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Parte II Análise Reflexiva

2. Reflexão sobre uma década de autoavaliação no Agrupamento de Escolas de

2.2. O Projeto de Avaliação em Rede e a implementação da autoavaliação do

Conforme referido no tópico anterior, a adesão do Agrupamento ao projeto APAR foi crucial para a melhoria da autoavaliação, não só pela formação proporcionada à equipa, como pela implementação do dispositivo de autoavaliação do sucesso académico – PAASA, que passou a ser um elemento central da autorreflexão organizacional.

O quadro VII apresenta a proposta de matriz do quadro de referência APAR, que visa ajudar as escolas a definir áreas de autoavaliação. O programa PAASA – Projeto de Autoavaliação do Sucesso Académico inclui-se no ponto 5.1 – Acompanhamento do sucesso académico, sendo que o Agrupamento se inseriu neste projeto desde o início.

Quadro VII – Matriz do Quadro de Referência APAR

O quadro de referência APAR não está colado ao quadro referência da IGEC, destacando diferenças no ponto 2 – Organização e Gestão, bem como o ponto 4 – Relações com o Exterior. Já o ponto 3 – Desenvolvimento Curricular, surge de uma forma mais simplificada no referencial APAR. Quando comparado com outros referenciais estrangeiros ou com o referencial de MacBeath et al. (2005), é aparentemente menos

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auspicioso ao nível dos processos de ensino e aprendizagem, deixando em aberto uma interpretação parcelar e ajustada a cada instituição. Outro aspeto de relativa neutralidade do referencial APAR é o trabalho docente, nomeadamente no que diz respeito ao trabalho colaborativo, que está correlacionado com o desenvolvimento da aprendizagem organizacional e desenvolvimento de uma cultura de melhoria das escolas. Aliás, o referencial da IGEC é mais rico em áreas relacionadas com os docentes e o seu trabalho do que o referencial APAR.

Outro aspeto que deve ser tido em conta é a comparação deste quadro-referência com as áreas a avaliar segundo a Lei n.º 31/2002. Acrescenta diversas áreas aos requisitos legais de avaliação, como as relações com o exterior, mas importa não esquecer os tópicos que a referida lei preconiza: o trabalho colaborativo, a avaliação das atividades e da implementação do projeto educativo, bem como os resultados e acompanhamento do sucesso académico.

Apesar de ser a Lei n.º 31/2002 que orienta o processo de autoavaliação, a análise e acompanhamento dos resultados académicos volta a ser reforçado na legislação seguinte. O Decreto-Lei n.º 137/2012 refere o papel do Conselho Geral na apreciação do processo da autoavaliação (alínea K do 13.º artigo), reiterando o relatório de autoavaliação e o acompanhamento dos resultados escolares como instrumentos de autonomia das escolas. Mais recentemente, o Despacho Normativo 1-F/2016, referente à avaliação das aprendizagens, salienta no seu preâmbulo a necessidade das escolas criarem um fluxo de informação a partir da avaliação, salientando a importância da monitorização da avaliação das aprendizagens ao nível de escola. O programa PAASA acaba por ter um papel importantíssimo no cumprimento dos requisitos legais, ao mesmo tempo que permite um envolvimento significativo da comunidade na reflexão dos resultados, alinhado com as recentes tendências de organizações educativas que conseguem aprender com os dados da avaliação.

O quadro-referência APAR é suficientemente aberto para promover a aceitação junto dos diretores, junto da comunidade escolar, mas ao mesmo tempo suscetível de promover uma reflexão útil das equipas de autoavaliação. Mais do que considerar o quadro de referência, o questionamento e a construção dos referenciais de avaliação é que vai ditar a ação mais ou menos eficaz das equipas de autoavaliação.

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A figura 17 procura traduzir de forma simplificada o fluxo de informação no dispositivo de autoavaliação proposto para o campo do acompanhamento do sucesso académico – PAASA do projeto PAR, numa interpretação do relator.

Fig. 17 – Interpretação esquemática do ciclo avaliativo aplicado no PAASA da Associação Projeto de Avaliação em Rede.

A metodologia proposta pelo PAASA implica o acompanhamento direto da estrutura APAR que fornece todas as propostas de grelhas de recolha de dados, mas também instruções para o uso do dispositivo de autoavaliação nos seus diferentes passos. A equipa de autoavaliação faz adaptações e ajustes ao nível do referencial de avaliação, nomeadamente no que diz respeito às metas de comparação (definidas no projeto educativo ou comparadas com resultados de anos anteriores).

A grelha de registo PAASA inicial foi ajustada a pedido do Agrupamento para contemplar uma síntese estatística da situação dos alunos pelo Conselho de Turma, de acordo com o protocolo já existente, implementado pela Direção. Este pedido mostra o carácter de partilha e introdução de inovação da rede APAR, sendo que mais Agrupamentos passaram a tratar dados de sucesso perfeito e número de alunos com níveis inferiores a três.

As grandes vantagens deste dispositivo de autoavaliação são o envolvimento, quer da equipa, quer da direção, quer das lideranças e estruturas do Agrupamento e a partilha de um protocolo entre várias escolas. A metodologia é clarificada desde o início, apresentada e comprovadamente validada pelo uso em diversas escolas, pelo que a aceitação é maior.

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Os Conselhos de Turma, na transposição das classificações sumativas para as grelhas, acabam por ser convidados a refletir sobre os resultados com base em taxas de sucesso e qualidade, através da média de classificações, sucesso perfeito e eventuais resultados de avaliação externa. Conforme evidenciado na figura 17, os Departamentos e Grupos Disciplinares também analisam os resultados no final de cada avaliação sumativa e definem estratégias de melhoria ou propõem estratégias organizacionais no final do ano. Os relatórios de autoavaliação incluem as estratégias definidas nestas estruturas, podendo ou não a equipa realizar intervenções/comentários com base nas estratégias registadas.

O PAASA reporta-se sobretudo à promoção do sucesso académico, que está diretamente relacionado com o que se passa dentro da sala de aula, por isso a mudança efetiva tem que ocorrer a partir dos professores e o programa está bem desenhado neste sentido, mas a informação recolhida fornece muito poucas pistas sobre como ajustar o processo de definição de estratégias concretas com alunos.

A principal desvantagem do dispositivo de autoavaliação proposto pelo PAASA em termos de implementação é a extensão dos relatórios produzidos, que requerem uma digestão e segmentação da informação em função dos seus destinatários. A estratégia tomada foi a simplificação da informação disponibilizada aos Departamentos.

Acresce a esta situação alguma inércia do dispositivo de autoavaliação perante a definição de estratégias ineficiente pelas lideranças intermédias. Quer os Coordenadores de Departamento, quer os Diretores de Turma definiram mais ações de melhoria isoladas, sem grande estratégia e sem monitorização. Ressalva-se por este facto a importância de capacitar as lideranças no processo de autoavaliação e de construção de melhoria.

Outro aspeto que não foi implementado na sua plenitude foi a devolução aos diretores de turma da responsabilidade de introduzir na grelha de registo da média de cada ano, para comparação com a turma, visto que acontece de uma forma extemporânea.

Outro ponto fraco foi a impossibilidade de promover a reflexão séria e comparação entre os resultados das diferentes turmas nos Conselhos de Turma nos primeiros anos de implementação do PAASA. Esta foi uma das razões para a alteração do dispositivo introduzida posteriormente.

Tendo em conta a exigência de implementação do projeto PAASA em termos de colaboração da comunidade educativa, durante alguns anos a equipa de autoavaliação centrou-se no acompanhamento do Sucesso Académico e só pontualmente se dedicou a outros pontos de análise da autoavaliação.

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2.3. Um novo instrumento de recolha de dados estatísticos do sucesso