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4 ANÁLISE DA PRÁTICA JURISPRUDENCIAL EM ALAGOAS

4.1 As ações civis públicas em trâmite perante a Justiça Comum Estadual

Apenas onze ações civis públicas pleiteadoras do direito fundamental à saúde tramitam perante as Varas da Fazenda Estadual em Alagoas.

Ação civil pública nº 75452-8/07, de autoria da Defensoria Pública, figurando como réu o Estado de Alagoas: uma paciente que se encontra na enfermaria do Hospital de Doenças Tropicais, em consequência de um choque anafilático em 27.03.2007, por lhe ter sido ministrado benzetacil, está em estado vegetativo, e precisa de cuidados neurológicos e de fisioterapia integrais, já que esta última ajuda a normalizar a respiração, além de um respirador, em virtude das sucessivas paradas respiratórias que vem sofrendo.

No pedido foi pleiteado que, caso a paciente venha a precisar de UTI e não exista vaga que o Estado de Alagoas seja compelido a custear o tratamento necessário, inclusive colchão especial, cama com grades, neurologista e fisioterapeuta integrais em hospital

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Neste sentido, já se pronunciou o STJ: “A decisão que determina o fornecimento de medicamento não está sujeita ao mérito administrativo, ou seja, conveniência e oportunidade de execução de gastos públicos, mas de verdadeira observância da legalidade. O bloqueio da conta bancária da Fazenda Pública possui características semelhantes ao seqüestro e encontra respaldo no art.461, § 5º, do CPC, pois trata-se não de norma taxativa, mas exemplificativa, autorizando o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, a determinar as medidas assecuratórias para o cumprimento da tutela específica”. Resp 245.696/PR, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 13.02.2007, DJ 28.02.2007, p. 222.

particular, além da multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) por hora de descumprimento da obrigação de fazer, bem como a prisão do agente público responsável, caso a multa diária não surta o efeito pretendido.

Foi concedida a tutela antecipada, nos termos do pedido.

Na contestação o Estado de Alagoas alega que a responsabilidade é exclusiva do município de Maceió, uma vez que este detém a gestão plena de assistência à saúde, art. 30, VII, da CF/88 e NOAS-SUS 01/2002, arts. 18 e 48.

Logo, a parte afeta à competência do Estado de Alagoas restringir-se-ia apenas ao fornecimento dos medicamentos constantes do programa de medicamentos excepcionais, devidamente regulamentado pela portaria GM/MS nº 2.577/MG de 17.10.2006 e SAS/MS 921/2002, solicitando, assim, a inclusão do município de Maceió como litisconsorte passivo necessário.

O Ministério Público optou pela procedência do pedido.

Ação civil pública nº 52960/08, de autoria do Ministério Público, figurando como réu o Estado de Alagoas: uma paciente portadora da doença diabetes melitus tipo I necessita de doses periódicas de insulina lantus. Ao procurar a Farmácia de Remédios Excepcionais (FARMEX), mantida pela Secretaria de Estadual de Saúde, fora informada que referido medicamento não é parte integrante da lista da portaria GM/MS nº 2.577/MG de 17.10.2006 e SAS/MS 921/2002, e, exatamente por isso tal medicamento estava impossibilitado de ser disponibilizado pela FARMEX.

No pedido foram pleiteadas 20 ampolas mensais do referido medicamento, bem como uma multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) por hora de descumprimento.

Foi concedida a tutela antecipada, nos termos do pedido.

Ação civil pública nº 22630/06, de autoria do Ministério Público, figurando como réu o Estado de Alagoas: quatro pacientes gestantes e portadoras do vírus HIV necessitam do medicamento Hiperprolactinemia, para inibir a produção do leite, já que não podem amamentar, e outra paciente necessita, pelo mesmo motivo, da substância Cabergolina, já que a substância Pardodel não lhe causa nenhum efeito terapêutico.

Ao procurarem a Farmácia de Remédios Excepcionais (FARMEX), mantida pela Secretaria de Estadual de Saúde, foram informadas de que referidos medicamentos não

integram a lista da portaria GM/MS nº 2.577/MG de 17.10.2006 e SAS/MS 921/2002, e, exatamente, por isso estavam impossibilitados de ser disponibilizados, pela FARMEX.

No pedido foi pleiteada a quantidade mensal suficiente para todas as pacientes dos referidos medicamentos, bem como uma multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) por hora de descumprimento.

Foi concedida a tutela antecipada nos exatos termos do pedido.

Após três meses, os medicamentos não foram disponibilizados e o Ministério Público solicitou o bloqueio das contas do Estado, para comprar os medicamentos, bem como a responsabilização do coordenador do projeto de assistência farmacêutica da Secretaria de Estadual de Saúde.

Ação civil pública nº 971/10, de autoria do Ministério Público, figurando como réu o Estado de Alagoas: um paciente portador de Neoplasia Maligna (câncer) de medula óssea necessita, mensalmente, de duas caixas de Gabapentina 300mg e uma caixa de Baclofem10mg. Ao procurar a Farmácia de Remédios Excepcionais (FARMEX), mantida pela Secretaria de Estadual de Saúde, fora informado de que os referidos medicamentos não integram a lista da portaria GM/MS nº 2.577/MG de 17.10.2006 e SAS/MS 921/2002, e, exatamente por isso estavam impossibilitados de disponibilização pela FARMEX.

Foi concedida a tutela antecipada, garantindo o fornecimento dos medicamentos, bem como multa de R$500,00 (quinhentos reais) por hora de descumprimento,

independentemente de qualquer formalidade burocrática protelatória.

Ação civil pública nº 26831-9/09, de autoria do Ministério Público, figurando como réu o Estado de Alagoas: paciente portadora de retinopatia diabética proliferativa OE necessita do medicamento Lucentis, substância ativa Ramibizumabe, ou Avastin, substância ativa Bevalizumabe. Ao procurar a Farmácia de Remédios Excepcionais (FARMEX), mantida pela Secretaria de Estadual de Saúde, fora informada de que os referidos medicamentos não integram a lista da portaria GM/MS nº 2.577/MG de 17.10.2006 e SAS/MS 921/2002, e, exatamente por isso estavam impossibilitados de disponibilização pela FARMEX.

Tutela antecipada concedida.

Ação civil pública nº 36240-4/09, de autoria do Ministério Público, figurando como réu o Estado de Alagoas: uma paciente portadora de câncer no pulmão e doença pulmonar crônica em estágio avançado necessita, a título contínuo, do medicamento Spiriva

18mg, máquina de oxigênio em seu domicílio e cateter nasal a 2L/min, por cerca de oito horas diárias.

Ao procurar a Farmácia de Remédios Excepcionais (FARMEX), mantida pela Secretaria de Estadual de Saúde, fora informada de que o referido medicamento não integra a lista da portaria GM/MS nº 2.577/MG de 17.10.2006 e SAS/MS 921/2002, e, exatamente por isso estava impossibilitados de disponibilização pela FARMEX.

Quanto à máquina de oxigênio, existia uma em cada unidade de saúde mantida pelo governo do Estado, porém, após sucessivos retornos, nunca conseguia referido tratamento, pois as máquinas estavam todas com defeito.

A tutela antecipada foi concedida, além de multa R$ 500,00 (quinhentos reais) por hora de descumprimento.

Ação civil pública nº 976-0/10, de autoria da Defensoria Pública, figurando como réu o Estado de Alagoas: paciente portadora de câncer de cólon em estágio IV necessita do medicamento Avastin 100mg, a cada 15 dias, durante o prazo mínimo de um ano. Ao procurar a Farmácia de Remédios Excepcionais (FARMEX), mantida pela Secretaria de Estadual de Saúde, fora informada de que o referido medicamento não integra a lista da portaria GM/MS nº 2.577/MG de 17.10.2006 e SAS/MS 921/2002, e, exatamente por isso estavam impossibilitado de disponibilização pela FARMEX.

A tutela antecipada foi concedida, para em 72 horas ser providenciados pelo Estado de Alagoas três frascos do referido medicamento a cada quinze dias, sob pena de multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por dia de descumprimento.

Ação civil pública nº 36239-0/10, de autoria da Defensoria Pública, figurando como réu o Estado de Alagoas: paciente portadora de câncer de mama necessita de treze frascos do medicamento Trastuzumab, substância ativa Herceptin 440mg, durante doze meses.

Ao procurar a Farmácia de Remédios Excepcionais (FARMEX), mantida pela Secretaria de Estadual de Saúde, fora informada de que o referido medicamento não integra a lista da portaria GM/MS nº 2.577/MG de 17.10.2006 e SAS/MS 921/2002, e, exatamente por isso estava impossibilitado de disponibilização pela FARMEX.

Ação civil pública nº 43644/10, de autoria do Ministério Público, figurando como réu o Estado de Alagoas: paciente portadora de artrose, mormente no joelho esquerdo, necessita de cinco ampolas do medicamento Forrmathron, substância ativa Hialuronato de Sódio.

Ao procurar a Farmácia de Remédios Excepcionais (FARMEX), mantida pela Secretaria de Estadual de Saúde, fora informada de que referido medicamento não é parte integrante da lista da portaria GM/MS nº 2.577/MG de 17.10.2006 e SAS/MS 921/2002, e, exatamente por isso tal medicamento estava impossibilitado de ser disponibilizado pela FARMEX.

Tutela antecipada concedida.

Ação civil pública nº 38045-3/09, de autoria da Defensoria Pública, figurando como réu o Estado de Alagoas: paciente portador de Linfoma não Hodgkin folicular necessita de 600mg da droga Mabthera a cada vinte e um dias, durante oito ciclos, totalizando, pois, oito frascos de Mabthera 500mg e oito frascos de Mabthera 100mg. Ao procurar a Farmácia de Remédios Excepcionais (FARMEX), mantida pela Secretaria de Estadual de Saúde, fora informado de que referidos medicamentos não integram a lista da portaria GM/MS nº 2.577/MG de 17.10.2006 e SAS/MS 921/2002, e, exatamente por isso estavam impossibilitados de ser disponibilizados pela FARMEX.

A tutela antecipada foi concedida.

Ação civil pública nº 37186-1/09, de autoria da Defensoria Pública, figurando como réu o Estado de Alagoas: paciente portadora de Anemia Mieloide Crônica, efetuou transplante de medula óssea e necessita 500mg da droga Mabthera.

Ao procurar a Farmácia de Remédios Excepcionais (FARMEX), mantida pela Secretaria de Estadual de Saúde, fora informada de que referido medicamento não é parte integrante da lista da portaria GM/MS nº 2.577/MG de 17.10.2006 e SAS/MS 921/2002, e, exatamente por isso tal medicamento estava impossibilitado de ser disponibilizado pela FARMEX.