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2 UNIVERSIDADE, BIBLIOTECA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.2 A biblioteca e a EAD

A Biblioteca Universitária desempenha papel estratégico na Universidade, pois é o lugar onde se concentra a produção acadêmica, garantindo a memória e disponibilizando recursos informacionais capazes de responder às necessidades da comunidade. Nesse aspecto, a Biblioteca reflete o desenvolvimento da própria Universidade, considerando

que por meio dela a sociedade tem condições de perceber o grau de comprometimento da Instituição com o ensino, a pesquisa e a extensão.

A Biblioteca proporciona aos usuários a possibilidade de irem além daquilo que é ensinado em sala de aula e indicado nas bibliografias propostas, oferecendo recursos para que possam percorrer caminhos que lhes pareçam mais adequados e interessantes para a busca do conhecimento desejado, possibilitando, dessa forma, que o usuário faça sua reflexão e tire suas próprias conclusões.

A modalidade EAD nas IES vem crescendo. Consequentemente, a estrutura administrativa da Universidade terá que se adaptar para atender a esse novo contexto. Nesse sentido, a Biblioteca Universitária, que sempre exerceu papel fundamental no apoio à aprendizagem, precisa se adaptar e articular para atender às necessidades da modalidade EAD.

Ao refletir sobre a Biblioteca e a EAD na Universidade, pode-se inferir que duas alternativas podem ocorrer com relação aos cursos ofertados a distância e às atividades desempenhadas pelas Bibliotecas:

 Possibilidade de centrar um curso no material apresentado. Em sua elaboração,

houve um trabalho sério da equipe envolvida em transmitir, por meio do material didático, o conteúdo da disciplina, seja no formato textual ou eletrônico, utilizando uma linguagem acessível, de forma a dialogar com o aluno, e possibilitando a apropriação e assimilação do conteúdo. O curso ofertado dessa forma busca dialogar com os alunos e, mesmo que conste a indicação de bibliografias, o estudo concentra-se no material produzido. Com isso, os materiais disponíveis pelos cursos ficam praticamente como os responsáveis por suprir as necessidades de informação dos alunos, criando à ilusão de autossuficiência. Neste caso, a Biblioteca tem atuação limitada, podendo ficar fora do processo, ou, talvez, sua existência só se apresente como necessária no momento em que o aluno esteja escrevendo o trabalho final do curso;

 Os alunos estudam com o material construído pela equipe envolvida e são

incentivados a utilizar as Bibliotecas para complementação das leituras e estimulados a participar das discussões por meio de fóruns, chats e encontros

presenciais. Este modelo estimula os alunos à pesquisa e ao desenvolvimento de atitudes em relação ao aprendizado independente, incentivando-os a pensar e a tirar suas próprias conclusões.

As instituições que ofertam cursos a distância precisam oferecer recursos e serviços bibliotecários para os alunos neles matriculados. Segundo Mueller (2000, p. 7), “no Brasil é comum ouvir-se queixas de professores sobre a dependência de alunos brasileiros aos textos recomendados e à sua falta de iniciativa em realizar buscas por informação por conta própria.” No entanto, os planos brasileiros de cursos a distância não apresentam essa situação de forma clara e sequer mencionam em detalhes os serviços bibliotecários. Comumente, ofertam kits preparados, o que não contribui para o desenvolvimento da pesquisa, conforme enfatizado a seguir:

Esses kits poderiam ser comparados a apostilas tão comuns no ensino tradicional, que também tem o efeito de restringir a necessidade da busca autônoma pelo estudante. Mas, ao contrário dos alunos de cursos regulares que podem, se quiserem, ir à biblioteca e explorar os acervos, alunos de cursos à distância precisam de orientação especialmente planejada para encontrar seu caminho ― virtual ― aos serviços bibliotecários e ao acervo disponível. Essa é outra questão: o acervo, ou sua representação, teria então que estar disponível online. Não é, de fato, um problema de simples solução, pois envolve a elaboração de catálogos e bibliografias anotadas, a digitalização de textos, serviços de fornecimento de cópias e envio de material por correio ou malotes(MUELLER, 2000, p.7).

Nesse aspecto, o sistema UAB, como um dos incentivadores do crescimento dos cursos na modalidade EAD, ainda que enfrente muitas dificuldades, merece reconhecimento, porque requer um minucioso planejamento dos cursos. Além disso, a UAB seleciona os polos municipais de apoio presencial a cursos superiores de instituições federais na modalidade EAD, para que os alunos distantes tenham condições de desempenhar suas atividades e destaca a importância da existência de bibliotecas.

O documento Referenciais de Qualidade para o Ensino Superior a Distância apresenta as seguintes orientações em relação ao aspecto de infraestrutura de acesso à biblioteca:

Instalações físicas

a) infraestrutura material que dá suporte tecnológico, científico e instrumental ao curso;

b) infraestrutura material dos polos de apoio presencial;

c) existência de biblioteca nos polos, com um acervo mínimo para possibilitar acesso aos estudantes a bibliografia, além do material didático utilizado no curso;

d) sistema de empréstimo de livros e periódico ligado à sede da IES para possibilitar acesso à bibliografia mais completa, além do disponibilizado no polo (BRASIL, 2007, p. 7, grifo nosso).

Ainda segundo o documento, é importante que a proposta de material didático para cursos a distância inclua um guia geral do curso, seja no formato impresso ou digital, e apresente de maneira clara os seguintes aspectos:

[...] que materiais serão colocados à disposição do estudante (livros-texto, cadernos de atividades, leituras complementares, roteiros, obras de referência, CD Rom, Web-sites, vídeos, ou seja, um conjunto – impresso e/ou disponível na rede- que se articula com outras tecnologias de comunicação e informação para garantir flexibilidade e diversidade) (BRASIL, 2007, p. 14).

As orientações e recomendações do documento do MEC fazem com que seja um instrumento norteador para as instituições que têm interesse em ofertar cursos a distância. Além das informações relacionadas neste documento, o MEC desenvolveu os instrumentos para a avaliação dos cursos a distância, indicando que serão contempladas as dimensões em relação à instituição, aos polos e às condições de oferta de curso, sendo uma delas a parte de infraestrutura, na qual se apresentam as questões relacionadas à Biblioteca polo.

Nos diferentes instrumentos de avaliação do MEC, são contempladas às questões relacionadas ao acervo, instalações físicas, mobiliário, equipamentos e profissional bibliotecário nas bibliotecas dos Polos e biblioteca-sede da instituição. Considerando os aspectos avaliados, cabe reforçar a importância destas estruturas como apoio às atividades pedagógicas e acadêmicas dos cursos da UAB(ROCHA, 2011, p. 75).

Neste cenário de regulação da EAD no País, em que as bibliotecas são constantemente avaliadas pelo MEC, torna-se fundamental criar formas para a infraestrutura física e o gerenciamento do acervo e serviços.

No que se refere à existência de profissionais bibliotecários para dar suporte às bibliotecas dos Polos, o Instrumento de Credenciamento Institucional do MEC traz com clareza, orientações sobre a necessidade de existência destes profissionais ligados às IES para que seja possível a oferta de suporte na gestão das bibliotecas. Vê-se, portanto, que é essencial que as políticas institucionais das IES apoiem plenamente a proposta da UAB para que o Estado possa ser beneficiado da melhor forma possível pelo projeto (ROCHA, 2011, p. 76).

Com relação aos serviços disponibilizados para o aluno inserido na modalidade a distância, as bibliotecas polo precisam oferecer:

As bibliotecas dos Polos precisam também oferecer serviços informatizados para possibilitar a realização de consultas online, empréstimo de materiais, renovações, reservas e outros que possam ser disponibilizados por meio de parcerias e compartilhamento das informações com a biblioteca-sede da IES, como por exemplo, o acesso a recursos bibliográficos online e orientações gerais por meio de tutoriais (ROCHA, 2011, p. 75, grifo nosso).

Com a expansão do ensino a distância, as bibliotecas precisam analisar seu papel, tendo em vista que com a evolução das TICs elas passaram a disponibilizar vários serviços aos usuários, como: catálogos on-line, empréstimo automatizado, renovações e reservas on- line, chats de atendimento, tutorial de orientação à pesquisa no portal de periódicos da CAPES, tutorial de normalização bibliográfica, ficha catalográfica on-line, serviço de comutação bibliográfica por meio de formulários disponíveis na web e e-books.

Em função dessas disponibilidades, pressupõe-se que o usuário torne-se cada vez mais independente para acessar a informação. Porém, parte significativa da informação recuperada por meio das redes nem sempre apresenta o formato completo. As fontes mais completas de informação ainda estão localizadas nas bibliotecas acadêmicas em formato impresso e sua disponibilização em formato digital ainda é uma realidade distante.

Diante dessas mudanças, o que se percebe é que, muitas vezes, o usuário fica disperso diante da quantidade de informações disponíveis on-line, das dificuldades em relação à confiabilidade da fonte e da profundidade do assunto tratado. Nesse aspecto, a importância de contar com o profissional bibliotecário e com a Biblioteca é essencial na modalidade tanto presencial quanto a distância.

Percebe-se que as Bibliotecas Universitárias encontram-se numa encruzilhada diante da modalidade EAD. Há necessidade de novas atitudes em relação à situação apresentada. Mas, por onde começar? Este é o desafio que se encontra presente para as Universidades e as Bibliotecas Universitárias.

Considerou-se oportuno apresentar as habilidades impostas pela tecnologia aos bibliotecários para atuarem em EAD.

2.3 Os bibliotecários e as habilidades exigidas pela tecnologia para a