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Colagem [“O Elefante Diferente (que espantava toda a gente)”]

Capítulo III. Descrição e análise das experiências de ensino-aprendizagem

3. Experiências de ensino-aprendizagem desenvolvidas no âmbito do 1.º Ciclo do

3.2. Colagem [“O Elefante Diferente (que espantava toda a gente)”]

No dia 21 de maio de 2018, na aula de Expressões Artísticas e Físico-Motoras, nomeadamente no domínio referente à Educação e Expressão Plástica, que decorreu no momento da tarde, foi solicitada às crianças uma atividade na qual teriam que criar uma ilustração a respeito da obra introduzida na aula de português [“O Elefante Diferente (que espantava toda a gente)”], de Manuela Castro Neves e Madalena Matoso, através da técnica de recorte e colagem.

Num primeiro momento questionaram-se as crianças acerca dos locais onde a personagem principal (o Elefante Diferente), no seu dia a dia, se deslocava com a sua tromba. Uma das crianças respondeu: Ao salão de chá (Martinho). Outra acrescentou À discoteca (Tomás) e uma outra Ao supermercado (Lara). Tendo em conta estas respostas percebi que as crianças estiveram atentas à história e memorizaram os locais por onde passou a personagem principal. Mas um dia o elefante perdeu a sua tromba e resolveu procurá-la.

Partindo da realidade e da experiência social da criança, o educador/professor tenta satisfazer as curiosidades das crianças, suscitando novas observações, provocando diversificadas vivências e utilizando, para isso, os seus melhores recursos (Mendonça, 1994).

Sustentadas em Mendonça (1994) propôs-se às crianças que imaginassem que a personagem principal era da localidade de Bragança e procurava a sua tromba e que se deslocou a todas as intuições para a encontrar.

Questionou-se as crianças acerca dos locais que poderiam ser tidos em conta para serem registados e listados no quadro branco da sala. Surgiram de imediato respostas: GNR (Bernardo); Polícia (Luísa); Hospital (Tomás); Bombeiros (Leonor); Escola (Lucas) Supermercado (Afonso). Ao longo do diálogo mantido com as crianças, percebemos que estas nomearam instituições do meio local conhecidas, estando muitas delas situadas perto da escola.

Depois de ouvirmos as crianças e de procedermos ao registo no quadro branco, foi disponibilizado, a cada criança, um suporte para registo gráfico (folha de desenho branca de tamanho A4), vários recortes de papéis coloridos e de diversos tipos e tamanhos para

realizarem, através do recorte e colagem, uma ilustração que representasse o “Elefante Diferente” no momento em que encontrou a sua tromba numa das instituições da cidade de Bragança.

Foi indicado, posteriormente, que cada criança no seu suporte registasse o local apresentado, tendo também a oportunidade de utilizar o lápis de carvão para melhorar o resultado final do seu trabalho.

À medida que foram disponibilizados os materiais, o grupo de crianças demonstrou entusiasmo e vontade de participar, sendo que desde o início do estágio o grupo revelou especial interesse em atividades do género. No momento inicial algumas das crianças revelaram alguma dificuldade em começar a tarefa visto que admitiram não saberem ao certo o que fazer. Pelo contrário, outras fizeram rapidamente uso dos materiais e começaram a tarefa proposta sem qualquer constrangimento ou dificuldade.

Estando as crianças distribuídas a pares conforme os seus lugares nas mesas, ao longo da tarefa demonstraram saber partilhar os recursos com o colega do lado, mas por vezes mostravam interesse pelo que os outros colegas utilizavam. Ao supervisionarmos a atividade e ao verificarmos o sucedido, abordamos o grupo e informamos que podiam trocar de material entre pares, verificando-se posteriormente que essa informação surtiu efeito. Ao longo das atividades fomos acompanhando as crianças e experienciamos que estas estavam dedicadas em elaborar o seu trabalho, trocavam de materiais para uso próprio e compunham a sua ilustração com criatividade e muita imaginação. Concordamos assim com Vayer e Destrooper (1993) quando referem que na escola se deve deixar que a criança exprima a sua

imaginação em certos domínios e circunstâncias, pois “a imaginação tende a tornar-se um produto como os outros conhecimentos” (p.21).

À medida que abordávamos cada criança, estas informavam-nos, de forma natural, qual a instituição que estavam a representar e questionavam se estava bonito. Algumas crianças revelaram dificuldade em elaborar o elefante (a personagem principal) referindo que não sabiam desenhar (vide figura 11).

Figura 11. Criança no momento da colagem

Apesar do tempo destinado à aula corresponder apenas a 1 hora, o grupo de crianças conseguiu avançar com o trabalho pretendido, embora algumas não tivessem tido tempo suficiente para o terminar, motivo que conduziu a alguma desmotivação no final. Esta desmotivação percebemo-la nas expressões faciais das crianças e na rapidez com que tentavam terminar. Durante a atividade, apesar do grande ruído e alguma agitação provocada pela troca de material entre pares, consideramos que as crianças interagiram de forma saudável e conseguiram também centrar-se no seu trabalho individualmente de forma empenhada e interessada e, neste sentido, conseguiram, com mais ou menos propriedade, responder ao que lhes foi solicitado. Apesar das dificuldades que cada criança sentiu, cada uma tentou ultrapassá-las pedindo ajuda ou optando por outras estratégias para a sua realização.

Na análise que realizamos dos trabalhos produzidos consideramos que foi notório que as crianças tiveram em conta a principal característica da personagem principal, evidenciada pela forma como elaboraram a tromba do elefante e, em alguns casos, fizeram- na num tamanho exagerado. Em algumas produções também foi visível que existiu uma maior preocupação em elaborar o elefante, esquecendo-se da instituição. Em todas as produções também percebemos que as crianças procuraram variar o tipo de papel utilizado para a elaboração do trabalho. Por fim, nem todas as crianças registaram qual a instituição em que pensaram, mas em compensação, alguns dos trabalhos evidenciam, de forma

explícita, através da composição feita, a instituição em questão. Como exemplo apresentamos a figura seguinte (vide figura 12).

Figura 12. Colagem realizada por uma das crianças

Segundo o que consta na Organização Curricular e Programas de Expressão e Educação Física-Motora, Musical, Dramática e Plástica do 1.º Ciclo do Ensino Básico:

o ensino básico constitui-se como a etapa da escolaridade em que se concretiza, de forma mais ampla, o princípio democrático que informa todo o sistema educativo e contribui por sua vez, decisivamente, para aprofundar a democratização da sociedade, numa perspectiva de desenvolvimento e de progresso, quer promovendo a realização individual de todos os cidadãos, em harmonia com os valores da solidariedade social, quer preparando-os para uma intervenção útil e responsável na comunidade (p.11).