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1. Jornalismo 3.0 e os agregadores de notícias online

1.4. Estratégias dos agregadores

Para que o agregador consiga obter crescimento e visibilidade junto da audiência foi aqui referido que o engagment é um dos parâmetros mais importantes. Este é determinado pelos editores que escrevem e publicam as notícias nos agregadores. No entanto existe outro tipo de estratégias de user acquisition, que fazem com que o agregador registe crescimento e consiga atrair mais utilizadores únicos e novos públicos para o site. Através da tabela 4 podem observar-se os principais meios que a audiência utiliza para consultar as notícias no online. Mais uma vez, as redes sociais, os próprios

websites e os motores de busca são os principais meios utilizados.

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Tabela 4: Meios mais utilizados no conhecimento de novas notícias online em Portugal (ERC, 2014).

No quadro do jornalismo 3.0 surgem ainda novas tendências ligadas aos próprios agregadores, bem como a qualquer site online. Uma das estratégias em que as empresas mais têm apostado nos últimos anos consiste em aumentar o SEO (search engine

optimization).

“SEO- introducing automatic features like “best‐read” or “most‐commented” can increase the number of pages, people read on a website, while polls are also ways of engaging audiences. The first two options are fully automatic; polls include some

human interference, but comments and results can be used for news items as well” (Bakker, 2012:5).

Atendendo a Piet Bakker, este é um processo em que o site de notícias recebe um tráfego adicional de forma gratuita, orgânica, editorial ou através dos motores de busca. O SEO tenta melhorar a experiência do consumidor e a própria pesquisa de notícias. Através das keywords que são mais pesquisadas nos motores de busca, o site de notícias consegue ter uma noção daquilo por que as pessoas mais se interessam, do que é mais

trending e que mais pesquisam na internet. A tarefa dos media é assim otimizar os

conteúdos que publicam com essas mesmas palavras-chave, adaptando títulos (meta

titles) e o texto da própria notícia, bem como a própria descrição do site (meta description). Assim, quando o utilizador fizer uma pesquisa, os resultados vão aparecer

consoante o posicionamento das marcas e dos sites nos motores de busca, daí ser tão importante trabalhar o SEO, para conseguir ter um bom ranking e ser um dos primeiros

sites a aparecer nos resultados de pesquisa (ver anexo E).

Outra das estratégias que se pode observar na tabela 4 respeita às redes sociais. Hoje qualquer meio de comunicação tem pelo menos uma página de Facebook e Twitter (ver anexo F). Como foi comprovado anteriormente, grande parte da população informa- se através das redes sociais, pelo que aumenta o interesse em apostar na publicação de conteúdos no Facebook e no Twitter. As redes sociais são outro tipo de estratégia, que traz um incremento adicional de novos utilizadores para o agregador. Utilizadores esses que não acedem diretamente à homepage do agregador, mas chegam lá ao clicar em conteúdos que este divulga nas suas redes sociais. O utilizador pode até nunca ter entrado no site de notícias, mas ao clicar num conteúdo publicado no Facebook já está a dar tráfego para o site. Este é um tipo de utilizador que consome notícias nas redes sociais na sua totalidade e que raramente acede e interage diretamente com a homepage do site.

Outra das estratégias usadas nos agregadores para crescimento de audiências respeita à elaboração de uma Newsletter (ver anexo G). Não só agregadores, hoje em dia, precisam de ser uma empresa de media para criarem as suas próprias newsletters. Qualquer empresa faz uso delas, com o objetivo de divulgar novos produtos, eventos e, no caso dos media, conteúdos noticiosos. O agregador, por norma, tem uma opção no seu

website que permite subscrever a newsletter. No entanto, o próprio agregador, por

exemplo o Sapo, MSN, Yahoo, são exemplos de sites que se formaram a partir de correios eletrónicos e a grande maioria dos utilizadores tem uma conta de e-mail destas empresas,

mesmo que inativa. Por norma, os agregadores fazem o envio para o e-mail pessoal do utilizador, que pode optar por abrir ou não a newsletter, além de para aqueles que a subscrevem. Esta estratégia trás também um reforço de novos utilizadores, que não acedem ao site diariamente, mas consomem os conteúdos da newsletter, logo dão page

views adicionais à homepage e tornam-se, em alguns casos, novos unique users do

agregador, por terem aberto e clicado pela primeira vez nos conteúdos da newsletter. O facto de o MSN estar associado ao ecossistema da Microsoft, traduz-se em outra estratégia de crescimento, na medida em que o MSN beneficia de default on page de vários produtos, como o Skype, Microsoft Edge, Outlook, entre outros. O Google também faz uso do Chrome para aumentar o seu ecossistema, de forma a trazer novas audiências que vêm parar à rede através destes mecanismos automáticos.

Outra estratégia que alguns agregadores começam a apostar é o Taboola, isto é, um programa que pretende ser uma plataforma de monetização, que ajuda a promover o site colocando-o no top sites. Fazem marketing de conteúdo, ou seja, promovem os conteúdos mais populares e mais trending, buscando sites de boa qualidade para promover dentro da rede do agregador (ver anexo H). Dedica-se a preparar um lote de conteúdos “recomendados” e escolhidos para o utilizador. Esta ferramenta disponibiliza links de conteúdos do agregador para o utilizador, considerando que este vai gostar, tendo em conta o seu historial de pesquisas na internet. Isso acontece principalmente em agregadores como o Google, em que os algoritmos analisam o conteúdo a ser oferecido e determinam as páginas mais atraentes para o utilizador e adequadas aos seus interesses, de forma a que o user fique satisfeito com a sua pesquisa.

Finalizando este primeiro capítulo, conclui-se que a internet tem cada vez mais uma presença omnipresente na sociedade moderna, pelo que se torna importante investigar a nova web 3.0 que acarreta novos desafios ao jornalismo e à própria sociedade. Os agregadores de notícias são apenas um dos exemplos que elucidam estes tempos de mudança no jornalismo e que evidenciam quais são os objetivos em que hoje as empresas de media se focam. No entanto, torna-se importante abordar no próximo capítulo o impacto que os agregadores tiveram no jornalismo, em termos de produção e consumo, e como este se tem vindo adaptar aos tempos de convergência mediática.