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Os bibliotecários e as habilidades exigidas pela tecnologia para a EAD

2 UNIVERSIDADE, BIBLIOTECA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.3 Os bibliotecários e as habilidades exigidas pela tecnologia para a EAD

Dados da literatura evidenciam que a área de Informação está em pleno crescimento, demandando a readequação do capital humano e, especificamente, mais qualificação dos bibliotecários, diante das novas exigências das atividades laborais. Segundo Carvalho e Kaniski (2000), as bibliotecas precisam mudar a visão de armazenadora de

informações para uma postura voltada para o processo de comunicação, substituindo a filosofia de posse para a de acesso. Nesse aspecto, as tecnologias da informação permitem a possibilidade de ampliar as formas de acesso à informação.

As Bibliotecas Universitárias envolvidas no processo educativo precisam encontrar formas de incentivar a capacitação dos profissionais bibliotecários, para que tenham condições de atuar em um ambiente virtual de aprendizagem de cursos a distância ou semipresenciais.

As atividades desempenhadas nas BUs estão sendo ampliadas com a EAD, considerando que as bibliotecas estão procurando disponibilizar o máximo de informação no formato digital, visando apoiar o ensino, a aprendizagem e a pesquisa. Essa mudança tem afetado os papéis e as atividades dos profissionais, devido às exigências de novas competências.

Os bibliotecários inseridos nas Universidades precisam articular seus papéis, mediante a criação e o desenvolvimento de uma série de atividades práticas e estratégicas em relação às tecnologias digitais, concomitantemente com as funções tradicionais de bibliotecas, para a disponibilização da informação e seu tratamento, disseminação e uso.

A criação e o desenvolvimento de recursos digitais são realizados com base em bibliotecas tradicionais. Contudo, o formato das informações e as ferramentas utilizadas para sua aquisição, organização, disseminação e preservação, bem como a maneira de prestação de serviços, são diferentes daqueles utilizados em uma biblioteca tradicional. Dessa maneira, a utilização das tecnologias e o desenvolvimento das bibliotecas digitais dentro de sistemas de bibliotecas tradicionais apresentam consequências na estrutura organizacional, nos recursos humanos, na carga de trabalho e nas práticas existentes.

Neste novo contexto, as bibliotecas estão enfrentando desafios em relação à capacitação. É preciso discutir esses aspectos, com o objetivo de criar uma administração mais eficiente em relação ao desenvolvimento de atividades em que o profissional utilize as tecnologias.

A literatura aponta que há algumas habilidades consideradas essenciais por diferentes autores para que os bibliotecários atuem com coleções e serviços digitais. Por meio delas, o bibliotecário pode participar da criação de projetos a distância. Segundo Tennant (2002), as habilidades essenciais para o desempenho do profissional são: catalogação e metadados; linguagens de programação básica; linguagens de marcação (HTML); indexação; design de interface para o usuário; tecnologia; e gerenciamento de projetos na Web. Em termos de características pessoais essenciais ao bibliotecário, são apontadas: disponibilidade em aprender constantemente; flexibilidade; boas habilidades interpessoais; habilidade em possibilitar e fomentar a mudança; e capacidade e vontade de trabalhar de forma independente. Tanner (2002) corrobora e acrescenta as habilidades de planejamento de projetos e de gerenciamento de projetos de digitalização. Cassim (2008) destaca as habilidades técnicas, sociais e educacionais para atuar como agente educativo. Com relação às características pessoais, acrescenta como essenciais: boa comunicação, relacionamento interpessoal e adaptação às novas tecnologias.

Railo (2011) salienta que o bibliotecário pode contribuir para a criação de projetos a distância, uma vez que tem competências que o habilitam para tal. Destaca as principais exigências para a construção de um projeto de educação a distância, podendo estes serem agrupados em quatro grandes categorias (QUADRO, 1).

QUADRO 1- Construção de projeto EAD versus competências do bibliotecário

CATEGORIAS DESCRIÇÃO

a) Criação Relacionar-se com o departamento de tecnologia da informação; pensar num portal de aprendizado com vários recursos; um portal único, que reúna diferentes informações; definir de maneira precisa os objetos de treinamento/ aprendizado/conhecimento; definir um sistema de gerenciamento do conteúdo. b) Implantação [Em parceria] com o departamento de tecnologia da informação; implantar um

portal de aprendizado com vários recursos; implantar os objetos de treinamento/ aprendizado/conhecimento; sistema de gerenciamento do conteúdo; permitir boa interoperabilidade entre os recursos e entre o usuário/ sistema; implantar uma infraestrutura capaz de organizar a informação;

c) Manutenção Os pontos listados acima deverão ser considerados, a fim de que o sistema continue em operação de acordo com seus objetivos e demandas;

d) Atualização Os pontos listados deverão ser reconsiderados, uma vez que com o passar do tempo algo que antes se mostrou como inovador/ adequado pode agora se mostrar como ultrapassado.

Ao estudar cada tópico, Railo (2011) faz um cruzamento das competências do bibliotecário. Com o que é exigido para a construção de um projeto EAD. A alínea (a) apresenta a dimensão global de um sistema de informação, cuja tarefa poderá ocorrer no momento de definição e discussão do projeto EAD (neste aspecto, as competências relacionadas à política de coleções emergem, refletindo elementos fundamentais, como os objetivos, o público envolvido, o tipo de demanda informacional, os recursos necessários disponíveis, etc.). Mesmo que o bibliotecário desconheça a plataforma operacional, essa contribuição é viável, pois, após o fechamento do modelo ideal, o bibliotecário poderá apresentá-lo à equipe de informática, ou melhor, se a área de programação já estiver envolvida com a elaboração do programa.

Quanto à implantação da alínea (b), é necessário “conhecer o público-alvo, o conteúdo e

a disponibilização”, como as atividades executadas pelos bibliotecários estão

relacionadas com o processamento técnico de documentos, quais são as formas mais efetivas de recuperar informação, como se dão a disseminação e a criação de demanda informacional que poderão ser úteis, uma vez que o bibliotecário poderá definir a dimensão do que será incluído no programa, e qual é a melhor forma de incluir com base nas expectativas de seu público. A inclusão de categorias como palavras-chave, ferramentas de recuperação e interação, será uma das tarefas a serem implementadas.

Em relação à alínea (c), etapa referente à manutenção, as competências nas duas alíneas anteriores se somam. Nesse aspecto, os conhecimentos de arquitetura da informação (usabilidade, clareza etc) são importantes, de forma a haver adequação do programa aos seus usuários.

Em relação à atualização, alínea (d), todos os elementos apresentados podem ser revisados. Procede-se à análise de tudo que se construiu, no sentido de compreender se é preciso mantê-lo ou alterá-lo, visando atender às novas demandas e às novas ferramentas, ampliando ou restringindo o que for necessário, de acordo com as necessidades percebidas.

A partir desta análise, podem-se perceber a prática e a teoria, desde que sejam consideradas as seguintes competências apresentadas por Valentim (2002), entre outras: lidar com a informação como objeto de trabalho; identificar as tecnologias de

informação e as telecomunicações como estrutura de trabalho; construir novas metodologias de tratamento da informação; ter condições de trabalhar com equipes multidisciplinares; programar novas formas de mediação da informação; reestruturar os canais de distribuição, disseminação e transferência de informação, visando aperfeiçoar o uso das telecomunicações e das tecnologias de informação; conhecer o papel estratégico da informação; ter visão da dimensão informacional existente, conhecer as necessidades informacionais dos usuários; e ser aberto e crítico. Segundo Railo (2011), a atuação do bibliotecário em projetos de educação a distância não só é possível como também desejável, pois, com as suas competências e em ambiente de trabalho propício, o bibliotecário poderá contribuir no sentido de atender às expectativas dos potenciais usuários do sistema.

Situam-se a seguir os fundamentos da EAD e apontam-se as inter-relações em termos da política institucional, infraestrutura tecnológica e de recursos humanos, dimensões importantes a serem compreendidas como subsídios para o trabalho dos profissionais responsáveis pelas dimensões de acesso à informação.

3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, POLÍTICA INSTITUCIONAL ,