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Ação Popular Art 5º ( )

No documento Gestão Participativa (páginas 79-83)

controle social mediante ações judiciais Na sequência, serão objeto de esclarecimento as medidas judiciais colo-

11.1 Mecanismos de participação ou controle social mediante ações

12.1.1 Ação Popular Art 5º ( )

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular o ato lesivo ao patrimônio público ou de en- tidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

Constituem formas de exercício da soberania popular o direito de sufrágio, direito de votar em eleições, plebiscitos e referendos, a iniciativa popular de lei ordinária, a possibilidade de organização e participação de partidos po- líticos, por fim, a ação popular. Essa medida, proclamada pela Constituição Federal, permite ao povo exercer judicialmente, na posição de polo ativo da ação, a função fiscalizatória dos atos do Poder Público.

A ação popular é instrumento colocado à disposição dos cidadãos (brasilei- ro nato ou naturalizado que tenha título de eleitor) com vistas à realização do controle e revisão da legitimidade dos atos administrativos. É o meio constitucional de impor obediência ao postulado da moralidade na prática dos atos administrativos. Foi introduzida no nosso ordenamento jurídico na Constituição Federal de 1934. Tem por objetivo combater o ato administra- tivo ilegal ou imoral e lesivo ao patrimônio público. Na ‘respublica’ o patri- mônio é do povo.

A ação popular é o meio adequado para o cidadão que resolve atuar indivi- dualmente para defender a coletividade. Assim, tem-se que a ação popular ampara interesses coletivos e não individuais. Há isenção de custas para que o cidadão de boa-fé possa fiscalizar adequadamente a Administração Pública. Ao final, essa medida de iniciativa popular, se julgada procedente pelo Po- der Judiciário, declara a nulidade do ato impugnado e, por decorrência, a condenação dos responsáveis ao pagamento das perdas e danos suportados pelo erário público.

Os pressupostos da demanda são três: a) a condição de cidadão brasileiro por parte do autor, pessoa natural no gozo dos seus direitos cívicos e po- líticos (devendo o indivíduo comparecer a juízo munido de seu título elei- toral); b) a ilegalidade do ato a invalidar (infringindo as normas específicas que regem sua prática ou desviando-se dos princípios gerais que norteiam a Administração Pública); c) a lesividade do mesmo ato, seja por desfalcar o erário ou prejudicar a Administração, bem como por ofender bens ou valores artísticos, cívicos, culturais, ambientais ou históricos da comunidade.

Não podem propor ação popular os estrangeiros, as pessoas jurídicas e aque- les que perderam ou tiveram declarado suspensos os seus direitos políticos. O cidadão menor de 18 (dezoito) anos deve ser assistido pelo responsável. Também não tem legitimidade para propor ação popular o Ministério Públi- co, salvo na desistência do proponente. Em regra o Ministério Público atua no processo como fiscal da lei, tendo como função zelar pela sua regulari- dade. Cabe ao Mistério Público, nas circunstâncias previstas em lei, propor Ação Civil Pública.

Na sequência, seguem algumas decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acerca do tema:

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Ementa: Administrativo e Processual Civil. Construção do Memo- rial da América Latina. Contratação de Obra Pública sem Licitação. Ação Popular. Lesividade. Composição do Órgão Julgador. Art. 115 da Lei Complementar nº 35/79. Nulidade. Sentença Condicio- nal. Inexistência. Dissídio Jurisprudencial. Não-Demonstração. (...)

2. Demonstrada, de forma efetiva e concreta, a ilegalidade ocorrida, consistente na não abertura do procedimento licitatório em descumpri- mento a Regulamento de Contratações, bem como a lesividade do ato, consubstanciada na exorbitante diferença entre o valor inicialmente es- tipulado para a construção da obra e quantia efetivamente desembolsa- da, resta comprovado, ainda que não definido o quantum devido pelos réus, a ocorrência dos pressupostos ensejadores da ação popular. (...) (STJ – REsp 146756/SP; Recurso Especial nº 1997/0061884-6; Relator Ministro João Otávio de Noronha; DJ 09.02.2004)

Ementa: Processual. Administrativo. Ação Popular. Pressupostos. Ilegalidade. Lesividade.

1. A ação popular é meio processual constitucional adequado para impor a obediência ao postulado da moralidade na prática dos atos administrativos.

2. A moralidade administrativa é valor de natureza absoluta que se insere nos pressupostos exigidos para a efetivação do regime democrático. (...)

5. A lei não autoriza o administrador público a atuar, no exercício de sua gestão, com espírito aventureiro, acrescido de excessiva promoção pessoal e precipitada iniciação contratual sem comprovação, pelo me- nos razoável, de êxito.

(...)

(STJ - EREsp 14868/RJ; Embargos de Divergência no Recurso Especial nº 2002/0013142-3; Relator Ministro José Delgado; DJ 18.04.2005)

Ensejar

v.t. Dar ensejo a. Dar ocasião de. Esperar ou espiar a oportunidade de.

e-Tec Brasil Aula 12 – Mecanismos de Fiscalização, Controle e Participação IV

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Ementa: Processo Civil – Ação Popular – Falta de Comprovação da Qualidade de Cidadão (cópia de título de eleitor) – Art. 1º, § 3º da Lei 4.717/65 – Extinção do processo no segundo grau de jurisdição – Omissão sobre a possibilidade de ser sanada a irregularidade. 1. O Tribunal de origem, ao não esclarecer porque deixava de abrir prazo para sanar a irregularidade consistente na falta de juntada de cópia de título de eleitor com a inicial de ação popular, incorreu em omissão. (...) (STJ - REsp 538240/MG; Recurso Especial nº 2003/0091046-2; Relato- ra Ministra Eliana Calmon; DJ 05.09.2005)

Ementa (...) Ação popular. Condenação. Inelegibilidade. Art. 1º, inciso I, alínea h, da LC no 64/90.

1. É vedado o uso de nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos (art. 37, ca-

put, e §1º, da Constituição Federal).

2. A utilização indevida de publicação oficial para promoção pessoal, apurada em ação popular transitada em julgado, revela desvio de fun- ção no exercício do cargo público, sendo suficiente à declaração de ine- legibilidade do candidato. (...)” (TSE - Ac. Nº 17.653, de 21.11.2000,

rel. Min. Maurício Corrêa.)

Ementa: Ação Popular. Contrato Administrativo Emergencial. Dispensa de Licitação. Nulidade. Prestação de serviço. Dano efe- tivo. Inocorrência. Vedação ao enriquecimento ilícito.

(...)

Ademais a doutrina mais abalizado sobre o tema aponta, verbis: “O primeiro requisito para o ajuizamento da ação popular é o de que o autor seja cidadão brasileiro, isto é, pessoa humana, no gozo de seus direitos cívicos e políticos, requisito, esse, que se traduz na sua qualidade de eleitor. Somente o indivíduo (pessoa física) munido de seu título eleitoral poderá propor ação popular, sem o quê será carecedor dela. Os inalistáveis ou inalistados, bem como os partidos políticos, entidades de classe ou qualquer outra pessoa jurídica, não têm quali- dade para propor ação popular (STF, Súmula 365). Isso porque tal ação

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se funda essencialmente no direito político do cidadão, que, tendo o poder de escolher os governantes, deve ter, também, a faculdade de lhes fiscalizar os atos de administração.

O segundo requisito da ação popular é a ilegalidade ou ilegiti- midade do ato a invalidar, isto é, que o ato seja contrário ao Direito, por infringir as normas específicas que regem sua prática ou por se desviar dos princípios gerais que norteiam a Administração Pública. Não se exige a ilicitude do ato na sua origem, mas sim a ilegalidade na sua formação ou no seu objeto. Isto não significa que a Constituição vigente tenha dispensado a ilegitimidade do ato. Não. O que o consti- tuinte de 1988 deixou claro é que a ação popular destina-se a invalidar atos praticados com ilegalidade de que resultou lesão ao patrimônio público. Essa ilegitimidade pode provir de vício formal ou substancial, inclusive desvio de finalidade, conforme a lei regulamentar enumera e conceitua em seu próprio texto (art. 2º, “a” a “e”).

O terceiro requisito da ação popular é a lesividade do ato ao pa- trimônio público. Na conceituação atual, lesivo é todo ato ou omis- são administrativa que desfalca o erário ou prejudica à Administração, assim como o que ofende bens ou valores artísticos, cívicos, culturais, ambientais ou históricos da comunidade. E essa lesão tanto pode ser efetiva quanto legalmente presumida, visto que a lei regulamentar es- tabelece casos de presunção de lesividade (art. 4º), para os quais basta à prova da prática do ato naquelas circunstâncias para considerar-se lesivo e nulo de pleno direito. (...)

12.1.2 Gratuidade das ações

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