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A Caldeira Ventil – As Características Técnicas

3.2 A NÁLISE DOS S TAKEHOLDERS

3.2.1 Stakeholder – O Conceito

3.2.2.3 Análise e discussão dos resultados

3.2.2.3.3. A Caldeira Ventil – As Características Técnicas

Após uma análise mais panorâmica da oferta do mercado, teve lugar a apresentação das atuais características técnicas que a Ventil incorpora nos seus equipamentos e aqueles que pretende incluir na futura caldeira para aquecimento de água. São seis as características que a futura caldeira da Ventil quer assumir, sendo que atualmente responde a quatro dessas seis atributos. As propriedades que a empresa já promove nas suas caldeiras são:

 Tecnologias demonstradas, fiáveis e sem problemas ou limitações operacionais

 Gama de potência de média dimensão (500 kW a 1.500 kW)

 Versatilidade de utilização de combustíveis derivados de biomassa

 Permutador vertical33

A estas, a Ventil pretende juntar mais duas:

 Dimensão vertical reduzida

Layout compacto/integrado

33 É um dispositivo para transferência de calor eficiente de um meio para outro. Tem a finalidade de transferir calor de um fluido para o outro, encontrando-se estes a temperaturas diferentes. Os meios podem ser separados por uma parede sólida, tanto que eles nunca misturam-se, ou podem estar em contato direto. (Sadik & Hongtan , 2002)

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Esta reunião permitiu a apresentação das características mais técnicas da caldeira Ventil, pelo Engenheiro José Almeida, um dos responsáveis do projeto Plug & Heat. E, logo com a apresentação da potência que a Ventil pretende colocar nas caldeiras (500KW a 1500KW), gerou-se uma discussão saudável, pois os intervenientes alertaram para a excessiva potência da caldeira:

“Os maiores hotéis do grupo Pestana têm caldeiras a propano, instaladas, na casa dos 1000KW. Quando muito, se for uma caldeira a pellets, eu penso numa caldeira de 500KW, para os maiores.” (Sousa Duarte, responsável Grupo Pestana)

“Nas piscinas [municipais] também não ultrapassam esse valor [500KW].” (Manuela Pato, C.M. de Águeda)

De acordo com as características anteriormente referenciadas, quais as que

traduzem mais-valias e quais as que necessitam ser revistas visando a obtenção

de uma caldeira otimizada para utilização em edifícios de serviços?

ASPETOS POSITIVOS ASPETOS NEGATIVOS

“Nós fizemos um estudo e é unânime, o problema da biomassa é (…) a questão da dimensão.” (Jorge Cunha,

Forestis)

“Sob a caldeira em particular, o que eu vejo do lado da produção, para nós o ideal seria uma caldeira que conseguisse aceitar tudo.” (Carlos

Netto, Florecha)

"Eu acho que para a grande maioria dos hotéis em Portugal governam-se com caldeiras de 150KW a 200KW ou 300KW. (...) Falar de potência entre 500 KW e 100 KW, para o meu sector, parecem exagerados" (Sousa Duarte, res. Grupo Pestana)

"Estamos a orientar-nos para as pellets, com a produção já acentuada e, portanto, arriscar numa tecnologia para um combustível ainda pouco desenvolvido é arriscado." (Eliseu Monteiro, IPP)

"Quando se falou na parte das características não se falou na medição dos consumos. Normalmente, hoje em dia, o grau de exigência é cada vez maior, são precisas contagens, mesmo nos sistemas intensivos de energia." (Pedro Costa, Área Alto Minho)

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“Penso também que as potências fossem até aos 500KW. Nós temos uma de 350KW, hotéis que eu tenho visitado têm até 350KW.” (Filipe Sobral, Técnico Superior na C.M de São Brás de Alportel)

Estes comentários, relacionados com a excessiva potência da caldeira, são unanimes ao considerar que a maioria dos edifícios poderá necessitar, no máximo, de potências a rondar os 500KW. Assim, é consensual que a caldeira Ventil não necessita de ter uma potência tão elevada.

O próximo ponto diz respeito às novas propriedades que a Ventil pretende introduzir na caldeira. Para os stakeholders são essenciais e bem-vindas. Assim, um layout apelativo e uma dimensão vertical reduzida são percebidas como um benefício, não só para o consumidor, mas também para o produtor que consegue compactar um produto, neste momento, bastante volumoso:

“Cada vez mais, nós vemos os equipamentos mais eficientes, melhores e mais pequenos. De repente aparece um equipamento que quer combater tudo isso, mas que é muito maior. Ora bem, é mais uma razão para podermos limitar a dimensão, pois pode ser a diferença entre poder instalar o equipamento ou não. E isto está também relacionado com o silo.” (Sousa Duarte, responsável do Grupo Pestana)

“Reduzir ao máximo a sua dimensão, dentro do possível, com certeza…” (Fernando Matos, Arquiteto)

“Ela vai estar em área técnica. Interessa mais o tamanho delas para adequar a área técnica.” (Filipe Sobral, Técnico Superior na C.M. São Brás de Alportel)

Neste ponto é consensual que as novas características traduzem uma valorização para a caldeira em projeto. Sublinhe-se que existem ainda por analisar três características. Assim, e uma vez que a questão da potência já foi abordada, irão ser discutidos os conteúdos relacionados com o permutador vertical, a versatilidade de uso de combustíveis derivados de biomassa e a fiabilidade do sistema. Inicia-se o destaque de alguns contributos em relação a polivalência de utilização de vários tipos de matéria- prima, que é, segundo os intervenientes na reunião, um elemento de diferenciação e qualificação:

“As tantas vão buscar estilha com 40% ou 50% de grau de humidade e as caldeiras nem sempre estão preparadas para receber matéria-prima dessa qualidade. (…) Temos que ser terrenos, há que desenvolver os produtos, eles têm de ser adequados ao mercado…” (Sousa Duarte, responsável do Grupo Pestana)

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“Flexibilidade é importante, mas há aqui um trade off, pelo facto de, por um lado faltar um produto específico, bem calibrado, com humidades certas, que isso é um produto interessante, com valor, e tem de ser pago por isso. Outra coisa é o aceitar qualquer coisa.” (Carlos Netto, Florecha)

“Eu acho que ele tem de ter capacidade, apesar de tudo, de flexibilidade.” (Diogo Moreira, IPVC)

Como foi observado, aquando da análise da matéria-prima e da sua falta de uniformização, esta flexibilidade poderá contribuir para o aumento da utilização de caldeiras de biomassa. Não se deve contudo esquecer, como advertiram os elementos presentes no Focus Group, que é um terreno ainda muito incipiente. O crescimento pretendido, também deverá passar pelo reforço da fiabilidade:

“Outra dificuldade que temos sentido é ser um sistema mais complexo que o sistema de gás ou gasóleo, por causa dos silos, dos sistemas de abastecimento. Se houver uma parte que falha é preciso uma alternativa. Se houver instalações onde já exista um sistema existente é complementar esse sistema com a biomassa.” (Filipe Sobral, Técnico Superior na C.M. de São Brás de Alportel)

“A contentorização do sistema (…) caso haja uma avaria qualquer, é muito fácil tirar o módulo, leva-lo para reparações e colocar lá outro.” (Miguel Silva, GDF Suez Energia e Serviços Portugal, S.A)

“A tecnologia atual exige, com uma visita diária pelo menos, a instalação para remoção de cinzas. Contudo o utilizador mais comum não está disponível para isso.” (Eliseu Monteiro, IPP)

A confiança assume-se como um ponto necessário e essencial para garantir a opção de um cliente por esta fonte de energia. As caldeiras Ventil já cumprem este objetivo, mas, os stakeholders garantem a necessidade de mais afinações. Para os entrevistados, com a criação de um sistema mais simples que permita detetar possíveis imprevistos na caldeira e não obriguem a uma manutenção diária, a adesão poderá ser maior já que as pessoas estão habituadas ao gás propano ou butano que não implicam a mesma periodicidade de manutenção. Finalmente, será analisada a questão do permutador vertical, considerado mais vantajoso do que o permutador horizontal:

“Estamos a falar sempre de equipamentos verticais que implicam sempre altura disponível. Isto é considerado uma vantagem tecnológica deste tipo de caldeiras. É que o permutador de calor, ou os tubos de fumos, são verticais para minimizar as acumulações de cinzar ou poeiras

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no interior, diminuir a frequência de limpeza.” (José Almeida, responsável de projeto da Ventil)

“Em relação ao permutador vertical é algo que para o nosso sector não se pode pensar. As nossas salas técnicas não têm altura para isso, quando muito vão até três metros. Se os permutadores verticais (…) implicam ter sistema de limpezas de cinzas, implica tirar umas molas, isso faz com que tenha que existir o dobro do espaço no local da caldeira. (…) [Se um dos desafios deste projeto for manter a verticalidade do permutador mas resolvendo a questão da altura, não há nenhum inconveniente? – José Almeida] Não. (…) Eu só estou a falar de facto das limitações em termos de alturas.” (Sousa Duarte, responsável do Grupo Pestana)

O permutador vertical implica a necessidade de um maior espaço disponível para a sua colocação. Esta questão é percecionada como um ponto significativamente negativo pelos potenciais clientes presentes na reunião. Por exemplo, no ramo da hotelaria o permutador vertical, se atingir mais de 2,5 metros de altura, inviabiliza a sua utilização, havendo assim necessidades efetivas de adaptação.

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