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CAPÍTULO 3. TRABALHO DE CAMPO E SUA DISCUSSÃO

3.1 A aplicação da pesquisa

Vencido cada degrau dentro do processo, o projeto AprovaME chegava então a um momento chave em sua evolução com a distribuição das cópias a 27 professores colaboradores, que as encaminharam a 2.038 estudantes dos períodos matutino, vespertino e noturno, alocados em 76 salas de aula em mais de trinta instituições de ensino, privadas e públicas (entre estaduais e municipais), situadas em dez municípios de diferentes regiões geográficas do Estado de São Paulo: Capital, Jacupiranga, Jundiaí, Lorena, Osasco, Promissão, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul.

Considerando o porte e a complexidade logística envolvida nesta atividade, foram fixadas algumas normas de conduta (Anexo 5) a serem observadas por todos os participantes, resultado também de coleta e síntese de várias sugestões angariadas presencial e virtualmente nos meses anteriores.

Ao longo do mês de novembro cada professor colaborador conduziu a aplicação dos questionários nas escolas sob sua responsabilidade, procedendo também à avaliação das justificativas recebidas de acordo com os critérios estipulados. Período de trabalho intenso e de enfrentamento de várias dificuldades, destacando-se, sobretudo, as dúvidas surgidas na avaliação das respostas às questões dissertativas, momentos em que se disparavam telefonemas, e-mail e

mensagens TelEduc a orientadores, pesquisadores, colegas, enfim, onde quer que se pudesse procurar auxílio.

A título de exemplo, foi aberto em 28 de outubro um Fórum virtual para debate da correta categorização da seguinte resposta encontrada para a questão A5e, que já havia sido objeto de muita discussão em um encontro anterior:

“...pois sempre a última multiplicação será ‘2x1’ que é igual a ‘2’ e todo número multiplicado por 2 é um número par.”

Participaram cinco professores colaboradores, este autor inclusive, em que ao final apuraram-se as classificações 3, 3P, 2b, 0 e 1, não havendo consenso sequer sobre a correção (ou não) da afirmativa proposta.

Situação previsível, haja vista a experiência já vivenciada na aplicação piloto, embora em menor escala. No entanto, com serenidade, aos poucos os obstáculos foram sendo transpostos com a ajuda dos diversos encontros presenciais, virtuais (portfólios e fóruns TelEduc), mensagens e muito esforço, de sorte que os prazos programados não sofreram grandes prejuízos.

Seguem depoimentos de alguns professores colaboradores, preservados os seus nomes, numa tentativa de estabelecer um olhar panorâmico sobre o que representou esta fase:

Tinha dúvidas de como aplicar as provas, mas durante as reuniões elas foram esclarecidas. Durante a aplicação tive dificuldade em manter o silêncio e a concentração dos alunos, quem me ajudou muito foram os professores mais antigos da escola, desta forma consegui manter o ambiente favorável.

Percepção das dificuldades de alguns alunos em entender as perguntas. Não consegui acompanhar a aplicação do questionário em todas as turmas como gostaria.

Acompanhei apenas uma turma durante todo o tempo em que respondiam as questões, nas outras duas fiz a apresentação do questionário e tive o

auxilio do professor dessas turmas no tempo restante. As atividades que a escola desenvolvia naquele período dificultaram minha permanência na sala.

A aplicação do questionário despertou o interesse do professor das turmas escolhidas (meus alunos eram de 5ª e 6ª séries). Se este professor puder acompanhar as próximas fases, possivelmente será um colaborador e ou divulgador do projeto, principalmente se esta participação interferir na sua prática.

Um ponto negativo foi a aplicação do questionário muito próximo do final das aulas.

Outro momento significativo foi a realização da pesquisa (demonstração em geometria e álgebra) que nos fez enxergar o quanto este assunto está esquecido no ensino e algo precisa ser feito.

Ponto negativo: desinteresse por parte dos alunos, acho que pelo fato de não valer nota.

A aplicação do questionário foi um desafio, pois encontrar uma escola disponível e convencer as turmas a responder os questionários com a atenção e seriedade que precisávamos foi realmente muito trabalhoso.

Não foi diferente no caso deste autor, mesmo de posse da concordância da Administração da Escola Municipal de Ensino Professora Alcina Dantas Feijão (pública), de São Caetano do Sul, para a aplicação dos questionários a três turmas (8ª A, 8ª B e 1A), tendo encontrado grande resistência ao desempenho da tarefa por parte da Coordenação do curso de Ensino Fundamental, devido a questões de indisponibilidade de horário em virtude da proximidade do final do ano letivo, houve por bem transferir, após negociação, a pesquisa para as oitavas séries A e B do Colégio Ateneu (privado), no mesmo município, sendo levada à prática com a anuência dos organizadores do projeto AprovaME. Ressalte-se que, no caso da primeira série do Ensino Médio (1A), o trabalho transcorreu normalmente conforme o previsto.

Ainda neste particular, os questionários em todas estas turmas foram aplicados por um mesmo professor, titular à época da disciplina Matemática em

ambas as escolas citadas, uma vez que o autor somente leciona para turmas da 3ª série do Ensino Médio, excluídas do público-alvo deste projeto.

Para fins de registro dos principais aspectos observados durante o andamento dos trabalhos, haja vista minha ausência nessa etapa, útil enquanto subsídio à análise dos resultados, realizei entrevista com esse professor aplicador (reproduzida no Apêndice 1), merecendo destaque a inexistência de conteúdos de Geometria na grade curricular de todas estas turmas pesquisadas, daí a expectativa de encontrar maiores dificuldades nas questões que os contemplam (incluindo as duas que compõem o foco do presente estudo), e a possibilidade das informações coletadas nas respostas não refletirem com exatidão o real potencial do aluno naquelas temáticas, fruto de um relaxamento decorrente da não atribuição de nota, de acordo com a opinião do entrevistado.