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A ÇÕES D IRIGIDAS AOS E NCARREGADOS DE E DUCAÇÃO

No documento Silvia Renata Alves Lopes Silva (páginas 94-97)

I)  Focus Grupo – dinamização de um grupo de discussão com os docentes do Conselho de Turma

85 P ROJETO DE I NVESTIGAÇÃO AÇÃO T ODOS I GUAIS2 DESENVOLVIMENTO DAS AÇÕES DO PROJETO TODOS IGUAIS

2.2. A ÇÕES D IRIGIDAS AOS E NCARREGADOS DE E DUCAÇÃO

Considerando a importância do papel dos pais na escola e no acompanhamento dos percursos escolares dos alunos, para alcançarem o sucesso escolar, este projeto não poderia deixar de incluir este grupo de intervenção.

Partindo do conhecimento prévio que tinha dos encarregados de educação, quer da minha participação nas reuniões de encarregados de educação desde o 7º ano quer do acompanhamento a alguns destes no âmbito da minha intervenção enquanto assistente social nesta escola, dinamizei o

focus grupo, que no projeto de investigação-ação tinha objetivos muito concretos mas também se

direcionou como um grupo de discussão entre pais.

Partindo deste momento de exploração das perceções e de partilha com os encarregados de educação sobre as suas preocupações, era uma certeza trabalhar com estes a dimensão de como ajudar os filhos a ter sucesso na escola e a melhorar o desempenho no papel de encarregado de educação, assim como a sua relação com a escola.

Neste contexto, explorei com as mães (encarregadas de educação) que participaram neste grupo quais eram as suas principais preocupações e que tema gostariam de trabalhar num momento de reunião informal comigo. Na generalidade foram referidas preocupações relacionadas com o acompanhamento escolar dos filhos; a questão dos riscos do consumo do tabaco; as drogas e a sexualidade.

De um modo geral, todas deram especial enfoque à questão das drogas, pois partilharam indicadores de preocupação dos filhos neste campo, como a iniciação do consumo do tabaco e o medo da passagem às drogas.

Perante esta realidade, emergiu assim a necessidade de realizar grupos de discussão temáticos com as mães, de modo a poder capacitá-las ao nível da informação que lhes permita lidar melhor com as suas preocupações e dificuldades inerentes à fase de desenvolvimento dos alunos desta turma – a adolescência.

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2.2.1.

S

ESSÕES

T

EMÁTICAS DE

(I

N

)F

ORMAÇÃO PARA

E

NCARREGADOS DE

E

DUCAÇÃO

Tendo partido dos encarregados de educação a necessidade de obterem mais informação sobre os temas acima indicados, de modo a responder às suas necessidades parentais, procurei também no momento do focus grupo acordar o melhor horário e dia para dinamizar as sessões, de acordo com as disponibilidades do grupo, tendo ficado acordado realizar estas atividades às quartas-feiras de tarde.

Assim, na organização das sessões temáticas de (In)Formação para os encarregados de educação e considerando que nos encontrávamos no final do mês de maio e só tinha mais duas semanas de aulas, tive que optar por escolher apenas dois temas a trabalhar com o grupo, pois só dispunha de duas quartas-feiras até ao final do ano letivo.

Neste contexto e considerando o reduzido tempo que me restava até ao final do ano letivo, tive que fazer uma escolha e optei pelos temas do acompanhamento escolar dos encarregados de educação para ajudar os alunos a terem sucesso na escola e o tema das drogas , o qual poderia abarcar o tema dos riscos do tabaco, deixando de lado o tema da sexualidade, pois sendo o nosso Agrupamento de Escolas uma escola PRESS - Programa Regional de Educação Sexual em Saúde Escolar, a temática da sexualidade estava a ser abordada com os alunos e poderia ser abordada com os pais no ano letivo seguinte pelos docentes ou pela equipa da Saúde da escola.

Desta forma, dinamizei no dia 4 de junho a sessão temática sobre ájudeào/aàseu/suaàfilho a àaàte à

sucesso na escola! e no dia 11 de junho sobre Osà‘is osàdoà o su oàdasàd ogasà aàádoles ia ,

cujas planificações das sessões e materiais utilizados se encontram nos Anexos XV e XVI. Para avaliar estas sessões foram aplicados, no final de cada sessão, um questionário de satisfação/avaliação aos encarregados de educação para recolher opinião destes sobre as atividades. (Anexo XVII)

Com estas sessões temáticas procurei: (I) aumentar os recursos pessoais das encarregadas de educação para acompanhar melhor os seus educandos ao nível escolar; (II) alargar os seus conhecimentos sobre as características da adolescência e os riscos do consumo de drogas e, assim, (III) capacitá-las para agir perante os desafios e riscos da adolescência.

A dinâmica de funcionamento destas sessões reforçou os laços da relação de ajuda e de confiança assistente social-família, assim como a perceção de pertença a um grupo de pais com preocupações e problemas comuns, que contribuiu para relativizar os problemas individuais de cada um e aumentar a predisposição para o envolvimento na procura de soluções comuns para problemas comuns na turma.

95 PROJETO DE INVESTIGAÇÃO-AÇÃO TODOS IGUAIS

2.2.2.

A

TENDIMENTOS COM OS

E

NCARREGADOS DE

E

DUCAÇÃO

À semelhança do que já acontecia com os alunos, no âmbito da minha intervenção com a turma e do acompanhamento individual a alguns alunos e famílias, dei continuidade a este trabalho e mantive os atendimento individuais, alguns marcados por mim para resolver problemas emergentes dos alunos, outros por iniciativa dos pais que me procuravam para orientá-los e ajudá-los a resolver os problemas escolares e de comportamento dos seus educandos.

Neste domínio, o privilégio do enfoque no estabelecimento da relação de ajuda e de confiança foi uma prioridade, garantindo assim abertura aos encarregados de educação para poderem apresentar as suas preocupações pessoais em relação à escola.

Nesta relação partilhada e de ajuda, os encarregados de educação foram apresentando as suas preocupações com os comportamentos dos seus educando, mas simultaneamente emergia a preocupação da falta de comunicação da escola com estes e, neste âmbito, procurei estabelecer elos de ligação e aproximação dos pais à escola e, por isso, apelei muitas vezes à participação da diretora de turma nos atendimentos.2

Nesta relação de acompanhamento aos encarregados de educação, a figura do diretor de turma foi sempre essencial e, por isso, procurei sempre envolver esta figura privilegiada na promoção da relação escola-família. No entanto, esta turma durante este ano letivo, para além do sucedido nos anteriores, teve dois diretores de turma, o que parece ter contribuído para fragilizar esta relação. Assim, neste terceiro período letivo procurei sempre envolver a diretora de turma neste trabalho com as famílias, já que esta ocupa uma posição privilegiada na comunidade escolar e que nas suas funções de natureza pedagógica enquadra este trabalho de criar uma aproximação da família à escola. (Diogo, 1998)

Por último, na intervenção junto dos encarregados de educação, algumas delas de continuidade, procurei ainda reforçar a proximidade e participação destes na escola, recorri a estratégias de reforço positivo de algumas das características dos seus educandos para, assim valorizar o seu papel enquanto pais e educadores e, desta forma estabelecer um vinculo de confiança que me permitia trabalhar com abertura os aspetos mais negativos do comportamento dos alunos e das respostas educativas dos pais, no sentido de orientá-los para a mudança.

Na minha intervenção junto das famílias parti sempre do pressuposto de que, como refere Lopes ,à ulpar as famílias pela falta de educação dos filhos/alunos pode pois funcionar como um ato

2

No Capítulo III (das perceções), foi evidente que uma das dimensões mais referidas pelos encarregados de educação foi a falha da articulação escola/família, com uma incidência de 90%, o que se prende com esta necessidade dos encarregados de educação.

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catártico mas será contraproducente porque agrava as relações com as famílias sem melhorar a disciplina nas escolas. (p. 25)

A minha intervenção do foro mais individual junto das famílias foi sempre numa lógica de relação inclusiva do outro no seu processo de mudança, partindo das suas necessidades para as necessidades da escola. Importa aqui destacar que as famílias com quem já trabalhava no âmbito do acompanhamento individual foram identificadas e referenciadas pelo diretor de turma que solicitou a minha intervenção.

Esta dimensão, de que o pedido de ajuda da intervenção nas família não vinha de dentro mas sim de fora, juntando aos problemas dos seus educandos no contexto escolar, condicionou, algumas vezes, a construção da relação de ajuda, pois inicialmente tinha a perceção de era vista como apenas mais uma interferência nas suas vidas e, neste sentido, procurei sempre adotar uma atitude isenta de juízos de valor, de não confrontação e uma postura de abertura e exploração das reais necessidades da família face à escola e de auscultação das suas perceções sobre o que estava funcionar mal com a escola, para a partir daqui construir com elas uma relação de ajuda e de procura de alternativas para a resolução dos seus problemas familiares e dos seus educandos em contexto escolar.

No documento Silvia Renata Alves Lopes Silva (páginas 94-97)