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3. Metodologia e procedimento de análise

3.4. A amostra

Neste estudo adotámos uma amostra do tipo não-probabilístico. Não se constitui de modo aleatório, mas sim em função de características precisas que pretendem ser analisadas. Em muitos casos, como o desta investigação, este é o tipo de amostra mais adequado. Como se pode observar na tabela 8, que está divida em duas partes, foram estabelecidos nove grupos de interesse, nos quais se incluem cada entrevistado.

Grupos de media que aderiram aos agregadores Grupos de media que romperam contrato com agregadores Grupos de media que não aderiram aos agregadores

Media híbridos Media sociais agregadores João Palmeiro Diretor da Global Media Miguel Martins Chefe multiplataforma da Cofina Ricardo Tomé Diretor coordenador Media Capital Martim Silva Conselho de direção do Expresso Digital Paulo Barreto Country manager do Facebook em Portugal Mário Rodrigues Diretor geral do Notícias ao Minuto Miguel Cadete Diretor adjunto do grupo Impresa Rudolf Wegner Diretor geral do Observador

Tabela 8: Grupo de stakeholders da investigação.

Os grupos de interesse definidos foram constituídos tendo em conta a natureza exploratória da dissertação, ou seja, a amostra teria de ser centrada em stakeholders específicos. A grande questão de investigação e as respetivas subquestões envolvem quatro grandes temáticas: a produção, o consumo, negócio e relação entre os meios. Daí que os grupos de entrevistados tenham de ser pessoas que trabalhem no mundo do jornalismo ou pelo menos com os meios de comunicação. Foram escolhidos principalmente diretores e entrevistados com um cargo de importância num grupo de comunicação e ao mesmo tempo ligados às áreas em estudo.

É muito importante, nesta investigação, identificar as principais alterações nos meios tradicionais com a chegada dos agregadores e restantes media digitais, por isso incluímos a perspetiva dos jornalistas. Entrevistámos dois jornalistas séniores - António Grupo dos Jornalistas Grupo dos

Editores

Grupo de diretores de media tradicionais

Grupo dos diretores dos agregadores de notícias

António Granado Jornalista e Professor universitário português

Joana Cabral Atual editora chefe do MSN notícias João Galveias Conselho de diretores da RTP Miguel Albuquerque e Castro Diretor de negócio do MSN Notícias Fernando Cascais Ex diretor da Lusa e do Cenjor. Atual Professor Universitário Ana Vilhena Editora executiva do Sapo notícias Pedro Leal Diretor adjunto de informação do grupo R/Com

Rute Sousa Vasco Diretora de conteúdos e de

negócio do Sapo Notícias

Filipe Garcia Ex editor do MSN notícias. Atual editor e jornalista da Sábado.

Miguel Nóbrega

Conselho de diretores do jornal Público

Frederico Costa Country manager do Google em Portugal

Granado e Fernando Cascais. Ambos presenciaram as grandes transformações do tradicional para o online e agora assistem às novas tendências emergentes. Entrevistámos também o jornalista Filipe Garcia, com menos anos de profissão, mas que nos dá uma visão de quem já trabalhou como editor de um agregador de notícias e que atualmente trabalha num meio de comunicação simultaneamente digital e tradicional, como é a revista Sábado.

No grupo anterior foram considerados os media tradicionais, daí ser também importante dispor de uma visão de quem trabalha do lado dos agregadores. O segundo grupo de stakeholders é composto por editores dos agregadores de notícias e foram entrevistadas as duas editoras-chefes de dois agregadores em Portugal, o Sapo e o MSN. O Google não foi abrangido por não ter editores humanos no Google news, uma vez que tudo é feito por algoritmos.

O terceiro grupo de stakeholders é composto pelos diretores de meios tradicionais. Para termos perspetivas variadas, foram incluídos os três meios tradicionais: imprensa, rádio e tv, escolhendo-se o diretor de cada um dos meios mais ligado à dimensão digital. São eles João Galveias, da RTP, Pedro Leal, da Rádio Renascença e Miguel Nóbrega, do jornal Público. Estes entrevistados dão uma perspetiva de modelo de negócio tradicional, bem como do consumo e produção noticiosa nesses media.

Como foi feito anteriormente com os media tradicionais, foi constituído um quarto grupo composto pelos diretores dos três agregadores em estudo. São eles Miguel Albuquerque e Castro, diretor de negócio do portal MSN, Rute Sousa Vasco, diretora do

Sapo e ainda Frederico Costa, Country Manager do Google em Portugal. Ao entrevistar

estes três diretores foi possível perspetivar a forma como os agregadores se têm vindo a posicionar e a crescer no mercado português.

De seguida, entramos num bloco de entrevistados que não aderiram aos agregadores, como é o caso do grupo Media Capital. Os grupos de media que aderiram aos agregadores, como a Global Media e as Notícias ao Minuto, que se encontram atualmente inseridos nos agregadores Sapo e o MSN, proporcionam uma visão comparativa do trabalho como agregador de um e outro. Há ainda grupos de media que romperam contrato com agregadores, como os grupos Impresa e Cofina. Todos estes

players fazem sentido neste estudo exploratório e não poderiam ser substituídos por

outros grupos ou entrevistados, na medida em que são atores que participam ativamente neste fenómeno dos agregadores e que lidam diariamente com tal realidade.

Seguidamente encontra-se o grupo dos media híbridos, como o jornal Observador e o Expresso digital. Embora não sejam agregadores, nem o foco do nosso estudo, são modalidades híbridas que estão a surgir em Portugal pela primeira vez, daí ser importante transpor para esta investigação fenómenos adicionais aos agregadores, mas inseridos no jornalismo 3.0. E cada um com a sua história diferente: o Observador é um dos primeiros meios portugueses a nascer completamente a partir do digital, numa era em que a concorrência e a competição no digital estão cada vez mais acentuadas; o Expresso diário apresenta-se como uma iniciativa adicional ao jornal em papel e ao próprio site.

Por fim, e não menos importante, o grupo dos media sociais, no qual foi apenas foi considerado o Facebook por ser a rede social com mais influência em Portugal. Por isso não foram considerados o Twitter ou o Instagram, por não serem significativos para o estudo em causa. O Facebook é também um agregador puro, embora com modelos de negócio muito diferentes dos restantes agregadores de notícias. Numa era cada vez mais marcada pelo consumo de notícias nos media sociais, é importante entrevistar o representante do Facebook em Portugal, nomeadamente para obtenção de dados sobre audiências, bem como informação sobre o modelo de negócio assente neste tipo de redes.

Cada um destes entrevistados contribui à sua maneira para esta investigação. Com cargos profissionais, meios e perspetivas diferentes, cada um deles não pode ser substituído ou retirado, se não estaria a prejudicar a validade desta investigação. Todos têm uma relação entre si, pois disputam a audiência, precisam de notícias para sobreviver seja de que forma for e estabelecem relações uns de parceria ou de competitividade, serem os melhores naquilo que oferecem aos consumidores.