CAPÍTULO V – ATIVOS: O GRUPO DE CONTAS A RECEBER
6.1. A Aplicação das Normas Internacionais de Contabilidade nas Contas a
6.1.5. A Aplicação do CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos
IAS 37 – Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets
O objetivo do Pronunciamento Técnico CPC 25 é o de assegurar que sejam aplicados critérios de reconhecimento e bases de mensuração, apropriadas a provisões, passivos contingentes e ativos contingentes e que sejam divulgadas informações suficientes nas notas explicativas, para permitir que os usuários entendam a sua natureza, oportunidade e valor.
Ativo contingente é um ativo possível que resulta de eventos passados e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos, não totalmente sob controle da entidade.
Adicionalmente, este CPC dispõe que:
A entidade não deve reconhecer um ativo contingente.
Os ativos contingentes surgem geralmente de evento não planejado ou de outros não esperados que deem origem à possibilidade de entrada de benefícios econômicos para a entidade. Um exemplo é uma reivindicação que a entidade esteja reclamando, por meio de processos legais, em que o desfecho seja incerto.
Os ativos contingentes não são reconhecidos nas demonstrações contábeis, uma vez que pode tratar-se de resultado que nunca venha a ser realizado. Porém, quando a realização do ganho é praticamente certa, então o ativo relacionado não é um ativo contingente e o seu reconhecimento é adequado.
O ativo contingente é divulgado, quando for provável a entrada de benefícios econômicos.
Os ativos contingentes são avaliados periodicamente para garantir que os desenvolvimentos sejam apropriadamente refletidos nas demonstrações contábeis. Se for praticamente certo que ocorrerá uma entrada de benefícios econômicos, o ativo e o correspondente ganho serão reconhecidos nas demonstrações contábeis do período em que ocorrer a mudança de estimativa. Se a entrada de benefícios econômicos se tornar provável, a entidade divulgará o ativo contingente
Como podemos notar, a caracterização da existência de um ativo contingente é de difícil conclusão e existindo, não deve ser reconhecido, pois, havendo a certeza de realização do ganho, não se trata mais de ativo contingente.
Uma vez que haja a probabilidade de entrada de benefícios econômicos, não se deve fazer seu reconhecimento e sim a divulgação de sua existência.
Para o grupo das Outras Contas a Receber, devemos ter em mente que, havendo a certeza da realização do ganho de um ativo contingente, o mesmo deve ser reconhecido e avaliado, levando em conta os mesmos critérios de avaliação de ativos, discutido em outros tópicos deste trabalho.
Desta forma, cabe análise, de tempo em tempo, dos processos existentes para se tomar a decisão de se divulgar como um ativo contingente, ou mesmo reconhecer o ativo, avaliá-lo e divulgá-lo adequadamente.
6.1.6. A Aplicação do CPC 30 – Receitas de 07 de Agosto de 2009 – Referência à Norma Internacional – IAS 18 Revenue
O objetivo desta é prescrever o tratamento contábil das receitas geradas nas transações de:
Venda de produtos. Prestação de serviços.
Utilização por terceiros de ativos da entidade que gerem royalties, juros e dividendos.
Desta forma, quando do registro das Contas a Receber, as orientações desta norma devem ser observadas, o que trará impacto, inclusive, na sua mensuração.
Alguns aspectos importantes desta norma afetam as Contas a Receber e complementam este trabalho, que é o CPC 30 que dispõe alguns critérios que devem ser observados para o reconhecimento da receita e, consequentemente, das Contas a Receber.
Os critérios que devem ser levados em conta para o reconhecimento das receitas são:
A definição de receita – entrada de benefícios econômicos, que é gerado no curso das atividades normais da empresa, sendo designada por nomes diferentes a saber: vendas de produtos e mercadoria; prestação de serviços, honorários, juros, dividendos, royalties e aluguel.
A mensuração – que deve ser feita pelo valor justo recebido ou a receber.
Os critérios estabelecidos para reconhecimento da receita da venda de produtos - a) transferência da propriedade, dos riscos e benefícios; b) não manutenção pela entidade, através de envolvimento administrativo continuado do controle efetivo sobre o produto vendido; c) mensuração segura do valor da receita; d) probabilidade do benefício econômico associado à transação passar à entidade e e) mensuração de forma segura dos custos incorridos na transação.
Os critérios estabelecidos para reconhecimento da receita da venda de serviços levam em consideração: a) que o valor da receita possa ser mensurado com segurança; b) que os benefícios econômicos passem à entidade; c) a fase de conclusão da transação possa ser mensurada com segurança na data do balanço e d) mensuração de forma segura dos custos incorridos na transação.
Os critérios estabelecidos para reconhecimento da receita decorrente da utilização por terceiros de ativos da entidade, geradores de juros, royalties e dividendos levam em consideração que: a) juros: utilizando o método disposto no CPC 39 – Instrumentos Financeiros; b) royalties – segundo o regime de competência e em conformidade com o teor do contrato e c) dividendos – caso seja estabelecido o direito ao acionista ao recebimento de pagamento de dividendos.
Os critérios estabelecidos para reconhecimento da receita decorrente da entrega adiada por solicitação do comprador, quando este aceita a titularidade e aceita o faturamento: a) seja provável que a entrega futura; b) que o produto esteja disponível, identificado e pronto para a entrega; d) o
comprador reconheça expressamente as condições da entrega diferida e e) que as condições usuais de pagamento sejam aplicadas.
Os critérios estabelecidos para reconhecimento da receita decorrente da venda de produtos despachados sobre certas condições: a) instalação e inspeção quando a receita somente é reconhecida quando o comprador aceita a sua entrega, ou seja ao processo de entrega, de instalação e a inspeção são concluídos; b) aprovação por parte do comprador quando este tiver negociado o direito limitado de devolução, sendo que a receita somente será reconhecida quando o comprador formalmente aceitar a entrega, ou quando tiver decorrido o prazo para a devolução; c) vendas em consignação a um distribuidor, que compromete-se a vender a um terceiro, as quais somente serão reconhecidas quando da venda/entrega efetiva a um terceiro e d) vendas com entrega contra pagamento, sendo que a receita será reconhecida quando houver o recebimento do pagamento.
Os critérios estabelecidos para reconhecimento da receita decorrente da venda de produtos entregues após recebimento – aplica-se nas transações nas quais os produtos são entregues somente quando o comprador efetua o pagamento final das parcelas.
As receitas destas vendas são reconhecidas quando da entrega dos produtos. Entretanto, se a experiência indicar que a maioria deste tipo de vendas é consumada, a receita poderá ser reconhecida quando do recebimento de uma parte significativa destas parcelas, desde que os produtos estejam disponíveis, identificados e prontos para a entrega ao comprador.
Os critérios estabelecidos para reconhecimento da receita para as quais há o recebimento antecipado – quando a receita somente será reconhecida quando da entrega dos produtos ou serviços ao comprador.
Os critérios estabelecidos para reconhecimento da receita para contratos de venda e recompra – em contratos de venda com recompra, que não seja ativo financeiro, os termos deverão ser analisados e o reconhecimento da receita somente deverá ocorrer quando os riscos, benefícios e propriedades forem efetivamente transferidos ao comprador.
Os critérios estabelecidos para reconhecimento da receita para vendas a prazo – quando os produtos são entregues/transferidos ao comprador e o pagamento é feito em várias parcelas, sobre as quais incidem encargos sobre este financiamento, a receita a ser reconhecida é a do preço na data da venda, com exclusão de juros. O elemento juros é reconhecido como receita quando auferido conforme disposto nos CPC 38, 39 e 40 – Instrumentos Financeiros.
6.1.7. A Aplicação do CPC 32 – Tributos sobre o Lucro de 17 de Julho de 2009.