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2 DISCUTINDO A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORAS PARA A

3.1 A abordagem e estratégia utilizada: qualitativa e estudo de caso

A abordagem qualitativa busca examinar os contextos humanos da forma como são vivenciados. Na utilização dessa abordagem, os pesquisadores inserem-se no ambiente em que as vivências ocorrem, procurando apreender a realidade pesquisada considerando todos os comportamentos, falas e gestos observados, visando à compreensão destas atitudes a partir do que cada pessoa, ou pequenos grupos de pessoas, imaginam ser a realidade. Em pesquisas com esta abordagem a inserção no ambiente de pesquisa é de suma relevância, para a sua boa execução (BOGDAN E BIKLEN, 1994).

Pensar as estratégias e os procedimentos metodológicos que serão utilizados, depende da natureza do problema que se deseja estudar, constituindo-se em passos decisivos na implementação de uma pesquisa acadêmico-científica (BOGDAN E BIKLEN, 1994).

Descrevendo a abordagem qualitativa, estes autores a caracterizam como sendo “[...] uma metodologia de investigação que enfatiza a descrição, a indução, a teoria fundamentada e o estudo das percepções pessoais” (p. 51). Os autores destacam, ainda, outras características básicas da pesquisa qualitativa:

a) o ambiente natural é fonte direta de dados e o pesquisador seu principal instrumento. A justificativa para que o pesquisador mantenha contato direto com a situação em que os fenômenos ocorrem naturalmente, é a de que estes são muito influenciados pelo seu contexto;

b) a investigação é descritiva: o material obtido nas pesquisas inclui transcrições de entrevistas e de depoimentos, extratos de diversos documentos;

c) a preocupação com o processo é muito maior do que com o produto;

d) a tendência dos investigadores é analisar os dados recolhidos de forma indutiva: os pesquisadores não se preocupam em buscar evidências que comprovem pressupostos definidos antes do início dos estudos;

e) as perspectivas dos participantes do estudo têm significado vital na abordagem qualitativa. Estas perspectivas elucidam a dinâmica interna das situações, sendo estas invisíveis para o observador externo.

As características elencadas contribuíram para a elucidação do caminho trilhado, na busca por respostas às indagações suscitadas pelo problema que se pretendeu estudar. São indicativas do desenvolvimento de um trabalho qualitativo eficaz e rigoroso cientificamente.

A abordagem qualitativa procura, ainda, a tradução e a expressão dos sentidos dos fenômenos do mundo social, reduzindo a distância entre investigador e investigado, entre teoria e dados, entre o contexto e a ação. (MAANEN, 1979 apud NEVES, 1996, p. 1). Reduzindo as distâncias, o pesquisador busca proceder à interpretação da realidade, imergindo nos contextos das situações que pretende investigar.

Tomando as características e os objetivos da abordagem qualitativa como guias, a presente pesquisa imergiu no contexto da formação continuada de professoras de Educação Infantil para atingir os objetivos que foram definidos. Estas características balizaram as trilhas que foram percorridas na busca por expressar as concepções de formação continuada e as suas repercussões nas práticas profissionais, no intuito de traduzir o fenômeno estudado a partir da ótica de quem, cotidianamente, trabalha com a formação de professores, enquanto técnicas de educação, e de quem são os chamados “alvos” das formações realizadas, ou seja, as professoras. Estas profissionais têm concepções e compreendem o impacto das formações continuadas que receberam, ao longo de suas carreiras, em suas práticas pedagógicas

cotidianas, de uma maneira singular e diferenciada, assim, suas considerações sobre as formações continuadas planejadas e recebidas são cruciais para que este estudo tenha seus questionamentos respondidos e postos para a abertura de novas reflexões.

Em consonância com esta abordagem optei por empreender um estudo de caso, pois este se constitui em uma estratégia de pesquisa que vem contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento científico na área das ciências humanas, permitindo uma visão mais aprofundada dos processos educativos.

Stake (2005), Yin (2002) e André (1984) trazem contribuições importantes para subsidiar a reflexão sobre a realização de estudos de caso em pesquisas acadêmico-científicas que têm a área educacional como realidade a ser investigada.

Stake (2005) salienta que o estudo de caso nos permite prestar atenção aos problemas concretos das instituições educacionais, como as escolas, apontando que “[...] o caso pode ser um menino. Pode ser um grupo de alunos ou um determinado movimento de profissionais preocupados com uma situação relativa à infância” (p.15, minha tradução).

Yin (2002) ressalta que o estudo de caso representa uma investigação empírica, permitindo “uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real” (p. 20).

Por sua vez, André (1984) lista algumas características ou princípios gerais que são frequentemente associadas ao estudo de caso:

Os estudos de caso buscam a descoberta [...]. A compreensão do objeto se efetua a partir dos dados e em função deles; enfatizam “a interpretação em contexto” [...]; procuram representar os diferentes e, às vezes, conflitantes pontos de vista presentes numa situação social [...]; usam uma variedade de fontes de informação [...]; revelam experiência vicária e permitem generalizações naturalísticas [...]; procuram retratar a realidade de forma completa e profunda [...]; os relatos de estudo de caso são elaborados numa linguagem e numa forma mais acessível do que os outros tipos de relatórios de pesquisa [...] (ANDRÉ, 1984, p. 52).

Estas características expressam a adequação da utilização dos estudos de caso quando se pretende abordar realidades complexas, permeadas de valores subjetivos, como é o caso dos processos educativos.

Tomando para estudo a concepção de formação continuada e dos impactos destas formações na prática de professoras de Educação Infantil, a presente pesquisa imergiu na realidade da rede municipal de ensino de Fortaleza, pesquisando profissionais (técnicas de educação e professoras) inseridas neste contexto e diretamente ligadas à educação de crianças de zero a cinco anos de idade neste município.

O presente estudo se fundamenta no pressuposto de que o conhecimento não é algo acabado, mas uma construção que se faz e refaz constantemente, levando, dessa forma, a pesquisa para a busca de novas respostas e novas indagações, num movimento constante de reflexão sobre as concepções de formação continuada de professores para atuarem na Educação Infantil, bem como as percepções sobre o impacto destas formações nas práticas pedagógicas de professoras da Educação Infantil.

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