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A acessibilidade na universidade como mecanismo de universalização

Sabendo que o público que se beneficiou das primeiras políticas de inclusão educacional estão chegando às universidades, algumas medidas começam a ser tomadas por volta do fim da década de 1990, concomitante àquelas apresentadas nos capítulos anteriores, para promover condições básicas de acesso ao ensino superior.

Cabe ressaltar que, possivelmente, no início desse processo, a baixa expressividade de estudantes advindos de grupos minoritários - dos quais se incluem as pessoas com deficiência - possibilitou que as IES não mantivessem foco na adequação de sua estrutura para o acolhimento de todos os estudantes que almejassem ingressar em um curso superior. O acesso tardio desse público pode ter acontecido pela dicotomia entre a não reestruturação da comunidade universitária, enquanto não apresentasse demanda considerável em contraponto ao não surgimento de matrículas oriundas das minorias sociais devido à ausência de condições favoráveis para o acesso à educação superior. Embora a formulação de políticas públicas direcionadas a eliminação de barreiras acessibilidade desta população neste nível de ensino seja uma realidade mais recente, nota-se que foi a partir da implementação do Plano viver sem limites e do Programa INCLUIR (BRASIL, 2005) que o tema ganha destaque. Diante disto, propõe-se então revisitar as normativas que apoiam a acessibilidade na formação universitária de pessoas com deficiência no país, avalizado pelos princípios de igualdade de oportunidades a todos de cursar à educação superior.

Com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva, já citada como marco para a visibilidade da pessoa com

deficiência na universidade, lança-se um olhar voltado para a valorização da diversidade, promovendo a participação e aprendizagem de estudante, público- alvo da educação especial, em todos os níveis educacionais, incluindo as mais elevadas etapas da educação formal, garantindo “acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas.” (BRASIL, 2008, p. 14).

Para tanto, quando se discute a acessibilidade na educação superior, a implementação de políticas públicas que garantam o acesso em todas as suas dimensões se torna fundamental para o favorecimento a um cenário inclusivo, que reconhece, respeita e responde às particularidades de todo cidadão. Desse modo, em continuidade ao delineamento político já exposto, são apresentados neste capítulo, os parâmetros legais que norteiam a garantia de formação universitária de pessoas com deficiência no país, afiançando igualdade de oportunidades à educação superior.

Então, seguindo os caminhos traçados em prol de uma educação inclusiva, a Circular n°277 (BRASIL, 1996b), afirma a necessidade de as IES e/ou de educação profissional oferecerem serviços de apoio especializado para as pessoas com deficiência. O desenvolvimento de ações de flexibilização dos serviços educacionais, de infraestrutura, capacitação de recursos humanos e adequação do espaço físico, além de oferecer adaptações de provas e os apoios necessários, favorecem situações para a ampliação de oportunidades de acesso à universidade. Para esse documento, a execução de uma política educacional adequada possibilita o alcance de níveis cada vez mais elevados de ensino para aqueles que por tempos estiveram apartados da educação formal, além de registrar o esforço que as IES “empreendem no sentido de adequar-se, estruturalmente, para criar condições próprias, de forma a possibilitar o acesso desses alunos ao 3º grau” (BRASIL, 1996b).

Em conformidade, o Decreto nº 3.298/1999 (BRASIL, 1999a) assegura as orientações citadas e preconiza que as IES ofereçam adaptações de provas e apoios necessários para as pessoas com deficiência, quando solicitados previamente, incluindo: tempo adicional para realização das provas, em função das necessidades específicas apresentadas pelo candidato, tanto no exame vestibular como durante a sua trajetória acadêmica e inclusão de conteúdos e/ou disciplinas relacionados à temática deficiência nos cursos de graduação. Nota-se ainda que esse documento alega que as IES deverão ainda oferecer condições de formação, conforme as características da deficiência, devendo o Ministério da Educação expedir instruções para que os programas de educação superior incluam nos seus currículos conteúdos, itens ou disciplinas relacionados à pessoa com deficiência.

As portarias nº 1.679/1999 (BRASIL, 1999b) e nº 3.284/2003 (BRASIL, 2003) do MEC, indicam que os instrumentos destinados para avaliar as condições dos cursos superiores consideram como um dos requisitos de avaliação o atendimento às necessidades especiais de pessoas com deficiência. Propõe-se a remoção de barreiras que impossibilitem a mobilidade e utilização de equipamentos e instalações das IES, na garantia de condições de acesso e permanência desse público na educação superior.

Dentre as políticas que embasam as possibilidades de formação de pessoas com deficiência, cita-se ainda a Lei de Acessibilidade. Regulamentada pelo Decreto nº 5.296/2004 (BRASIL, 2004), trata de diretrizes para a promoção de mudanças significativas na garantia de acessibilidade de pessoas com deficiência, instituindo que os estabelecimentos de qualquer nível, etapa ou modalidade de ensino, de natureza administrativa pública ou privada, devem proporcionar a todos as condições de acesso e utilização dos ambientes universitários, tais como: salas de aula, bibliotecas, auditórios, ginásios instalações desportivas, laboratórios, áreas de lazer, sanitários, dentre outros. Nota-se, portanto, que mediante esse decreto, as instituições devem fornecer aos estudantes com deficiência garantia de acessibilidade às suas dependências.

Assim, o desenvolvimento de políticas públicas dirigidas a esse fim consolida o compromisso do Brasil frente às prerrogativas mundiais de equiparação de oportunidades, que permite estabelecer a tentativa de diminuir desigualdades historicamente acumuladas, visando à igualdade de condições e oportunidades àqueles que foram por muitos séculos discriminados. (MOREIRA, 2011)

3.2 Indicadores de acesso, permanência e participação de