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4 O SISTEMA DE TUTORIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

5 A AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

5.3 A Avaliação no Sistema de Educação a Distância

Na Educação a Distância, a avaliação é pensada como sistema, ou seja, ela compõe o sistema de EaD associado com os sistemas de gestão, sistema de tutoria (acompanhamento e apoio ao estudante), sistema de comunicação e tecnologia, sistema de elaboração de material didático (impresso, mídia, hipertexto, digital, etc), permitindo, assim, que se avalie a proposta curricular e o impacto socioeducacional dos cursos oferecidos.

Na condição de sistema, os elementos da avaliação são específicos aos sistemas da EaD. Assim, por exemplo, no sistema de tutoria, serão elementos de avaliação: o processo de ensino e aprendizagem do estudante, o material didático, o próprio sistema de tutoria e o curso/modalidade (NEDER, 1996).

Segundo Alonso (2005), fator relevante para a avaliação de um sistema de educação a distância é o índice de evasão, considerado "indicador de análise de efetividade dessa modalidade". De acordo com o modelo e características de um sistema de EaD, o estudante pode desenvolver o sentimento de fazer parte da instituição ou de completo isolamento em relação a esta. Isso poderá incidir em sua permanência ou desistência em um curso.

Portanto, avaliar o sistema de EaD é importante passo para a certificação de qualidade no processo de formação.

O sistema de avaliação pode assumir um perfil extremamente complexo e dinâmico, ou rigorosamente estático, a depender do modelo de EaD em que está inserido.

Assim, um sistema de avaliação complexo e dinâmico pode ser concebido como sistema regulador em EaD (no sentido de diagnóstico e possibilidade de redefinição, re- elaborações e tomadas de decisão), pois ele é capaz de oferecer feedback acerca dos impactos do sistema de EaD em seu todo, na aprendizagem do estudante e acerca do "sentimento de estar em relação" com os sujeitos envolvidos no processo formativo/educativo, Teoria da presença Transacional (SHIN, 2002) e, até, acerca dos meios mais utilizados pelos estudantes que desenvolvem a autonomia no processo de aprendizagem.

Considerando que a aprendizagem abarca processos cognitivos, metacognitivos, afetivos, emocionais, culturais, econômicos, biológicos, um sistema de avaliação complexo e dinâmico se sustenta em meios qualitativos e quantitativos, baseando-se na integração dos mais variados tipos de avaliação.

Por outro lado, dependendo do sistema de EaD, o sistema de avaliação pode se limitar à verificação e mensuração dos conhecimentos apreendidos pelo estudante.

Assim, esse sistema de avaliação simplificado e estático prioriza os processos cognitivos, mais específicamente os mecanismos mentais como a memorização e, portanto, limita-se à avaliação de produto (quantificação do conteúdo retido pelo estudante).

Esse tipo de avaliação é bastante útil para o modelo de EaD que visa a uma formação em massa, em que a formação é disponibilizada por meio de pacotes de ensino (planejamento centralizado, otimização de recursos, produção de material em larga escala) (BELLONI, 1999).

Nesse modelo de EaD, cujo paradigma é o modo de produção industrial do tipo fordista, cuja característica é a baixa inovação de produto, baixa variabilidade de processo e baixa responsabilidade de trabalho, o sistema de avaliação visa oferecer à instituição formadora os resultados acerca da eficiência ou não do material didático utilizado, pois cabe ao material didático dar conta do processo de aprendizagem do estudante.

Apesar de ter atingido o apogeu na década de 1970, com o surgimento das mega- universidades de educação a distância na Europa que passou por variações pelos modelos japoneses neo-fordistas e forte influência das novas tecnologias de comunicação e informação (NTIC), a partir da década de 1990, esse modelo ainda persiste, embora em roupagem de mixagem entre os variados modelos da produção industrial.

Prova disso é a crítica elaborada por Demo (1998), quando diz que a Teleducação (Educação a Distância) deveria emergir como proposta mais moderna e afinada com as modernas teorias de aprendizagem, mas não tem ultrapassado as barreiras do Telensino. Ou seja, lança mão de aulas mais agradáveis, porque suportadas por tecnologias (vídeo, televisão, teleconferência, ambientes virtuais), mas não ultrapassa o contexto de aula reprodutiva, em que os estudantes são telespectadores passivos e o material didático não favorece a aprendizagem na ausência física do professor.

Segundo Demo (1998), um dos grandes desafios da Teleducação é a avaliação da aprendizagem, que não deve ser concebida nem de cima para baixo, nem como intervenção extemporânea (ao final do módulo, mensalmente, bimestralmente, semestralmente).

Para esse autor, a avaliação é componente intrínseco da aprendizagem, só faz sentido se for educativa, ou seja, a avaliação deve sempre oferecer condições para que o estudante aprenda. Nesse sentido, Demo (1998, p. 285) define a avaliação como:

Estratégia permanente de sustentação da aprendizagem formal e política do aluno, com base em diagnósticos constantes e capacidade de intervir de maneira educativa.

Essa concepção de avaliação traz em seu veio uma concepção de educação voltada para a transformação das relações de desigualdade social, propondo um sistema de avaliação pautado nos princípios democráticos. Nesse sentido, além do respeito aos rigores formais, deve ter presentes os direitos do avaliado, de reagir, defender e aprender, de ter

clareza acerca dos critérios da avaliação, de não ter sua aprendizagem falseada, de saber dos motivos da avaliação (DEMO, 1998).

Tido como instrumento capaz de revelar as mazelas no processo formativo, o sistema de avaliação, se bem estruturado, pode oferecer condições para uma re-significação da prática, mas também pode ser utilizado como auto-defesa (falseamento de resultados, evasivas, verbalizações que não expressam a real situação do avaliado, para salvaguardar sua auto-estima e, assim, evitar desconfortos no processo relacional).

Uma das propostas de Demo (1998) para a avaliação no campo da Educação a Distância seria fazer uso de processos reconstrutivos, no lugar de processos de mensuração (provas, teste, exames). Mais que tudo porque os processos reconstrutivos permitiriam ao estudante demonstrar sua aprendizagem não apenas por meios específicos (texto, monografia), mas por meios genéricos (dramatizações, por exemplo).

De maneira geral, essa proposta tem como princípio educativo a pesquisa, cujo objetivo é a formação do sujeito histórico capaz de autonomia crítica e criativa (DEMO, 1998).