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LISTA DE TABELAS

3. A Área de estudo 1 Características gerais.

A área de estudo situa-se na região da Baixada Santista e compreende o município de Itanhaém – SP – Brasil com a sede central nas coordenadas (24º 16' 59" S e 46º 47' 20" W), mostrada na Figura 3.1, a mesma compreende 599.20 Km2 e abrange o município de Itanhaém litoral Sul do Estado de São Paulo, a 110 km da capital.

Fig. 3.1. Área de Estudo

Segundo MARTINS & SANTOS (2001), o local está inserido na província costeira e segue as características dos demais componentes da Baixada Santista, constituindo o rebordo do Planalto Atlântico. O relevo de Itanhaém tem cotas que chegam a ultrapassar os 800 metros com declividades de mais de 30%; já nas planícies as cotas oscilam, entre 200 m e 10 m com declividades entre 20% e 30%. As faixas litorâneas apresentam altitudes baixas que variam nos terraços entre 0 m e 20 m.

Ainda segundo os autores as áreas recobertas pelos Mangues constituem planícies rebaixadas (Planícies de Mangue) e são caracterizados pela extrema interação entre a forma de relevo, os tipos de solo e a cobertura vegetal sob influência diária das marés.

A temperatura média anual de toda a Baixada Litorânea é superior a 20 º C e a precipitação anual varia entre 2.000 a 2.500 mm. Segundo LAMPARELLI et. al. (1999), as maiores precipitações anuais ocorrem durante os meses de verão (Janeiro a Março), sendo as precipitações mais baixas nos meses de Inverno (Julho a Agosto), há ainda uma estação seca bem definida e a presença de altos índices de umidade relativa do ar.

A região possui uma área de manguezal de 3,75 km2 considerada uma das mais bem protegidas do Estado de São Paulo, onde se faz possível o estudo da sua evolução durante o Holoceno. Há também áreas ocupadas e desmatadas as margens do canal principal do Rio Itanhaém, bem próximo a foz, assim como cenários naturais e conservados (Figura 3.2).

Fotos: Marcello Alves.

Fig.3.2. Paisagens Naturais da região do Estuário do Rio Itanhaém, representando assim: a)

Vegetação de taboas, b) Mata ciliar natural, c) Mata e d)Vegetação exótica

À montante da região dos mangues existem inúmeros pontos de exploração de areia, muitos já abandonados formando assim grandes lagos, os quais alteram significativamente o perfil hidrológico devido ao acúmulo de sedimentos. O curso do Rio Itanhaém também fora modificado há mais de cinquenta anos por causa da abertura de um canal ligando os Rios Branco e Preto.

No contexto geológico, a região de Itanhaém está inserida no Embasamento Cristalino, que compõe as Regiões da Serra do Mar, constituindo a base da deposição dos sedimentos do

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Estuário de Itanhaém. O ambiente estuarino é composto por sedimentos de idade Quaternária e Terciária formando a planície Litorânea de Peruíbe e Itanhaém.

Segundo SUGUIO & MARTINS (1978), as rochas que circundam a área de estudo são compostas por embasamento Cristalino e são importantes fontes de sedimento estuarino; as mesmas se dividem em 4 grupos litológicos:

1. Granitos, com granulação fina a média com contatos concordantes.

2. Xistos variados: quartzo-mica, biotita-quartzo, xisto, muscovita-quartzo xisto, clorita e sericita, do grupo Açungui.

3. Migmatitos heterogêneos com estruturas variadas e paleossoma xistosa o Complexo Embu.

4. Migmatitos de estruturas variadas, paleossoma xistosa e/ou gnáissico do Complexo Costeiro.

Para ULBRICH & GOMES (1981) há presença de rochas metassedimentares do Grupo Açungui na fronteira nordeste da planície Peruíbe – Itanhaém. Assim como, diques de tinguaíto, que são contemporâneas às demais intrusões alcalinas carbonáticas da região, como Juquiá e Jacupiranga, a exceção do maciço de Cananéia, pois este pertence ao segundo episódio magmático, com Idade de 82 milhões de anos.

De acordo com de ALMEIDA & CARNEIRO (1998), a Zona de Cisalhamento de Lancinha-Cubatão, ou simplesmente Falha do Cubatão, aproxima-se da região costeira, achando- se coberta pelas aluviões da drenagem do rio Preto a noroeste de Itanhaém.

A demanda hídrica da área é estimada em 63,66% em relação à disponibilidade, sendo considerada região crítica pelos dados do Comitê de Bacias Hidrográficas da Baixada Santista e o Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo (CBH – BS 1999 & DAEE 2007). No entanto, mesmo com os números críticos apontados de disponibilidade hídrica, a ocupação no município de Itanhaém – São Paulo - Brasil vem sendo impulsionada há décadas pelo apelo turístico e empresarial que cresce em larga escala e condiciona a interdependência humana com estas áreas, tornando-as foco de análises de vulnerabilidades ambientais.

Neste caso observa-se o uso e ocupação irregular às margens dos rios com destaque a propriedades de veraneio próximas as margens e áreas de criação de animais. Os rios que formam o rio principal têm sua paisagem natural alterada por portos de areia desativados deixando as cicatrizes na paisagem. São constatadas também ao longo do Rio Itanhaém e as margens do Rio

Preto e Branco, diversas propriedades agrícolas e empreendimentos imobiliários em diversos estágios de ocupação.

Alguns trechos das margens do Rio Itanhaém e seus afluentes são ocupados pela densa mata de restinga, em sua maior parte em condições primárias de conservação. Ao longo da área de estudo, tendo seu inicio na faixa litorânea e adentrando a planície em direção aos costões da serra do Mar.

Há uma ocupação urbana na faixa costeira que apresenta níveis consolidados de adensamento e que já demonstra sinais de verticalização, considerando também a interiorização, a abertura de lotes em implantação e pequenos núcleos de casas de veraneio.

A ocupação urbana na região estuarina do Rio Itanhaém no município de Itanhaém – São Paulo - Brasil, já é caracterizada em alguns pontos por estágios consolidados de adensamento, o que dificulta a infiltração das chuvas e em alguns casos as inundações naturais dos leitos dos rios. Essas características provocam diversas zonas de alagamento.

Destaque para GELLIS et. al. (2003) que afirmam que os sedimento são os elementos mais potenciais conduzidos pelo escoamento pluvial, o seu acúmulo provoca danos pela obstrução das canalizações, assim como o assoreamento dos corpos receptores. Em alguns casos os processos iniciais de ocupação aumentam o nível de sedimentos carreados, estes provenientes dos lotes ainda em implantação, transportando com as chuvas uma carga maior de sedimentos para os leitos.

Assim essa sedimentação pode contribuir com a elevação dos fundos de canais e potencializar o alcance das águas durantes as marés meteorológicas, muito comuns na região. A AGEM (2002) ainda constata que no município diversos bairros já sofrem com inundações devido ao fator assoreamento dos canais.

A Figura 3.3 apresenta os diferentes níveis de ocupação com base nos indicadores propostos por Valerio Filho et al. (2005) estes adaptados para a área estudada.

Fig. 3.3. Áreas ocupadas às margens do Rio Itanhaém. Destacando os diferentes níveis de

densidade de ocupação urbana: (1) área em estágio de implantação (2) Área Urbana não Consolidada com Taxa Média de Ocupação (3) Área Urbana Consolidada com Taxa Média de Ocupação (4) Área Urbana Consolidada com Alta Taxa de Ocupação.

Corroborando as análises, ZÜNDT et al. (2006) afirmam que do ponto de vista urbanístico, a região é densamente urbanizada na faixa mais próxima do mar, tendo áreas de preservação de Mata Atlântica nos trechos mais próximos a serra e nas escarpas.

Como unidade espacial, em função de suas características políticas, socioeconômicas e urbanísticas, a região que em que o município está inserido veio a se constituir na segunda Região Metropolitana do estado de São Paulo, embora, tenha sido a primeira, em âmbito

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nacional, a ser constituída sob a égide da Constituição Federal de 1988 e pela Constituição Estadual de São Paulo, de 1989.

De acordo com o documento encomendado pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, este denominado “Avaliação Ambiental Estratégica - Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore no Litoral Paulista (SMA-SP 2010)” para os próximos anos o município vai receber diversas e novas funções e, consequentemente fortes modificações estruturais em sua paisagem.

No geral, segundo a SMA-SP (2010) dezenas de empreendimentos, projetos e intenções de investimentos, distribuídos principalmente pela Baixada Santista e Litoral Norte com previsão de implantação e operação até 2025, totalizam a magnitude de R$ 209 bilhões com cerca de 200 mil empregos diretos, quando em operação plena.

Ainda segundo a SMA-SP (2010), o processo de transformação inaugurará um novo ciclo de crescimento econômico e demográfico de médio e longo prazo, como também apropriação de recursos.