• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3: Água e Educação Ambiental: estratégias pedagógicas para a

2.3 Ações de Educação Ambiental na escola aliadas ao tema “água”

A sociedade, nos últimos anos, tem experimentado modelos de vida que se pautam no mau aproveitamento da água, isto é, em uma cultura que reflete o modelo econômico de desenvolvimento adotado pela sociedade (modelo econômico pautado na cultura do desperdício e do consumo excessivo que são característicos do capitalismo). Nesse contexto, a Educação Ambiental inserida desde a Educação Infantil, conforme apontam os próprios documentos da área, é necessária para propor práticas de ensino relacionadas à sustentabilidade nesta etapa de escolarização, pois favorece a aprendizagem sobre o tema ambiental água. A infância é vista como primordial pela Educação Ambiental, pois é nessa etapa em que as crianças começam a se relacionar e sentir parte integrante do meio em que vivem (pertencimento que é considerado pela Educação Ambiental como sendo essencial). Aprendem desde cedo que são responsáveis por um futuro melhor, com vistas ao bem comum, por meio do respeito às diversas formas de vida, sendo a água como um dos bens mais preciosos à sociedade (MASSABNI et al., 2015).

Frente à questão da importância da Educação Ambiental aliada ao tema água, Calazans e Brunken (2015) propuseram um projeto envolvendo universidades e escolas do sertão de Pajeú-Nordeste do Brasil a partir da discussão de temas essenciais tais como água, saúde pública e meio ambiente. Conforme relatos dos autores, metodologicamente foram desenvolvidos oficinas de Educação Ambiental, palestras, cursos sobre higiene sanitária, qualidade, manejo, ciclo e captação da água. Adicionalmente foram produzidos materiais educativos, no formato impresso e digital, no intuito de difundir o conhecimento. Os autores ressaltaram que os resultados comprovaram que é possível conciliar em um único projeto os segmentos ensino, pesquisa e extensão, além de beneficiar visivelmente ambas as partes através da parceria de universidades e escolas locais. Particularmente foi constatado o aumento do interesse dos alunos envolvidos com as questões ambientais, sociais e de fortalecimento dos valores de cidadania. Além disso, a adição do estudo sobre os peixes nativos do rio Tuparetama foi de fundamental importância para a sensibilização da comunidade local que vivenciam a problemática ambiental do rio, bem como, para os participantes (alunos e professores) do projeto. O uso de recursos digitais, ainda segundo os autores, garantiu tanto o livre acesso às informações quanto a preservação dos registros (fotos e relatórios do projeto) (CALAZANS; BRUKEN, 2015).

Ainda no contexto da zona rural, Aguiar et al. (2015) propuseram uma experiência de ensino interdisciplinar a partir da abordagem do tema “conservação dos

recursos hídricos” utilizando-se como recurso a Educação Ambiental. A experiência foi desenvolvida em uma escola pública localizada na zona rural do município de Santarém - Pará. Metodologicamente, os autores conduziram a pesquisa em duas partes. A primeira, os alunos de duas turmas do ensino médio foram orientados por três educadores a elaborarem e executarem oito projetos de pesquisa de iniciação científica sobre diferentes abordagens (temas dos projetos: mapeamento do rio Igarapé, fauna dominante nas matas ciliares, estado de conservação das matas, atividades desenvolvidas no rio, fontes de água utilizadas pela comunidade local, destino dos poluentes, e qualidade da água consumida pelos moradores) levando-se em consideração os recursos hídricos disponíveis nas comunidades rurais no entorno da escola. Já a segunda parte da pesquisa foi à socialização dos resultados obtidos nos oito projetos realizados, por meio de banners, em uma Feira de Ciência promovida pela escola. Os autores perceberam com a exposição dos resultados pelos alunos que houve uma melhor compreensão sobre a importância da água, dos problemas relacionados ao seu uso nas comunidades rurais e das alternativas para a conservação dos corpos d’água (AGUIAR et al., 2015).

Levando em consideração a indissociabilidade do tripé ensino-pesquisa- extensão, Querioz et al. (2016) propuseram inserir a Educação Ambiental no contexto de uma escola pública municipal de ensino fundamental da cidade de Codó-Maranhão, partindo da discussão do tema gerador água. A metodologia aplicada, segundo os autores, se constituiu de análise, planejamento, construção, ensaio e execução no meio escolar, mediante atividades cooperativas interdisciplinares, de ações que fomentem a educação ambiental, a partir da temática água e levando-se em consideração o contexto local. Os autores apontaram que a participação dos licenciados na condução das atividades educativas do projeto foi expressiva e bem aceita pela comunidade escolar. Além disso, após a inserção do projeto e durante o período de observação, foi diagnosticada pelos autores uma situação problema bastante evidente na escola: o lixo escolar. O excesso de lixo na escola chamou bastante atenção dos autores visto que uma das rotas finais desse material pode ser o próprio rio que margeia a cidade. Com base nessa realidade, os autores propuseram uma atividade didática para que os alunos recolhessem o lixo da escola e colassem a foto e os dados numéricos desse lixo em um mural. À medida que as semanas se passavam, os autores observaram uma diminuição no volume de lixo gerado pela escola em função do processo de conscientização realizado. De modo geral, os autores identificaram que as oficinas de Educação

Ambiental favoreceram a interação dos alunos, despertou a curiosidade e, sobretudo, as percepções destes sobre questões relativas à poluição e uso racional da água, com base na realidade local dos estudantes (QUERIOZ et al., 2016).

A água por ser uma substância essencial à vida se destaca como um dos temas transversais abordados em vários momentos do ensino fundamental. Por isso, é essencial o desenvolvimento de metodologias que envolvam este público de alunos ao longo do processo de aprendizagem, a fim de melhorar a compreensão da temática citada (NICOLETTI, 2013).

Documentos relacionados