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Parte II Análise Reflexiva

1. Contextualização

1.1. A autoavaliação nos documentos orientadores do Agrupamento de Escolas

O Projeto Educativo à data está em reformulação, mas seguirá a linha do projeto

educativo elaborado no ano de 2014, no seguimento da constituição do mega- -agrupamento, em função da manutenção da maior parte da equipa de liderança.

A missão do AECV, inscrita neste documento, alicerça-se na promoção do sucesso educativo e na valorização da formação académica, pessoal e social dos seus alunos, enquanto elementos de uma comunidade, em interação com os demais agentes educativos.

Quanto à visão, o AECV pretende um Agrupamento que se revele como uma referência de qualidade e excelência, assente em estratégias que visem responder às necessidades formativas da comunidade envolvente, seguindo uma linha de inovação tecnológica e pedagógica, capaz de construir um ambiente relacional de referência13.

Quer os princípios orientadores, quer os objetivos gerais do Agrupamento assentam numa visão democrática e comunitária da educação, com atenção ao bem-estar e educação integral e com grande conexão à Lei de Bases do Sistema Educativo.

Algumas das práxis que evidenciam esta visão e orientação são as atividades constantes em sucessivos anos letivos, os critérios de avaliação do Agrupamento, sobretudo no Ensino Básico, mas também o esforço pela disponibilização de recursos pedagógicos.

São constantes atividades para todo o Agrupamento no sentido de tornar sólida a ação do mega-agrupamento com atividades que contam com a participação de vários níveis de ensino, como o Carnaval ou a partilha entre escolas (visita e articulação entre Jardins de Infância e 1.º Ciclo, entre 1.º Ciclo e 2.º Ciclo e entre 3.º Ciclo e Secundário e Profissional), mas também o constante apelo a atividades destinadas a todos os profissionais do Agrupamento.

Os critérios de avaliação do Ensino Básico utilizam na classificação dos alunos uma ponderação dos conhecimentos, capacidades e atitudes quase equitativa (35%, 30%

13 Projeto Educativo do Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela aprovado em Conselho Geral de 17 de junho

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e 35% respetivamente), na busca de uma ação educativa que pondera, não só o sucesso académico, mas também o papel do sucesso educativo.

Por fim, destaca-se a materialização da disponibilização de recursos educativos e condições de trabalho de excelência em muitas unidades do Agrupamento, com destaque para um elevado investimento do Município e do Agrupamento na disponibilização de salas com Quadro Interativo, de uma rede interna de Bibliotecas bem dinamizada, ativa e bem articulada e de material e equipamento para as ciências, bem como equipamento informático e tecnológico suficiente para esta missão de inovação pedagógica e tecnológica.

Apesar desta imagem muito positiva e alinhada com o Projeto Educativo, a realidade mostra ainda um Agrupamento um pouco fragmentado em busca de um ponto de equilíbrio. A título de exemplo, a migração de vários docentes da Escola Secundária Caldas de Vizela para os 2.º e 3.º Ciclos e até mesmo 1.º Ciclo no âmbito do mega- agrupamento cria um choque entre realidades e exige tempo de adaptação dos profissionais a novas realidades, a critérios de avaliação e formas de trabalhar que demoram a ser apropriados. Também deve ser considerada a questão das lideranças intermédias que, com pouca proximidade, elevado número de docentes nas estruturas e conjugação de realidades tão dispersas, nem sempre conseguem realizar o seu papel. Basta fazer o exercício de elencar os assuntos a abordar numa reunião do Conselho Pedagógico de um mega-agrupamento com esta diversidade de oferta educativa para constatar as suas dificuldades.

A figura 16 evidencia o organograma do Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela presente no Projeto Educativo de 2014-2016. A primeira conclusão a tirar é a ausência da representação da equipa de autoavaliação - Observatório de Autoavaliação do AECV na estrutura do Agrupamento (organograma) vertida no Projeto Educativo. Apesar da elevada articulação desta equipa com a Direção e o Conselho Geral, ela não figura neste esquema da estrutura burocrática do Agrupamento. Este facto pode traduzir um cariz orgânico da equipa, em detrimento de uma visão mais burocratizada, mas também destaca a sua independência institucional, no sentido de permitir uma intervenção não situada e delimitada, mas sim abrangente e integrada. Acima de tudo evidencia a ausência de um enquadramento legal claro desta estrutura, a equipa de autoavaliação, bem como a interpretação de pendor mais burocrático do organograma.

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Também as Associações de Pais e Encarregados de Educação, bem como a Assembleia de Alunos dos 2.º e 3.º Ciclos não marcam presença, o que pode ser um indício de uma cultura de falta de participação e envolvimento da comunidade.

Destaca-se a verticalidade marcada no topo do organograma, mas alguma horizontalidade nas lideranças intermédias. A preocupação com o fortalecimento do mega-agrupamento, mas também da promoção de um trabalho articulado verticalmente, é patente no Conselho de Articulação que é a única estrutura destacada do Conselho Pedagógico.

Fig. 16 – Estrutura do Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela (Projeto Educativo 2014-2016 do Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela)

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No entanto, quando olhamos para o Regulamento Interno do Agrupamento, encontramos a equipa de autoavaliação como estrutura equiparada a outras estruturas de coordenação educativa, como a equipa da Biblioteca e Centro de Recursos Educativos ou a equipa de Educação para a Saúde. Este documento prevê uma equipa de autoavaliação com uma composição representativa do Agrupamento. Um aspeto aparentemente positivo é a definição de um grupo de focagem, bastante alargado, mas que, pela sua diversidade, será difícil de reunir ou trabalhar simultaneamente.

Este mesmo documento preconiza que a equipa de autoavaliação seja mandatada pelo Conselho Pedagógico numa determinada área do referencial previsto na Lei n.º 31/2002. A responsabilidade da equipa de autoavaliação mencionada neste documento está alinhada com um dispositivo baseado no tratamento de dados, diagnóstico de pontos fortes e fracos e apresentação de propostas, sem mencionar nem o plano de melhoria, nem a sua implementação.

Numa súmula do enquadramento nos documentos orientadores da autoavaliação no Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela, podemos dizer que há algumas lacunas na conceção de autoavaliação, pois: 1) o projeto educativo na sua avaliação não contempla nem menciona o papel da autoavaliação, sobretudo no que diz respeito à monitorização das metas previstas de resultado académico ou à avaliação do plano anual de atividades; 2) o regulamento interno prevê um grupo de focagem genérico e demasiado alargado, sem ter em conta uma possível contextualização; 3) inerente às funções da equipa de autoavaliação não está o envolvimento da comunidade na definição do plano de melhoria, nem estratégias ou atores para a monitorização deste mesmo plano.

A lógica que presidiu à construção destes documentos não está alinhada com o dispositivo de autoavaliação que existe na realidade no Agrupamento. Nem está prevista a validação do referencial de autoavaliação pelo Conselho Pedagógico, nem quaisquer fluxos de informação de dados relacionados com o acompanhamento dos resultados académicos que na prática se verificam na instituição.

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