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AÇÃO DECLARATÓRIA

No documento Ações Constitucionais Teoria e Prática (páginas 79-95)

A Ação Declaratória de Constitucionalidade é uma es- pécie de controle concentrado no Supremo Tribunal Federal que visa declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo fede- ral que esteja em consonância com a Constituição de 1988. A ADC foi criada com a emenda constitucional 3 de 1993.

As Ações Declaratórias de Constitucionalidade e as Ações Diretas de Inconstitucionalidade possuem sentidos contrá- rios. Quando a Corte declara uma norma inconstitucional isso significa que ela não é constitucional.

A ADC e a ADI são ações dúplices ou ambivalentes. A procedência da ADC significa a improcedência da ADI. Então se a ADI for de lei ou ato normativo federal, a improcedência pode- ria ser assim entendido como procedente em ADC. Mas se se tra- tar de lei ou ato normativo estadual a resposta seria não ambiva- lente, pois o STF não julga ADC originária de lei ou ato normati- vo estadual.

O STF reconheceu, na ADI 5.316/DF de relatoria do Mi- nistro Luiz Fux, que é possível a reunião das duas ações que dis- cutem o mesmo dispositivo. Isso ocorreu na interposição de ADI e ADC discutindo a inconstitucionalidade e a constitucionalidade da emenda constitucional 88 de 2015 que estendeu a aposentado- ria compulsória integral aos Ministros para os 75 anos. Assim, a ADI e a ADC podem ser reunidas em uma única ação.

O Supremo Tribunal Federal julgou até hoje poucas ações declaratórias de constitucionalidade. Entre essas ações podería- mos destacar a ADC de número 1954 julgada em fevereiro de 2012

que confirmou a constitucionalidade da lei Maria da Penha.

54 Os legitimados da ADC, no momento de surgimento, em 1993, eram apenas: o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados e o Procurador-Geral da República.

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10.1. Cabimento

É cabível a ADC somente quando houver controvérsia

judicial relevante sobre a aplicação de lei ou ato normativo fede- ral, conforme art. 14, II da Lei 9.868/99. Para a propositura dessa ação deverão estar presentes: dispositivo de lei ou ato normativo questionado; a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição do objeto da ação declaratória de cons- titucionalidade.

10.2. Legitimados

Os legitimados da ADC são os mesmos55 da ADI e estão

previstos no artigo 103 da Constituição sendo: o Presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesa da Câmara dos Deputados; a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Le- gislativa do Distrito Federal; o Governador de Estado ou do Dis- trito Federal; o Procurador-Geral da República; o Conselho Fede- ral da Ordem dos Advogados do Brasil; partido político com re- presentação no Congresso Nacional; confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

As ações constitucionais possuem duas espécies de legi- timados: os especiais e os universais. A diferença entre eles é que os primeiros precisam demonstrar pertinência temática para a propositura da ação. Estão previstos na Constituição e na Lei 9.868/99, art. 2°, incisos IV, V e IX. Os demais legitimados do citado artigo são universais e podem propor ADC independen- temente de qualquer comprovação, pois sabemos que atuam na preservação dos interesses sociais.

55 A Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, em seu voto, observou que julgamentos como o da Maria da Penha significa para a mulher que a luta pela igualação e dignificação está longe de acabar. Não é que não discriminem; não manifestam essa discriminação, a luta pelos direitos humanos continua.

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10.3. Competência

A competência para julgar a ADC é do Supremo Tribu- nal Federal. A Constituição Federal no art. 102, inciso I, alínea “a” assegura que compete ao Supremo Tribunal Federal à guarda da Constituição, cabendo lhe processar e julgar a ação direta de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. O STF não faz controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo esta- dual e nem municipal, em ADC.

10.4. Participação do AGU e PGR

A participação do Advogado-Geral da União, não é obri- gatória, pois a ação visa declarar que a norma é constitucional. No entanto o Procurador-Geral da República deverá ser notifica- do para manifestar no prazo de 15 dias. A lei não admite inter- venção de terceiros, salvo o amicus curiae.

10.5. Medida Cautelar

O artigo 21 da Lei 9.868/99 assegura que o Supremo Tri- bunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade. Tal medida visa a determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo.

A concessão da medida cautelar serviria para determinar que juízes e tribunais do país não pudessem afastar a incidência de qualquer dos preceitos da lei nos casos concretos, evitando decisões conflitantes.

A concessão da cautelar terá duração de apenas 180 dias. Portanto o STF terá que julgar a ação no prazo citado sob pena de perda de sua eficácia. Lembrando que para toda concessão de

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medida cautelar devem estar presentes os requisitos fumus boni

iuris e periculum in mora.

10.6. Efeitos

Os efeitos da decisão de mérito em ADC é ex tunc e erga

omnes. Isso significa que seus efeitos são retroativos e servem

para todos.

O STF poderá modular os efeitos da decisão, com espe- que no art. 27, da Lei 9.868/99. A Corte poderá restringir os efei- tos da decisão ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento venha a ser fixado.

O efeito vinculante foi criado, em 1993, somente para as Ações Diretas de Constitucionalidade. No entanto, em 2004, com a reforma do Poder Judiciário, esse efeito foi estendido para as decisões em ADI.

10.7. Recursos e Ação Rescisória

A Lei 9.868/99, no art. 26, assegura que a decisão que de- clara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ação direta ou em ação declaratória é irre- corrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios. Igualmente não será admissível a ação rescisória.56

10.8. Dos Pedidos

Os pedidos principais na ação declaratória de constitu- cionalidade são: concessão da medida cautelar para que os juízes e tribunais suspendam o julgamento dos processos, a fim de evi- tar decisões conflitantes, nos termos do art. 21 da Lei 9.868/99; oitiva do PGR que deverá se pronunciar no prazo de 15 dias, conforme art. 19; intimação do órgão ou autoridade responsável

56 O artigo 138 da Lei 13.105/15 considera o amicus curiae como forma de intervenção de tercei- ro, portanto, admissível.

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pela elaboração do dispositivo controverso para prestar informa- ções, art. 6°; a declaração da constitucionalidade; a juntada da cópia do ato normativo questionado, conforme art. 14, parágrafo único.

A toda causa será atribuída um valor, conforme art. 291 do Código de Processo Civil, ainda que não tenha conteúdo aferível.

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11. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO

A Arguição de Descumprimento de Preceito Funda- mental surgiu com a Constituição de 1988 e foi regulamentada apenas em 1999. Alguns autores equivocam afirmando que sur- giu com a emenda constitucional 03 de 1993. Essa informação não é correta, pois desde o texto originário o citado controle de preceito fundamental já se fazia presente no artigo 102, parágrafo único. A citada emenda apenas renumerou os parágrafos pas- sando a constar no artigo 102, § 1°.

O que é preceito fundamental? É um conjunto de princí- pios e normas materialmente constitucionais alocadas na Consti- tuição formal. São fundamentos e objetivos da República, assim como os princípios. São vetores das demais normas constitucio- nais.

O professor Cássio Juvenal Faria, em aula privativa aos alunos do Complexo Jurídico Damásio de Jesus, afirmou que são exemplos de preceito fundamental os artigos 1º, 3º, 4º, 5º, 6º, 14, 18, 34, inciso VII, 60, §4º, 170, 196 e 225 da Constituição.

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamen- tal é espécie de controle concentrado que visa a evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da Constituição em virtude de ato do poder público ou de controvérsia constitucional em relação à lei ou ato normativo federal, estadual, municipal, inclusive ante- rior à Constituição.

As grandes questões no direito brasileiro hoje são resolvi- das por Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. Entre as grandes questões pode-se citar a ADPF 54 que tratou da antecipação terapêutica de parto de feto anencefálico. A ADPF 101 que assegurou a proibição da importação de pneus usados. A ADPF 130 que julgou como não recepcionado a lei de imprensa, Lei 5.250 de 1967. A ADPF 132 proposta pelo Governador do Rio

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de Janeiro que admitiu a união homoafetiva.57 A ADPF 186 que discutiu as cotas raciais. A ADPF 187, conhecida como “marcha da maconha”, que visa dar interpretação conforme a Constituição, ao artigo 287 do Código Penal. A ADPF 347 que discute a inter- venção do Judiciário no sistema prisional com base no Estado de Coisa Inconstitucional.

O XX concurso do exame da OAB, organizado pela banca Fundação Getúlio Vargas, exigiu, como peça prática, a impetra- ção de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Funda- mental.

11.1. Cabimento

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, prevista no artigo 102, § 1º, da Constituição Federal foi regula- mentada pela Lei nº 9.882/99. É um instrumento que se volta contra atos dos Poderes Públicos que importem em lesão ou ameaça a preceitos fundamentais da Constituição.

O seu cabimento é necessário desde que preencha dois re- quisitos. O primeiro é que exista lesão ou ameaça a preceito fun- damental causado por ato dos Poderes Públicos. O segundo é que não haja nenhum outro instrumento apto a sanar esta lesão ou ameaça.

A ADPF é um instrumento que veio sanar um problema que não era suprido pelo controle abstrato. Trata-se na possibili- dade de levar ao Poder Judiciário, os objetos municipais e as de- mandas anteriores e posteriores à Constituição de 1988. Entretan-

57 Direitos fundamentais. Uniões homoafetivas. Servidor público. Normas estaduais que impedem a equiparação do companheiro de relação homoafetiva como familiar. Preliminares. Conhecimen- to parcial da ação. Falta de pertinência temática e de interesse processual. Mérito: observância dos direitos fundamentais à igualdade à liberdade. Exigências do bem comum. Direito compara- do. Decisões dos Tribunais Superiores. Manifestação pelo conhecimento parcial da ADPF para que, nessa parte, seja julgado procedente, sem pronúncia de nulidade, com interpretação con- forme a Constituição, a fim de contemplar os parceiros de união homoafetivas no conceito jurídi- co de família.

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to é importante frisar que somente é cabível a citada ação que não houver, na via principal, outra forma de controle.

O Supremo Tribunal Federal entendeu que o texto de norma que dispõe sobre a ADPF é de eficácia limitada, sendo necessária a edição de uma lei editando o seu processo e o jul- gamento.

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental só é cabível quando não existir outra ação capaz de sanar a lesi- vidade. Portanto esta ação tem um caráter residual e subsidiária. Além do citado princípio deve-se obedecer ao Juízo de relevân- cia da matéria constitucional porque não é qualquer lesão a pre- ceito fundamental que enseja a propositura de ADPF, mas so- mente aquelas relevantes. Esse é um requisito implícito, que é constantemente reiterado pelo Supremo.

11.2. Princípio da Subsidiariedade

A Arguição de Descumprimento de Preceito Funfamental é uma ação subsidiária. O artigo 4° § 1o da Lei 9.882/99 assegura

que não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.

11.3. Legitimados

A Constituição, em rol exaustivo, dispôs sobre os legiti- mados a propor a arguição de descumprimento de preceito fun- damental. Os legitimados são os mesmos da ADI, ADC e ADO, conforme previsto no art. 103, sendo: o Presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesa da Câmara dos Deputados; a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; o Governador de Estado ou do Distrito Federal; o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partido político com representação no

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Congresso Nacional; confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

O instituto da pertinência temática está previsto na mesma forma da ADI. Assim a Mesa da Assembleia Legislativa, o Governador de Estado ou do DF e a Confederação Sindical ou entidade de classe de âmbito nacional devem possuir interesse no objeto da ADPF.

Os legitimados se dividem em universais, que são aqueles que não precisam de demonstrar pertinência temática, e os espe- ciais, que necessitam apresentar interesse relevante. Os primeiros estão previstos no art 103, nos incisos I, II, III, VI, VII e VIII; os segundos estão no mesmo artigo, nos incisos IV, V e IX, da Cons- tituição.

O Supremo Tribunal Federal decidiu na ADPF 363 que as entidades sindicais de primeiro grau de as federações de segun- do grau, mesmo sendo de âmbito nacional, não dispõem legiti- midade para impetrar a ação, perante o STF, em sede de controle abstrato. A jurisprudência da Corte é consolidada em reconhecer que apenas as confederações sindicais, dentre as entidades e or- ganizações que compõem a estrutura sindical brasileira, tem o poder de ativar a jurisdição constitucional de controle abstrato no Supremo.

11.4. Competência

O Constituição no art. 102 § 1.º assegura que compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Consti- tuição, cabendo-lhe a arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

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A ação será julgada, após a oitiva dos órgãos ou autori- dades responsáveis pelo ato questionado, bem como o Advoga- do-Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo comum de cinco dias.

A intervenção do Ministério Público segue o mesmo mo- delo das demais ações. O PGR, além de ser um dos legitimados para a referida ação, ainda deve sempre intervir no feito.

O AGU deve exercer a tarefa de curador da presunção de constitucionalidade, assim como na ADI.

11.6. Efeitos

Os efeitos da ADPF são erga omnes e ex tunc, sendo pos- sível a modulação de efeitos, nos termos do artigo 11 da Lei 9.882/99. A modulação permite que o Supremo Constitucional Federal conceda, por razões de segurança jurídica ou de excepci- onal interesse social, mediante o voto de 2/3 dos Ministros, o efeito pró-futuro.

11.7. Medida Cautelar

A medida cautelar é possível com o objetivo de sustar a eficácia do dispositivo que se julga incompatível com a Consti- tuição, nos termos do art. 5o da Lei 9.882/99. O dispositivo afir-

ma que o Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria ab- soluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida limi- nar. Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a limi- nar, monocraticamente, ad referendum do Tribunal Pleno. O legis- lador concedeu essa competência para o relator e não para o pre- sidente do Tribunal.

A cautelar é concedida demonstrando o fumus boni iuris e o periculum in mora que são requisitos essenciais para o deferi- mento da medida.

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11.8. Pedidos

Os pedidos mais relevantes na ação direta por omissão podem ser assim colacionados: concessão da medida cautelar para sustar a eficácia do dispositivo em análise, até o julgamento do pleito, nos termos do art. 12-F; a intimação da entidade res- ponsável pela edição da norma para prestar informações no pra- zo de 30 dias, art. 6°, parágrafo único; oitiva do PGR para que emita parecer em 15 dias, art. 12-E, § 3°; que seja declarada a omissão inconstitucional parcial ou total da entidade responsável na elaboração da lei exigida pelo dispositivo em análise do caso concreto, nos termos do art. 12-B, I; juntada dos documentos que comprovam a omissão, conforme art. 12-B, parágrafo único.

A toda causa será atribuída um valor, conforme art. 291 do Código de Processo Civil, ainda que não tenha conteúdo afe- rível.

A ADPF e a ADI são duas ações distintas que não devem ser confundidas. Observe o quadro comparativo abaixo atentan- do-se para as diferenças.

ADI ADPF

Objeto: lei ou ato normativo federal ou estadual.

Objeto: ato do Poder Público. Padrão de confronto: afronta a qual-

quer regra da Constituição Federal Padrão de confronto: evitar ou repa-rar lesão a preceito fundamental.

A lei ou ato normativo que viola al- guma regra da Constituição vigente, durante a sua vigência.

É cabível ainda que o ato pode violar o direito pré-constitucional (de Cons- tituições anteriores a 1988).

O ato é normativo em razão da abs- tração dos seus comandos e da gene- ralidade de seus destinatários.

Pode ser qualquer ato, embora nor- malmente seja normativo. O ato tam- bém pode ser Municipal.

Fonte: ANDRADE, Geraldo e TORRES, Tiago. Ações Constitucionais - Teoria e Práti- ca.BH: Conhecimento, 2018

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12. INTERVENÇÃO FEDERAL

A Intervenção Federal (IF) é espécie de controle concen- trado que visa a declarar a inconstitucionalidade de uma condu- ta de Estado membro ou do Distrito Federal que descumpre princípios sensíveis. A Intervenção Federal poderá ser chamada de Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva ou também Representação Interventiva e regulamentada pela Lei 12.562/2011.

A Intervenção Federal surgiu inicialmente dentro do controle difuso e foi adotada no Brasil pela Constituição de 1934 e não tem aplicação desde 1967. É bom deixar claro desde o início que não cabe intervenção da União no Município.

A regra é a não intervenção de um ente no outro, respei- tando o pacto federativo. A Constituição estabelece, no art.18, que a organização político-administrativa da República Fe-

derativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Dis-

trito Federal e os Munícipios, todos autônomos. Portanto,

os entes são autônomos e não devem interver na esfera de

outrem. Entretanto, a Constituição Federal traz exceções à

regra, o que estabelece situações em que haverá a inter-

venção, conforme arts. 34 e 35.

O objeto da IF é a lei ou ato normativo, ou omissão,

ou ato governamental estaduais que desrespeitem os

princípios sensíveis da Constituição Federal.

O legitimado ativo é apenas o Procurador-Geral da Re- pública, conforme art. 36, III, da Constituição Federal.

A ação direta de inconstitucionalidade interventiva, ao contrário das demais ações, tem como único legitimado o Procu- rador-Geral da República. O artigo 36, inciso III assegura que a intervenção dependerá de provimento, do Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, em

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caso de descumprimento dos princípios sensíveis, do inciso VII do citado art. 34 da Constituição.

A legitimação passiva será o Estado ou Distrito Federal que deverá prestar as informações em 30 dias.

A legitimação no âmbito estadual, com base no princí- pio do paralelismo constitucional ou princípio da simetria, per- tence ao Procurador Geral de Justiça que poderá propor Inter- venção Federal no Tribunal de Justiça do respectivo Estado.

A doutrina então faz uma divisão em intervenção espon- tânea e provocada. A intervenção espontânea independe de re- quisição e ocorrerá excepcionalmente para: manter a integridade nacional; repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Fe- deração em outra; pôr termo a grave comprometimento da or- dem pública; e reorganizar as finanças da unidade da Federação que suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; ou deixar de en- tregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constitui- ção, dentro dos prazos estabelecidos em lei.

A intervenção provocada poderá ocorrer para garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federa- ção; prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; e para assegurar a aplicação dos princípios sensíveis.

Os princípios sensíveis, conforme expressão utilizada por Pontes de Miranda, são: forma republicana, sistema repre- sentativo e regime democrático; direitos da pessoa humana; au- tonomia municipal; prestação de contas da Administração Públi- ca, direta e indireta; aplicação do mínimo exigido da receita re- sultante de impostos estaduais compreendidos a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Esse último princípio sensível foi acrescentado pela emenda constitucional 29/2000.

A petição inicial deverá conter: a indicação do princípio constitucional que se considera violado ou, se for o caso de recu-

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sa à aplicação de lei federal, das disposições questionadas; a indi- cação do ato normativo, do ato administrativo, do ato concreto ou da omissão questionados; a prova da violação do princípio

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