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CAPÍTULO 3 – A CADEIA PRODUTIVA DO BIODIESEL E A

3.2 A cadeia logística do biodiesel a partir do OGR

Como o presente Estudo objetiva abordar a problemática do OGR para a produção do biodiesel, o foco será restrito à descrição da cadeia produtiva do biodiesel a partir daquele insumo. A Figura 3.2 representa de forma simplificada a cadeia logística do biodiesel produzido a partir do OGR.

Figura 3.2: Cadeia Logística do Biodiesel de OGR. Fonte: Elaborado pelo autor.

A cadeia logística esquematizada na Figura 3.2 tem como limite as plantas agrícolas que, de acordo com o produto tratado, tem atividades específicas de plantio, trato do solo, colheita e armazenagem. Os produtos colhidos são armazenados até o momento em que atingem um volume economicamente viável para transporte pelos modais rodoviário, ferroviário ou aquaviário dependendo das condições geográficas, da distância de transporte e do volume a transportar.

Assim, os produtos agrícolas são levados à indústria que lhes agrega valor, extraindo e refinando o óleo ou produzindo a gordura vegetal e, finalmente,

acondicionando-os, de forma adequada, para seu posterior armazenamento, manuseio e transporte, no sentido de disponibilizá-los ao consumidor final. São, então, entregues aos comerciantes atacadistas que fazem a distribuição, fazendo a transferência de posse aos comerciantes varejistas. Estes últimos, por sua vez, repassam os produtos aos consumidores finais, sejam elas pessoas físicas ou jurídicas. O transporte dos óleos e/ou das gorduras vegetais realiza-se mais comumente no Brasil pelo modal rodoviário, predominante na matriz de transportes do país. Os grandes consumidores desses óleos comestíveis podem adquiri-los diretamente com os comerciantes atacadistas ou distribuidores com vantagens de menores preços.

De posse dos óleos ou gorduras vegetais, as empresas (sejam bares, hotéis, padarias, restaurantes, cozinhas industriais, escolas ou hospitais) realizam a cocção de alimentos em escala considerável, desta forma produzindo substanciais volumes de OGR.

A atividade de coleta pelos coletores, nos geradores de OGR, deve ser feita resguardando um período de tempo que possibilite o acúmulo de volume adequado para que torne viável economicamente a coleta. Pelo que foi visto na literatura, os geradores devem acionar o sistema de coleta.

Os planejadores logísticos enfrentam o problema de calcular a capacidade de produção dos geradores de OGR e, a partir daí, definir os conseqüentes aparatos logísticos necessários ao bom funcionamento da cadeia, possibilitando a viabilidade de toda a rede logística de coleta, armazenamento e processamento de OGR, minimizando os seus custos e reduzindo o tempo de retorno dos investimentos.

Os geradores de OGR residenciais geralmente adquirem os óleos e gorduras vegetais no varejo e consomem uma quantidade relativamente pequena desses produtos se comparados, individualmente, aos volumes consumidos por bares, restaurantes, hotéis etc. Naquele caso, o processo de coleta deve ser diferente do sistema utilizado pelos coletores empresariais. Castellanelli (2008) ressalta que os geradores residenciais

devem dirigir-se a pontos preestabelecidos de recolhimento utilizados pelo sistema de coleta em vigor.

A forma de armazenamento de OGR mais adequado para estes geradores pode ser a garrafa PET que, após ter seu volume totalmente preenchido, deve ser levada a pontos de recolhimento e transações com o produto.

Os pontos de recolhimento de garrafas PET, para efeito de ganhos de escala nas transações, podem ser escolas, supermercados, associações de bairro e portarias de condomínios. Principalmente em grandes cidades, a coleta em residências pode ser complicada por uma série de fatores, tais como o desencontro entre moradores e coletores, a violência urbana que amedronta os habitantes das cidades, a disposição do gerador em armazenar o OGR e um valor de transação abaixo do esperado pelos residentes quanto à sua colaboração em um sistema de coleta deste resíduo. Possivelmente, para aumentar a disposição dos geradores residenciais para transacionar o OGR, serão necessárias campanhas de conscientização relacionadas à problemática ambiental que envolve esse resíduo.

A coleta pode ser feita através de esquemas provenientes de associações de catadores de material reciclado, como ocorre em Quixadá (CE), pelo sistema de limpeza urbana, como ocorre em Guaratuba, no litoral paranaense ou, até mesmo, por empresas com fins lucrativos. Essas organizações devem fazer a coleta e o armazenamento do produto até o momento de sua comercialização com uma estação de pré-tratamento de OGR (ETPO), o que deve ocorrer quando o volume de OGR armazenado for suficiente para que seu transporte entre o local de armazenagem (normalmente, de propriedade dos coletores) e a ETPO seja viável. Este transporte pode ocorrer por meio de caminhões- tanque, ou até mesmo por veículos com menor capacidade, algo que depende das especificidades de volume gerado e da organização coletora .

Logo após o tratamento primário, o OGR deve ser enviado para a usina produtora de biodiesel, como no caso dos outros elos desta cadeia logística, quando o volume for economicamente viável. Desse ponto em diante, o biodiesel gerado a partir

do OGR tratado seguirá o fluxo normal da sua produção, seguindo direto para as distribuidoras de combustível, onde ocorre a mistura com o diesel mineral. Em seguida, as distribuidoras de combustível enviam o diesel B5 para os postos onde ocorre o abastecimento de veículos.

O outro fluxo que se origina na usina de biodiesel segue para o mercado de produtores de produtos à base de glicerina. A usina de biodiesel pode, ainda, enviar o biodiesel diretamente para distribuidores e postos que comercializam o biodiesel B100.