus?

Todos: A polícia!

GNR: Eles não matam, mas apanham os maus. Os maus têm pistolas? (ninguém

respondeu). Nós não fazemos mal aos meninos, somos amigos. A GNR anda nas aldeias e a Polícia de Segurança Pública anda nas cidades. Fazemos um pouco de tudo por exemplo: procuramos velhinhos com os cães, andamos a cavalo…

Sara: Eu já vi esse carro! (apontado para a imagem do carro da GNR). A maioria respondeu: Não vi!

GNR: Não devem ter medo de nós! Também vigiamos os incêndios e fazemos

trabalho investigativo, por exemplo quando os maus assaltam as casas das pessoas.

Depois de serem dados exemplos sobre qual o seu papel na sociedade, principais funções e zonas de intervenção, os profissionais abordaram algumas regras promotoras de segurança rodoviária com o objetivo de consciencializar o grupo sobre várias situações vivenciadas em ambientes exteriores à escola, nomeadamente a rua, visando comportamentos promotores de uma integração segura do indivíduo e da criança em ambiente rodoviário. Tendo em conta o diálogo discorrido e as respostas às questões colocadas, revelou-se que existiam crianças que possuíam a noção de algumas regras, como por exemplo, quando se questionou se Quando passeamos na rua, podemos andar pelo meio da estrada?, uma criança respondeu imediatamente Não. Pelo passeio!. Perante as questões colocadas acerca dos semáforos, houve uma criança que demonstrou saber quais as cores exatas deste tipo de sinal, bem como as respetivas prioridades, nomeadamente avançar quando se apresenta verde, avançar com cuidado quando se apresenta amarelo e parar quando se apresenta vermelho.

Numa segunda fase, o grupo de crianças dirigiu-se para o polivalente para serem consolidados os aspetos inicialmente abordados, proporcionando-se uma aprendizagem direcionada para a prevenção e segurança rodoviárias de uma forma lúdica e interativa,

através da experimentação de várias situações de trânsito. Foi dada, assim, a cada criança a oportunidade de pedalar num carro miniatura, percorrendo um determinado circuito, respeitando todos os sinais de trânsito nomeadamente os semáforos e os sinais de obrigação, tendo sido todo este material disponibilizado pela GNR (vide figura 7).

Figura 7. Criança a circular no carro disponibilizado pela GNR

Em suma, com esta iniciativa e a visita da GNR voltada para a sua identidade e principais funções, que posteriormente foi conduzida para a Prevenção Rodoviária, revelou- se pertinente no que diz respeito à aprendizagem, ao conhecimento e ao contacto com novas realidades, bem como à valorização desta instituição. Sustentadas em Canário (2005) consideramos que para dar pertinência à educação educativa torna-se necessário a abertura da escola ao contexto local, o que exige uma articulação entre instituições diversificadas, tendo em comum responsabilidades sociais e educativas comuns.

Apesar de, no final, as crianças conseguirem perceber que os elementos presentes pertenciam à GNR, no qual os denominaram de “Guardas”, continuaram a confundir a PSP com a GNR, sendo que, para todos os efeitos, consideraram que são ambas a polícia, como se pode compreender através do diálogo, pois as crianças referiam sempre esta instituição (polícia).