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Ações institucionais da Justiça Eleitoral 21

No documento PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO (páginas 110-114)

Crimes Eleitorais - TRE/RS

4.2 Ações e políticas públicas de prevenção e combate a corrupção eleitoral

4.2.4 Ações institucionais da Justiça Eleitoral 21

Ao longo da história da Justiça Eleitoral brasileira, ela passou por várias transformações, sendo que sua fase moderna teve início em 24 de fevereiro de 1932, quando da edição do Decreto nº 21.076, que instituiu o então Tribunal Superior da Justiça Eleitoral, atualmente denominado Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A Justiça Eleitoral desde sua criação e, principalmente, com o advento da Constituição Federal de 1988 passou por alguns avanços que são dignos de destaque, a começar pela redemocratização do Brasil e a consolidação

21 Todas as informações contidas neste item foram retiradas do site do Tribunal Superior Eleitoral, disponível em: < http://www.tse.jus.br/> e do site do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina. Disponível em: < http://www.tre-sc.jus.br/site/index.html>. Acesso em: 02 fev.

2014.

democrática que se passa a cada eleição, é possível perceber um crescente progresso institucional do papel da Justiça Eleitoral (OLIVEIRA, 2012).

De acordo com a estrutura judiciária disposta na Constituição Federal compete à Justiça Eleitoral conduzir as eleições no Brasil, bem como garantir a legitimidade do processo eleitoral e o livre exercício do direito de votar e ser votado, com a finalidade maior de garantir e fortalecer o regime democrático (OLIVEIRA, 2014).

E para tanto, eis que advém a temática da educação bem como o papel da Justiça Eleitoral a ser exercido pelas escolas judiciárias eleitorais, sendo que para o desenvolvimento de uma educação cidadã no Brasil, é indispensável que haja uma participação mais efetiva e colaboração da Justiça Eleitoral para se aproximar da sociedade e conscientizar a população do exercício do voto limpo, livre e consciente (TSE, 2014).

Compete ainda à Justiça Eleitoral fomentar um ininterrupto processo de aprimoramento educacional para o voto, além de intensificar o estímulo da educação para a cidadania, mediante a elaboração de projetos institucionais e sociais que incluam a aproximação com o eleitor e cuide da pedagogia e da relevância do voto consciente para o cidadão e também para a sociedade (TSE, 2014).

A Justiça Eleitoral é criada com o jargão de guardiã da democracia e, dentre suas competências, estão previstas ações de esclarecimento ao eleitor, que se dá mediante a elaboração de campanhas educativas exibidas nos meios de comunicação em massa, versando sobre as condições em que se desenvolve uma campanha eleitoral e, fundamentalmente, como sua participação consciente faz diferença para o exercício da cidadania.

Em 2012, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou a campanha “Voto Limpo”, com o tema “Valorize seu voto, vote pela sua cidade, vote limpo”, que foi veiculada no rádio e na televisão. A ação tinha o objetivo de estimular a participação dos eleitores no pleito daquele ano, destacando a importância da liberdade de escolha do eleitor para votar em candidatos ficha limpa. Além disso, aproveitou para reforçar os objetivos da Lei Ficha Limpa alertando os eleitores para a importância de se pesquisar o passado dos políticos e conhecer as propostas de cada um deles e valorizar, assim, os candidatos bem-intencionados (TSE, 2012).

Nas eleições gerais de 2014 o TSE criou a Campanha Alistamento Jovem Eleitor com o slogan “#vempraurna”, sendo que a iniciativa busca incentivar os cidadãos de 16 e 17 anos, para os quais o voto é facultativo, a procurar um cartório eleitoral para tirar seu título e, deste modo, participar ativamente do pleito de 2014.

Outro objetivo da campanha é fortalecer a cidadania, instigando a participação do eleitor jovem na política nacional, inicialmente por intermédio do voto consciente, em candidatos com a ficha limpa e, posteriormente, com ações de fiscalização da atuação de seus representantes. Ademais, a iniciativa procura evitar a formação de filas nos cartórios no fechamento do cadastro eleitoral (TSE, 2014).

O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, nas eleições de 2014 promoveu uma campanha cujo slogan foi “Sou cidadão: digo não à corrupção”, visando o combate à corrupção e mais transparência nos financiamentos e gastos das campanhas eleitorais.

A campanha se deu por meio da parceria entre entidades públicas e privadas, sendo que a ação ambiciona dar transparência ao financiamento das campanhas eleitorais, aos gastos nelas realizados e combater a corrupção eleitoral. A proposta busca ainda responder aos anseios da sociedade além de diminuir a influência do poder econômico nas eleições, garantindo igualdade de condições entre os concorrentes aos cargos eletivos (TRE-SC, 2014).

Com a intenção de o objetivo se tornar realidade, o projeto foi idealizado em quatro ações primordiais: 1) colaboração entre entidades públicas e privadas para a transparência e o combate à corrupção; 2) orientação a doadores e fornecedores de serviços sobre a forma de doar e prestar serviços corretamente nas eleições de 2014; 3) extensa divulgação e participação direta do eleitor na fiscalização; e, por fim, 4) analisar a regularidade das prestações de contas (TRE-SC, 2014).

Ao se inteirar da ação, entidades e movimentos sociais reconhecem que a transparência no emprego dos recursos nas campanhas eleitorais vai ao encontro do interesse público de combate à corrupção, cujo compromisso é sensibilizar pessoas físicas e jurídicas. A campanha esperava como resultado uma melhor apresentação dos candidatos em termos de representatividade e

igualdade de oportunidades; bem como, na apreciação das prestações de contas, menor índice de reprovações e suspensões (TRE-SC, 2014).

Para Baasch Luz (2014) é indispensável que se chegue a um equilíbrio, persistindo na busca de condições que garantam igualdade entre os competidores, independente de suas posições sociais, políticas ou ideológicas, correndo-se o risco de a intervenção do poder econômico no financiamento das campanhas eleitorais afete bruscamente o resultado e a legitimidade das eleições (TRE-SC, 2014).

Durante o lançamento da campanha, a coordenadora de Controle Interno do TRE-SC, Denise Goulart Schlickmann (2014), especificou as ações relativas às orientações tanto para doadores quanto para fornecedores de campanha, sobre o sistema de informações da Justiça Eleitoral e sobre as notas fiscais eletrônicas.

Conforme já destacado, a Justiça Eleitoral foi criada em intersecção com o Poder Judiciário brasileiro e colocada como instituição independente para realizar a governança eleitoral bem como assegurar a lisura no resultado do processo. Além disso, ao passo que a consciência política aumenta, os eleitores passam a criar condições para aperfeiçoar a disputa político-partidária.

Exatamente isso que sucedeu com o movimento que resultou na Lei Ficha Limpa, embora tivesse seu trâmite ameaçado pelo Congresso Nacional, o então Projeto de Lei foi sancionado. E, o fator principal para a concretização de todo o processo da Ficha Limpa foi a intensa pressão popular e da imprensa nacional.

Diante da importância da Lei Ficha Limpa na luta contra a corrupção remontando um longo trajeto percorrido pela sociedade civil para alterar o exercício dos direitos políticos de (in)elegibilidade, estabelecido na Constituição, far-se-á uma abordagem da referida lei enquanto uma política de enfrentamento da corrupção eleitoral no Brasil.

4.2.5 A Lei Ficha Limpa enquanto política de Estado para enfrentamento

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