• Nenhum resultado encontrado

Jepherson Santos da Silva, estudante de biblioteconomia

Em uma manhã qualquer, daquelas que a pessoa não cria muita ex- pectativa. Francisco, mais conhecido como Chico, acorda para ir à aula. Neste dia estava chovendo torrencialmente, muitos relâmpagos e trovões, parecia que ia cair o mundo. Era junho em Porto Alegre, uma típica manhã fria e úmida de inverno, coisa que os habitantes da cidade conhecem bem. Chico pensou bem, vou ou não vou à aula, parecia que a cama tinha braços e mãos que o seguravam de forma muito forte. Quer saber, vou sim, levantou-se, tomou o seu café, e se despediu dos pais. Logo quando ele saiu de casa a chuva deu uma trégua. Bah! Que maravilha! Chegando próximo à escola, lembrou- -se de que teria aula de Matemática com aquele professor mala, um verdadeiro pé no saco, seu nome era Antônio, conhecido pelos alu- nos como Toninho dos infernos, aula chata por demais. Chico tinha que encarar, fazer o quê precisava estudar para ter um futuro melhor. Quando chegou na sala de aula, viu que o professor já havia entra- do com poucos colegas. Dias de chuva são assim, pouca gente vai à aula, entrou na sala e reparou que o ambiente estava escuro, um tanto sombrio, parecia uma premonição.

Perguntou ao professor: _ tem luz ? E ele responde: _ não tem, não tá vendo; logo pensou: pra que responder assim, baita mal educado.

Mesmo com pouca luminosidade o professor disse que teria aula igual, daí Chico imaginou: _ será que ele vai dar uma aula mais dinâ- mica ou vai continuar com essa monotonia de aula. Pois é, o profes- sor não tinha criatividade e continuou com a aula monótona, passava o conteúdo no quadro, explica de forma desinteressada; imagina só, se com luz a aula era ruim, sem luz a aula piorou mais ainda. Chico muitas vezes pensava em se revoltar e mandar aquele professor pra lua, chutar o balde, desaparecer da escola, porém ele se lembrava

do que seus pais sempre lhe diziam: _ “estudar é o único caminho para vencer na vida”, refletia bem e acabava por ficar quieto. Muitas vezes ele se lembrava das outras aulas que tinha com outros profes- sores. Adorava a professora de Português, ela tinha muita simpatia e sempre trazia livros e contava algumas histórias em aula, ela era fenomenal, contava histórias como ninguém Chico sentia uma gran- de alegria em ter aulas de Português, nestas leituras realizadas pela professora Chico fazia várias viagens para o imaginário, sem sair do lugar, algo totalmente lúdico e prazeroso. Outra aula que ele adorava, era as aulas de Educação Física, sempre tinha muita disposição para fazer os exercícios propostos pelo professor, tinha muita habilidade em jogar futebol, ou seja, era a praia dele. Era nestes momentos feli- zes que Chico pensava, em contrapartida aquela aula de Matemática.

Voltando para aula na escuridão e fria, com o professor mal-hu- morado e rabugento, faltando mais ou menos uns 30 minutos para começar o recreio, Chico fez uma pergunta a respeito da matéria. Toninho dos infernos respondeu mal e porcamente a pergunta; daí então Chico disse que não entendeu a explicação, aí Toninho fala: _ como assim não entendeu? Chico responde: _ não entendi; neste mo- mento o professor se irritou e disse: _ se não entendeu o problema é seu, vai pegar o livro e lê; Chico perde a paciência com o professor em virtude da resposta e acaba dizendo que suas aulas eram péssimas e não merecia estar dentro de uma sala de aula lidando com pessoas. Neste instante a sala ficou totalmente em silêncio, até aqueles burbu- rinhos que é normal numa sala de aula desapareceram, foi um silên- cio assustador, o Toninho dos infernos ficou tão transtornado com a situação que arremessou o giz no chão e gritou: _ vá direto para a direção, Chico disse: _ mas foi você que não explicou direito a maté- ria, neste instante ele começou a suar frio e ficou muito nervoso, mas tinha que ter desabafado daquela forma com o professor. Mesmo ner- voso com a situação e preocupado com o que seus pais iriam dizer; naquele instante, Chico se imaginou pegando aquele Toninho pelo pescoço e dando várias porradas em sua cara, só parando no momen- to que ele reconhecesse seus erros e pedindo por favor que parasse, porém, Chico sabia que se fizesse aquilo ninguém lhe daria razão e ainda quem sairia por vítima na história seria o professor.

Chico se levanta para ir à direção, a luz volta, algo totalmente inusitado, neste instante volta às conversinhas paralelas na sala de aula, Chico percebeu que muitos colegas estavam o apoiando com seus olhares, muitos ali compartilhavam do mesmo pensamento, mas não tinha coragem de se posicionar como Chico se posicionou, no fundo o que eles queriam fazer era bater palmas pela atitude que ele teve.

Chico foi à direção.

Tinha sido a primeira vez no ano que alguém naquela sala de aula tinha desafiado (com razão) o Toninho dos infernos.

Anos mais tarde, Chico ficou sabendo que Toninho dos infernos tinha apanhado de fato em sala de aula, a informação que chegou a Chico é que tinha sido tão feia a situação para o professor que seus colegas tiveram que chamar a SAMU para socorrê-lo, tendo em vista que o aluno quebrou o Toninho a pau. Na sua consciência Chico pen- sou: _ tanto fez que tá aí o resultado, uma hora a vida cobra a conta. Um verdadeiro pesadelo para o professor de Matemática.

Documentos relacionados