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2 DISCUTINDO A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORAS PARA A

3.2 Coleta e análise dos dados

Inicialmente foi realizado um estudo em alguns textos fornecidos pela SME que tratam da sistematização dos projetos de formação continuada para a apreensão inicial das concepções presentes e também para o conhecimento de como foram realizadas as formações continuadas para professoras de Educação Infantil no período de 2005 a 2010. O material fornecido não abrange todas as características das formações, trazendo, em casos como a formação do ano de 2005, poucas informações sobre como foram planejadas e elaboradas.

O período citado foi tomado como parâmetro por ser relativamente fácil o acesso a profissionais (técnicas de educação e professoras de Educação Infantil) que tivessem participado de formações continuadas neste espaço de tempo, ou seja, o período proposto é próximo, o que foi fator de facilitação na busca por sujeitos que possuíssem o perfil desejado para a realização do estudo.

Realizados os estudos nos textos da SME, e em conversa com uma técnica de educação desta secretaria, foram selecionadas algumas escolas e creches que pudessem ter professoras lotadas com o perfil desejado: estar atuando com turmas de Educação Infantil em escolas, centros de Educação Infantil ou creches, ser do quadro efetivo da Prefeitura Municipal de Fortaleza e ter participado das formações continuadas oferecidas pela SME no período de 2005 a 2010.

Foram consideradas, inicialmente, duas escolas e duas creches de cada Secretaria Executiva Regional7 (SER) de Fortaleza, sendo os nomes apontados pela técnica de educação consultada. A indicação dos nomes das escolas e creches deu-se por esta técnica de educação porque a mesma poderia me direcionar para os locais onde, provavelmente, encontraria as professoras de Educação Infantil com o perfil desejado.

A intenção de selecionar participantes, tanto professoras como técnicas de educação, atuantes em instituições e órgãos localizados nas seis SERs, foi o de tentar capturar a visão destas profissionais em acordo com as suas realidades. Isto porque cada regional possui suas peculiaridades e cada Distrito de Educação, ao conduzir uma formação continuada, leva em conta os contextos de suas escolas, creches e centros de Educação Infantil. Estas diferenças na condução das formações podem influenciar no modo como as professoras e as técnicas de educação vêm as formações recebidas e planejadas.

Com os dados destas instituições nas mãos, e também com a autorização formal da então secretaria de educação Ana Maria Fontenele para a realização de pesquisas em instituições educacionais do município de Fortaleza, passei ao contato com seus dirigentes. Algumas escolas apresentadas pela técnica de educação não possuíam em seus quadros professoras de Educação Infantil que houvessem participado das formações de 2005 a 2010. No caso das creches, todas as indicadas tinham, em seus quadros docentes, somente professoras recém-contratadas em concurso realizado no ano de 2010.

Diante destes obstáculos, precisei refazer a lista de escolas de cada SER e fiz novos contatos com os dirigentes em busca das professoras com o perfil desejado, assim, pude chegar a seis professoras de pré-escola, uma de cada Regional de Fortaleza. Esta nova relação de escolas foi feita com base em conversas com professoras de Educação Infantil com as quais tenho contato pessoal.

No caso das professoras de creche consegui chegar a apenas três nomes: uma através da indicação de uma colega que trabalha na rede municipal de ensino de Fortaleza, uma por indicação de uma técnica de educação da SER VI e outra indicada por uma professora de pré-escola que entrevistei. Estas três professoras estavam em creches desde o ano de 2005, e trabalham nas Regionais IV, V e VI. Não foi possível encontrar professores de creche com o perfil desejado nas outras regionais, pelo motivo já exposto anteriormente.

As técnicas de educação foram selecionadas tomando como critérios: atuar na área de Educação Infantil da SME e das Secretarias Regionais/Distritos de Educação por mais de cinco anos e o envolvimento nas formações ofertadas pela Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza no período de 2005 a 2010.

Para chegar ao nome das técnicas de educação com o perfil desejado fiz contatos com as chefes das Coordenadorias de Educação Infantil (COEDIs) da SME e dos Distritos de Educação das seis SERs. Apresentei os objetivos do estudo e pedi-lhes o nome de uma técnica de educação que pudesse participar.

Feita a lista das participantes (06 professoras de pré-escola, 03 professoras de creche e 07 técnicas de educação, sendo 01 da SME e 06 dos Distritos de Educação) iniciei os contatos com as mesmas para apresentar-lhes a pesquisa, solicitar sua participação formalmente via Termo de Consentimento Livre e Esclarecido8 e aplicar um questionário contendo questões fechadas9 sobre idade, sexo, situação funcional na Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF), formação, experiência profissional, tempo de serviço na rede municipal de ensino de Fortaleza, quantidade de instituições educativas onde atuam, turmas e/ou funções em que atua nestas instituições, carga horária mensal de trabalho e participação em formações continuadas promovidas pela SME. O objetivo do questionário foi o de traçar um perfil das professoras e técnicas de educação, no intuito de conhecer melhor o grupo de participantes. Os dados obtidos através destes questionários foram sintetizados e são apresentados posteriormente.

Neste primeiro encontro ficou agendado minha próxima visita nas escolas e nos Distritos de Educação com o propósito de proceder uma entrevista com as participantes. Este foi um momento que exigiu bastante cuidado de minha parte, isto porque a intenção era de entrevistar as participantes do estudo em seus próprios locais de trabalho, para que ficassem à vontade e não lhes fossem exigido tempo extra para a participação.

Dessa forma, um desafio posto, junto ao grupo de professoras, foi: como tirá-las de suas atividades sem prejudicar as crianças? Optei por levar, no dia marcado para a entrevista, estudantes do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará que são bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) para que as mesmas assumissem as atividades no período em que a professora fosse entrevistada por mim. Esta condição foi plenamente aceita pelas professoras e por seus dirigentes.

No caso das técnicas de educação, o desafio foi o de encontrar um local que fosse adequado para a realização da entrevista. Os Distritos de Educação contam com uma estrutura que não garante local silencioso, mas foram encontradas alternativas que permitiram que as entrevistas fossem realizadas no período de trabalho das técnicas de educação.

As entrevistas constituíram-se na estratégia principal para a coleta dos dados, sendo que, numa pesquisa com abordagem qualitativa, este instrumento caracteriza-se como uma importante técnica metodológica, pois pressupõe um processo de interação entre o pesquisador e o sujeito da pesquisa. Nesta interação as informações a respeito do objeto social

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Ver apêndice A.

investigado são desveladas pelos sujeitos participantes, resultando um (re)pensar acerca das opiniões, concepções e atitudes sobre determinado assunto. Minayo (2009) destaca que a entrevista consiste em numa conversa a dois, ou ainda, entre vários interlocutores, tendo o objetivo de obter informações pertinentes sobre um objeto de pesquisa.

A opção foi por realizar entrevistas semi-estruturadas que abordassem as questões centrais do estudo, ou seja, questões sobre as concepções de formação continuada para professoras de Educação Infantil e ainda sobre os impactos observados nas práticas pedagógicas, das técnicas de educação e professoras que atuam com a Educação Infantil na rede municipal de ensino de Fortaleza10.

Para o registro destas entrevistas foram realizadas gravações diretas, para transcrição posterior, em acordo com a aceitação das participantes. Foram feitas, também, anotações referentes a gestos e atitudes das entrevistadas que não puderam ser capturadas pela gravação, mas que foram significativas para a compreensão de suas falas.

As entrevistas transcorreram de forma tranquila, com poucas ou quase nenhuma interferência externa. Em todas as escolas, creches e Distritos de Educação visitados a recepção foi boa, não havendo imposições de qualquer natureza para a realização do estudo.

Os materiais coletados, obtidos através do estudo dos textos da SME, questionários, anotações e entrevistas, foram organizados e relacionados, procurando identificar tendências e padrões relevantes, construindo categorias para nortear as reflexões em torno dos objetivos do estudo. A ideia foi de capturar os pontos em comum e também os que se diferenciam nas falas das entrevistadas, abordando em que se aproximam ou se distanciam em relação à visão de formação continuada e seus impactos na prática pedagógica das professoras de Educação Infantil.

Os dados foram analisados e interpretados levando em consideração os contextos de atuação das profissionais participantes do estudo, lembrando que as técnicas de educação atuam na gestão de políticas para a Educação Infantil e as professoras atuam em creches e escolas, portanto, possuem áreas de atuação diferenciadas.

Tomando as falas destes dois grupos de profissionais foi criado um quadro de análise onde foram elencadas: as concepções de formação continuada e as percepções sobre as formações recebidas (seus objetivos, em que contribuiu na prática das professoras, que aspectos apontam que precisariam ser modificados, que aspectos da formação são ressaltados). Com base nos dados deste quadro a análise foi realizada tendo como questões

norteadoras os objetivos geral e específicos do estudo. As considerações sobre os achados desta pesquisa são apresentadas posteriormente, em capítulo próprio a este fim.

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