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A B C FIGURA 16 Dalmáticas francesa (A), França/Parma (B) e italiana (C)

ANALISE DOS MATERIAIS: ORGANOLÉPTICA

A B C FIGURA 16 Dalmáticas francesa (A), França/Parma (B) e italiana (C)

FONTE: Catálogo da Coleção do Museu das Pratas, do Palazzo Pitti, “I paramenti sacri della Cappella Palatina di Palazzo Pitti”, 1988, p. 23.

O ornamento das dalmáticas consiste em guarnições em torno das bordas da manga e dois galões verticais na frente e atrás, ligados entre eles por outros dois galões paralelos horizontais, colocados perto do pescoço (francês), ou nas costas (alemão), ou em baixo perto da borda inferior (italiano). Existem dalmáticas e tunicelas que possuem um só galão vertical na frente e um só atrás, mas são raras e encontradas somente na França e Alemanha.

Desta forma, analisando as dalmáticas existentes no acervo, podemos averiguar que, em sua maioria, encontramos os ornamentos com galões nas bordas das mangas, dois verticais

na frente e atrás, ligados entre eles por dois galões paralelos horizontais, próximos à borda inferior. Quanto a abertura lateral, alguns se apresentam fechados e outros abertos.

FIGURA 17 - Dalmática do acervo do MAAS.

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A técnica de confecção dos tecidos, as estampas, os motivos florais, o esquema dos desenhos e sua disposição, podem dizer muito sobre o objeto. Outro fator são as cores que compõem os tecidos. O tamanho das estampas, se não indicam a provável origem, certamente determinam a época de sua fabricação.

O acervo do MAAS é composto por diversos tipos de tecidos com efeitos decorativos surpreendentes. Dentre lisos e estampados bordados ou com fios metálicos vemos, gorgurões diversos, com lhama, bordados, gofrados, chamalotes, cetins, brocados, brocatel, damascos, adamascados, tafetás, veludos mistos, lãzinha, linho, algodão e couro (Anexo E).

FIGURA 18 - Tecidos lisos com fio metálico, estampados sem fio metálico e lisos bordados. Acervo do MAAS.

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FIGURA 19 - Tecidos brocados com fios metálicos. Acervo do MAAS.

Encontrados no acervo um tecido que é certamente o mais antigo, do segundo quartel do século XVIII (FIG.20), tratando-se de um damasco brocado lançado com fios metálicos dourados com alma de seda amarela, do qual temos um conjunto de 1 casula, 2 dalmática, 3 manípulos, 1 estola e 1 Capa de Asperge. Apresenta diversos motivos fitormórfos e zoomórfos exóticos.

FIGURA 20 - Tecido damasco brocado lançado com fio metálico dourado.Acervo do MAAS. Alguns tecidos, como os adamascados (FIG.21) e cetins bordados, que pela sua técnica de confecção determinam o período de sua produção, não podem ser anterior ao século XIX.

FIGURA 21 - Tecido adamascado em duas cores, verso e frente. Acervo do MAAS. Outros tecidos, podem ser classificados como sendo provavelmente confeccionados entre o final do século XVIII e início do XIX. São encontrados, apresentando-se já no estilo Rococó, com flores miúdas e espalhadas ou ainda, como de transição, com motivos de bouquets de flores, com uvas e trigos (FIG.22). São tecidos que apresentam técnicas diversas, conforme o uso que se fazia na Europa, sendo sempre ricamente trabalhados, em seda e fios metálicos, como brocados lançados, brocados lançados espolinados, fundos de Gros de Tour27, cetins, tafetás e damascos.

FIGURA 22 - Tecidos do século XVIII/XIX. Acervo do MAAS

27 Ponto derivado do tafetá, em que os fios da trama são remetidos, cada um de uma vez, por duas vezes, para se

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Existe no acervo uma grande quantidade (cerca de 50 peças) de paramentos feitos em gorgurão de seda com lhama de fio metálico dourado, nas cores verde, vermelho carmesim, amarelo e roxo romano, de uso comum no século XIX e produzidos deste o século anterior em diversos países. Podem ser comparados a tecidos italianos, de produção florentina, como a exemplo na casula de cor vermelha (FIG.23A), comprada em maio de 1838 para a Capella Palatina e que hoje faz parte do acervo têxtil do Palazzo Pitti.

Vemos outro exemplar, da mesma coleção, de cor branco perolado (FIG.23B), de Florença, datado por volta de 1780-1790, registrado na sacristia da Capela de São Bernardo no Palazzo Vecchio em 1791 e acondicionada em 1829. Um outro paramento em laminado roxo (FIG.23C), de manufatura italiana, pertencente ao acervo da Basílica de Santa Maria dell´Umiltà, em Pistoia, e data da primeira metade do século XIX, assim como a casula pertencente ao mesmo acervo, de cor rosa (FIG.23D), datado do primeiro quartel do século XIX.

A. B. C. D.

FIGURA 23 - Casulas italianas, tecido laminado nas cores vermelha (A), pérola (B) , roxa (C) e rosa (D). FONTE: Catálogo da Coleção do Museu das Pratas, do Palazzo Pitti ,“I paramenti sacri della

Cappella Palatina di Palazzo Pitti”, 1988, p. 31.

Como no exemplo acima, outros paramentos do acervo estudado, podem ser comparados a acervos italianos pelas estampas apresentadas e pelos motivos fitomórfos. Vemos na figura 24 duas casulas do acervo da Capella Palatina, de manufatura florentina, confeccionadas por Andrea Buti em Florença (FIG.24A e B), em damasco de seda, sendo a primeira datada do último quartel do século XVII e a segunda por volta de 1821-1823.

Comparando-as à casula de Mariana (FIG.24C), apresentam a retomada no final do XVIII e início do XIX dos motivos florais em grandes dimensões, formando figuras de efeito, e que foram muito utilizados como tecidos litúrgicos e de decoração de ambientes, como

podemos encontrar por todo o Palazzo Pitti, cortinas e revestimentos de parede, feitos em damasco de seda de cores diferentes. Os brocados também se assemelham, como nos caso das figuras 25 e 26, formando pequenos ramos de flores e cobrindo o tecido em toda a sua extensão.

A. B. C.

FIGURA 24 – Casulas. Coleção Palazzo Pitti, Florença, Itália. Final do século XVII (A) e século XIX (B). Casula do MAAS (C). A e B FONTE: Catálogo da Coleção do Museu das Pratas, do Palazzo

Pitti, “I paramenti sacri della Cappella Palatina di Palazzo Pitti”, 1988, p. 32.

A B C FIGURA 25 - Casulas italianas. Florença, Palazzo Pitti

FONTE: Catálogo da Coleção do Museu das Pratas, do Palazzo Pitti, “I paramenti sacri della Cappella Palatina di Palazzo Pitti”, 1988, p. 34

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É interessante observar que uma grande parte do acervo do Palazzo Pitti, cujos paramentos utilizamos para a análise comparativa da qualidade e datação dos tecidos de Mariana, é oriundo de Parma e de comprovada produção florentina, o que nos aponta percursos futuros que podem ser seguidos. Seria uma coincidência tal semelhança com o acervo de Parma ou Mariana guarda mais segredos quanto a escolha do nome da cidade, quando homenageou Dona Maria Anna D´Áustria?

Observando os paramentos de Parma, vemos duas características na decoração, de grande influência alemã, o tipo de decoração com tecidos diversos daquele do fundo, formando a singular cruz nas costas (FIG.27B). Em Mariana encontramos uma casula em damasco de seda vermelho carmesim (FIG.27A), com tecido damasco provavelmente do origem francesa, que apresenta aplicado na frente a coluna e nas costas a cruz em brocatel lavrado com motivo floral.

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