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CAPÍTULO III FERRAMENTAS COLABORATIVAS ONLINE: DA ANÁLISE DE MENSAGENS À EXPERIÊNCIA DE FLUXO

3.3. A Avaliação de fóruns de discussão em linha

Embora o uso de fóruns, no contexto do Ensino Superior, seja uma realidade corrente em muitas instituições, algumas questões associadas com o seu uso se levantam. Entre estas, são do particular interesse do processo de avaliação da utilidade deste tipo de ferramentas, as questões relacionadas com o seu potencial e com a forma de efectuar a sua avaliação.

O potencial dos fóruns foi amplamente discutido na literatura (Roberts & McInnerney, 2007; Roschelle, et al., 2005), e pode ser resumido como uma aprendizagem colaborativa apoiada por computadores; se implementado apropriadamente, poderá trazer um ambiente ideal onde a interacção entre os alunos predomina no processo de ensino e também onde os membros que participam num ambiente colaborativo têm como objectivo aprender o que foi proposto e manter um relacionamento entre os membros do grupo.

Mas o tema Avaliação é bastante complexo e suscita muitas dúvidas e incertezas ao avaliador. Segundo Pinto e Santos (2006), este facto “… prende-se certamente com os

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significados e as concepções de avaliação que cada professor tem, bem como da sua própria experiência avaliativa” (Pinto & Santos, 2006).

Então, o que significa o termo “avaliar”? No dicionário (Priberam, 2009) o termo “avaliar” significa “determinar o valor de”, “Compreender”, “Apreciar”,”prezar”. Assim, avaliar um aluno resulta de uma compreensão, apreciação da sua acção por parte do professor, utilizando diferentes instrumentos, de forma a determinar um valor, qualitativo ou quantitativo.

Como refere Pinto e Santos (2006), verificam-se, na classe docente, desiguais concepções do termo avaliar e das funções da avaliação, bem como diferentes formas de actuação. Outra questão importante, para este projecto, será a da avaliação das participações dos alunos em fóruns de discussão em linha e como as valorizar de forma devida. Existe um conjunto de estudos que utilizaram diversas formas de avaliação para se empregarem nos fóruns de discussão em linha (Drops, 2003; Maor, 1998; Mesquita, 2007; Meyer, 2004).

Com a simples contagem das participações de cada interveniente num fórum de discussão, não se consegue medir as interacções com qualidade. Acresce igualmente a afirmação comum que a qualidade não é sinónimo de quantidade (Drops, 2003).

Por sua vez, Maor (1998) possibilitou aos alunos utilizarem os fóruns de discussão para discutirem acerca do tema computadores na educação, havendo um líder diferente todas as semanas para a discussão em linha (Maor, 1998). Com base nas intervenções dos alunos, o autor criou uma base de dados com os seguintes campos: participante, o líder do grupo de discussão, o tópico de discussão e o envolvimento do aluno na discussão. À medida que ia lendo os fóruns de discussão, ia classificando cada resposta mediante os seguintes termos: o aluno inicializou uma conversa redundante, apresentou uma questão ou um endereço de uma página, está a liderar a discussão, ou está apenas a responder à questão.

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Meyer (2004) utilizou quatro métodos diferentes para analisar dezassete fóruns em linha de um programa de doutoramento, de forma a validar a sua eficiência (Meyer, 2004).

Em especial e para o presente estudo, é considerada a abordagem proposta por (Mesquita, 2007). Este trabalho de investigação optou por um modelo em que basicamente segue três etapas:

• Classificar cada mensagem de cada aluno como sendo significativa ou não significativa, ou seja, mensagens como “Obrigado”, “até amanhã”, “Olá”, são classificadas como não significativas, e outra mensagem que tenha relação com o teor do tema em causa é classificada como significativa;

• Depois de ter classificado as mensagens significativas, classificar estas de uma escala de 1 a 3 (1- Positiva; 2- Boa; 3 – Muito Boa);

• Por fim, calcular o número de mensagens significativas mediante o seu factor multiplicativo, ou seja, multiplicar o número de mensagens com classificação muito bom por três, multiplicar as mensagens com classificação bom por dois e multiplicar as mensagens com classificação positiva por 1, somando, no final, todas estas parcelas. Depois de realizada esta operação, é necessário converter estes valores numéricos para valores classificativos. Como proposta de conversão, pode ser avançado como base o aluno que tem mais mensagens significativas, a quem serão atribuídos 20 valores e, os restantes, usando a proporcionalidade directa, ser-lhes-iam atribuídas as respectivas classificações.

Neste modelo, o aluno que tenha escrito mais mensagens não tem obrigatoriamente melhor classificação que o aluno que tenha participado menos. Por exemplo, um aluno podia ter escrito 20 mensagens tendo apenas 3 classificadas como boas e 2 como positivas, um outro aluno podia ter escrito apenas 10 mensagens, sendo todas elas classificadas como muito bom, tendo este aluno melhor classificação que o primeiro. Por exemplo, o aluno 1 tem uma mensagem muito boa, duas boas e uma positiva; o

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aluno 2 tem zero mensagens muito boas, uma boa e uma positiva; o aluno n tem uma mensagem muito boa, uma boa e uma positiva (Tabela 6).

Tabela 6 – Classificação de mensagens

Número de Mensagens

Mensagens Significativas

Não

significativas Total (Significativas)

Nº Aluno 3 2 1

Aluno 1 1 2 1 3 8

Aluno 2 0 1 1 4 3

...

Aluno n 1 1 1 1 6

Para se saber qual o número de mensagens significativas mediante cada factor multiplicativo, temos: Aluno 1 tem 8 mensagens significativas (1*3 + 2*2 + 1*1); Aluno 2 tem 3 mensagens significativas (0*3 + 1*2 + 1*1); Aluno n tem 6 mensagens significativas (1*3 + 1*2 + 1*1). Depois de ter calculado as mensagens significativas mediante os factores multiplicativos, é necessário converter estes valores numéricos para valores classificativos. Como o aluno 1 tem mais mensagens significativas, parte- se do princípio que este tem 20 valores e para os outros calcula-se usando a regra da proporcionalidade directa, ou seja, o aluno 1 tem 20, o aluno 2 tem 7.5 valores e o aluno 3 tem 15 valores.

É seguindo um algoritmo descrito resultado da abordagem baseada em Mesquita (2007) que se irá avaliar a qualidade e participação dos alunos num fórum de discussão em linha. Esta abordagem parte do princípio que estamos perante uma aprendizagem colaborativa e que o professor tenha presente uma grelha de avaliação de forma a registar as leituras das mensagens dos vários participantes.

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De forma resumida considera-se:

Classificação parcial do aluno = nrespx * ntipo1 + nrespx * ntipo2 + nrespx * ntipo3.

Em que nrespx representa o número de respostas significativas e ntipo refere-se a uma escala de 1 a 3 (1- Positiva; 2- Boa; 3 – Muito Boa), ou seja, ntipo1 = 1, ntipo2 =2 e ntipo3=3.

A classificação final do aluno é calculada com base no aluno que tem mais mensagens significativas (classificação parcial do aluno), a quem serão atribuídos 20 valores e aos restantes, usando a regra da proporcionalidade directa, ser-lhes-iam atribuídas as respectivas classificações.