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CAPÍTULO 3: Água e Educação Ambiental: estratégias pedagógicas para a

2.1 A importância da Educação Ambiental

Em virtude dos problemas ambientais experimentados pelo mundo em decorrência das transformações associadas à modernização (PELEGRINI; VLACH, 2011), é que o termo educação ambiental passou a ter lugar de destaque nas questões políticas, assim como no contexto pedagógico desde o início dos anos setenta. A Educação Ambiental foi inserida no cenário educacional mediante propostas e programas de vinculação internacional, passando a servir como suporte técnico e teórico para as atividades que se desenvolvem nessa área, tanto nos países desenvolvidos, onde esse ideário emergiu como também no Brasil (RAMOS, 2001).

Nessa perspectiva, educar para cidadania representa uma forma de motivar e sensibilizar os cidadãos a fim de se obter transformações nas diversas formas de participação dos mesmos em benefício da qualidade de vida. E é nesse sentido que a Educação Ambiental surge e assume cada vez mais o papel de transformadora, na qual a promoção de um novo tipo de desenvolvimento (desenvolvimento sustentável) surge em função da corresponsabilidade assumida por cada indivíduo. Logo, a Educação Ambiental é entendida como condição necessária para reverter o cenário de crescente degradação socioambiental, apesar de ela ainda ser insuficiente (JACOBI, 2003).

Segundo Fernandes (2010), a Educação Ambiental deve ser entendida como fundamental no processo de formação do cidadão. Ela deve ser oferecida em todos os setores da sociedade de forma permanente, extrapolando os limites da escola. Além disto, tem que ser um processo dinâmico e integrativo que estimule a mudança de hábitos e forme uma nova consciência a respeito da relação homem e natureza. Em especial, criar um projeto de Educação Ambiental que abarque todas as classes sociais. A exemplo disso, Silva et al. (2006) propôs um projeto de Educação Ambiental voltado para conscientização de comunidades rurais do semiárido paraibano quanto ao uso sustentável da água de cisternas provenientes da água da chuva. Com o projeto, os autores identificaram que essas comunidades não tem acesso ao sistema de abastecimento de água e sim de sistemas alternativos coletivos (poços, chafariz, e nascentes). Para sensibilizar essas pessoas quanto ao manejo correto das águas de cisternas, os autores realizaram um debate prévio para identificar as formas de manejo das cisternas utilizadas. Com base nessas informações, foram elaboradas e aplicadas

oficinas didáticas em vários encontros sobre os seguintes temas: (a) Riscos do consumo de água contaminada; (b) Procedimento correto para se obter água de boa qualidade; (c) Formas de tratamento da água de cisterna e; (d) A necessidade de manter a higiene pessoal e social. Segundo os autores, foi possível sensibilizar a comunidade local quanto ao uso correto de sistemas de coleta e armazenamento de água das chuvas, porém provavelmente não foi suficiente para gerar mudanças esperadas (é preciso se tornar constante, isto é, em longo prazo o processo de conscientização).

Portanto, projetos de EA são importantes ao passo que boa parte da população está distante das questões ambientais, o que as tornam vítimas do modelo de desenvolvimento econômico vigente, ignorando suas consequências sociais e ecológicas (FERNANDES, 2010).

Ainda sobre a importância da Educação Ambiental como instrumento para se alcançar um modelo de vida sustentável, Bortolon e Mendes (2014) enfatizam que por meio da Educação Ambiental transformadora, crítica e emancipatória será possível alcançar o ideal de sociedade sustentável. Costa e Grynszpan (2007) ressaltam que essa linha de EA trata dos aspectos socioambientais das relações humanas de forma a alcançar caminhos para a superação dos problemas encontrados, mediante a produção de conhecimentos sobre os processos educativos, além da produção de conhecimentos voltados para o enfrentamento dessa realidade. Para isso, se faz necessárias ações educativas articuladas, condições adequadas e capacitações de professores para que possam trabalhar temas e atividades ambientais que possibilitem desenvolver a conscientização e postura crítica dos educandos. Como consequência disso, serão gerados novos conceitos e valores a respeito da natureza, bem como, contribuirão para a preservação do meio ambiente (BORTOLON; MENDES, 2014).

Revisão de valores, de atitudes e de conhecimentos para o ambiente escolar e para todos agentes educadores que fazem parte da ação pedagógica são possíveis mediante a inserção da questão ambiental no contexto escolar (SOBRAL, 2014). Além disso, é preciso uma fundamentação teórica que permita compreender a Educação Ambiental na sua complexidade, pois é fundamental para favorecer uma articulação entre os saberes científicos e os do senso comum. Mas é preciso uma revisão da prática docente que privilegie a formação continuada desses profissionais para a melhoria da qualidade do desempenho dos docentes, no processo ensino-aprendizagem, frente aos assuntos ambientais (TAVARES, 2013). Tais mudanças na prática docente, segundo a autora, serão possíveis a partir da discussão do assunto, ressaltando a percepção dos

educadores quanto sua função na escola, enquanto formadores de cidadãos e de futuros profissionais docentes.

Segundo Loureiro (2009) para se alcançar uma Educação Ambiental emancipatória, isto é, aquela que rompa com os padrões vigentes da sociedade e da civilização, é preciso que seja incorporado no cotidiano dos educadores ambientais uma coerência entre os princípios preconizados pela Educação Ambiental com os referenciais teórico-conceituais e metodológicos defendidos pela área da educação como instrumento de transformação social (LOUREIRO, 2009). Tais referenciais difundidos pela área da educação são métodos de ensino e aprendizagem que estimulam a transformação do cidadão, como aulas práticas em campo, troca de conhecimentos entre os alunos, entre outros.

Enfim, é preciso construir, desenvolver e avaliar programas de Educação Ambiental mais participativos e que integrem todos os envolvidos do contexto escolar. Principalmente é necessário que o cidadão reconheça o valor da Educação Ambiental e a sua importância no processo educativo. A responsabilidade de educar para o meio ambiente não deve ficar restrita à escola, mas sim, ir além do que propõem a EA formal e informal levando em consideração que a vida é uma experiência de aprendizado que abarca as vivências do ser humano no mundo, na natureza e todas as concepções que se tem sobre ela. Quanto mais significativas e discutidas forem às propostas, melhores serão os resultados a respeito de práticas, políticas e até mesmo da própria gestão da Educação Ambiental (VIEL, 2008).

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