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A Central de Cooperativa e suas filiadas

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Como já sublinhado, a região de Picos vem firmando a sua importância no campo da produção de mel, mudando o cenário de uma região que, no passado, teve na produção de algodão o seu principal produto. E, nesse contexto, as cooperativas vêm exercendo um papel de destaque na organização dos produtores e no aumento da oferta de produtos, corroborando os estudos que identificam no cooperativismo agrícola um instrumento importante para a reorganização produtiva e dinamização dos territórios (MARTÍNEZ & PIRES, 2002).

A Casa APIS, enquanto empreendimento da economia solidária coordena, de acordo com seu estatuto, desenvolve cadeia produtiva do mel com um foco econômico, sócio educacional e ambiental.

Enquanto central de cooperativas, a Casa APIS se constitui como uma cooperativa de 2° grau, com a missão de integrar os apicultores por meio de uma cultura da cooperação, garantindo-lhes um retorno econômico justo (MDIC, 2007).

De acordo com a Lei 5764/71, que ampara as práticas cooperativas, uma Central ou cooperativa de 2º grau é constituída por no mínimo três cooperativas singulares ou de 1° grau que desenvolvam uma atividade comum. Como já observado, as cooperativas de 2° grau são agrupadas, por sua vez, em torno de uma cooperativa de 3° grau ou Confederação. Menutole (1997) chama a atenção para a importância da organização das cooperativas singulares ou de 1° grau para a sedimentação do movimento cooperativo.

Crúzio (2003), por sua vez, destaca que as centrais de cooperativas representam os interesses sociais, políticos e econômicos das cooperativas singulares em torno das Organizações das Cooperativas Estaduais (OCE’s) e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

A Casa APIS, também de acordo com o seu estatuto, no art°. 15, propõe-se a organizar de forma qualitativa os produtores de mel no município de Picos, pertencentes a cooperativas singulares, visando à viabilização conjunta da produção e da comercialização. Além disso, está dentre os seus objetivos a certificação e o beneficiamento do produto, garantindo-lhes a qualidade necessária, para, ao mesmo tempo, competir com os mercados mais exigentes e fortalecer a economia local com uma produção de qualidade. Ao serem estimulados a agregar valor à matéria-prima, os produtores passariam, na perspectiva da Central, a ampliar significativamente as suas oportunidades de geração de trabalho e renda. Essa é a razão pela qual a Central se propõe a melhorar, cada vez mais, o manejo, a produção, e a comercialização do mel nos diversos mercados.

Apoiada num quadro social composto por 960 apicultores/cooperados e com uma área de atuação entre os estados do Piauí e Ceará, opera em 231 localidades de 58 municípios. Atualmente, estão a ela filiadas oito cooperativas em que, de acordo com o art°. 17 do seu estatuto, “a admissão de cooperativa efetiva-se mediante a aprovação da proposta de filiação pela Assembleia Geral, cumpridas as formalidades estatutárias e assinatura pelo representante legal, no Livro de Matrícula”. Destas oito filiadas, sete estão no estado do Piauí e uma no estado do Ceará, assim distribuídas: No Piauí, CODEVARP, COOABEL, COMPAI, MELCOOP (primeiro polo de produção de mel do Estado, representando metade da Casa APIS, em torno de 450 sócios), COOMIBA (segundo polo de produção de mel), a Cooperativa dos Apicultores de São Raimundo Nonato – COOPARN, a Cooperativa dos Agricultores e Apicultores da Serra da Capivara – COOPASC (terceiro polo de produção de mel) e a localizada no Ceará, a COAPIS CARIRI. Como parceira futura, a COOPIX, uma cooperativa formada por 25 apicultores, está em fase de filiação a Casa APIS, por meio do projeto ADRS - Agentes de Desenvolvimento Regional Sustentável. O Sistema Cooperativo da Casa APIS e sua área de abrangência das cooperativas singulares filiadas encontram-se representados na figura abaixo.

Figura 2: Sistema Cooperativo da Casa APIS e sua área de abrangência

Fonte: Casa APIS, 2012. Adaptação: o autor, 2013.

Dentre os onze direitos das filiadas descritos no Estatuto Social da Casa APIS (2013), art°. 17, julga-se importante destacar: Participar dos resultados das operações da Casa APIS, incluindo os juros sobre o capital integralizado, em conformidade com o disposto neste Estatuto, no Regimento Interno e nas demais decisões desta; Utilizar-se dos serviços prestados pela Casa APIS; Participar da Assembleia Geral, discutindo e votando os assuntos constantes da ordem do dia; Indicar candidatos para compor chapas às eleições da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal; Votar nas eleições dos órgãos da Casa APIS; Recorrer junto à Assembleia Geral quando as decisões da Diretoria Executiva da Casa APIS forem conflitantes com os dispositivos estatutários ou legais; Solicitar, por escrito, à Diretoria Executiva, com direito à resposta no prazo máximo de quinze dias, informação específica sobre os negócios da CASA APIS, que será divulgada também às demais filiadas; Receber repasse das verbas do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, a partir do ano seguinte ao da sua admissão obedecida as condições estatutárias e regulamentares, e receber regularmente as informações concernentes aos interesses mercadológicos e financeiros da CASA APIS e os relatórios sobre os negócios por ela realizados.

Assim como suas obrigações, de acordo com o Art°. 18, do Estatuto social da Casa APIS (2013), compreendem: Organizar, dentro de sua área de atuação, os núcleos de produtores; Assegurar o escoamento da produção até a unidade industrial pertencente

(1) Piracuruca - PI (2) Batalha - PI (3) São José - PI (4) Picos - PI (5) Itainópolis -PI (6) São R. Nonato - PI (7) Anísio de Abreu - PI (8) Barbalha - Ceará

à Central; Viabilizar, naquilo que lhes couber, os financiamentos de seus sócios; Assegurar que sejam implementados o planejamento e as políticas de produção apícolas definidas pela Central; Envidar os esforços necessários para que se possa efetivar políticas adequadas nas áreas de desenvolvimento da cadeia produtiva da apicultura, pesquisa aplicada, capacitação e assistência técnica; Enviar toda sua produção apícola à central para fins de beneficiamento, comercialização ou para outras finalidades previamente acordadas.

A Casa APIS e suas filiadas estão concentradas em um mesmo espaço geográfico, formando e formalizando uma política central de valores e princípios que, de acordo com Azevedo (2012), privilegiam uma dinâmica comum, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento local. Reagrupadas em rede, as cooperativas de primeiro grau podem estabelecer parcerias e/ou alianças para se fortalecerem em relação aos concorrentes externos, apresentando-se melhor equipadas para atender as demandas dos mercados internacionais, mais seletivos em termos de qualidade (AZEVEDO, 2012). Assim, ao focalizar a dinâmica do local e do território, a literatura chama a atenção para os enfoques de cadeia e relações horizontais e os seus efeitos positivos na acumulação de conhecimentos e práticas coletivas em um determinado local (WILKINSON, 2008).

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